quarta-feira, 24 de julho de 2013

Ronaldo Gomes de Oliveira “Caã”




Ronaldo Gomes de Oliveira “Caã”
Por Mário Britto

O pintor nasceu em 05 de julho de 1953, em Novalguaçu/ RJ. Em 1960, ainda criança, na companhia dos pais, Dona Núbia e José Inácio, o nosso J. Inácio, mudou-se para Salvador. Em 1961, novamente, transferiu-se com a sua família para Salgado, Estado de Sergipe e, finalmente, em 1962, fixou residência em Aracaju.

A adolescência culminou com as mudanças de paradigmas dos anos sessenta, e já no início da década seguinte, contra a vontade do pai, que não queria vê-lo artista, foi morar sozinho na Atalaia Nova e lá se tornou Caã, nome por ele adotado em homenagem a tribo dos Caãs, indígenas que tinham como lema - a devoção à liberdade e o culto à natureza.

Autodidata, desde muito cedo, Caã gostava de desenhar e pintar. Adorava observar o pai pintando, daí a marcante e importante influência dele em seu trabalho, de quem herdou o talento e de quem pegava "escondido" as tintas para fazer os seus primeiros quadros. Como consequência, a criatura fez-se criadora e possuidora de estilo próprio, muito embora em seu trabalho, sem nenhum demérito, percebe-se a mesma luminosidade que o pai-mestre, J. Inácio, transmitia nas telas por ele pintadas.

Cãa, desde 1973, vem expondo, sistematicamente, em Sergipe. Realizou exposições individuais na Galeria Álvaro Santos, nos anos de 1975, 1976, 1977, 1979, 1981, 1982, 1985 e 1989, a última em parceria com o amigo Zeus, e coletivas em 1973, 1974, 1976, 1977, 1978, 1983, 1984 e 1985. Com o pai, o mestre J. Inácio, expuseram juntos em 1984, na Galeria Álvaro Santos; em 1985, na Caixa Econômica Federal e, em 2002, no Hall do Centro Administrativo do Banese.

Em Sergipe, fez, ainda, as seguintes exposições individuais: na Galeria Galeu, em 1974; no Centro de Turismo de Aracaju, em 1978; no Foyer da Biblioteca Epifhânio Dórea, em 1981; na Galeria Jordão de Oliveira, em 1983, no Espaço de Arte, em 1993, no Shopping Riomar, em 2004, e na Procuradoria Geral do Estado em 2010.

Protagonista do movimento de renovação das artes visuais em Sergipe, Caã, também, esteve presente, dentre outras, nas seguintes coletivas: em 1973, na Aliança Francesa/Se; em 1974: na Escola de Arte Eurico Luiz; em 1975: na Galeria São Roque e na Galeria Kennedy, ambas em Salvador/Ba; em 1975 e 1978: na Galeria Horácio Hora/Se, em 1976: no Festival do Cinema Amador e na Galeria da UFBA; em 1978: nas Galerias Rodrigues/Pe e Canizares/Ba e, ainda, no Foyer do Teatro Castro Alves/Ba; em 1979: na Galeria Rodrigues/Pe e na Galeria Eucatexpo/Ba; em 1981: na Coletiva Artistas Sergipanos no Campus da UFS e na inauguração da Galeria J. Inácio; em 1982: no Salão de Arte José de Dome; em 1983: na Feira de Arte do Ibirapuera/Sp e na Coletiva Permanente do Galeria J. Inácio.

No apuro de sua técnica, recebeu forte influência dos impressionistas, a exemplo de Paul Cezánne e Van Gogh. Com mais de trinta anos de carreira, encontramos em sua iconografia, além de belíssimas paisagens regionais, cenas e costumes do interior Nordestino; graciosas e sensuais "caboclas", trajando curtos e esvoaçantes vestidos e personagens folclóricos, dando-se destaque aos circenses, dentre tantos outros temas.

Como colecionador e filotécnico, orgulho-me de possuir, em minha modesta coleção, um emocionante quadro denominado "O Gladiador das Tintas", no qual Caã retratou o seu pai, o eterno J. Inácio, em um bananal com pincel em riste, em um gesto heroico e desafiador, como se todos nós fôssemos alvo e, de uma certa forma, somos, de suas pinceladas, de sua inquietude e de sua irreverência.

Fotos e texto reproduzidos do site: pge.se.gov.br/index.php/cultural

Um comentário:

  1. Vida longa a Caã, e a todos os remanescentes artistas sergipanos vivos. Perdemos muitos artistas nos últimos tempos. Temos que garimpar novos talentos.

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