terça-feira, 9 de julho de 2013

Lindolfo Amaral fala sobre novo espetáculo e trajetória do Imbuaça.

Lindolfo Amaral.

Publicado por Sergipe Cultural, em 14/09/2012.

Lindolfo Amaral fala sobre novo espetáculo e trajetória do Imbuaça.

Lindolfo conta um pouco da trajetória de um dos grupos de teatro de rua mais tradicionais do país

O mais antigo grupo de teatro de rua do Brasil, o Imbuaça, irá presentear os sergipanos com apresentações surpresas do seu novo espetáculo ‘A Farsa dos Opostos’. A partir desse sábado, dia 15 de setembro, serão realizadas nove apresentações em locais diferentes da cidade, que servirão como uma prévia da grande estréia do novo trabalho do grupo, que ocorrerá no dia 15 de outubro, durante a Mostra Sesc de Teatro.

Em agosto, o Imbuaça completou 35 anos de história e ao longo desse tempo vem acumulando grandes conquistas. Só em 2011, o grupo realizou 87 apresentações levando a cultura popular e o teatro de rua para os quatro cantos do país.

Reforçando a importância do Imbuaça no contexto nacional, no último final de semana, o grupo seguiu para Brasília onde representou a região nordeste no Festival Brasileiro de Teatro (FBT) – A Cena na Rua, com o espetáculo ‘O Mundo Tá Virado, Tá no Vai ou não Vai. Uma Banda Pendurada, a Outra em Breve Cai’.

O Imbuaça conta com treze integrantes, sendo dez atores e três técnicos. Mas apenas um deles acompanha a trupe desde 1977, o ator Lindolfo Amaral. Ele é um verdadeiro documento vivo sobre a história do grupo. Para falar sobre o novo projeto e sobre a trajetória da trupe ao longo de mais de três décadas de teatro, o Sergipe Cultural conversou com o ator. A entrevista completa você confere abaixo.

Sergipe Cultural – Qual a diferença entre fazer teatro na rua e no palco?

Lindolfo Amaral – Teatro de rua é sempre muito difícil. Primeiro, porque você não está num ambiente com ar-condicionado, você pega chuva, pega sol. Segundo, nós ficamos expostos a todo tipo de influencia, não temos uma caixa de proteção. Ali pode entrar um bêbado, uma pessoa agressiva, um animal. O palco nos dá certa segurança.

Sergipe Cultural - Como era fazer teatro de rua há 35 anos e como é hoje em dia?

Lindolfo Amaral – Quando começamos a fazer teatro de rua eram pouquíssimas as experiências que nós conhecíamos no Brasil. O Imbuaça é o mais antigo grupo de teatro de rua do país, o único com 35 anos de experiência continua. Hoje você encontra diversos grupos de teatro de rua pelo país. Só em São Paulo, por exemplo, são mais de 50 grupos de teatro de rua. Isso para nós é muito gratificante. É como se tivéssemos multiplicado essa ideia.

Sergipe Cultural - Como você avalia o teatro de rua hoje no Brasil?

Lindolfo Amaral – O teatro de rua vem crescendo muito e conquistando espaços em diversos eventos. O teatro de rua, ou as artes de rua, como queiram chamar, vem crescendo muito até mesmo no campo político. Hoje você tem um edital na Funarte dedicado às artes de rua. Essa é uma conquista recente, de cinco anos para cá. Isso aconteceu porque a própria Funarte percebeu a necessidade de ampliar o seu leque de atuação e, claro, que teve também uma exigência dos grupos.

Sergipe Cultural - Como o Imbuaça faz para agregar novos atores ao longo do tempo?

Lindolfo Amaral – Eles estão sendo agregados a partir das oficinas que são realizadas pelo grupo. Atualmente nós temos duas turmas, uma à tarde e uma à noite. E, ao todo, atendemos 42 jovens entre 15 e 18 anos. Não cobramos nada para esses alunos e a única exigência que fazemos é que eles frequentem regularmente a escola. Vários atores do grupo hoje são frutos das nossas oficinas. As aulas ocorrem na sede do Imbuaça e é um projeto que já dura 10 anos.

Sergipe Cultural - Qual o tema deste novo espetáculo do grupo?

Lindolfo Amaral - O espetáculo ‘A Farsa dos Opostos’ trata da luta de um artista popular para sobreviver das suas atividades artísticas. Ele é um poeta popular, um cordelista, que vai vender o seu folheto na feira e se depara com uma série de situações. Iremos mostrar a luta pela sobrevivência através da arte.

Sergipe Cultural - Quanto tempo o grupo levou para montar esse novo trabalho?

Lindolfo Amaral - Esse espetáculo foi montado inicialmente em 1992, tivemos a perda de dois grandes atores da companhia, e há dez anos que deixamos de montá-lo. Nós passamos sete meses trabalhando na remontagem, que começou em janeiro, e concluímos no dia 2 de agosto. Esse trabalho só foi viabilizado graças ao edital ‘Artes de Rua’ da Funarte.

Sergipe Cultural - Como foi a receptividade do público durante o Festival Brasileiro de Teatro?

Lindolfo Amaral - Melhor impossível. Apesar de termos nos apresentado em condições muito desfavoráveis, pois o índice de umidade estava abaixo de 20% e a temperatura estava muito alta, o que dificulta a apresentação na rua, nas duas apresentações o público não saiu da roda e assistiu ao espetáculo inteiro. Para nós do Imbuaça foi comovente ver aquele público no sol, com sombrinha, com chapéu, prestigiando nosso trabalho. Foi difícil, mas foi muito gratificante.

Sergipe Cultural - Qual a importância de participar de eventos como esse fora do estado?

Lindolfo Amaral - Para nós é muito importante. Primeiro, por estar representando o Nordeste e Sergipe. Segundo, por causa da troca de experiência com grupos de fora e da possibilidade de vislumbrar novas perspectivas para o teatro. Além disso, participar do FBT foi muito bom porque lá nós encontramos um dos grandes mestres do teatro de rua, o Amir Haddad, que foi o homenageado do festival. Em 2011, nós fizemos 87 apresentações pelo país, sendo 71 dentro do Palco Giratório do Sesc. Isso é muito rico para nós.

Texto: Carla Sousa, da Ascom/Secult)

Fotos: Denisson Alves.

 A grande serpente' também foi um espetáculo muito
 bem aceito pelo público (Foto: Fabiana Costa/Secult).

Espetáculo 'O Mundo tá virado' fez grande
 sucesso durante o II FEST (Foto: Fabiana Costa/Secult).

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