Mostrando postagens com marcador - JOÃO AUGUSTO GAMA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador - JOÃO AUGUSTO GAMA. Mostrar todas as postagens

sábado, 23 de novembro de 2024

Jozailto Lima ENTREVISTA João Augusto Gama

João Augusto Gama: dizendo das razões pelas 
quais não disputou a reeleição em 2000

Legenda da foto: Gama em dois momentos: 
no da posse em 1997 e em visita a Fidel Castro
 em Havana, no mesmo ano


Entrevista publicada originalmente no site JLPOLÍTICA, de 18 de novembro de 2024

No livro “Memória de um político”, João Augusto Gama expõe sua visão de vida e se diz “de esquerda”

Por Jozailto Lima (Coluna Aparte)

 “Memória de um político”: livro de Gama que sai às 17 horas no Museu da Gente Sergipana

Este 19 de novembro de 2024, terça-feira, foi reservado pelo político e empresário João Augusto Gama, 77 anos, como o dia que ele decidiu despejar sobre a memória dos sergipanos muito da sua própria memória existencial.

E isso será feito com o lançamento do livro “Memória de um político”, a acontecer às 17 horas no Museu da Gente Sergipana. A obra bem que poderia chamar-se “Memória de um político e de um empresário bem-sucedido”, porque é exatamente isso que é João Augusto Gama.

E um dado bom: Gama não vai abusar na exposição de si mesmo e de sua vida dupla, ou multivária, que vai do sujeito empreendedor do mercado empresarial ao empreendedor “do mercado político”, tendo sido um prefeito determinante de Aracaju entre 1997 e 2000.

Ele vai dizer muito de sua posição de figura de esquerda e reativo às diabruras da ditadura miliar brasileira, da qual foi prisioneiro por duas vezes - numa delas, ainda de menor.

Tudo virá numa publicação em torno de 150 páginas. “É um livro curto, seco, direto. (Nele), o leitor vai avistar toda a minha trajetória de vida desde a infância, passando pela adolescência, a formação escolar, e a vida política e empresarial. Estará tudo lá”, promete.

A obra tem prefácio do professor Jorge Carvalho e orelha de Francisco Carlos do Nascimento Varella, o velho Chico Varella. Ambos são amigos do autor.

Enquanto político e empresário, Gama se declara um ser “totalmente à esquerda”, mas tem a humildade de não chamar para si a exceção nessa posição. “Não é incompatível você ser do capital e ter vocação da esquerda”, diz ele. 

“Você vai encontrar no Brasil homens brilhantes, como o José Ermírio de Moraes, que é o capitalismo na sua expressão mais pura, que sempre tiveram posições senão de esquerda, mas progressistas. Eu não chamaria José Ermírio de um homem de direita”, revela Gama. Veja nesta breve entrevista o que ele diz sobre o livro a ser lançado neste dia 19.

João Augusto Gama: dizendo das razões pelas quais não disputou a reeleição em 2000

Aparte - Em síntese, o que é que o leitor vai avistar neste seu livro “Memórias de um político”?

João Augusto Gama - O leitor vai avistar toda a minha trajetória de vida desde a infância, passando pela adolescência, a formação escolar, e a vida política e empresarial. Estará tudo lá. 

Aparte - Laonte Gama, seu irmão e ex-deputado estadual, era uma ocorrência política isolada na sua família até a sua entrada na política ou houve algum outro antepassado seu que caiu nessa rede?

JAG - Aqui em Sergipe, ele foi uma ocorrência isolada. Mas fora e antes, não. Nós vamos ter uma presença política familiar na Paraíba, quando o meu bisavô materno Antônio Alfredo da Gama e Melo foi senador e foi governador - presidente da Província da Paraíba. É possível encontrar isso na internet e o meu avô veio para cá trazendo essa referência.

 Aparte - Antônio Alfredo da Gama e Melo vai aparecer no livro?

JAG - Não, porque ele não tem nenhuma participação na minha vida. Aparece apenas como reminiscência, como uma informação passada. 

Aparte - Por que o senhor é um nascido em Aracaju... 

JAG - Sim, na Rua Duque de Caxias, 120, e pelas mãos de Dona Edilde, a parteira.
 
 Aparte - Em “Memórias de um político” o senhor vai entrar em juízo de valores dos nossos supostos pendores para uma certa tirania política, como as do Estado Novo, da Ditadura Militar e as do recrudescimento da nova direita atual?

JAG - Começando pelo fim da sua pergunta, devo dizer que o recrudescimento da nova direita muito me assusta. E, pelo começo, posso lhe dizer que eu trato, porque é parte intrínseca da minha biografia e dos fatos da minha vida, inclusive a participação na luta contra ela, da ditadura lá atrás, a de 1964 - eu já adianto que fui preso naquele ano, sendo ainda menor, e em 1968, já de maior, como presidente do Diretório Central dos Estudantes. Foi em Aracaju e em São Paulo. 

Aparte - Mas não é papel do livro conceituar esses supostos pendores? O senhor não para pra fazer uma tese disso!

JAG - Não. Até porque analisar essa crise, o papel da República, as nossas tradições culturais,
ditatoriais, a influência do militarismo na história política do Brasil e por aí vai, seria motivo para um outro livro. 

Aparte - Retomando aquela informação das prisões, então o senhor foi preso em 1964 ainda menor ou somente em 1968, durante o Congresso de Ibiúna, em São Paulo?

JAG - Fui preso nos dois momentos. Em abril de 1964, quando eu era ainda menor de idade. Tanto que Tertuliano Azevedo, no seu livro de memórias, conta esse fato. Quando o Exército descobre que eu era menor ou, como diz o povo, de menor, aí eles me liberam pela parte da tarde. 

Aparte - Quais foram seus dois crimes para merecer as duas prisões?

JAG - Foram os da suposta subversão da ordem pública e a reunião ilegal de pessoas. No que você fosse pego no Código Penal Militar, eles enquadravam a gente. Éramos vítimas da má vontade política do momento, porque era uma ditadura.

 Aparte - Seu livro vai justificar porque o senhor se retirou da possibilidade de uma reeleição de prefeito em 2000, quando o direito lhe assistia ir à disputa?

JAG - Vai. Eu contarei nele das exigências que me foram feitas e que, se eu as assumisse, iria inviabilizar minha nova e futura administração. E veja que já havia ali a Lei de Responsabilidade Fiscal. Porque eu encontrei em 1997 a Prefeitura de Aracaju em estágio de tragédia, mas não havia a Lei de Responsabilidade Fiscal ali ainda.

 Aparte - O senhor poderia adiantar um pouquinho dessas exigências?

JAG - Posso: algumas séries de obras e pedidos de ajuda para campanha acima da minha possibilidade financeira. Então aquilo me motivou a não avançar. Eu achei que tinha e deixava uma marca na sociedade sergipana, como deixei realmente e que até hoje é difícil o dia em que alguém não diga que é um admirador meu. Ainda ontem eu vinha em um avião de Recife e uma pessoa disse exatamente isso. Eu não poderia macular essa história.

Aparte - A sua candidatura de senador depois, então, é uma demonstração de que o senhor havia parado na hora errada? De que o senhor ainda queria mais política?  

JAG - Exato. Posso dizer que sim. E, na verdade, eu conto no livro a história da eleição do Senado, na qual fui totalmente traído pelo PT. Naquele momento eu tive a correção apenas de Marcelo Déda, de Zé Eduardo, que foram muito sensatos comigo, e nacionalmente de Zé Dirceu. Mas o restante do partido aqui votou em todo mundo, menos em mim. Isso é um fato notório e irrefutável. 

 Aparte - O senhor tem mais orgulho do que restrição ao seu velho MDB?

JAG - Nenhuma restrição. Tenho mais orgulho. O MDB foi um marco importantíssimo na vida de todos nós que reagimos à Ditadura. De toda uma geração. Ou melhor: de diversas gerações que lutaram contra o regime militar.

 Aparte - No livro o senhor vai tratar do acordo entre Jackson Barreto e Albano Franco em 1998, mas com uma mea-culpa ou não pela sua ação em favor daquela aliança? 

JAG - Não vou fazer uma mea culpa. Aquilo foi, em parte, uma ideia minha, mas não tenho porque fazer mea-culpa, porque aquela aliança nos ajudou a administrar bem Aracaju até o ano 2000. Fizemos alguns bons acordos para obras, embora seja verdade que o Governo do Estado não cumpriu todos. Mas tirou a Prefeitura de Aracaju de um momento de crise financeira enorme que eu havia herdado do meu antecessor José Almeida Lima. 

 Aparte - Mas aquele acordo tirou também o mandato de senador de Jackson Barreto. 

JAG - Sim, é verdade. Mas esse foi o risco que ele correu. E ele sabia disso. Eu acho que a culpa nossa foi a de não ter passado para a sociedade o real motivo do nosso acordo, que era republicano e sinalizava para obras.

Aparte - O senhor acha que o que restou na memória coletiva da sua passagem como prefeito bate com a avaliação que o senhor tem daqueles quatro anos?

JAG - Acho que bate perfeitamente. Eu não tenho dúvida disso. Até porque, onde eu chego as pessoas rememoram, falam, comentam, lembram muito do Mercado Central. Eu encontro muitas pessoas que receberam as escrituras públicas das suas casas no bairro São Carlos. Isso tudo me dá muito orgulho. Eu tenho certeza de que cumpri com louvor o meu dever de gestor. 

 Aparte - Então o senhor tem certeza de que a avaliação é mais positiva do que negativa? 

JAG - Tenho sim. E devo dizer mais: naquele momento era uma Prefeitura pobre e não a Prefeitura rica que a companheira Emília Corrêa está recebendo agora. Não era parecida com a de hoje. 

 Aparte - O senhor veria maldade deliberada naqueles que associam a sua boa ascensão empresarial a partir do momento em que vira prefeito de Aracaju, em 1997? 

JAG - Olha, isso para mim é irrelevante. Devo apenas dizer que em 1994, quatro anos de ser eleito prefeito, eu fui eleito o Comerciante do Ano de Aracaju. Então eu não era um Gama qualquer - isso era 1994, antes de eu me envolver em política partidária. Eu era ali um representante da Tigre e um distribuidor da Shell. Eu já tinha uma empresa importante no bairro José Conrado de Araújo, cuja sede ainda está lá, é nossa - quer dizer, é dos meus filhos.

Aparte - E o senhor tinha militância nos órgãos de entidade de classe do comércio desde antes?

JAG - Tinha. Fui presidente da CDL. E quando eu me candidatei a prefeito, tive que renunciar à Presidência. 

 Aparte - O senhor e sua conduta política, à esquerda, seriam a negação de uma máxima recorrente segundo a qual todo capital seria obrigatoriamente de direita?  

JAG - Não diria exatamente isso, porque em determinados momentos da ditadura militar o capital nacional se colocou contra. Se houve uma adesão em um primeiro momento, lá em 1964, mas depois grandes empreendedores mudaram. 

Aparte - Então o senhor está dizendo que não é uma exceção? 

JAG - Estou, porque não sou mesmo. Você vai encontrar no Brasil homens brilhantes, como o José Ermírio de Moraes, que é o capitalismo na sua expressão mais pura, que sempre tiveram posições senão de esquerda, mas progressistas. Eu não chamaria José Ermírio de um homem de direita. E digo mais: a inteligência e a transigência podem ser de direita e ser do capital. Não é incompatível você ser do capital e ter vocação da esquerda. 

Aparte - O senhor se sente de esquerda ou de centro?

JAG - Eu me sinto totalmente à esquerda. Tenho profunda admiração por Trótski. 
-----------------------------------

* O Articulista é jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Com colaboração da jornalista Tatianne Melo.

Texto e imagens reproduzidos do site: jlpolitica com br

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

“Memórias de um político”: para que a história não fique órfã de bom depoimento

Publicação compartilhada do site JLPOLÍTICA, de 1 de novembro de 2024

Coluna Aparte - “Memórias de um político”: João Augusto Gama lançará livro autobiográfico dia 19 de novembro

“Memórias de um político”: para que a história não fique órfã de bom depoimento

De primeiro presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe a prefeito de Aracaju. De jovem empresário a liderança entre os dirigentes lojistas de Sergipe. Da academia à gestão pública. Recordações pessoais de mais de meio século de militância política e vida pública.

Esse é o substrato do livro “Memórias de um político”, de João Augusto Gama da Silva. Inédita e autobiográfica, a obra é editada pela Criação Editora e será lançada no próximo dia 19 de novembro durante sessão de autógrafos do autor no Museu da Gente Sergipana, em Aracaju, a partir das 17h.

Amante das letras e das artes, João Augusto Gama conduz o leitor em uma viagem literária em que rememora o que viu e viveu no campo da política local e nacional. E viu muito, sem nunca ter batido continência para gestos de direita.

O autor esmiúça, numa narrativa fluida, recordações que vão desde a infância até os dias atuais. “É um relato em primeira pessoa contando diversas passagens da minha vida, mas restrito ao político”, explica.

“Nos últimos anos, tenho sido constantemente abordado para contar minhas memórias. Resolvi contá-las. Falo das minhas origens, estudo, formação, trabalho, mas, como o próprio título do livro diz, são memórias políticas”, completa o ex-prefeito de Aracaju.

Com prefácio do professor e escritor Jorge Carvalho do Nascimento e orelha escrita por Chico Varella, “Memórias de um político” chegará às livrarias em edição elegante e sofisticada, com projeto editorial assinado por Adilma Menezes. A revisão é de Ronaldson Souza e as ilustrações de capa são de Alberto Alcosa e Adriana Dantas.

Toda a renda obtida com a venda do livro será doada pelo autor para o SAME - Lar de Idosos Nossa Senhora da Conceição. “É uma forma de incentivar outras doações para organizações beneficentes e de ajudar uma entidade que faz parte da vida sergipana", afirma Gama.

SOBRE O AUTOR - Aracajuano, João Augusto Gama da Silva é militante político, advogado, empresário e gestor público.

Como acadêmico do curso de Direito da Universidade Federal de Sergipe, no fim da década de 1970, foi o primeiro presidente do Diretório Central dos Estudantes - DCE.

Ainda no movimento estudantil, foi preso político durante o regime militar. Participou da fundação do Movimento Democrático Brasileiro e se engajou ativamente na luta pela redemocratização do país.

Gama iniciou sua atuação como gestor público em 1984, quando assumiu a Presidência da Empresa Municipal de Obras e Urbanização de Aracaju - Emurb.

Em 1993, foi nomeado superintendente municipal de Transportes e Trânsito da capital e, no ano seguinte, passou a comandar a Secretaria Municipal da Administração.

Eleito prefeito de Aracaju em 1996, governou a capital entre os anos de 1997 e 2000. Foi também secretário de Estado do Turismo; do Planejamento, Orçamento e Gestão; e da Cultura, entre os anos de 2007 e 2018, sob Marcelo Déda.

Na área empresarial, fundou a Representações Gama Ltda e a Distribuidora Gama Ltda, e presidiu a Câmara de Dirigentes Lojistas de Sergipe - CDL.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica com br/coluna-aparte