sábado, 16 de setembro de 2017

É primavera nos museus!

Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, em Laranjeiras, 
recebe a exposição  “A Lenda dos Ybeji e o Caruru” 
Foto: Divulgação.

Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 13/09/2017

É primavera nos museus!

Iniciativa criada pelo Ibram chaga à 11ª edição, convidando a sociedade a alinhavar memórias
 
Com o tema “Museus e suas Memórias”, o Sistema Estadual de Museus de Sergipe promove hoje, 13, a partir das 9h, a abertura da 11 ª Primavera dos Museus em frente ao Museu Palácio Olímpio Campos, com uma diversidade de atividades culturais. É Primavera dos Museus, iniciativa criada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) que acontece todos os anos no mês de setembro, e que nesta edição convida público e instituições participantes a juntos alinhavarem trajetórias, processos e resultados de presença e atuação, abrindo espaço para a inclusão da produção na malha diversa que é a memória coletiva.

Em Sergipe, quatro unidades da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) participam da programação, juntamente com o Centro Cultural de Aracaju, unidade da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), que participam da ação que acontece em todo o país, simultaneamente, de 18 a 24 deste mês. Por aqui, o calendário de atividades foi antecipado, com a chegada da exposição “A Lenda dos Ybeji e o Caruru”, no Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, que aborda a festa de origem africana, que acontece todos os anos no dia 27 do mês de setembro. A festa, que homenageia os orixás crianças, surgiu de uma história de devoção muito antiga, associada aos gêmeos São Cosme e São Damião, santos da Igreja Católica pelo sincretismo.

Também na programação, o Museu de Arte Sacra de Laranjeiras recebe a exposição “Mês Doloroso: Do Cantar ao Vestir”. A mostra exibe a devoção dos laranjeirenses à Senhora das Dores no mês de setembro. E na Casa de Cultura Joao Ribeiro, também em Laranjeiras, acontece a mostra “Memorias de João Ribeiro”, que abre no dia 20, às 9h. Já o Museu Histórico de Sergipe, em São Cristóvão, realiza uma atividade no dia 19 de setembro, com uma Roda de Leitura sobre o “Crime da Mata”, dentro do projeto “Dentro da Memória”, que acontece a partir das 14h. Outros museus sergipanos também estarão desenvolvendo atividades dentro da Primavera dos Museus.

No Centro Cultural de Aracaju, a Primavera no Museus será composta por palestras, rodas de conversa e exposição, fazendo parte da iniciativa devido à instalação do Museu Viana de Assis no prédio. De acordo com o presidente da Funcaju, Silvio Santos, essa é uma forma de aproximar as pessoas das instituições que guardam a história. “É sempre bom enaltecer os instrumentos históricos e essa temporada é justamente uma forma de trazer a comunidade para os estabelecimentos históricos, onde parte de nossa história está registrada e sendo contada. A Funcaju não poderia deixar de apoiar esse evento tão importante”, explica.

Memórias e museus

Os museus têm muitas e diferentes memórias, que merecem e necessitam ser reveladas e preservadas. E num percurso cronológico, necessário se faz lembrar que no próximo ano será comemorado os 200 anos da criação da primeira instituição museal brasileira, o Museu Nacional/UFRJ, no Rio de Janeiro (RJ). Desde então, milhares de museus foram fundados no Brasil – o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) tem mapeado mais de 3,7 mil deles.

E cada um deles carrega consigo histórias, contextos, objetivos e memórias. Exatamente por isso, o Ibram escolheu o tema Museus e suas memórias para comemorar a 11º Primavera do Museus. Diferentemente do tema da 9ª Semana de Museus, em 2011, quando foi aderido o tema Museu e memórias, lançado pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), a proposta que ora se apresenta busca estimular reflexões a partir das memórias da própria instituição – questão que ainda não recebeu o merecido espaço nas preocupações cotidianas de muitos museus.

Um dos objetivos é que museus, e demais instituições culturais participantes, possam ‘olhar para dentro’ e refletir, junto com os grupos sociais presentes nos territórios nos quais estão inseridos, sobre os processos e resultados de sua própria constituição e produção. Como, ao longo do tempo, as transformações em sociedade propiciaram debates que impactaram as instituições? A partir dessa perspectiva, os museus também passaram por processos que alteraram sua missão? É possível, em meio a tantas e rápidas mudanças, se reposicionar enquanto espaço capaz de acompanhar uma nova dinâmica social sem, contudo, perder a linha do tempo de sua própria história? Os questionamentos são importantes para que os museus se revisitem e se mostrem para a sociedade, resgatando experiências que estão em seu âmbito e da qual participaram, de forma orgânica, os trabalhadores dos museus e seus diversos públicos.

Desta vez, o tema da 11ª Primavera dos Museus destaca a importância de se valorizar a memória institucional como elo essencial nessa ampla cadeia de sentidos, em contínua transformação, que é a memória construída e compartilhada a partir de diferentes perspectivas sociais – e que tem no museu um importante ponto de conexão.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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