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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Conheça a história de J.Inácio, um dos maiores pintores sergipanos

Imagem por Marcel Avlis - Reproduzida do site: pt wikipedia org e postada pelo blog

Artigo compartilhado do PORTAL UNIT, de 12 de abril de 2024 

Conheça a história de J.Inácio, um dos maiores pintores sergipanos

A vida simples e a riqueza de talento do artista nascido em Arauá resultaram em quadros que expressam paisagens e a gente do nosso estado

 As artes plásticas também simbolizam a cultura e a identidade de um povo, revelando grandes talentos e expoentes. Em Sergipe, um destes nomes é J.Inácio, que através de suas telas e cores, expressou muito mais que paisagens, florestas ou pequenos povoados, mas também a alma e a gente do nosso estado. Uma expressão que tornou-se muito conhecida e apreciada em galerias e coleções do Brasil e do mundo. 

J. Inácio era o pseudônimo de José Inácio Alves de Oliveira, que nasceu em 11 de junho de 1911, no povoado Bolandeira, em Arauá (região sul de Sergipe). Era o mais novo de quatro irmãos, sendo um deles o Padre Pedro, sacerdote católico que ficou muito conhecido em Aracaju por seu trabalho religioso com pessoas adoentadas e comunidades mais pobres. 

O envolvimento com a arte veio aos 18 anos, mas através do teatro: interpretou o papel de Judas Iscariotes em um auto da Paixão de Cristo, encenado na Colina do Santo Antônio, em Aracaju. Um ano depois, em 1930, entrou de vez no mundo da pintura e da caricatura. A partir das aulas que teve com seu primeiro mestre, o pintor e matemático Quintino Marques, produziu seus primeiros quadros e começou a trabalhar para jornais e revistas da cidade. Na mesma época, escrevia poemas e os vendia nas ruas, com o pseudônimo ‘Inácio Ventura’.

Em 1931, J.Inácio fez a sua primeira exposição, na antiga Biblioteca Pública de Aracaju. O seu talento foi ganhando destaque e chamou a atenção do governo do Estado, que concedeu a ele uma bolsa de estudos para a então Escola Nacional de Belas Artes (Enba), atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ). A passagem pela então capital federal durou pouco mais de um ano, mas rendeu uma grande amizade com outro sergipano: Jordão de Oliveira (1900-1980), que foi aluno, professor e catedrático da Enba, além de consagrado como artista, poeta e escritor. 

Foi o conterrâneo quem o acolheu em sua casa e lhe deu o maior incentivo para seguir em frente na carreira artística, através de conselhos, ensinamentos e materiais para pintura. Assim, Inácio complementava a sua formação artística, que “foi no laboratório da vida, na experiência vivida, nas dificuldades do dia a dia”, como define o crítico e curador de arte Mário Britto. Voltou em 1940 ao Rio, onde fez uma exposição individual no Liceu de Belas Artes. Nos anos seguintes, participou do Salão de Artes Plásticas do Rio de Janeiro e recebeu dois prêmios: a medalha de bronze, em 1943, e a Menção Honrosa, em 1944.

Ao longo das décadas seguintes, suas obras e escritos foram ganhando mais reconhecimento e admiração de colecionadores e admiradores do Brasil e até mesmo do exterior. No entanto, preferia levar uma vida mais simples, sem se apegar a bens ou vaidades. Isso não impediu que ele recebesse mais homenagens ainda em vida. Em 1981, foi nomeado patrono da Galeria de Arte da Biblioteca Pública Epifânio Dórea, em Aracaju. Em 1988 e no ano 2000, recebeu comendas da Ordem do Mérito Serigy, concedida pela Prefeitura de Aracaju. 

Em 2004, ganhou o Diploma de Personalidade Cultural, da União Brasileira de Escritores (UBE), e foi tema da mostra “Visitando J. Inácio”, da Sociedade Semear, que reuniu outros 21 artistas sergipanos para fazer releituras de suas principais obras. J. Inácio morreu em Aracaju, no dia 1º de agosto de 2007, aos 96 anos, mas sua obra continuou a ser lembrada. Em 2010, ele foi patrono do 19º Salão dos Novos, promovido pela Galeria de Artes Álvaro Santos. E em 2011, foi tema de exposição em homenagem ao seu centenário de nascimento, no Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE) e do livro “Vida e Obra de J. Inácio”, escrito por Wagner Ribeiro. 

Legado de sua obra

O professor Rony Rei do Nascimento Silva, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED) da Universidade Tiradentes (Unit), destaca que os quadros e telas de J. Inácio trazem cores locais e estabelecem uma identidade que marca sua contribuição às artes plásticas do nosso estado, passando por uma linguagem subliminar expressionista. 

“A irreverência, aliada à sua inquietude, fez dele um artista singular, livre de conceitos, de estilos, de temas e de escolas. Suas obras, realizadas com pinceladas firmes, rápidas e certeiras, têm um colorido muito exclusivo, são cores vibrantes e luminosas, com predominância dos verdes e amarelos. Entre as suas maiores fontes de inspiração, estavam as garças, as jaqueiras, as casas de farinha, os pântanos, as paisagens urbanas e rurais de diversos municípios sergipanos, retratos de amigos e personalidades. Suas bananeiras, objeto de desejo de todos os colecionadores, são o símbolo maior de sua iconografia”, cita Rony. 

©2021 Grupo Tiradentes

Texto reproduzido do site: portal unit br/blog/noticias

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

REGISTRO > J. Inácio (1911 - 2007)










REGISTRO de notícia publicada em 02/08/2007 


Publicação compartilhada do site GOVERNO DE SERGIPE, de 2 de agosto de 2007 


Governador destaca importância de J.Inácio para arte sergipana 


Marcelo Déda participou do velório do artista plástico, realizado na Galeria que leva o nome de J.Inácio 


Pintores, poetas, artistas, historiadores, autoridades e anônimos prestaram, na manhã desta quinta-feira, 2, as últimas homenagens ao artista plástico sergipano J.Inácio, sepultado no fim da manhã no Cemitério Santa Izabel, em Aracaju. Durante o velório na Galeria que leva o nome do artista, o governador Marcelo Déda, em nome do Governo de Sergipe, expressou condolências aos familiares e amigos do pintor e destacou a figura de J. Inácio como um dos maiores artistas plásticos e que marca, em definitivo, a história da arte em Sergipe. Após aplausos e depoimentos emocionados, o corpo do artista, que tinha 96 anos, foi conduzido em carro aberto do Corpo de Bombeiros pelas ruas da capital.

 

Um dos maiores representantes da arte sergipana, J. Inácio imortalizou a riqueza cultural sergipana em tintas e telas com bananeiras, garças, casas de farinhas e paisagens regionais. "Com suas cores e temas, J. Inácio foi capaz de mostrar, sobretudo, a alma sergipana, sua terra, seu povo e seu tempo. Ele é um dos maiores artistas do século XX e sua arte é uma das mais belas formas de conhecer o nosso Estado", declarou Marcelo Déda. 


A irreverência, a inquietude e a simplicidade do artista também foram lembradas durante as homenagens de parentes e amigos. "Era um homem que não se prendia a padrões convencionais, que vivia a vida na sua plenitude, que brincava e que sempre expressava seus sentimentos na sua arte", lembrou Railda de Oliveira, filha do pintor, que foi pai de cinco filhos, entre eles o também artista plástico Caã. 


O domínio das cores, a luminosidade, a simplicidade e o equilíbrio na composição inaciana serviram de forte influência artística nos últimos 40 anos para diferentes gerações de artistas plásticos, como José Fernandes, Adauto Machado e Elias Santos. "J. Inácio é uma âncora que mergulhou no coração de cada um de nós, que pintou os cantos e recantos da sua terra, menino que se fez homem, poeta e pintor, e que vai continuar vivo e como uma referência única para os artistas sergipanos", comentou, emocionado, o artista plástico Ismael Pereira. 


Biografia 


J. Inácio nasceu José Inácio de Oliveira, em 1911, no povoado Bolandeira, no município de Arauá, interior de Sergipe. As calçadas e paredes da sua terra natal serviram como as primeiras telas para o menino-artista que despontava. Seu talento foi exposto pela primeira vez em 1931, na antiga Biblioteca de Aracaju. Nesta época, recebeu forte influência dos amigos-pintores Jordão de Oliveira e Jenner Augusto. 


No mesmo ano, ele foi para o Rio de Janeiro, como bolsista do Governo de Sergipe, estudar pintura na Escola Nacional de Belas Artes. Durante sua permanência no Rio, foi premiado no Salão Nacional de Artes Plásticas de 1943 e 1944. Em 1951, retornou a Aracaju e passou a residir definitivamente na capital. 


Em memória ao artista plástico, a Secretaria de Estado da Cultura instituiu luto de três dias na Galeria J.Inácio. Também esteve presente ao velório o secretário adjunto de Cultura, Marcelo Rangel 


Texto e imagens reproduzidos do site: se.gov.br 

sábado, 9 de abril de 2016

Vida e obra de J. Inácio (1911 - 2007)




J. Inácio.
Por Mário Britto

José Inácio Alves de Oliveira nasceu no dia 11 de junho de 1911, no povoado Bolandeira, em Arauá/SE; e, faleceu no dia 1º de agosto de 2007, em Aracaju/SE. Pintor e caricaturista iniciou sua trajetória nas artes aos dezoito anos de idade, ao interpretar Judas em um auto encenado na Semana Santa, na Colina do Santo Antônio. Um ano depois, começou a sua carreira como pintor, tendo como seu primeiro mestre o pintor e matemático Quintino Marques. Trabalhou para jornais e revistas e, ainda, vendeu poemas nas ruas com o pseudônimo de Inácio Ventura.

Recebeu do Governo Augusto Maynard uma bolsa para estudar na tradicional Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro, ficando lá, apenas, pouco mais de um ano. Sua formação artística foi no laboratório da vida, na experiência vivida, nas dificuldades do dia a dia. Fez grande amizade com o mestre Jordão de Oliveira, seu professor em sua rápida passagem pela Escola de Belas Artes e grande incentivador. Dele, J.Inácio recebia ensinamentos, conselhos, material para pintura e guarida em sua casa, na Ilha do Governador.

Sua primeira exposição data de 1931, na antiga Biblioteca Pública de Aracaju. Em 1940, no Rio de Janeiro, realizou uma exposição individual no Liceu de Belas Artes. Ainda no Rio, no Salão de Artes Plásticas do Rio de Janeiro, logrou prêmios como a medalha de bronze, em 1943 e Menção Honrosa, em 1944.

J. Inácio é um dos mais queridos e populares artistas sergipanos, recebeu muitas homenagens em vida e continua a recebê-las após a sua morte. Em 1981, emprestou o seu nome para a Galeria de Arte da Biblioteca Pública Epifânio Dórea. Em 2004, em comemoração aos seus 93 anos, a Sociedade Semear realizou a mostra “Visitando J. Inácio”, com a participação de 21 artistas sergipanos, convidados pelo próprio J. Inácio, para elaboram uma releitura de sua rica obra.

Em 2010, J. Inácio foi festejado como patrono do 19º Salão dos Novos, promovido pela Galeria de Artes Álvaro Santos, com curadoria de Luiz Adelmo. Em 2011, em comemoração alusiva aos 100 anos de nascimento do pintor, o Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, realizou uma exposição em sua homenagem, no Espaço Cultural Ministro Carlos Ayres Britto. Na ocasião foi relançado o livro “Vida e Obra de J. Inácio”, de autoria de Wagner Ribeiro. Em 2012, participou, – in memoriam – , da coletiva “Coleção Mário Britto", edição especial Mostra Aracaju.

A pintura de J. Inácio passa por uma subliminar linguagem expressionista. A irreverência do artista, aliada à sua inquietude, fê-lo um artista singular, livre de conceitos, de estilos, de temas e de escolas. Suas obras, realizadas com pinceladas firmes, rápidas e certeiras têm um colorido muito exclusivo, são cores vibrantes e luminosas, com predominância dos verdes e amarelos.

Entre as suas maiores fontes de inspiração estavam as garças, as jaqueiras, as casas de farinha, os pântanos, as paisagens urbanas e rurais de diversos municípios sergipanos, retratos de amigos e personalidades. Suas bananeiras, objeto de desejo de todos os colecionadores, são o símbolo maior de sua iconografia.

A simpatia pessoal de J. Inácio, a sua forma simples e particular de ter vivido e os muitos galanteios que fazia às moças o tornaram uma figura icônica e amada em Sergipe. Com uma vida totalmente dedicada à arte, J. Inácio, o irmão mais novo do legendário Padre Pedro, encantou a todos com as suas pinturas, não sem razão, afirmou o jornalista e historiador Luiz Antônio Barreto, em seu rol das efemérides de 2011, “aplaudido pela crítica e pelo público, J. Inácio colocou as cores locais nas suas telas, estabelecendo uma identidade que marca a sua contribuição às artes em Sergipe”.

Texto reproduzidos do blog: galeriazededome.com.br

Fotos: glteixeira e Google.

Algumas obras do artista plástico J. Inácio (1911 - 2007).

 Bananneira.

Cacique (1967).

Garças (1992).

Paisagem (1987).

Avenida Desembargador Maynard com Morro da Suíça.
Imagens reproduzidas do blog: galeriazededome.com.br

Artista Plástico J. Inácio





Memória de Publicação: SECOM PMA., em 1 de novembro de 2002.

“Sou livre”. É assim que se define o maior nome vivo e em atividade da pintura sergipana: J. Inácio. Seus 91 anos de vida e 71 de carreira artística o fizeram um homem experiente e cheio de histórias para contar.
Dentre os diversos lugares por onde já passou, J. Inácio encontra na Galeria de Artes Álvaro Santos, mantida pela Prefeitura Municipal de Aracaju, através da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, um abrigo seguro para sua arte. Foi na galeria, espaço que considera importantíssimo para os artistas, que ele recebeu hoje, dia 1°, a equipe da Secom – Secretaria Municipal de Comunicação -, para uma conversa descontraída.

Ao falar de sua história, o pintor relembra com saudades de grandes nomes como Graccho Cardoso e Carlos Prestes, de cuja filha foi namorado. Sempre ligado a movimentos políticos, foi filiado ao Partido Comunista, do qual foi expulso por causa de uma poesia recitada em ofensa a Getúlio Vargas num evento público. “Ontem de madrugada eu vi este canalha rasgando um telhado de mortalha”, disse J. Inácio, apontando para Getúlio.

De acordo com o pintor, na época seus correligionários ficaram revoltados com sua postura. “Por isso me expulsaram. Então eu saí do Rio de janeiro por dentro das matas e fui até a Bahia”, conta.

Criador de uma coleção vastíssima de telas, dentre as quais se destacam as famosas bananeiras, J. Inácio fez sua primeira exposição em 1968 na Biblioteca Pública, onde hoje funciona a Câmara Municipal de Aracaju. Apesar de ainda participar de exposições coletivas, sua última mostra individual na Galeria Álvaro Santos foi realizada há cerca de 15 anos. Atualmente a maioria das telas de J. Inácio encontra-se na galeria que leva seu nome, localizada na Biblioteca Pública Epiphânio Dórea.

Entretanto, dois de seus trabalhos mais conhecidos estão expostos no prédio da Prefeitura e foram cedidos pela Álvaro Santos. Um deles, intitulado “O irmão de Satanás”, mostra seu irmão, Padre Pedro, indo ao céu e ao inferno. Na outra tela estão retratados diversos momentos de suas aventuras entre o Rio e a Bahia.

Apesar de não possuir riquezas materiais, quando questionado sobre sua vida profissional J. Inácio não hesita. “Sou realizado”, afirma. “Já fui homenageado em diversos lugares. Sei que ganharia mais dinheiro se tivesse continuado com minha carreira no Rio, na Escola de Belas Artes, e tivesse ganhado mais prêmios”, completa sem arrependimento. Quanto à sua paixão pelas artes, é enfático. “Pinto por impulso, pela necessidade. Tenho esse impulso de pintor”.

De acordo com ele, o local preferido para pintar é sua própria casa, localizada no conjunto Jardim, em Nossa Senhora do Socorro. “O conjunto é jardim, mas sou a única flor de lá”, diz com alegria o pai de quatro filhos, dentre os quais um também é pintor (Caã).

Texto e imagens reproduzidos do site: institutomarcelodeda.com.br

J. Inácio ressalta a importância da galeria Álvaro Santos para a cultura local – Fotos: Wellington Barreto AAN.