Foto: Divulgação.
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em
02/01/2017.
‘O Salvador do Treze’: uma obra de filho para pai.
Livro narra a transformação social vivida pela Colônia Treze
a partir do cooperativismo.
De autoria de Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira, o livro “O
Salvador do Treze” explica o projeto de transformação social dos pequenos
agricultores da Colônia Treze, em Lagarto (SE), empreendido por seu pai, Luiz
Alves de Oliveira, na década de 1960. Cardiologista e professor do Departamento
de Fisiologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde exerceu funções
administrativas como pró-reitor de Graduação, vice-reitor e reitor, Luiz
Hermínio precisou, mais do que conhecer o trabalho do seu saudoso pai (in
memoriam), entender os fundamentos do desenvolvimento rural.
É por isso que afirma não se tratar de uma obra familiar,
mas de um estudo técnico, fonte de pesquisa para quem busca entender os
princípios e a dinâmica do cooperativismo. “O livro é resultado de uma
idolatria ao meu pai e a um trabalho missionário e árduo que ele teve, que
ainda não tinha sido detalhado”, disse o autor.
A ideia de reconstruir passo a passo o trabalho de Luiz
Alves surgiu em 2011, quando a escola estadual que leva seu nome, na Colônia
Treze, lhe prestava mais uma homenagem durante a comemoração de Independência
do Brasil, o consagrando como “Salvador do Treze”. Apesar de Luiz Alves ser
citado em trabalhos sobre o desenvolvimento da região e ter visibilidade em expedições
nacionais e internacionais ainda em vida, Hermínio sentiu a necessidade de
resgatar memórias e aproximá-las dos sergipanos.
“Senti a necessidade de traduzir essa obra para os
sergipanos, para o Brasil e para o mundo. E a escolha da Edise para editoração
foi essencial, por ser uma instituição pública, que tem vínculo com órgãos
públicos e para dar visibilidade”, destacou o autor.
O homem-herói
Luiz Alves era funcionário do Banco do Brasil quando foi
nomeado supervisor da Cooperativa Mista de Agricultores do Treze (Coopertreze),
na Colônia Treze, em Lagarto - SE, a fim de reaver capitais do banco investidos
naquela associação. Sua consciência política, entretanto, não o deixou se
contentar com o resgate do pagamento da dívida do banco. Sensibilizado com a
situação dos pequenos agricultores, deu início a um projeto de crescimento dos
cooperados.
Hermínio explica que o projeto tocado pelo pai se tratava de
desenvolvimento rural integrado com base no cooperativismo. Isso significa que
a atividade ultrapassava as técnicas de produção e alcançava a melhoria da
qualidade vida, porque se preocupava com o bem-estar do produtor e da sua
família. “O projeto era pensado de tal forma que os agricultores pudessem não
só pagar as dívidas, como adquirir bens, melhorar sua situação educacional e
social”, comentou.
Tanto é que além do crescimento da cooperativa, que no ano
da sua chegada, em 1965, tinha 23 pequenos agricultores e na década de 1970
possuía em torno de dois mil associados, o povoado também cresceu junto,
tornando-se o maior de Sergipe.
“Ele educava o pequeno agricultor ensinando desde efeitos da
irrigação à formação cidadã, e trazia, através das instituições públicas
conveniadas, a assistência e proteção”. Foi assim que Luiz Alves colaborou para
criação de escolas, campo de futebol e instalações.
Foi ainda sob a administração dele que a região, até então
só com a produção de fumo, teve a agricultura diversificada com o acréscimo de
laranja, amendoim, feijão e outros produtos.
O cooperativismo
A obra apresenta o cooperativismo como modelo de
desenvolvimento rural que tira a concentração do lucro das mãos dos
atravessadores e partilha entre os agricultores. Nas palavras de Luiz Alves, em
citação no livro, “o cooperativismo pode transformar um bolsão de miséria na
maior riqueza da área, desde que quem vá tomar conta dos cooperados saiba
ensinar a prática democrática da gestão”.
“A cooperativa tem o poder de arrecadar a produção,
armazená-la, esperar a época de vender, fazer o estudo de onde vender a melhor
preço, providenciar caminhão para transportar e o representante para entregar o
produto”, explicou Hermínio.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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