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sábado, 21 de janeiro de 2017

Amando Fontes e a sua contribuição para a cultura sergipana



Publicado originalmente no site Grande Aracaju, em 12/07/2012.

Amando Fontes e a sua contribuição para a cultura sergipana.

A literatura sergipana tem vários escritores importantes, desde poetas até os memorialistas, e que, inclusive, são conhecidos e respeitados no âmbito nacional. Destaca-se, aqui, o romancista Amando Fontes que produziu as obras “Os Corumbas”, publicado em 1933, e “Rua do Siriri”, que foi publicado em 1937. O autor nasceu em 15 de maio de 1899, na cidade de Santos, Estado de São Paulo; filho do farmacêutico Turíbio da Silveira Fontes e de Rosa do Nascimento Fontes. Logo, com o pai falecido, ele veio morar em Aracaju e ficou aos cuidados dos avós paternos, vivendo na Fazenda Aguiar e em Aracaju. Ele frequentou o Ateneu Sergipense; aos quinze anos trabalhou como revisor do Diário da Manhã (Aracaju); fez várias viagens pelo país; elegeu-se Deputado Federal (1946); enfim, ele faleceu em 01 de dezembro de 1967[1].

Apesar de ter nascido em Santos, ele pertence à literatura brasileira, principalmente pelo reconhecimento nacional das suas duas obras e por ter apoio da famosa (década de 1930) Editora José Olympio, e, faz parte da literatura sergipana, porque retrata a cultura e história dos aracajuanos, como as fábricas e os antigos cabarés. O seu espírito de escritor é uma formação da terra, ou seja, ele vivenciou e respirou a cultura sergipana. Segundo Jackson da Silva Lima, para fazer parte e ser considerado literário sergipano, um escritor deve ter uma formação cultural local e que se realizou desde os primeiros anos de vida, participando de movimentos e manifestações culturais. Em resumo: Amando Fontes não é sergipano de nascimento, mas de cultura; bem como divulgador da identidade de Sergipe[2].

Amando Fontes tem a característica do estilo que teve grande ênfase na década de trinta no cenário brasileiro: utiliza uma linguagem mais simples, os personagens são populares e oprimidos, e tenta mostrar mais veracidade nas suas obras. No “Os Corumbas”, o cotidiano dos personagens é inspirado nas fábricas que realmente existiriam em Aracaju, como também nas greves operárias, nas mortes dentro das fábricas e nos abusos dos industriais. Em “Rua do Siriri”, a narrativa começa com a indignação das prostitutas, pois tinham sido empurradas, pelo governo do Estado, para a famosa zona do Siriri – um lugar que realmente existiu[3].

O autor faz parte do chamado “Romance Industrial”, pois se refere a uma produção romanesca de 1930, que tem como foco a sociedade industrializada, mostrando o mundo subalterno, isto é, os temas mais polêmicos. Se junta a isso, o caráter de tentar, ao máximo, tornar a literatura mais verossímil com a sociedade do leitor – a ficção seria uma representação das questões sociais, políticas e econômicas[4].

Enfim, as obras de Amando Fontes ajudam a entender a antiga Aracaju e como as pessoas viviam, no início do século XX. Ao mostrar, através da literatura, um passado, que poderia ter ficado esquecido, ele entra para o quadro dos literários sergipanos.

Sobre o autor: Graduado em História (UFS), Especialização em andamento em Ensino de História: Novas Abordagens (FSLF), e recente aprovado no Mestrado em História (UFS). Pesquisa sobre a cultura operária sergipana. Email: wagneroficial@bol.com.br

[1] Para saber mais sobre a biografia de Amando Fontes, ver. FONTES, Amando. Introdução. In: Os Corumbas. 25ª Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003. Ver também NASCIMENTO, Jorge Carvalho Do. Literatura Sergipana Prosa Antologia. Aracaju: SEER, 1998.

[2] Ver mais em SILVA LIMA, Jackson Da. História da Literatura Sergipana. Volume Um. Aracaju: Livraria Regina, 1971.p. 33-37.

[3] O fragmento do romance é o seguinte: “LOCALIZAÇÃO DO MERETRICIO. EDITAL. De ordem do Exmo. Snr. Dr. Chefe de Policia do Estado, ficam intimadas todas as mulheres de vida facil que hoje residem nas ruas de Arauá, Estancia, Propriá e Santa Luzia a se mudarem, no prazo improrogavel de 8 (oito) dias, para a rua do Siriry, no trecho comprehendido entre as ruas de Laranjeiras e Maroim. Aracajú, 1º de Dezembro de 1918. O Secretario. Manuel de Barros Maciel.” (FONTES, Rua Do Siriry, 1937, p. 08 – grifos presentes no original).

[4] SILVA, Maria Ivonete Santos. Romance Industrial: aspectos históricos e sociológicos da obra de Amando Fontes. Brasília; Fundação Universidade de Brasília; Aracaju: Governo do Estado de Sergipe/Fundesc, 1991; ver também MELLO E SOUZA, Antonio Cândido de. A Revolução de 1930 e a Cultura. São Paulo: Novos Estudos Cebrap, v. 2,4, p. 27-36, abril 84.

Texto reproduzido do site: grandearacaju.com.br

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Amando Fontes: “Um mestre nos Romances Sociais”


Amando Fontes: “Um mestre nos Romances Sociais”.

Biografia

Amando Fontes nasceu em Santos (SP) no dia 15 de maio de 1899. É de família sergipana, e chegou a Sergipe com cinco meses de idade quando seu pai falecera. Aos doze anos revelou sua tendência para as letras e aos 18 ele já possuía um grande conhecimento literário. Ele cultivou da prosa e da poesia, se destacando por conta de seus “Romances Sociais” que mostram os problemas das classes desprivilegiadas, se destacando também como crítico literário.

Trabalhou como revisor de imposto, advogado, professor de Língua Portuguesa e Deputado Federal do Estado de Sergipe por três vezes. Frequentou a Roda Literária do Rio de Janeiro que se dava em volta de Jackson de Figueiredo, sendo influenciado por Garcia Rosa. E quando fora à Bahia frequentou o grupo de Arthur de Sales e Carlos Chiachio.

Ao escrever sua primeira obra, Os Corumbas no ano de 1933, o Romance foi bem aceito pela crítica, chegando a ganhar o “Prêmio Felipe de Oliveira de Literatura”, além de ter recebido muitos elogios do escritor Mário de Andrade.

Amando Fontes faleceu no dia 01 de dezembro de 1967.

Visão crítica

Amando Fontes se influenciou por importantes escritores como Gustave Flaubert, Balzac, Fiodor Dostoievski, Machado de Assis, Lima Barreto e outros importantes ícones literários. Foi um autor que teve contato com as pessoas simples do povo e presenciou o êxodo de retirantes do sertão para a cidade, bem como as condições precárias dessas pessoas que enfrentavam a seca e a busca por uma vida melhor nos grandes centros urbanos; bem como as más condições vitais que levaram essas pessoas a falecerem, a se submeter à exploração das indústrias, e à prostituição por parte de algumas mulheres. Assim, os seus personagens não passam de pessoas simples e sofridas das camadas populares e marginalizados pela sociedade.

As suas obras fazem parte do Modernismo da década de 30 e elas ajudam a entender de forma histórica a vida dos sergipanos no princípio do século XX. E sua importância é notada também através de comentários sobre seus personagens em importantes revistas brasileiras da sua época, chegando ser comparada com a de grandes ícones do Modernismo brasileiro como Jorge Amado, José Lins, Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos, por ele ter cultivado do regionalismo de forma similar como estes autores. Nelas são retratadas a cultura das pessoas nascidas em Aracaju (Estado de Sergipe), bem como cenas de fábricas e as “casas de luz vermelhas” (os cabarés). A linguagem das obras contém simplicidade e isso é um fato comum nessa época para que a linguagem escrita se assemelhe com a da fala.

“No “Os Corumbas”, o cotidiano dos personagens é inspirado nas fábricas que realmente existiriam em Aracaju, como também nas greves operárias, nas mortes dentro das fábricas e nos abusos dos industriais. Em “Rua do Siriri”, a narrativa começa com a indignação das prostitutas, pois tinham sido empurradas, pelo governo do Estado, para a famosa zona do Siriri – um lugar que realmente existiu”. (In: Jornal da Grande Aracaju – Amando Fontes e a sua contribuição para a cultura sergipana. Disponível em: http://www.grandearacaju.com.br/conteudo.ler.php?cat=17&id=5373).

Percebe-se que em sua obra Os Corumbas há uma luta do movimento proletário que se envolvera com as ideias comunistas para a busca de condições melhores de trabalho.

Em Rua do Siriri há relatos sobre as más condições de vida das mulheres que eram obrigadas a se prostituírem.

A pretensão deste escritor era mostrar a vida de personagens de forma verdadeira como a vida real mostra, colocando em pauta assuntos como a mediocridade humana e suas ações negativas. É por isso que ele bebera da fonte do Realismo e do Naturalismo para construir a sua literatura Moderna, procurando denunciar a sociedade da época.

Através destes pequenos comentários, nota-se que a obra de Amando Fontes, além de literária, contém uma visão sociológica com relação às camadas populares, e se aproxima do pensamento de grandes homens como Sílvio Romero, Manuel Bomfim, Euclides da Cunha, entre outros.

OBRAS:

* Os Corumbas (1933)

* Rua do Siriri (1937)

Referências:

Biblioteca Digital da UNICAMP – Imagens do Povo: Política e literatura na obra de Amando Fontes. Por: Cleverton Barros de Lima. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000777805>. Acesso em: 09 de set. de 2013.

Jornal da Grande Aracaju – Amando Fontes e a sua contribuição para a cultura sergipana. Disponível em:
<http://www.grandearacaju.com.br/conteudo.ler.php?cat=17&id=5373>. Acesso em: 09 de set. de 2013.

Mandacaru Florido – Literatura Sergipana: Acervo sobre Amando Fontes montar loja de roupas. Disponível em:
<http://joseanafonseca.blogspot.com.br/p/amando-fontes.html>. Acesso em: 09 de set. de 2013.

Foto e texto reproduzidos do blog: literaturasergipana.blogspot