domingo, 31 de janeiro de 2016

Caminhada contra a intolerância religiosa é realizada em Aracaju







 Publicado originalmente no site Sergipe Cultural, em 25/01/2016.

Caminhada contra a intolerância religiosa é realizada em Aracaju

Com o objetivo de combater a intolerância religiosa, assim como toda e qualquer forma de preconceito ou discriminação contra as religiões de matriz africana e fomentar a construção de políticas públicas para as comunidades que seguem a mesma, o Fórum Sergipano das Religiões de Matriz Africana, comissões de diversas entidades e terreiros realizaram na última sexta-feira, 22, a Caminhada Estadual Para Oxalá. Com o tema “Nada Abala Minha Fé”, o cortejo contou com o apoio do Governo de Sergipe através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), e teve início na Praça Fausto Cardoso em direção ao Mirante da Treze de Julho.

A Caminhada é uma das muitas atividades que ocorreram durante a semana em alusão ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que aconteceu no dia 21 de janeiro. Neste dia, cerca de 50 representantes de Umbanda e Candomblé de diversos municípios se reuniram no povoado do Quissamã para a elaboração de um documento oficial de reivindicação que deve ser encaminhado para os prefeitos municipais e para o Governador do Estado de Sergipe. O documento é composto por um conjunto de demandas das comunidades no que diz respeito à intolerância religiosa, liberdade de culto e laicidade de estado.

“Mesmo após tantos séculos da chegada do negro ao Brasil, a religião de matriz africana ainda sofre um processo de discriminação muito forte, e por conta desta intolerância e do fundamentalismo religioso que hoje está presente na sociedade brasileira é que a gente realiza essa caminhada. Uma caminhada para Oxalá, para mostrar para sociedade que todas as religiões podem viver em harmonia, combatendo essa intolerância e propondo ações de políticas afirmativas”, relatou um dos representantes do Fórum, Irivan de Assis.

Segundo o Babalorixá da Barra dos Coqueiros, Cigano, o principal problema do preconceito está justamente na falta de conhecimento das pessoas, que julgam a religião sem aprofundar-se na mesma. “Antigamente, nós que professamos a religião africana, não tínhamos a liberdade de culto que temos hoje, sofríamos muita repressão por parte da sociedade e das autoridades. Mas apesar do avanço nesse sentido, ainda temos que lutar diariamente contra o preconceito, tendo que mostrar que a religião afro-brasileira é como qualquer outra e deve ser respeitada”, enfatizou.

Vindo do povoado de Bom Jesus, de Laranjeiras, o Babalorixá José Raimundo acredita que enfrentar o preconceito é sempre um grande desafio, mas que se faz necessário. “Caminhadas como estas servem para mostrar a nossa força, para mostrar que a nossa religião irá continuar”. É o que também pensa Carlos Augusto (Pai Neguinho), do município de Riachuelo. “A Caminhada para Oxalá vem para combater o preconceito que ainda está presente na sociedade”.

Para a Mãe de Santo do município de Santo Amaro das Brotas, Alaídes dos Santos, manifestos como este são importantes na luta contra a intolerância religiosa. “Esta caminhada é para mostrar que nós temos o mesmo direito que as outras religiões de manifestar a sua fé”. Do mesmo município, Maria de Lourdes também acredita que vários avanços já foram conquistados, mas há ainda muito que se obter. “No passado a repressão era muito maior, mas ainda existe muita intolerância, e é por isso que estamos aqui protestando para termos efetivamente a liberdade de culto”, relatou.

Texto e imagens reproduzidos do site: cultura.se.gov.br

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