terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aldeia Indígena Xokó: 36 anos de uma conquista

 Manifestações culturais.

 Ruínas do antigo convento.

 Cacique Bá.

Crianças também participaram da comemoração.

Publicado originalmente no site Sergipe Cultural, em 11/09/2015.

Aldeia Indígena Xokó: 36 anos de uma conquista

Há 36 anos aquela que é atualmente a única tribo indígena reconhecida em Sergipe obteve uma conquista histórica. No dia 09 de setembro de 1979 a tribo Xokó retomou o território da Ilha de São Pedro, que fica localizada no município de Porto da Folha, no Sertão sergipano. Em comemoração à data, a aldeia realizou na manhã da última quarta-feira, (09), uma série de festejos como reafirmação da cultura local.

A tribo Xokó é resultante de uma miscigenação de vários grupos étnicos, que se encontraram ao longo do tempo, tanto por remanejo imposto pela Igreja, como também, por índios refugiados do sistema escravista e que se agruparam a outros coletivos. Após terem desaparecido por cerca de um século, mas que a partir do apoio de antropólogos da Universidade Federal de Sergipe (UFS), representantes da igreja católica, movimentos estudantis e sociais, o grupo conseguiu reafirmar sua identidade.

A comunidade conta atualmente com cerca de 90 grupos familiares, resultando num total de 450 indígenas que habitam a Ilha de São Pedro, localizada às margens do Rio São Francisco. Apesar de ter perdido com o tempo parte das suas tradições, principalmente a produção da cerâmica, uma referência que ainda identifica o Povo Xokó, algumas das manifestações culturais ainda sobrevivem. É o caso da dança do Toré e do Ritual Sagrado Ouricuri.

Representando a aldeia desde os seus 20 anos, o cacique Bá explica que uma das principais dificuldades encontradas para perpetuar as tradições, foi a chegada de instrumentos tecnológicos à tribo. Para ele, aquilo que deveria auxiliar às vezes atrapalha. “A tecnologia por um lado é importante para gente, por conta da televisão, internet e celular, mas por outro é preocupante, pois os jovens agora já não têm tanto interesse em seguir com os costumes locais, mas nós ainda estamos tentando manter e passar para eles”.

A data

A primeira tentativa de retomada da Ilha de São Pedro aconteceu em 1978, mas os Xokó acabaram expulsos do território. Em 09 de setembro de 1979, a Tribo contou com a ajuda de diversos movimentos, retomando assim, o local que ainda é conhecido por muitos como Caiçara. Segundo o cacique, esta é a data mais importante para comunidade. “Nós comemoramos o dia 09 de setembro porque ela representa a retomada do nosso território”.

Igreja de São Pedro

Tombada pelo Governo do Estado de Sergipe desde 1984, e construída em alvenaria de pedra, a sua história retrata o início da colonização da região no século XVII. Restaurada em 2011, pelo Governo do Estado, a igreja tem ao seu lado uma ruína daquilo que teria sido o antigo convento de frades, também construída em alvenaria de pedra da região.

Para historiador e diretor de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, Marcos Paulo, o monumento é uma representação histórica para a comunidade. “A igreja é um patrimônio que faz parte da história da missão implantada pelos capuchinhos franceses na aldeia. É importante que haja um processo de educação patrimonial na comunidade para que ela seja mantida e bem cuidada”.

Texto e imagens reproduzidos do site: cultura.se.gov.br

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