terça-feira, 9 de maio de 2017

Olímpio de Sousa Campos

 Monumento e Praça Olímpio Campos, onde se localiza 
a Catedral Metropolitana de Aracaju.
 Foto: Anna Guimarães.

Museu Palácio Olímpio Campos, localizado
 na Praça Fausto Cardoso.
 Foto: Lineu Lins.

Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 28 de julho de 2016.

Você sabe quem foi Olímpio Campos?

Olímpio de Sousa Campos, mais conhecido como Olímpio Campos, nasceu em Itabaianinha, no Centro Sul de Sergipe, em 26 de julho de 1853.

Por Osvaldo Ferreira Neto.

Senta que lá vem história, e das boas. Olímpio de Sousa Campos, mais conhecido como Olímpio Campos nasceu em Itabaianinha, no Centro Sul de Sergipe, em 26 de julho de 1853. Filho do Coronel José Vicente de Sousa e dona Porphíria Maria de Sousa Campos, começou seus estudos em Estância e Lagarto, onde estudou latim. Em Recife (1866-1868) fez os primeiros preparativos para a carreira eclesiástica, completando o curso de ciências eclesiástica na Bahia (1870-1873) e não recebeu as ordens de presbítero somente em 22 de setembro de 1877, quando completou a idade canônica, do Arcebispo de São Salvador da Bahia, Dom Joaquim Gonçalves de Azevedo.

Neste mesmo ano começou a desempenhar os encargos paroquiais como coadjutor do vigário de Itabaianinha, vindo a ser em seguida vigário da freguesia de São Francisco de Assis da Chapada (atual Cristinápolis), transferindo-se em 1880 para a freguesia da capital do estado, onde exerceu a jurisdição paroquial até o fim do ano de 1900 sendo cônego da Matriz de Nossa Senhora da Conceição (atual Catedral Metropolitana), ano em que se exonerou para mais livremente agir em uma esfera de ação mais ampla, e mais acomodada às suas tendências políticas.

Alistado num dos partidos políticos da monarquia, contando com o apoio da própria família, bem como da ajuda dos amigos, alcançou as mais elevadas posições entre os correligionários, que o elegeram deputado provincial para as legislaturas de 1882, 1883 1884 e deputado geral para as 19ª e 20ª legislaturas de 1885 e 1886 – 1889. Olímpio Campos destacou-se na luta pelo retorno da educação religiosa nas escolas públicas sergipanas, suprimida pelo presidente provincial de Sergipe, Herculano Marques Inglês de Sousa.

Com o advento da queda da monarquia foi consultado pelo então presidente da província, Tomás Rodrigues da Cruz, e aconselhou-o a reagir pacificamente aos acontecimentos, o que lhe valeu os aplausos dos republicanos mais exaltados, como Fausto Cardoso.

Aproximou-se do novo regime e foi indicado pelo presidente estadual Felisbelo Freire (1889-1890) para presidir o Conselho da Intendência de Aracaju, cargo equivalente ao de prefeito da cidade. Com a nova ordem de coisas decorrentes da adoção da forma republicana, em substituição ao regime monárquico, foi eleito deputado constituinte do Estado.

Em 1890, organizou o Partido Católico Sergipense, resultado das agremiações políticas existentes no Rio de Janeiro e na Bahia, surgidas para lutar contra o decreto do governo provisório da República referente à inelegibilidade do clero. O PCS foi de efêmera duração, diga de passagem. Depois ajudou a reestruturar o velho provincial Partido Conservador, grupo conhecido de os “Cabaus” que era formado por sua maioria de senhores de engenhos – daí vem à expressão Cabau, calda grossa de cana-de-açúcar dos engenhos. Porém o PC não era só formado pela nobreza da cana, mas também por monarquistas, conservadores, religiosos e latifundiários do agreste e sertão. Olímpio Campos se tornou o maior líder dos Cabus.

Olímpio Campos foi um dos responsáveis pelo acordo entre republicanos e “adesistas” – denominação dada aos antigos membros do Partido Conservador do Império que continuaram a ter presença política na República -, que levou José Calazans à presidência de Sergipe em 18 de maio de 1892.

Durante a crise política que marcou, em 1894, o final do governo de José Calasans, derrubado pouco antes do término do mandato pelos partidários do recém-eleito Manuel Valadão, que queriam acabar com a influência dos “adesistas” na política estadual, destacou-se como um dos maiores resistentes “cabaus”, que foram para Rosário do Catete, região canavieira no interior de Sergipe, defender a legalidade contra os “pebas” do Partido Popular Sergipense de Aracaju, que, à revelia da lei, entregaram interinamente o poder ao presidente da Assembleia Legislativa João Vieira Leite.

Eleito Deputado Federal, participou da bancada sergipana entre 1894 e 1899, em duas legislaturas consecutivas. Fundador e líder do Partido Republicano Sergipense (PRS), apoiado pelo presidente Campos Sales (1898-1902), Olímpio Campos consolidou o modelo de dominação oligárquica que iria perdurar mesmo após a sua morte, encerrando-se apenas depois do governo de José Rodrigues da Costa Dória (1908-1911).

De 1899 a 1902 foi presidente do Estado de Sergipe e após senador, de 1903 a 1906. O sucessor indicado por Olímpio Campos foi Josino de Meneses, antigo participante do movimento republicano e seu secretário-geral de governo. Josino de Meneses foi eleito para presidente com facilidade, tomando posse em 24 de outubro de 1902, e Olímpio Campos seguiu para o Senado.

A sucessão de 1905 manteve o predomínio do olimpismo em Sergipe. Em chapa única, Guilherme de Sousa Campos, irmão de Olímpio Campos, foi eleito com 6.154 votos. Por outro lado, a oposição crescia e obtinha as primeiras vitórias. Foi o que aconteceu no caso da impugnação da candidatura de Josino Meneses ao Senado.

Empossado em 24 de outubro de 1905, logo nos primeiros meses, Guilherme Campos recebeu muitas críticas da imprensa local. Essa movimentação levou o deputado Fausto Cardoso a deixar a capital federal e voltar a Sergipe com o objetivo claro de conter a continuidade do olimpismo, contribuindo para a fundação do Partido Progressista (PP).

Em agosto de 1906, os progressistas “pebas” levaram adiante uma revolta armada, que derrubou o governo olimpista de Guilherme Campos por 18 dias. Chamada à intervenção federal do presidente Rodrigues Alves, na retomada do Palácio do Governo a resistência do advogado Fausto Cardoso levou-o à morte no dia 28 de agosto 1906 no Palácio. Em decorrência do incidente, em 9 de novembro de 1906, Olímpio Campos foi assassinado com 11 tiros e duas facadas pelos filhos de Fausto Cardoso na praça XV de Novembro, na capital da República, Rio de Janeiro. Olímpio Campos foi sepultado na Catedral Metropolitana de Aracaju, na época ainda a Matriz de Nossa da Conceição, pois não havia ainda Diocese de Aracaju .

Em 1916, o presidente estadual Manuel Valadão inaugurou em Aracaju o monumento e a Praça Olímpio Campos, onde se localiza a Catedral Metropolitana de Aracaju, que por sinal recebeu esse nome através do decreto lei numero 24 de setembro de 1916, assinado pelo intendente municipal doutor Alexandre de Oliveira Freire, o que seria hoje prefeito de Aracaju. Em 15 de março de 1950 no governo de José Rollemberg Leite foi criado o Grupo Escolar Monsenhor Olímpio Campos pelo Decreto Governamental de Nº 179/50 pelo Conselho Estadual de Educação. Em 21 de fevereiro de 2008 de acordo com a Resolução Nº 127/CCE a Escola de 1º Grau Monsenhor “Olímpio Campos” passou a se chamar Colégio Estadual Monsenhor “Olímpio Campos” devido à implantação do Ensino Médio no ano de 2006. Somente em 12 de julho de 1954, através da Lei nº 575, no governo de Arnaldo Garcez, o Palácio do Governo foi denominado Palácio Olímpio Campos, pois o governador Arnaldo Garcez queria fazer uma homenagem ao político que ele tinha simpatia.

Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br

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