sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

‘O Salvador do Treze’: uma obra de filho para pai

Foto: Divulgação.

Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 02/01/2017.

‘O Salvador do Treze’: uma obra de filho para pai.

Livro narra a transformação social vivida pela Colônia Treze a partir do cooperativismo.

De autoria de Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira, o livro “O Salvador do Treze” explica o projeto de transformação social dos pequenos agricultores da Colônia Treze, em Lagarto (SE), empreendido por seu pai, Luiz Alves de Oliveira, na década de 1960. Cardiologista e professor do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde exerceu funções administrativas como pró-reitor de Graduação, vice-reitor e reitor, Luiz Hermínio precisou, mais do que conhecer o trabalho do seu saudoso pai (in memoriam), entender os fundamentos do desenvolvimento rural.

É por isso que afirma não se tratar de uma obra familiar, mas de um estudo técnico, fonte de pesquisa para quem busca entender os princípios e a dinâmica do cooperativismo. “O livro é resultado de uma idolatria ao meu pai e a um trabalho missionário e árduo que ele teve, que ainda não tinha sido detalhado”, disse o autor.

A ideia de reconstruir passo a passo o trabalho de Luiz Alves surgiu em 2011, quando a escola estadual que leva seu nome, na Colônia Treze, lhe prestava mais uma homenagem durante a comemoração de Independência do Brasil, o consagrando como “Salvador do Treze”. Apesar de Luiz Alves ser citado em trabalhos sobre o desenvolvimento da região e ter visibilidade em expedições nacionais e internacionais ainda em vida, Hermínio sentiu a necessidade de resgatar memórias e aproximá-las dos sergipanos.

“Senti a necessidade de traduzir essa obra para os sergipanos, para o Brasil e para o mundo. E a escolha da Edise para editoração foi essencial, por ser uma instituição pública, que tem vínculo com órgãos públicos e para dar visibilidade”, destacou o autor.

O homem-herói

Luiz Alves era funcionário do Banco do Brasil quando foi nomeado supervisor da Cooperativa Mista de Agricultores do Treze (Coopertreze), na Colônia Treze, em Lagarto - SE, a fim de reaver capitais do banco investidos naquela associação. Sua consciência política, entretanto, não o deixou se contentar com o resgate do pagamento da dívida do banco. Sensibilizado com a situação dos pequenos agricultores, deu início a um projeto de crescimento dos cooperados.

Hermínio explica que o projeto tocado pelo pai se tratava de desenvolvimento rural integrado com base no cooperativismo. Isso significa que a atividade ultrapassava as técnicas de produção e alcançava a melhoria da qualidade vida, porque se preocupava com o bem-estar do produtor e da sua família. “O projeto era pensado de tal forma que os agricultores pudessem não só pagar as dívidas, como adquirir bens, melhorar sua situação educacional e social”, comentou.

Tanto é que além do crescimento da cooperativa, que no ano da sua chegada, em 1965, tinha 23 pequenos agricultores e na década de 1970 possuía em torno de dois mil associados, o povoado também cresceu junto, tornando-se o maior de Sergipe.

“Ele educava o pequeno agricultor ensinando desde efeitos da irrigação à formação cidadã, e trazia, através das instituições públicas conveniadas, a assistência e proteção”. Foi assim que Luiz Alves colaborou para criação de escolas, campo de futebol e instalações.

Foi ainda sob a administração dele que a região, até então só com a produção de fumo, teve a agricultura diversificada com o acréscimo de laranja, amendoim, feijão e outros produtos.

O cooperativismo

A obra apresenta o cooperativismo como modelo de desenvolvimento rural que tira a concentração do lucro das mãos dos atravessadores e partilha entre os agricultores. Nas palavras de Luiz Alves, em citação no livro, “o cooperativismo pode transformar um bolsão de miséria na maior riqueza da área, desde que quem vá tomar conta dos cooperados saiba ensinar a prática democrática da gestão”.

“A cooperativa tem o poder de arrecadar a produção, armazená-la, esperar a época de vender, fazer o estudo de onde vender a melhor preço, providenciar caminhão para transportar e o representante para entregar o produto”, explicou Hermínio.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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