sábado, 22 de abril de 2017

O cemitério das obras de arte



Publicado originalmente no site da Revista Mais Glória, em 20 de maio de 2014.

O cemitério das obras de arte.
Por Ramon Diego*

Quem se dirigir ao povoado Algodoeiro, localizado a aproximadamente vinte quilômetros da zona ur­bana de Nossa Senhora da Glória, di­ficilmente não se surpreenderá com uma cena que inspira reflexão. Um verdadeiro cemitério de obras de arte se configura em meio a estrada que desemboca na barragem de tal loca­lidade.

As obras são do artista plástico Junior Leônio, conhecido nacional­mente pelo seu trabalho em metal e suas esculturas de ideologia susten­tável. O artista revelou que, a falta de uma estrutura para expor suas peças, assim como o descaso do poder pú­blico, baseado nas administrações anteriores, culminou para que seus trabalhos fossem literalmente EN­TERRADOS.

Junior Leônio, ganhador de vários prêmios em exposições dentro e fora do estado, repre­sentando, por meio dos seus argumentos de metal e carbo­no, a sua cidade, tal qual seu povo e sua cultura, agora se vê obri­gado a deixar suas ideias morrerem diante dos seus olhos. Tudo isso como uma forma de protesto pela morte do trabalho de muitos artistas que, ao esculpirem ou produzirem suas obras, sentem uma escassez de espaços e eventos para a promoção e divulgação das mesmas.

Incitando em seu protesto, um novo olhar sobre a criação que se deixa morrer, que morre e que con­tinuará morrendo, en­quanto continuemos à margem, estagnados, situados em frente à boca da mata.

* Ramon Diego: Escritor, estudante de letras português/francês, poeta residente em Nossa senhora da Glória e editor da revista impressões, além de colaborador dos jornais “Correio de Sergipe” e “O regional”.

Texto e imagens reproduzidos do site: revistamaisgloria.com

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