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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Antônio Carlos Garcia ENTREVISTA Petrônio Andrade Gomes

Legenda da foto¹: Petrônio Gomes: “Nunca teria aceitado entrar na política sem o apoio e incentivo da classe médica" - (Crédito da foto:  Arquivo pessoal)


Legenda da foto²: Mendonça Prado, João Fontes e Petrônio Gomes. Ao fundo, a vasta biblioteca de Petrônio

Publicação compartilhada do site SÓ SERGIPE, de 14 de agosto de 2022 

Petrônio Gomes, neurocirurgião: "Sou de direita, conservador e até monarquista de modelo europeu. Sou, sim, aliado do presedente JB"

Por Antônio Carlos Garcia  

Com 35 anos de profissão, o neurocirurgião Petrônio Gomes, 59 anos, se lança agora na política partidária. Considera-se um neófito ao trilhar estes caminhos, mas leva como experiência o fato de já ter presidido a Sociedade Médica de Sergipe (Somese), atuando em outras entidades médicas e ter sido secretário adjunto municipal de Saúde, na gestão de João Alves Filho. Agora é candidato a deputado federal pelo PTB, partido que apoia o presidente Jair Bolsonaro, que busca a reeleição.

A iniciativa de candidatar-se a deputado federal veio por considerar-se um profundo conhecedor dos problemas de Sergipe, principalmente na área da saúde, e por estar tendo o apoio da sua própria classe.  “Um grande grupo de colegas me incentivou neste projeto e resolvi aceitá-lo, plenamente consciente do papel que posso desempenhar na Câmara”, disse Petrônio Gomes, que aceitou o convite de João Fontes, presidente estadual do PTB, para ingressa na sigla.

“Nunca teria aceitado entrar na política sem o apoio e incentivo da classe médica. Temos nomes excepcionais que poderiam estar no meu lugar, mas poucos são os que querem entrar na política. Fico lisonjeado e muito orgulhoso por ter esse apoio”, ressaltou.

“Sou de direita, conservador e até monarquista de modelo europeu. Sou, sim, aliado do presidente Jair Bolsonaro, junto com o meu partido, o PTB”, assim se define Petrônio Gomes, acrescentando que a conquista dos eleitores “dar-se-á pela minha caminhada como médico e neurocirurgião, na qual venho prestando serviços à saúde do nosso Estado”. Ele afirmou, também, que tem o apoio dos médicos, “na sua esmagadora maioria, apoiadores de Bolsonaro”, completa.

Quando João Fontes decidiu renunciar à candidatura a governador de Sergipe, aliando-se ao PL de Valmir de Francisquinho, Petrônio Gomes apoiou a decisão da diretoria do partido. Para ele, “a coligação com o PL era lógica, pois são partidos que têm no presidente Bolsonaro o seu líder máximo. As discussões foram feitas através da nossa diretoria, mas apoio integralmente”, destacou.

Além de ser um neurocirurgião bastante conhecido em Sergipe, Petrônio Gomes é um intelectual, dono de uma riquíssima biblioteca particular com mais de 30 mil livros, possivelmente uma das maiores do Estado. Na vasta biblioteca, que ocupa, literalmente, uma casa dentro da sua própria casa – a redundância é proposital – Petrônio reserva algum tempo para leituras, mas também para refletir sobre os principais problemas que afligem o país e, mais particularmente, Sergipe.

Esta semana, já em plena campanha para deputado federal, Petrônio Gomes conversou com o Só Sergipe. Confira.

SÓ SERGIPE – O senhor tem uma carreira profissional impecável como neurocirurgião, e, agora, é candidato a deputado federal. Anteriormente, o senhor anunciou que desejava uma cadeira na Assembleia Legislativa. O que foi determinante para essa mudança?

PETRÔNIO GOMES – A candidatura a deputado federal foi a pedido do PTB, para colocar um representante da classe médica na disputa.

SÓ SERGIPE – Conquistar uma vaga na Câmara Federal não é algo simples, e o candidato tem que gastar muita sola de sapato. Além disso, o senhor vai concorrer com políticos “profissionais” que querem se manter na Câmara. Está preparado para o embate?

PETRÔNIO GOMES – Considero-me um nome novo na política partidária, mas, pronto, preparado para disputar uma vaga na Câmara, como um representante da área médica, conhecedor a fundo dos problemas, que são imensos.

SÓ SERGIPE – E por que ingressar na política partidária? Como se deu a escolha do partido – o PTB?

PETRÔNIO GOMES – A classe médica precisa, há tempos, de um representante na Câmara Federal.  Um grande grupo de colegas me incentivou nesse projeto e resolvi aceitá-lo plenamente consciente do papel que posso desempenhar na Câmara. A escolha do PTB foi a convite do presidente da sigla em Sergipe, João Fontes, aliado incondicional do nosso grande presidente Jair Bolsonaro, o qual também sou, assim como a esmagadora maioria da classe médica.

SÓ SERGIPE – O senhor já foi dirigente de diversas entidades médicas e secretário adjunto da saúde de Aracaju, na gestão do então prefeito João Alves, em 2013. Essas duas experiências contribuíram para tomar decisão de entrar na política partidária?

PETRÔNIO GOMES – Presidente da Sociedade Médica de Sergipe, vice-presidente da Associação Médica Brasileira e secretário adjunto da Saúde de Aracaju foram experiências com um aprendizado tamanho, que em muito contribuíram para a minha entrada na política partidária.

SÓ SERGIPE – O senhor se define como alguém de direita, altamente conservador. O senhor é um aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, como seu partido, ou é independente?

PETRÔNIO GOMES – Sou de direita, conservador e até monarquista de modelo europeu. Sou, sim, aliado do presidente Jair Bolsonaro, junto com o meu partido, o PTB.

SÓ SERGIPE – O senhor é um neófito na política partidária. Qual sua estratégia para conquistar eleitores, principalmente os mais jovens, com uma pauta conservadora?

PETRÔNIO GOMES – A conquista dos eleitores dar-se-á pela minha caminhada de 35 anos como médico e neurocirurgião, na qual venho prestando serviços à saúde do nosso Estado.

SÓ SERGIPE – E entre seus colegas médicos, sua candidatura tem sido bem aceita?

PETRÔNIO GOMES – Nunca teria aceitado entrar na política sem o apoio e incentivo da classe médica. Temos nomes excepcionais que poderiam estar no meu lugar, mas poucos são os que querem entrar na política. Fico lisonjeado e muito orgulhoso por ter esse apoio.

SÓ SERGIPE – Como o senhor analisa a decisão de João Fontes em aliar-se ao candidato Valmir de Francisquinho, passando a ser o primeiro suplente ao Senado? O senhor participou das discussões?

PETRÔNIO GOMES – A coligação com o PL era lógica, pois são partidos que têm no presidente Bolsonaro o seu líder máximo. As discussões foram feitas através da nossa diretoria, mas apoio integralmente.

SÓ SERGIPE – Quando o senhor anunciou, nas redes sociais, que iria ser candidato a deputado federal, postou uma foto com João Fontes e Mendonça Prado na sua biblioteca. A educação será um dos seus focos?

PETRÔNIO GOMES – Além da educação, meu foco será saúde, cultura, turismo e lazer.

SÓ SERGIPE – E por falar em biblioteca, o senhor é dono de um enorme acervo, não só de livros, mas de revistas, jornais etc.  O seu acervo é o maior do Estado ou do Brasil?

PETRÔNIO GOMES – Nossa biblioteca é minha paixão. O acervo é amplo, talvez o maior do Estado, não do Brasil. Coloco à prova!

SÓ SERGIPE – Quando o senhor começou essa biblioteca?

PETRÔNIO GOMES – Nosso acervo não para de crescer desde 1976. Temos 32 mil livros, quatro mil revistas, seis mil discos de vinil, dois mil CDs, dois mil DVDs, milhares de fotos, cartões-postais, selos, moedas. Tudo é contado a partir de milhares de itens. Tenho minha esposa Selma como minha grande ajudante.

SÓ SERGIPE – O senhor já se rendeu também aos e-books? O que acha dessa modalidade de livros?

PETRÔNIO GOMES – E-book é um avanço na tecnologia da leitura, tem seu espaço e importância. Mas nada se compara em focar um livro, folhear, sentir o cheiro, colocar embaixo do braço…

SÓ SERGIPE – Seu pai, o pernambucano de Arcoverde, Petrônio Gomes, foi funcionário do Banco do Brasil e ao ser transferido para Aracaju estreou no jornalismo na Gazeta de Sergipe com o artigo “Cidade Nua”. Ele foi sua inspiração para se tornar um leitor voraz?

PETRÔNIO GOMES – Meu saudoso pai foi o meu grande incentivador e estimulador dessa biblioteca. Sua biblioteca, à qual está integrada à minha, é excepcional em filosofia, história, biografias, romances clássicos, religião.

SÓ SERGIPE – E como se deu a escolha pela medicina? E mais especificamente à neurocirurgia?

PETÔNIO GOMES – A escolha da Medicina foi justamente através desses livros – Hipócrates, o filósofo Avicena, Egas Moniz, Pauster e muitos outros. A neurocirurgia foi através das reportagens das Revistas Manchete e O Cruzeiro, nas quais mostravam Dr. Paulo Niemeyer operando. A partir daí tive um só objetivo, que era ser residente do Dr. Paulo Niemeyer, e consegui. Fui o único sergipano que fez residência médica com Dr.  Paulo, o maior nome da neurocirurgia no Brasil. Muito me orgulho disso.

SÓ SERGIPE – O senhor fez residência médica no Rio de Janeiro e a “cidade maravilhosa” já era violenta. Tem alguns fatos pitorescos quando era residente que lhe marcaram?

PETRÔNIO GOMES – Como o serviço do Dr. Paulo era muito grande e o mais famoso à época, tive oportunidade de conhecer o Rio de Janeiro a fundo e conhecer pessoas ilustres, todos esses amigos e clientes dele como Roberto Marinho, Ivo Pitanguy, Chico Anísio, Martinho da Vila, Jorge Amado, Zelito Viana, Nelson Carneiro, várias atrizes e atores. Infelizmente, naquele tempo não havia celular com essa tecnologia atual, por isso não temos o registro.

Texto e imagens reproduzidos do site: sosergipe.com.br

'A Biblioteca de Petronio Andrade Gomes', por Lúcio Prado

Petronio Andrade Gomes 
Foto: Somese

Legenda da foto²: Petronio, Lucio e Henrique Batista na Biblioteca.

Texto compartilhada do site do Portal INFONET, de 18 de janeiro de 2008 

A Biblioteca de Petronio Andrade Gomes 
Por Lúcio Prado (in blog Infonet) 

A minha paixão pelos livros vem da infância. Desde cedo, gostava de ler, afinal não tínhamos muitas opções de lazer e entretenimento. Dos gibis em quadrinhos aos clássicos da literatura infanto-juvenil (“A Ilha do Tesouro”, “Moby Dick”, entre outros) aos contos policiais de Agathe Christie, os romances de Sidney Sheldon e as tramas bem urdidas de Frederick Forsyth, além dos livros de Jorge Amado, li quase todos.

As coleções de livros vendidas em bancas de revista eram uma atração à parte para mim, principalmente pelo seu baixo custo. A mesma coisa acontecia com a série de fascículos sobre os mais variados temas, que colecionava semanalmente e depois levava para encadernar. Fiz amizade duradoura com o Sr.Theódulo Cortez, que morava na esquina das ruas Propriá e Pedro Calazans e trabalhava com a encadernação de livros. Admirava demais o seu trabalho e só vivia por lá, trocando idéias sobre livros e literatura. Considerava-o um artista pela habilidade que possuía, para mim uma atividade nobilíssima. Nunca mais o vi.

Com muitos livros, comecei a ter problema de espaço para acomodá-los. Como arrumar convenientemente tantos livros sem comprometer outras necessidades do lar. Terminei por transferir todos os meus livros para a nossa clínica na Praça da Imprensa, somados com os de minha irmã, Magali, também uma apaixonada pelos livros. Pensamos em montar uma locadora, mas desistimos. Depois montei uma livraria, a Canal Livro, realizando o sonho louco de trabalhar com livraria no Brasil, um país de poucos leitores. Não deu certo. Com a venda da clínica, anos depois, resolvemos colocar esse acervo à disposição da FTC – Faculdades de Ciências e Tecnologia, que o colocou numa sala em sua sede na Rua Vila Cristina, criando a Biblioteca Jornalista Antonio Conde Dias. Todos os nossos livros estão agora lá, sendo devidamente cadastrados e organizados nas estantes.

Fiz esse preâmbulo para reforçar a opinião que tenho sobre a magnífica biblioteca do Dr. Petronio Andrade Gomes, um rico acervo com mais de 15 mil livros, além de documentos dos mais variados, sobre todos os assuntos. Lá temos nos reunido com alguma freqüência, trabalhando na preparação do nosso Dicionário Biográfico dos Médicos Sergipanos e a cada vez que a visito percebo que ela se supera em tamanho e organização.  Há anos, num trabalho exaustivo e minucioso, ele vem recebendo adquirindo volumes e recebendo doações de bibliotecas inteiras de médicos falecidos e de outras personalidades sergipanas.

Petrônio Gomes, neurocirurgião formado pela UFS e com especialização no serviço do Dr. Paulo Niemayer, no Rio de Janeiro, é um colecionador vocacionado. Membro atuante da Academia Sergipana de Medicina e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, ele tem dedicado todo o seu tempo de descanso e lazer aos livros, com especial interesse às obras que versam sobre a história de vultos da nossa Medicina. Sua família tem tradição. Seu pai, o jornalista Petronio Gomes, é contista dos bons, escreve com freqüência nos jornais. Seu tio, Carlos Cabral, grande pesquisador da genealogia das famílias sergipanas, conseguiu reunir 70 mil nomes das mais tradicionais famílias sergipanas, trabalho que foi continuado por Ricardo Gomes, irmão de Petronio, mas interrompido em função de sua morte prematura. Todo este acervo está na biblioteca, esperando somente a hora de ser finalizado e publicado.

Manoel Cabral Machado, o grande escritor sergipano, disse recentemente em artigo publicado no Jornal da Cidade, com a autoridade e a experiência que possui, que a biblioteca particular do Dr. Petronio Gomes,  esse “médico talentoso que cuida da arrumação das cabeças atrapalhadas”, é a maior que já viu. E realmente todos que a visitam ficam fascinados com o carinho que ele dedica aos livros e pelo compromisso que assumiu de preservar a história de uma forma tão decidida e arrojada. E à medida que o acervo cresce, os espaços se ampliam indefinidamente.

Se no passado recente os livros representavam, para regimes ditatoriais e de exceção, uma forte ameaça por propiciar a difusão de ideais libertadores, hoje eles sofrem, em função dos avanços tecnológicos, notadamente pela disseminação dos computadores pessoais, um claro processo de rejeição. E não são poucas as pessoas que querem se livrar desses “troços inúteis”. Não é assim que pensa o Dr. Petronio Gomes, nessa saga meritória que optou desenvolver.

Homens passam, livros ficam. Nesse histórico ano de 2008, que registra o 200º aniversário de fundação da primeira escola médica do país, a vetusta Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, na Bahia, talvez a maior herança trazida por D. João VI e sua família tenha sido  a Real Biblioteca. Hoje conhecida com Biblioteca Nacional, com sede no Rio de Janeiro, tem um acervo de mais de 10 milhões de itens, contando a história do Brasil e boa parte da história mundial, sendo uma das maiores bibliotecas do mundo.

Conhecer, contemplar e enaltecer a biblioteca do Dr. Petronio é dever imperativo de todos aqueles que  entendem o valor do livro como instrumento de transformação social e de preservação da história.

Texto e segunda foto reproduzida do site infonet.com.br