sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Origem de alguns apelidos de bairros, vias e parques da capital

Luiz Antônio Barreto (Foto: Alejandro Zambrana).

Publicado originalmente no site Archive.is, em 06/03/2009.

Conheça a origem de alguns apelidos de bairros, vias e parques da capital

Em 154 anos de história, a capital da qualidade de vida passou por incontáveis mudanças. Novas ruas, praças, avenidas, novos bairros e monumentos. A cidade mudou, se modernizou, mas alguns costumes do povo aracajuano permanecem até hoje. Um dos hábitos comuns é chamar algumas localidades por nomes não-oficiais.
Alguns pontos da cidade tiveram seus nomes modificados - seja para homenagear algumas personalidades importantes, seja para caracterizar melhor a cidade -, mas continuam conhecidos por seus antigos apelidos. Muita gente nem sabe, por exemplo, por que chama a Avenida Edésio Vieira de Melo de ‘Avenida da Explosão' ou o Parque Augusto Franco de 'Sementeira'.

Sementeira.

Referência na cidade quando o assunto é lazer, o Parque Governador Augusto Franco, hoje é um local aprazível para caminhadas, ciclismo e piqueniques, em contato direto com a natureza. Toda aquela área, tão verde e arborizada, recebe o apelido de ‘Sementeira' por uma razão especial, como explica o pesquisador e historiador Jorge Carvalho.
"Tanto o parque, como toda a região onde hoje é o bairro Jardins Jardins era, na verdade, um grande campo de cultivo, o Campo de Sementes, já que essas áreas da cidade ainda eram zonas rurais", conta o pesquisador. A época a que ele se refere era a década de 30 e o cenário, os atuais bairros Jardins e Treze de Julho.

Criado pelo Ministério de Agricultura, o Campo de Sementes de Aracaju só passou para o domínio municipal nos anos 70, quando grande parte do terreno foi arrendada entre empresas de construção civil. A parte do local transformada em parque foi batizada para homenagear o ex-governador de Sergipe, Augusto Franco.

Rua da Frente.

Embora o apelido da Avenida Ivo do Prado tenha caído no gosto popular, a explicação para sua origem é bastante técnica. De acordo com o professor e historiador Dênio Azevedo, a avenida, que no passado se chamava Rua Aurora, foi projetada para ser a principal rua da capital sergipana, elemento fundamental para o crescimento da cidade.
No projeto elaborado em 1855 pelo engenheiro Sebastião Pirro, a Rua Aurora - atual Ivo do Prado - seria a ‘rua da frente' da cidade e por muitos anos foi ponto de encontro da elite sergipana e marco no crescimento urbano. "Tudo teria que passar pela rua da frente, que seria uma ‘linha' importante no desenvolvimento, pelo fato de contornar o rio", explica Dênio.
O auge da avenida, porém, não durou muito. Logo começaram a surgir as primeiras fábricas no bairro Industrial, estimulando o desenvolvimento da cidade em outras áreas e descentralizando o foco de crescimento.

Maria Feliciana.

Construído em 1970, o Edifício Estado de Sergipe tornou-se referência histórica e imponente símbolo da ousada arquitetura da época. Com seus 96 metros divididos em 28 andares, o prédio foi considerado o maior do Nordeste até 1973, quando perdeu o título para uma construção baiana. Apesar disso, continua sendo o edifício mais alto de Sergipe.
O apelido de ‘Maria Feliciana' surgiu como uma justa e carinhosa homenagem à sergipana de mesmo nome, que com seus 2,25m é considerada a mulher mais alta do Brasil.

Avenida da Explosão.

Uma das avenidas centrais da cidade, a Avenida Edésio Vieira de Melo é pouco conhecida por esse nome. Em abril de 1980, um galpão clandestino de fabricação de fogos de artifício causou um terrível acidente que marcou a história da cidade e da avenida.
A forte explosão atingiu um raio de 10 quilômetros, deixando doze mortos e centenas de feridos. Segundo estimativas da época, mais de dois mil imóveis ficaram danificados com o impacto. O fato ficou marcado na memória da população.
A avenida já se chamou Cotinguiba, 24 de Outubro e hoje é Edésio Vieira de Melo, mas muita gente a conhece apenas pelo apelido de ‘Avenida da Explosão'.

Aribé.

Hoje um dos maiores bairros da Zona Norte de Aracaju, o Siqueira Campos ainda é muito conhecido entre a população pelo seu nome inicial: Aribé. A região era famosa pela grande produção de vasos de cerâmica - os aribés - e acabou sendo conhecida na cidade por conta do utensílio produzido.
Em torno de 1915, a Rede Ferroviária Federal chegou a Aracaju, com maior intensidade nessa área, acompanhada do surgimento de diversas oficinas para manutenção dos trens, trilhos e equipamentos ferroviários. Por conta disso, o local passou a ser conhecido também como Bairro das Oficinas.
Segundo o historiador Luiz Antônio Barreto, só depois da revolução de 30 é que a região passou a se chamar Siqueira Campos. "Depois do levante tenentista do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, Sergipe resolveu então homenagear um dos ‘18 do Forte': Antônio de Siqueira Campos", revela.

Bugio.

Também conhecido por ‘guariba' e ‘barbado', bugio é uma espécie de macaco típica das florestas tropicais, como a Mata Atlântica. Atualmente ele se encontra ameaçado de extinção, mas no passado, quando Aracaju dava os primeiros passos rumo ao desenvolvimento, o primata era facilmente encontrado na Zona Norte da cidade.
Além da densa vegetação, a área era cortada por um riacho que, por conta da grande quantidade de bugios existente, acabou se chamando riacho do Bugio. Com o tempo, toda a região passou a ser conhecida simplesmente como Bugio.
Embora o nome tenha se popularizado bastante, em 1978 o conjunto passou a se chamar Assis Chateubriand, homenageando o jornalista precursor da telecomunicação no país.

Baixa Fria.

Apenas os moradores mais antigos da cidade devem lembrar de como era, no passado, a área onde está situada atualmente a rua Rafael de Aguiar. De acordo com o professor Jorge Carvalho, o terreno era totalmente pantanoso. No lugar de largas avenidas, desde o ponto onde hoje é o posto de gasolina Aperipê II, até as proximidades do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), havia um grande pântano.
Aos poucos a área começou a ser aterrada para a urbanização, mas algumas áreas ainda eram bastante frias, principalmente à noite. Com o tempo, o apelido foi sendo esquecido, mas ainda há vestígios da antiga geografia. "Todos aqueles canais da região da Rafael de Aguiar, inclusive aqueles próximos ao Cefet, são remanescentes dos pântanos que existiam ali antigamente", conta Jorge.

Texto e imagens reproduzidos do site: archive.is/aiVc

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