quinta-feira, 30 de março de 2017

'O Grande Veleiro' apresenta a vida de Bispo do Rosário


Publicado no Portal Infonet, em 27/03/2017.

'O Grande Veleiro' apresenta a vida de Bispo do Rosário
A exposição será lançada oficialmente no dia 6 de abril

Entre 6 de abril e 23 de maio, o Sesc apresenta a exposição "O Grande Veleiro", realizada pelo Departamento Nacional do Sesc em parceria com o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBrac), instituição responsável pela preservação, conservação e difusão da obra do sergipano Arthur Bispo do Rosário – um dos expoentes da arte contemporânea, de reconhecimento nacional e internacional.

A exposição será lançada oficialmente em Aracaju no dia 6 de abril, onde iniciará a itinerância pelo país. Além da mostra, o Sesc irá realizar uma vasta programação que envolverá oficinas de capacitação e de arte, apresentações artísticas com grupos locais e o seminário “O Bispo em Nós”, com a participação da escritora e pesquisadora, Luciana Hidalgo (RJ); e dos professores Romero Venâncio e Alexandra Dumas, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Ação educativa

O Grande Veleiro é uma exposição educativa, que através de estações sensoriais, convida o público a interagir com os diversos elementos que constituem a vida e a obra poética de Arthur Bispo do Rosário.

O visitante é convocado a embarcar nessa exposição como um marinheiro - uma das ocupações de Bispo ao longo da sua vida. A mostra aposta na experiência multissensorial como elemento fundamental no processo educativo, incentivando o visitante a juntar-se a Bispo e desbravar o mundo da arte e da cultura, navegando pelo conhecimento.

Dividida em módulos autoportantes a mostra apresenta Correntes Marítimas do Conhecimento, Mapa da Passagem de Bispo pela Terra, Lounge de Leitura, exibição do filme O Prisioneiro da Passagem e Espaço do Brincar com a Caixa dos Escolhidos.

Segundo Vanderléa Cardoso, arte-educadora do Sesc, em Sergipe, O Grande Veleiro tem como objetivo complementar o programa pedagógico a que se propõe o projeto Caixa dos Escolhidos, material educativo em formato de caixa de conhecimento, que utiliza os jogos como estratégia de educação para a formação cultural. “Tendo como eixo principal a vida e obra de Arthur Bispo do Rosário, a exposição contribui de forma lúdica com a contextualização de suas singularidades, possibilitando um espaço para o desenvolvimento de atividades educativas e recreativas interdisciplinares, atuando entre literatura, música, arte popular, história, história da arte, ciências e pedagogia”, acrescentou.

Nos três dias que antecedem a abertura da exposição haverá o trabalho de montagem e formação, para os mediadores que irão receber o público nas visitas orientadas. As aulas serão ministradas por Caroline Soares de Souza, representante do Departamento Nacional do Sesc; Jocelino Pessoa, Raquel Fernandes e Ricardo Resende, membros da diretoria do mBrac; e Vanderléa Cardoso.

Arthur Bispo do Rosário

Artista plástico brasileiro, natural de Japaratuba, município sergipano, foi considerado louco por alguns e gênio por outros. A produção de Arthur Bispo do Rosário durou 50 anos dentro da Colônia Juliano Moreira e viabilizou discussões sobre arte e loucura, identidade e territórios, tanto no campo das artes quanto na psicologia e na sociologia, através da literatura, com a biografia produzida pela escritora Luciana Hidalgo.

Segundo pesquisas realizadas pelo crítico de artes, Frederico Morais, a partir da década de 60 Bispo passou a produzir objetos com diversos itens oriundos do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, foram classificados como arte vanguardista e comparados à obra de Marcel Duchamp. Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final.

Serviço:
Abertura: 06/04
Horário: 18h30
Local: Galeria de Arte do Sesc
Rua Senador Rollemberg, 301, Bairro São José
*Programação completa no www.sesc-se.com.br

Fonte: Sesc.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/cultura

Sílvio Romero (1851 - 1914)


Sílvio Romero (1851 - 1914).

O sergipano Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero foi um crítico literário, poeta e jurista que também atuou nos campos da filosofia, ensino e política. Sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele integrou o grupo que instalou a Academia Brasileira de Letras, em janeiro de 1897, assumindo a cadeira 17, cujo patrono é Hipólito da Costa.

Filho de comerciante, ele nasceu em abril de 1851, em Lagarto (SE), a 70 quilômetros de Aracaju. Os primeiros anos de vida de Romero foram vividos no engenho dos avós. No retorno à vila onde nasceu, iniciou os estudos, que foram concluídos no Ateneu Fluminense, no Rio de Janeiro.

Entre 1868 e 1873, esteve na Faculdade de Direito do Recife, onde foi bastante influenciado pelo também estudante Tobias Barreto. Junto com outros alunos, eles integraram a Escola do Recife, também chamada “Geração de 71”, movimento de caráter sociológico e cultural que buscava uma renovação crítica brasileira e serviu, por muito tempo, de espaço para debates sobre sociologia, antropologia, crítica literária e estética. Romero foi uma das figuras centrais da segunda fase desse grupo.

Foi durante esse período também que ele iniciou a colaboração para periódicos pernambucanos, como o Diário de Pernambuco, a República, o Liberal e o Correio de Pernambuco. Essa participação começou com a publicação da monografia A poesia contemporânea e a sua intuição naturalista e continuou com versos e uma série de mais de 30 artigos com críticas ao romantismo e poesia da época.

Logo após a formação no Recife, Sílvio Romero exerceu o cargo de promotor na comarca de Estância, cidade a 70 quilômetros de Aracajú (SE). Lá, ele foi atraído pela política e elegeu-se deputado provincial do Estado, mas renunciou logo depois, regressando para o Recife, onde se casou com Clarinda Diamantina Correia de Araújo – ele ainda se casou mais duas vezes com Maria Liberato e Petronila Barreto. Em 1876, o casal foi morar em Parati (RJ), onde ele foi nomeado juiz.

Em 1879, já fixado no Rio de Janeiro, Romero contribuiu para o jornal O Repórter e a Revista Brasileira, escrevendo sobre política, folclore, poesia popular e literatura em geral, sempre com críticas ao movimento romancista brasileiro. Inclusive, vários livros dele abordaram a cultura popular. No ano seguinte foi publicado o polêmico livro A literatura brasileira e a crítica moderna, no qual ele classificou a mentalidade do país como “mesquinha e pobre, desconceituada e banal”, fruto de um “povo que não pensa e não produz por si”. Depois disso, ele começou a ser excluído do círculo literário do Rio de Janeiro.

O prestígio na cidade foi reconquistado em 1880, quando foi nomeado professor de filosofia do Imperial Colégio de Dom Pedro II, onde lecionou até 1910. Antes, em 1888, foi publicado um dos seus principais livros: A História da Literatura Brasileira. Ele também escreveu Cantos do fim do século, Contos populares do Brasil e O elemento popular na história do Brasil, entre outros estudos literários e obras poéticas e sobre a cultura popular.

Em 1891, produziu artigos sobre o ensino para o jornal carioca Diário de Notícias, dirigido por Rui Barbosa. No mesmo ano, foi nomeado para o Conselho de Instrução Superior por Benjamim Constant. Sílvio Romero também fez parte do corpo docente da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.

Depois da fundação da Academia Brasileira de Letras, ele ainda foi eleito deputado federal, por Sergipe, no governo do presidente Campos Sales e, inclusive, trabalhou na comissão encarregada de rever o Código Civil na função de relator-geral.

Fontes:
Academia Brasileira de Letras
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Fundação Joaquim Nabuco.

Texto reproduzido do site: portal.iphan.gov.br
Imagem reproduzida do site: academia.org.br

Passo de Protesto de uma Mulher

Foto: Marinho Neto.

Romance sergipano - O Passo de Estefânia.

Passo de Protesto de uma Mulher.
Por Valéria Araújo.

Núbia Nascimento Marques, escritora sergipana em destaque pela qualidade de sua obra e pela personalidade forte que possuía, engajada com as questões sociais e acima de tudo corajosa em denunciar na ficção ou na vida real os problemas enfrentados pelos oprimidos, pessoas desprotegidas que só contam com a sorte e a boa vontade das autoridades.

Núbia foi romancista, poeta, jornalista, professora e assistente social atuante em todas essas áreas de maneira fervorosa e com muita dedicação e afinco.

Publicou várias obras entre elas: Sinuosas em carne e osso (1961), Berço de Angústia (1967), Baladas do inútil Silêncio (1965), Máquinas e lírios (1971), O passo de Estefânia (1980), esta última alvo do nosso trabalho.

Em O Passo de Estefânia, Núbia nos presenteia com uma narrativa bela, uma história que nos prende a atenção do começo ao fim, não por ser um romance romântico, uma história de amor entre um casal, mas uma declaração de amor pela sua profissão – a de assistente social – e a paixão pelas letras, pela literatura que é o caminho encontrado pela autora para desabafar, denunciar aquilo que a incomoda, que lhe causa um mal estar gigantesco. Por viver em uma época de repressão onde tudo que se fala passa por uma censura, é recriminado e corre-se o risco de pagar caro por não ter “papas na língua” é só através da Literatura que a autora sente-se mais livre para expor seus pensamentos, suas ideias e emoções e faz isso com maestria, seduz o leitor no primeiro momento da leitura de sua obra.

“Na verdade eu sou menos dona de mim. Que liberdade é esta que só encontro nos livros e no discurso abestalhado e imbecil de todos que curtem o horror?” (Pág. 80).

O PASSO DE ESTEFÂNIA é um texto enxuto, objetivo, a linguagem se aproxima do coloquial sem perder a clareza e a habilidade da narrativa que flui tranquilamente aos olhos do leitor.Vale a pena, amigo visitante, conhecer essa obra que me deixou apaixonada por essa grande escritora sergipana.Quando meu professor de Literatura indicou este livro para fazer um trabalho, ele disse para mim que eu iria gostar muito, mas não imaginava que seria amor á primeira página, pois é, realmente fiquei impressionada com a narrativa clara e ao mesmo tempo poética, comovente. Viajei no tempo e conheci um pouco do trabalho bonito de uma dedicada assistente social.Fica aqui como minha dica de leitura!

Texto reproduzido do blog: valeriaaco.blogspot.com.br

III Festival Sergipano de Artes Cênicas começa hoje

Foto: Arquivo Portal Infonet.

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 27/03/2017.

III Festival Sergipano de Artes Cênicas começa hoje
Estreia ocorrerá no Dia Mundial do Teatro

Ao longo de mais de um mês de programação, espetáculos de dança, teatro e circo estarão em cartaz no III Festival Sergipano de Artes Cênicas, que inicia na próxima segunda-feira, 27 de março, Dia Mundial do Teatro. Promovido pelo Instituto Banese juntamente com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), o evento conta com diversas apresentações divididas entre os teatros Atheneu, Lourival Batista, Tobias Barreto, praças e outros espaços públicos de Aracaju e do interior.

Viabilizado através do Fundo de Desenvolvimento Cultural e Artístico (Funcart), o Festival de Artes Cênicas abriga também o VII Festival Sergipano de Teatro e a XI Semana de Dança. Além de apoiar o artista, evento tem como objetivo incentivar a produção cultural sergipana, a formação de plateia e garantir o direito de acesso à cultura, contemplando diversos gostos e faixas etárias. Este ano o Festival acontece entre os dias 27 de março e 30 de abril, totalmente gratuito.

O espetáculo convidado “Danação”, de Minas Gerais, abre a programação no Teatro Tobias Barreto trazendo a narração de algumas histórias que abordam questões sobre a vida, a morte, o amor e a memória. Nascido do encontro entre os artistas Eduardo Moreira (Grupo Galpão), Marcelo Castro (Grupo Espanca) e Mariana Maioline, a peça aposta na construção e desconstrução de imagens, atmosferas e metáforas evocadas pelo texto escrito pelo dramaturgo belorizontino, Raysner de Paula. Na peça, o público se torna personagem essencial do jogo de cena, nas situações estabelecidas pelo narrador.

Já a terça-feira, 28, é dedicada ao aniversário de 63 anos do Teatro Atheneu, que será comemorado com a apresentação do monólogo pernambucano, “O Açougueiro”. Dirigido por Samuel Santos, o espetáculo traz Alexandre Guimarães se revezando em sete personagens, sendo o principal Antônio, um sertanejo que tinha como ambição ser dono se um açougue. Ele conhece e se apaixona por Nicinha, com quem decide se casar, mas tem como obstáculo uma sociedade que não aceita o relacionamento.

Além dos espetáculos o evento contará, mais uma vez, com diversas palestras e oficinas gratuitas, voltadas especialmente para profissionais e interessados nas artes cênicas. A primeira será com o renomado ator, diretor e teatrólogo brasileiro, Amir Haddad (RJ), que falará sobre “O teatro e a sua sobrevivência nos tempos atuais”, no dia 29 de março, às 18 horas, no Teatro Atheneu. A programação completa e mais informações podem ser acompanhadas pelo site www.cultura.se.gov.br e pela página do Facebook: Festival Sergipano de Artes Cênicas.

Confira a Programação

27/03 - segunda-feira
Espetáculo: Danação - Eduardo Moreira (BH)
Teatro Tobias Barreto - 20h.
Classificação: Livre
Duração: 50 min.
Teatro

28/03 - terça-feira
Espetáculo: O Açougueiro - Alexandre Guimarães (PE)
Teatro Atheneu, 20h
Classificação: 16 anos.
Teatro

29/03 - quarta-feira
Espetáculo no circo: Brilho e Arte - Circo Gold Star (SE)
Município de Santo Amaro, praça de eventos, 17h
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
Circo

30/03 – quinta-feira
Espetáculo: Conto de Griô - Cia de Teatro História Encena (SE)
Teatro Tobias Barreto, 20h.
Classificação: 12 anos
Duração: 70 min.
Teatro

30/03 – quinta-feira
Espetáculo: Olhar com Olhos Virgens – Federação de Dança da Bahia (BA)
Teatro Atheneu, 20h.
Classificação: 12 anos
Duração: 55 min.
Dança

31/03 – sexta-feira
Espetáculo: Olhar com Olhos Virgens – Federação de Dança da Bahia (BA)
Teatro Atheneu, 20h.
Classificação: 12 anos
Duração: 55 min.
Dança

01/04 - Sábado
Chicago – MusicALL – Academia de Teatro Musical e Audiovisual (SE)
Hall Teatro Atheneu, 20h
Classificação: 16 anos
Duração: 10 min.

Espetáculo: Billie Holiday, A Canção – Tampa Produções Artísticas (SE)
Teatro Atheneu, 20h10min
Classificação: 16 anos
Duração: 55 min.
Teatro

02/04 - Domingo
Espetáculo: A Verdade do Símio - Cia de Teatro Stultífera Navis (SE)
Teatro Tobias Barreto, 20h.
Classificação: 12 anos
Duração: 120 min.
Teatro

05/04 – Quarta-feira
Aulão Pole Dance - Estúdio XIX Karine Ribeiro (SE) 19h.
Apresentação Pole Dance - Estúdio XIX Karine Ribeiro (SE) 19h40.
Teatro Tobias Barreto

Espetáculo: Silhoette – Portal Hanna Belly
Teatro Tobias Barreto, 20h.
Classificação: livre
Duração: 90 min.
Dança

06/04 – Quinta-feira
Espetáculo: Jeová – Grupo Imbuaça (SE)
Sede do grupo Imbuaça, R. de Muribeca, 4 - Santo Antônio, Aracaju - SE, 49060-470, 20h.
Classificação: 16 anos
Duração: 60 min.
Teatro

07/04 – Sexta-feira
Espetáculo: Jeová – Grupo Imbuaça (SE)
Sede do grupo Imbuaça, R. de Muribeca, 4 - Santo Antônio, Aracaju - SE, 49060-470, 20h.
Classificação: 16 anos
Duração: 60 min.
Teatro

13/04 – Quinta-feira
Espetáculo: Dom Caixote – Uma Viagem pelo imaginário Popular -
Coletivo Teatro de Mala (SE)
Teatro Atheneu, 16 h.
Classificação: Livre
Duração: 54 min.
Teatro infantil

15/04 – Sábado
Espetáculo: Bicho M. - Grupo Teatral Caixa Cênica (SE)
Teatro Tobias Barreto, 20h.
Classificação: 14 anos.
Duração: 50 min.
Limite de público: 100 pessoas.
Teatro

16/04 - Domingo
Espetáculo: Dandara Eu - Grupo Ubuntu (SE)
Teatro Atheneu, 20 h.
Classificação: Livre
Duração: 54 min.
Limite de público: 100 pessoas.
Teatro

20/04 - Quinta-feira
Espetáculo: A direita de Deus pai - Alunos do grupo Imbuaça (SE)
Teatro Lourival Baptista, 20h.
Teatro

21/04 – Sexta-feira
Espetáculo: ImproRiso - "Oficina de Improvisadores" (SE)
Teatro Atheneu, 20 h.
Classificação: 14 anos
Duração: 60 min.
Teatro / Improvisação

22/04 – Sábado
Maratona Sergipana de Dança
Teatro Tobias Barreto, das 16 às 22h.
Classificação: 12 anos

23/04 - Domingo
O Grande Circo Gentil - Cia Gentileza de Artes Integradas - CIGARI (SE)
Teatro Atheneu, 16h
Classificação: Livre
Duração: 40 min.
Circo

29/04 – Sábado
AYEYE – 10 anos de africanidade na educação sergipana - Um quê de negritude (SE)
Teatro Tobias Barreto, 20h.
Classificação: Livre
Duração: 80 min.
Dança

30/04 - Domingo
Anjo Negro - Eitcha Companhia de Teatro (SE)
Teatro Tobias Barreto, 20h.
Classificação: 18 anos
Duração: 82 min.
Limite de público: 100 pessoas.
Teatro

Fonte: Secult.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/cultura

terça-feira, 28 de março de 2017

A História da Livraria Escariz


A História da Livraria Escariz.

1985 - Na Rua Dom José Thomaz, esquina com a Av. Augusto Maynard, numa garagem de uma casa e uma única estante de revistas, nascia a primeira loja do pequeno e visionário empresário Paulo Escariz. Os economistas Paulo e Fátima Escariz, com gosto pelo comércio e o desafio de trabalhar com informações e cultura, encontraram, no início, as dificuldades normais de quem está começando, mas o foco no diferencial do bom atendimento e cortesia com o cliente incentivou-os a continuar no ramo.

1985 - Com a oportunidade e crescimento de venda das revistas, foi oferecido a Paulo uma nova loja, a do supermercado da rede GBarbosa. O mesmo aceitou o desafio de um novo ponto dentro do maior supermercado na época, sempre com o mesmo objetivo de excelência em atendimento ao cliente.

1989 - Com a chegada do primeiro shopping a Aracaju, o Shopping RioMar, ele acredita mais uma vez no potencial de leitura dos sergipanos e aposta numa primeira loja de revistas e alguns livros. A partir dessa loja, vem a consolidação da marca Escariz e sua excelência em atendimento, junto à percepção de que faltavam livros para tantos leitores, e que o público sergipano gostava e necessitava ler bons livros. Em seguida vêm mais bancas de revistas em áreas de crescimento como A av. Ivo do Prado na praça mini-golf, na Av. Rio de Janeiro e na Av. Hermes Fontes.

1997 - Após essas bancas e o crescimento da loja do Shopping RioMar, ele parte para o novo desafio que era uma loja maior no novo shopping da cidade, o Shopping Jardins. A loja, agora já possui um perfil de livraria e espaço para leitura, mas sempre pensando na excelência do atendimento ao cliente.

2005 - 2009 - Com o resultado do trabalho, atendimento e reconhecimento dos leitores sergipanos, a Livraria Escariz foi convidada a abrir mais duas lojas nas maiores Universidades do Estado, a UNIT (em 2005) e a UFS (em 2009).

2006/2007 - O espaço para a leitura criado e implementado na loja da Livraria Escariz do Shopping Jardins e sua influência positiva nos hábitos de leitura do povo sergipano renderam ao economista Paulo Escariz o título de Cidadão Aracajuano.

2007 - A rede de livrarias conta com a valorosa contribuição da administradora de empresas Paula Escariz, vinda de experiências anteriores como vendedora de varejo e Gerente Comercial das Lojas Americanas, integrando assim a diretoria da empresa como diretora administrativa.

2014 - Ainda visando atender os clientes de rua, foi construído e idealizado o grande sonho do empresário Paulo Escariz de abrir uma loja de rua. Assim, foi inaugurada a Escariz da Av. Jorge Amado, onde mais uma vez foi recebido o prêmio de melhor e mais bonito projeto arquitetônico da cidade.

Texto reproduzido do site: escariz.com.br

Foto reproduzida do blog: tetraccorde.blogspot.com.br

segunda-feira, 27 de março de 2017

História da Faculdade Pio Décimo - 1


História da Faculdade Pio Décimo - 1

Ano de 1954:

A história da PIO DÉCIMO começa no dia 29 de maio de 1954, data da fundação do Ginásio Pio Décimo pelo Professor Joaquim Soares Lima, mais tarde transferido para os senhores Jamisson de Amaral e o Coronel Victor que dirigiram o Ginásio até a data que foi adquirido pelo professor José Sebastião que preocupou-se com a formação de um corpo docente que o dignificasse. 

No início com autorização do MEC, passou a oferecer o curso técnico em contabilidade.

Texto e imagem reproduzidos do site: piodecimo.com.br/historia

História da Faculdade Pio Décimo - 2


História da Faculdade Pio Décimo - 2

Ano de 1967:

Em 17 de agosto do ano de 1967 o Professor José Sebastião dos Santos adquire o Ginásio que se encontrava em circunstância de decomposição, material, pedagógica e social. Matriculados 89 alunos dos quais 29 foram expulsos a bem da disciplina e ética.

 Enfrentando com coragem e fé, o Professor utilizou o método do “corpo a corpo” e levou o Ginásio para o desfile do sete de setembro com 319 alunos naquele mesmo ano. 

Mais tarde o Ginásio foi transformado em Colégio através da Resolução nº 01 do Conselho Estadual de Educação passando a oferecer o Curso Pedagógico e outros nas áreas de administração e comércio.

Texto e imagem reproduzidos do site: piodecimo.com.br/historia

História da Faculdade Pio Décimo - 3


História da Faculdade Pio Décimo - 3

Ano de 2014:

Sempre enfrentando obstáculos, todos superados pela fé, reivindica ao MEC os Cursos superiores de Licenciatura em Pedagogia e Bacharel em Direito, conseguindo o Curso de Licenciatura em Pedagogia. Surge aí, a Associação de Ensino e Cultura “PIO DÉCIMO”.

A Faculdade Pio Décimo constitui-se hoje de três Campi, nove Cursos de Graduação, Hospital Veterinário e Fazenda Escola.

Texto e imagem reproduzidos do site: piodecimo.com.br/historia

Carlos Cauê, contista de vida e morte

Foto reproduzida do site: aracaju.se.gov.br
Postada por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.

Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 14/07/2011.

Carlos Cauê, contista de vida e morte.

Conheci Carlos Roberto da Silva (Cauê) em 1992 durante a apresentação do recital A Poesia Revisitada.

Texto: GILFRANCISCO (Jornalista, professor universitário e membro do IHGSE e do IGHBA - gilfrancisco.santos@gmail.com).

Conheci Carlos Roberto da Silva (Cauê) em 1992 durante a apresentação do recital A Poesia Revisitada, uma espécie de tributo à poesia sergipana em suas diversas fases, realizado no Palácio Olimpio Campos em 22 de dezembro, época em que Carlos Cauê fazia parte do Grupo Iñaron, juntamente com Andréa Vilela e Iêda Vilela. Fui levado àquele sarau pela amiga e poeta Iara Vieira, que havia me convidado a participar de um evento literário na capital sergipana. Pude ouvir pela primeira vez aquela voz meiga, doce, curta, declamando poemas de Núbia Marques, Jeová Santana, Ronaldson, Santo Souza, Marcos Vieira, Araripe Coutinho e Gilson Souza. Cauê me causou uma boa impressão pela maneira com que recitava, talvez pelo fato de ser o único homem do Grupo ou, quem sabe, pelo resultado do exercício de muitos anos com a palavra que carregava consigo desde os dezessete anos, época em que ganhou o I Concurso de Redação promovido pela EBCT/AL.

O fato é que fiquei bastante impressionado pelo desempenho do Grupo. Soube por intermédio de Iara Vieira que o Grupo se apresentava desde 1986 e havia participado de diversos recitais nos festivais de São Cristóvão e nos encontros de Laranjeiras, com objetivo de difundir a poesia por todos os espaços: tirar a poesia das gavetas, dos gabinetes e trazê-la ao público como um instrumento de expressão dos sentimentos. Fui reencontrá-lo no ano seguinte (outubro, 1993), no V Fórum de Poesia, realizado no Centro de Criatividade. Eu como palestrante sobre o poeta Vladimir Maiakóvski, ele com mais um recital de poesia, intitulado Centelha Rara. Foram às únicas apresentações que assisti do Grupo Iñaron. Mas conheci sua prosa e poesia anos depois, através do suplemento cultural Arte & Palavra, dirigido por Célio Nunes, e mais tarde nos Cadernos de Cultura do Estudante, publicados pela Universidade Federal de Sergipe.

Contos de Vida e Morte, publicado em 1999 pela Secretaria de Estado da Educação e do Desporto – SEED, apresentado por Maruze Reis, abras de Léo Mittaráquis, edição bem cuidada, capa de Heyder Macedo, trinta e três contos distribuídos em 120 páginas. Trata-se de uma coletânea de contos produzidos em sua fase estudantil, em que o autor vai se moldando, se revelando, buscando uma intimidade com as palavras.

Carlos Cauê estreou bem, apesar dos deslizes aceitáveis de principiante, no rigor da forma da linguagem à estrutura narrativa, soube ultrapassar o círculo autobiográfico em que giram tantos contistas modernos.

Manteve em sua literatura uma característica básica: falar numa linguagem clara, coloquial, mas extremamente poética, do cotidiano de pessoas que nos parecem muito familiar, em sua forma de sentir e reagir. São contos de amor, amizade, perda, reparação, vida e morte, sentimentos que nos ajudam a compreender melhor o mundo e principalmente nós mesmos.

Tímido, reservado, fala do que gosta, escreve sobre o que sente. É um escritor que quer realizar sua vida, por isso construiu um livro revelador, que refaz ou reflete o percurso verticalmente da vida e morte, com tal riqueza, que cada frase desperta o interesse e a emoção de quem ler. O autor de Contos de Vida e Morte escreve rápido, não para mudar a vida, melhorar o mundo, salvar almas. Escreve para viver suas lembranças presentes na imaginação, proporcionando o prazer da leitura, que pode ser traduzido naquilo o que a ficção se propõe: divertir e emocionar.

Sabemos que o conto é narrativa curta, que se passa necessariamente num lugar único, abrange um espaço de tempo muito curto e contém poucos personagens. Mas os contistas modernos nem sempre obedecem a velhas regras. O mais importante é o enredo ou a história, porque o desejo de contar e ouvir histórias são inerentes à natureza humana. A década de 60 ficou conhecida, no Brasil, como a grande década do conto.

Dezenas de escritores foram revelados ou solidificaram suas carreiras literárias através desde gênero específico. Em Sergipe, estreia o grande contista Renato Mazze Lucas (Anum Branco, 1961 e Anum Preto, 1967).

É possível acreditar nas histórias de Carlos Cauê, no seu olho de ver o que está por trás da realidade de todo dia, escondido em camadas mais fundas. Os enredos das histórias são muito simples em suas linhas gerais, o enredo enquanto técnica narrativa e enquanto concepção do assunto. O conjunto de contos trás, geralmente, histórias contadas na primeira pessoa, sendo os próprios narradores personagens do relato – fator fundamental para que a ilusão do real se instale imediatamente como se fosse um diálogo entre quem conta e o leitor.

Jornalista e publicitário, Carlos Cauê foi um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil no início da década de 80 em Sergipe. Com Edvaldo Nogueira e Álvaro Vilela, os três montaram um forte núcleo do partido na Universidade Federal de Sergipe – UFS, de onde conquistaram o Diretório Central dos Estudantes por vários anos. Cauê foi um dos principais condutores de diversas campanhas políticas de 1988 até os dias atuais, com reconhecida atuação no cenário político sergipano.

Com uma trajetória de militância no movimento estudantil e presença marcante em vários aspectos da sociedade, o autor de Contos de Vida e Morte nos presenteia com uma boa amostra, independentemente do modelo constituído. Durante as comemorações dos 30 anos da anistia aos presos políticos foi realizada em agosto de 1999 a exposição “Anistiados couro esquecido”, com trabalhos de Bosco Rollemberg, acrescidos de textos de vários jornalistas locais, entre os quais, um escrito por Cauê. Seus contos serviram de base para o espetáculo “Conto ou não Conto”, dirigido pela atriz sergipana Tetê Nahas em 2001. Cinco anos depois, Cauê escreve “Viva, A vida em um ato”, monólogo interpretado pelo saudoso Luís Carlos Reis.

Reveste-se, enfim, esta coletânea, de peculiaridades, como a de manter um padrão de qualidade. Cauê confirma sua capacidade de enveredar com tranqüilidade por vários caminhos da ficção, provando seu talento como contista. Esperamos que nesse intervalo de doze anos, entre sua estreia nas letras sergipanas e a publicação deste artigo, assuma publicamente que em breve nos brindará com um novo título, para uma nova viagem.

Texto reproduzido do site: jornaldacidade.net/artigos-leitura

Raimundo de Souza Dantas (1923 - 2002)


Raimundo de Souza Dantas (1923 - 2002).


Único embaixador negro do Brasil. Contista, romancista, jornalista e ensaísta.

Nasceu em Estância/ SE, em 11 de fevereiro de 1923. Filho de família humilde, de mãe lavadeira e pai pintor de parede. Raimundo desde muito cedo teve de trabalhar, aprendendo vários ofícios. Foi aprendiz de ferreiro e de marceneiro, e, ainda em Estância, foi entregador de embrulhos de uma casa comercial. Aos dezesseis anos foi trabalhar numa tipografia. Foi nessa tipografia que começaria o seu processo de alfabetização. Mudou-se para Aracaju passando a trabalhar na tipografia onde eram publicados os jornais de Estância e da própria capital sergipana.

Foi nessa época, já nas oficinas do Correio de Aracaju, ouvindo várias leituras de textos de Jorge Amado, Machado de Assis e Marques Rebelo, feitas com o auxilio do amigo Barbosa, um amante da literatura moderna, que consolidou seu letramento. Com ajuda do amigo Armindo Pereira, passaria a escrever no periódico Símbolo.

Aos dezoito anos (1941), chegou ao Rio de Janeiro onde começou a trabalhar no semanário Diretrizes, depois passou a colaborar nos periódicos Vamos Ler, Carioca e Diário Carioca, onde atingiu o posto de redator. Em 1944 escreveu seu primeiro livro, o romance, “Sete Palmos de Terra”, com uma linguagem simples e repleta de recordações de Estância.

No Rio, tornou-se amigo de grandes escritores, como Graciliano Ramos. No ano seguinte, em 1945, lançava seu segundo livro, de cunho autobiográfico, e fundava o Comitê Democrático Afro-brasileiro, com Solano Trindade, Aladir Custódio e Corsino de Brito. Essa associação lutava pela inserção da população afro-brasileira no processo de redemocratização, através da luta pela melhoria das condições de trabalho e de educação.

Já como jornalista consagrado casou-se com Idoline com quem no ano seguinte teve seu primeiro filho, Roberto. Em 1949 publicaria mais um livro, desta vez para a Campanha de Educação de Adultos do Ministério da Educação e Saúde, onde relatava toda a sua trajetória de vida.

Foi nomeado oficial de gabinete do governo de Jânio em 1961, para em seguida ser designado a Gana como o primeiro embaixador negro do Brasil, em já nos anos 70, assumiu a embaixada da Argentina (1976).

Entre as duas nomeações, trabalhou no serviço público federal como técnico de assuntos educacionais, cabendo-lhe organizar no MEC o Setor de Relações Públicas. Foi membro do Conselho Nacional de Cinema, INC, e integrou a comissão para criação de serviços educacionais nos Museus; participou também do Conselho Estadual de Cultura, no Rio de Janeiro.

Obras publicadas: Sete palmos de Terra, 1944. Agonia, 1945. Bernanos e o problema do romancista católico, 1948. Solidão nos campos 1949. Vigília da Noite, 1949. Um Começo de Vida, 1949. Reflexões dos 30 anos, 1958. África Difícil, 1965.

Faleceu no Rio de Janeiro em 2002.

Texto e imagem reproduzidos do site: antigo.acordacultura.org.br

Mapa literário: o escritor mais importante de cada Estado

Clique na imagem para ampliar.

Dica de Antônio Saracura - Clique no link abaixo:

Revista Superinteressante.

Mapa literário: o escritor mais importante de cada Estado.


NORDESTE

– Paraíba: Ariano Suassuna (O Auto da Compadecida, 1955)
– Pernambuco: Clarice Lispector (A Hora da Estrela, 1977)
– Rio Grande do Norte: Madalena Antunes (Oiteiro – Memórias de uma sinhá-moça, 1958)
– Bahia: Jorge Amado (Gabriela Cravo e Canela, 1958)
>>>> Sergipe: Vladimir Souza Carvalho ( Feijão de Cego, 2009).
– Ceará: Rachel de Queiroz (O Quinze, 1930)
– Alagoas: Graciliano Ramos (Vidas Secas, 1938)
– Piauí: Carlos Castello Branco ( O Arco de Triunfo, 1959)
– Maranhão: Aluísio Azevedo (O Cortiço, 1890).

Texto e imagem reproduzidos do site super.abril.com.br

Vladimir Souza Carvalho

Foto: Getulio Bessoni (TRF5).

Vladimir Souza Carvalho.

O escritor Vladimir Souza Carvalho (...), Cadeira de n° 25, da Academia Sergipana de Letras (ASL), ocupada durante mais de 50 anos pelo acadêmico Manoel Cabral Machado (...).

“Para mim... (é) uma honra muito grande ocupar o lugar do Cabral Machado, uma pessoa de grande envergadura moral”, afirma Vladimir Souza, que ocupa o cargo de desembargador federal no Tribunal Regional Federal da 5° Região (TRF5). Ele foi eleito em julho numa eleição considerada “pacífica”, que contou apenas com a sua candidatura.

A sua vida literária começou cedo. Ele conta que aos 16 anos já escrevia para a imprensa local. Aos 21 anos lançou o primeiro livro de contos, intitulado ‘Quando as Cabras dão Leite’. “Foi o primeiro livro de contos editado por um sergipano em Sergipe, os anteriores foram publicados por baianos”, explica Vladimir.

O currículo literário deste itabaianense nascido em 1950 é recheado de obras de contos, folclore, história e Direito. Algumas das obras são: ‘Água de Cabaça’ (contos), ‘Feijão de Cego’ (contos), ‘Santas Almas de Itabaiana Grande’ (história), ‘As vilas de Santo Antônio de Itabaiana’ (história), ‘Competência da Justiça Federal’ (Direito) e ‘Manual de Competências da Justiça Federal’ (Direito)...

Fonte: Carla Sousa.

Feijão de Cego, de Vladimir Souza Carvalho


Foto: Divulgação.

Feijão de Cego, Vladimir Souza Carvalho, contos, Juruá, 2009, 210 páginas, isnb 978-85-363-2570-8

Por Antônio Francisco de Jesus Saracura.

Acabei de ler “Feijão de Cego”. Aracaju, 18/10/2009. Quando o filme é bom, a tela pequena da tv some engolida pela espetáculo. É extenso, tantas histórias marcantes. Cadê meu fôlego? Parece uma coleção. 210 páginas compactas. Com minha vista cansada, reencontrar a linha seguinte obrigava-me a eventuais remetidas. Vou amanhã mesmo ao oculista, acertar o grau de meus óculos. Ao chegar ao último conto de Feijão de Cego, “Aparição”, sem fôlego e com os olhos pinis, lamentei. Queria mais, precisava continuar lendo, respirando Vladimir.

E incentivado pelo “Feijão”, trabalharei melhor algumas pequenas histórias (quase sempre envolvendo minha família maluca e minha nobre terra) que rabisquei em toda a vida. Vou encaixá-las em algum livro futuro que talvez publique. E gostaria que tivesse o visgo deste que acabo de ler.

Essa resenha terá um jeito diferente das que tenho escrito aqui. Farei um pequeno comentário (a partir de anotações rabiscadas nas margens das páginas enquanto lia) a respeito dos principais contos, um a um, didaticamente. O comentário pode não ser conclusivo, me perdoem! Quis apenas acender uma luz, que nem sempre consegui, reconheço! Eventuais contos não incluídos na resenha também são principais. Que eles não fiquem constrangidos, é que eram tantos!

E vamos aos contos:

“Herança”: Ritmo de cantiga de embolada, envolvente. Choque de esperanças, da avó, em sair da miséria e, da neta, que inventa também a sua, muito pequena, como que inventada para se consolar ou para se justificar.

“Júri de Vítima Viva”: Vi minhas melancias também sendo roubadas e eu sem um revólver à mão para atirar no ladrão. Manilton me pareceu um matador irresponsável (todos são?) matando por coisa boba demais, como foi o caso da morte do safado do perneta. Achei que Manilton (na sua condição de cabra brabo) humilhou-se demais na página 22 (1 parágrafo). Sinézia entenderia seus motivos e devolveria a arma com muito menos. Vá lá compreender os mistérios da natureza humana!

“O rosto do Noivo”: Alegrei-me saudoso com o “arreda uma palha”, expressão que nunca mais ouvira. Essa tia Porfíria é uma alcoviteira e tanto, hein?

“Espera”: Viva a Crestomatia! Eu sabia que este nome era meu também. Que tristeza, a velhice doente! Impiedosa!

“Uma combuquinha de café...”: Nem tive tempo de anotar nada, e cheguei ao final com um “Muito bom” na garganta... Esse escritor excede a cada frase. Nem permite que a gente pare para tomar notas com cuidado.

“Ciúme”: Minha letra é ruim demais. Nem eu decifro depois. Eu terminaria o conto um pouco antes, em “numa briga”. Por que? Não sei. Foi uma sensação do momento. Será que estou me revelando escritor também? Talvez ainda tropece nos meus arraigados equívocos.

“Soldado do Fisco”: Surpreendente desfecho, as indagações em aberto acho-as salutares. O leitor que tire suas conclusões.

“Perdão”: O tiro torto é o que melhor mata.

“Parto da Vaca”: Acho que o doutor Luiz tem a culpa por tudo que aconteceu. Ele precisa estar alerta. Ter cuidado com as consequências do que fala. As pessoas tem dificuldade em recusar-lhe um pedido, um convite, até para beber mais um copinho. Acham que, por ele ser doutor, devem-lhe obrigações. O conto marca para o resto da vida, dos melhores que já li. Nada a ver com a atitude do doutor Luiz. Vou dizer mais uma coisa: o parto da vaca deu-se no povoado Ceilão de Campo do Brito, local que conheço bem pois era lá a Fazenda Saracura, que me consumiu o juízo por alguns anos de minha vida aventurosa.

“Turbulência”: Não atinei para o sentido da frase: “Georgina dirigindo o carro sem falar comigo” (página 75, 2 parágrafo). Eu pensava, enquanto lia o conto, que se tratava de um pesadelo. Mas não era.

“Visão”: Uma frase que sempre achei que fosse minha (ledo engano) está grafada aqui com marca de Vladimir, “Você está se sentindo mal?”. O autor andou pelos mesmos caminhos que eu, certamente. Se não ele, seus genes, lá no remoto passado.

“Assunto Sério”: Excelente “thriller”(?). Fui literalmente surpreendido. Fiquei de queixo caído.

“A Esposa de meu...”: Um pequeno tema pode gerar uma grande história.

“Meu Filho Teodásio”: Você não poderia falar como falou sobre o dia-a-dia na roça. À rigor, você precisaria ter vivido lá, como eu. De que adiantou para mim, que nasci e me criei na roça, se você, que a visitou apenas, descreve melhor a alma desses ermos? Apesar da queixa, o conto é excelente.

“Consulta”: Também um bom desfecho, como requer a arte do conto. Tanto arrodeio (calculista, hein?) só para ver se deveria pagar ou não o sepultamento... Acredito que existam pessoas assim. EU?

“Justificações”: Na Terra Vermelha (eu menino) já mandei muita gente se arrombar. Depois saía correndo, claro! Vi-me, em “justificações” lá, de novo. Bem empregado, Odimar! Pra você deixar de ser corno! O que deverá ocorrer quando o filho do vaqueiro quiser ser prefeito? A próxima eleição deve estar próxima.

“Valor do Cão...”: Logo no começo, achei meio inadequada a figura de que urubu não aparecia lá, era um lugar muito pequeno. É que eu, àquela altura, já desconfiava de que era um erminho de nada. Como é bom ter um amigo na praça, especialmente, se o amigo for autoridade.

“Última Tarefa”: O inusitado, que poderia não ser, lembrou-me Pedro Paramo, se bem que no mexicano os mortos viam e eram vistos. Quem sabe se o personagem (igual ao livro de Juan Rulfo) estivesse morto e, equivocado, achasse que estava vivo. Para dar um justo descanso à Salma? Estou eu, aqui, me envolvendo demais com mundos vastos de Vladimir, quando deveria apenas falar sobre eles. Humildemente.

“Cavalheirismo”: Bom suspense: xan,xan,xan! Concordo também que o momento era inadequado. Seria como se aproveitar de uma pessoa fragilizada pelo terror. Seu Crescêncio (tenho a mais absoluta certeza) ainda vai comer esta mulher.

“Reconhecimento”: Devo ter perdido algo, pois não reconheci este Porfírio do primeiro parágrafo na página 152. Não seria Merêncio, que já era meu conhecido?

“Confissão”: Ritmo avassalador. Uma história contada em “crescendo”. Uma marca cultivada pelo autor, também em outros contos. Que bom!

“A Descida”: Ressurge aqui outra vez o inusitado (é este o nome mesmo?). Igual ao estacionamento do supermercado de “Turbulência” e o desenrolar inteiro da “Última Tarefa”. Há um senão (talvez um erro gráfico) no último parágrafo da página 170, na segunda frase, o autor usa “fazia”. Se bem que entendi sem problemas a boa história.

“O dia Diferente”: Eu conhecia como “mulher do padre”. Mas acato “mulher do burro”, que acho que ninguém quer ser também. Foi uma digressão. O conto tem o lirismo gostoso que me faz bem, um final doce.

“As Três Filhas...”: Poderia ter um final diferente. Tudo pode ser nesse mundo da ficção! Floricélia já está mocinha. Mas é minha filha, mesmo sendo uma Pedra! Deus me livre que morra antes de mim!

“Cama Nova”: Porreta! Corno convencido mesmo. E existe?

“Obstáculo”: Haveria alternativa? Botar no asilo de irmã Terezinha não seria adequado? De qualquer jeito, essa sugestão está chegando tarde. A sobrinha, pelo que entendi, já habita o mundo da loucura. Sem retorno.

“O Casamento de Esterlito”: Vivas para Floduarda, que “aponta o chão e mostra baratas (que nem existiam, acho!) e vivas também para isael Maroto, contrariado porque a sexta-feira da Paixão foi cair justo no Sábado de Aleluia. Floduarda era feia (cara de doce de leite batido) ou a moça mais bonita da cidade, no pensar de Esterlito, sentado no banco da praça? Quando o noivo foi “desmanchar tudo” fiquei pensando que a operação de Floduarda em Aracaju dera zebra (se de fato aconteceu?) como também, convenci-me mais ainda de que uma experimentada prévia ajuda muito.

“Aparição”: Ótimo desenrolar. Muito justo o crime da garota e, como juiz, eu a consideraria inocente, mesmo que o júri a incriminasse. Se a menina não saía de casa, com medo de ser comida pelo safado, como é que foi chupar massaranduba justo naquele dia? Estou imaginando a cachoeira, bem longe de sua casa. O demônio apronta cada presepada!

Sobre tudo:

Esse estilo de conversa miúda, encadeada, seguindo o fio da meada sem saltos ou despistes, caiu muito bem. O leitor, nem precisa gastar-se, basta ler uma palavra depois da outra que a história vai saindo do papel e tomando conta dele.
Sobre os nomes estranhos dos personagens, confesso que me incomodaram no começo. No “Casamento de Esterlito” na página 198, no meio da folha, pareceu-me estar numa aldeia da Grécia histórica (eu já morei lá, penso que sim!). Por conta desses nomes talvez as novas gerações de sergipanos (e brasileiros) tenham nomes mais exóticos. Nada demais, até eu tenho em casa um trio txucurramae (Raoni, Candire, Mohara). Por outras influências

Há tantos contos espetaculares no "Feijão de Cego" que eu seria injusto com um, escolhendo outro como o melhor. Alguém falou de eleição?

Texto reproduzido do blog: antoniosaracurasobrelivroslidos.blogspot.com.br

domingo, 26 de março de 2017

João Ribeiro


Biografia

João Ribeiro (João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes), jornalista, crítico, filólogo, historiador, pintor, tradutor, nasceu em Laranjeiras, SE, em 24 de junho de 1860, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de abril de 1934.

Era o segundo filho de Manuel Joaquim Fernandes e de D. Guilhermina Ribeiro Fernandes. Órfão de pai muito cedo, foi residir em casa do avô, Joaquim José Ribeiro, que era um espírito liberal, admirador de Alexandre Herculano. No inquérito O momento literário, de João do Rio, declarou João Ribeiro atribuir a maior importância, para a formação do seu espírito a essa fase de sua vida, quando as excelentes coleções de livros do avô caíram-lhe nas mãos. Além de dedicar-se à leitura, iniciou-se na pintura e na música. Depois de ter concluído na cidade natal os primeiros estudos, transferiu-se para o Ateneu de Sergipe, em Aracaju, onde sempre se destacou como o primeiro da classe. Foi para a Bahia e matriculou-se no primeiro ano da Faculdade de Medicina de Salvador. Constatando a falta de vocação, abandonou o curso e embarcou para o Rio de Janeiro, para matricular-se na Escola Politécnica. Simultaneamente continuava a estudar arquitetura, pintura e música, os vários ramos da literatura e sobretudo filologia.

Desde 1881 dedicou-se ao jornalismo e fez-se amigo dos grandes jornalistas do momento, Quintino Bocaiúva, José do Patrocínio e Alcindo Guanabara. Ao chegar ao Rio, trazia os originais de uma coletânea de poesias, os Idílios modernos. Seu amigo e conterrâneo Sílvio Romero leu esses versos e publicou sobre eles um alentado artigo na Revista Brasileira (tomo IX, 1881). Mesmo assim João Ribeiro decidiu não publicá-los. Trabalhou, a princípio, no jornal Época (1887-1888), multiplicando-se por várias seções, sob diversos pseudônimos: Xico-Late, Y., N., Nereu. Em 1888-1889 estava no Correio do Povo, com o seu “Através da semana”, onde assinava com as suas iniciais e também sob pseudônimo.

Apaixonado pelos assuntos da Filologia e da História, João Ribeiro desde cedo dedicou-se ao magistério. Professor de colégios particulares desde 1881, em 1887 submeteu-se a concurso no Colégio Pedro II, para a cadeira de Português, para a qual escreveu a tese “Morfologia e colocação dos pronomes”. Só foi nomeado, contudo, três anos depois, para a cadeira de História Universal. Foi também professor da Escola Dramática do Distrito Federal, cargo em que ainda estava em exercício quando faleceu. A sua atividade intelectual irá se desdobrar como autor de vasta obra nas áreas da Filologia, da História e do Ensaio. Escrevia então para A Semana, de Valentim de Magalhães, ao lado de Machado de Assis, Lúcio de Mendonça e Rodrigo Otávio, entre outros. Ali publicou os artigos que irão constituir os seus Estudos filológicos (1902).

A partir de 1895 fez inúmeras viagens à Europa, ora por motivos particulares, ora em missões oficiais. Representou o Brasil no Congresso de Propriedade Literária, reunido em Dresden, bem como na Sociedade de Geografia de Londres. Mantinha-se em contato com seus leitores brasileiros através de colaborações no Jornal do Comércio, n’O Dia e no Comércio de São Paulo. A última fase de atividade na imprensa foi no Jornal do Brasil, desde 1925 até a sua morte. Ali escreveu crônicas, ensaios e crítica.

Em 1897, ao criar-se a Academia, estava ausente do Brasil e por isso não foi incluído no quadro dos fundadores. Em 1898, de volta, ocorreu o falecimento de Luís Guimarães Júnior. A Academia o escolheu para essa primeira vaga. Na Academia, fez parte de numerosas comissões, entre as quais a Comissão do Dicionário e a Comissão de Gramática. Foi um dos principais promotores da reforma ortográfica de 1907. Seu nome foi apresentado diversas vezes como o de um possível presidente da instituição, mas ele declinou sistematicamente de aceitar tal investidura. Em 22 de dezembro de 1927, porém, a Academia o elegeu presidente. João Ribeiro apresentou, imediatamente, sua renúncia ao cargo.

Possuidor de larga cultura humanística, versado nos clássicos de todas as literaturas, dotado de aguda sensibilidade estética, o livro Páginas de estética, publicado em 1905, encerra o seu ideário crítico. Seu sentido estético o fazia inclinado a valorizar os aspectos técnicos, estruturais e formais da obra literária, embora fosse um crítico impressionista, com tendência à tolerância e estímulo aos autores, sobretudo os novos.

Segundo ocupante da cadeira 31, foi eleito em 8 de agosto de 1898, na sucessão de Luís Guimarães Júnior, e recebido pelo acadêmico José Veríssimo em 30 de novembro de 1898.


Texto reproduzido do site: academia.org.br

Homenagem Póstuma à José Silvério Leite Fontes


Homenagem Póstuma à José Silvério Leite Fontes
Por Maria Thetis Nunes*

“O tempo esse grande escultor...”

O dizer de admirável humanista francesa Marguerite Yourcenar me levaria à juventude, à estudante da 4ª série do Atheneu da rua da Frente, quando conheci José Silvério Leite Fontes, então estudante do Colégio Tobias Barreto. Participávamos, alunos de História do grande professor Arthur Fortes e por ele escolhidos, de um concurso de História promovido pelo Ministério da Educação. Dois anos após, seríamos colegas no curso pré-jurídico no Atheneu. Depois, fomos companheiros de residência num pensionato em Salvador, ele aluno da Faculdade de Direito, eu da Faculdade de Filosofia cursando Geografia e História. Tornamo-nos bons amigos, embora trilhássemos caminhos bem distintos... Ele, participando da Juventude Universitária Católica, influenciado pelo renomado professor Herbert Parentes Fortes, buscando, na filosofia e na teologia, explicações para os problemas do mundo, principalmente através dos escritos de Jaques Maritain e Leon Bloy; eu, identificada com a juventude Comunista de Mário Alves, João Batista de Lima e Silva, Fernando Santana, via em Marx a solução para os problemas que agitavam o mundo.

Conversávamos, discutíamos, impressionando-me sua fé em Deus, a participação nos atos religiosos, indo a missa dominical com o missal sem importar-se com a zombaria dos colegas. Relembro, sensibilizada, ele me acompanhando à noite para assistir palestras de líderes revolucionários como Agildo Barata, quando moça não devia sair desacompanhada à noite... Também eu aceitava seus convites para ir ao Mosteiro de São Bento ouvir palestras religiosas, onde fiz bons amigos, tendo mesmo publicado artigos na pequena revista que lá circulava para universitárias.

Ao retornarmos a Sergipe, formados, nos encontraríamos no magistério no Atheneu, no Colégio São José, na Faculdade Católica de Filosofia, que fomos fundadores, na Universidade Federal de Sergipe, no Instituto Histórico e Geográfico, A este por ele fui levada ao retornar a Aracaju após nove anos de ausência, fazendo-me aceitar sua presidência, ante a situação de decadência em que o Instituto se encontrava, na qual permaneceria por 30 anos... A esta academia também ele contribuiu para me convencer ingressar em 1983, recebendo-me com o discurso de posse. Múltiplos facetamentos marcaram a trajetória da vida de José Silvério: jornalista, escritor, sociólogo, filósofo, historiador, líder sindical, político, e, principalmente, professor. Com ele morre um dos últimos humanistas sergipanos, entendido o Humanismo como cultura baseada nos clássicos, voltada para o Homem e, como acreditava ele, para Deus. Suas atitudes na vida foram norteadas pela fé, que buscava compartilhar com os amigos quando a realidade nos queria abater.

Ao longo dos nossos anos de convivência e companheirismo até o nosso encontro poucos dias antes do seu falecimento, ele, numa cadeira de rodas, os membros sem movimento, mesmo com a dificuldade de falar continuava a acompanhar os problemas que envolviam o nosso país, e manifestava suas idéias respaldadas na esperança e na fé: “Em Jesus Cristo, porém, consuma-se a unidade moral do Gênero humano, a unidade intencional e operativa e a unidade transcendente em ato, pois o pão do seu Corpo serve de alimento e de união antológica às pessoas individuais. Restaura, num plano superior, a comunidade, subjacente ao variegado da natureza. Não somente restaura, como eleva, passando de unidade natural e criada, sujeita às limitações da maternidade, à unidade do Espírito”, como expressou num dos escritos inserido em seu último livro, síntese do que sempre foi sua concepção de vida: Ser, Mundo e Esperança.

José Silvério enfrentaria desde a juventude a luta contra a diabetes que o fazia conhecido como o menino que se dava injeção, luta que o acompanharia até a morte aos 80 anos de existência. Os problemas advindos da enfermidade não impediriam, porém, as múltiplas atividades em que se envolveu ao longo da vida, inclusive a ida a Paris cursar a Universidade de Sorbone, tendo, porém de retornar ante a crise de diabetes sofrida. Impressiona, desafiando a moléstia, a vasta obra que o projeta na vida cultural sergipana encontrada em jornais e revistas especializadas, Anais de Congressos, Encontros em artigos, conferências, pesquisas educacionais e históricas, e nos livros publicados, atestando os múltiplos facetamentos e vastos conhecimentos filosóficos e históricos que dominava. Vários destes trabalhados então esparsos em jornais, sobretudo a Cruzada, em revistas das Faculdades de Direito, Faculdade Católica de Filosofia, Academia Sergipana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Outros já estão condensados em livros como Igreja e Século, Coluna de Jornal, Quatro Estudos, e Ser, Mundo e Esperança.

Dos livros publicados, o primeiro em 1952 Intitulado Jackson de Figueiredo – o sentido de sua obra, como tese para concorrer ao concurso de História do Brasil do Instituto de Educação Rui Barbosa, estuda o pensamento do grande líder católico sergipano por ele considerado uma “dessas personalidades sócrates, mixto de filósofo, artista e apóstolo”. Jackson de Figueiredo marcaria profundamente sua formação, visível na ampliação da tese ao publicar, em 1958, Razão e Fé em Jackson de Figueiredo inserindo suas idéias no contexto sócio-político em que ele atuara. Possivelmente, teriam elas contribuído para o seu envolvimento na política sindical, com atuação destacada nos começos da década de 1960, num dos momentos mais convulcionados da história do Brasil, da luta do povo pela afirmação dos seus direitos, eclodida em Sergipe na greve dos professores que Silvério foi um dos líderes, estendendo-se a todo o funcionalismo público.

O golpe militar em 1964 calando, violentamente, as reivindicações populares, o atingiu sendo visto como um agitador, e por longo período teve cerceados seus direitos, inclusive de ocupar cargos de confiança na administração pública. Não o intimidariam as denúncias e o inquérito, continuando a atuar, inclusive como líder fundador em 1965 do Grupo de Estudos Sociais e Políticos de Sergipe, em que eram debatidos e estudados problemas proibidos pelo regime instalado. Também participara na mal vista Federação Interestadual de Ensino e na Confederação e sucessivos mandatos. Integrou o MDB participando de sua campanha em prol da redemocratização do país. Quando, porém, este partido, transformado em PMDB, se engajou na campanha política buscando poder, o abandonaria ingressando no PSB, no qual permaneceu filiado até a morte. Embora tenha sido vedado pela Revolução seu concurso para o ingresso na magistratura, como advogado, porém, por dois mandatos, foi presidente da OAB, “onde conquistou o respeito e a admiração dos seus pares” na afirmativa do historiador Ibarê Dantas.

Em todas as atuações vividas ao longo do 80 anos, José Silvério marcou sua passagem pela coerência, lucidez, o ideal de igualdade e fraternidade e a Fé que, para ele, instala-se como uma convicção “que se adquire no amor e na confiança, como uma descoberta cuja essência existencial é incomunicável e consiste, como diz São Thomaz de Aquino na Suma contra os Gentios, numa inspiração”. Outros livros publicados foram Formação do conceito do fato histórico na cultura ocidental, datado de 1958, Quatro diretrizes da Historiografia Brasileira Contemporânea, tese para o concurso de Livre Docência da UFS em 1975, e reeditada em 2000 com a denominação de Marxismo na Historiografia Brasileira Contemporânea, o Pensamento Jurídico Sergipano editado em 2003, e Formação do Povo Sergipano. Creio que foi José Silvério o sergipano e um dos brasileiros que maior contribuição deu aos estudos filosóficos entre nós, iniciada em 1948 com a conferência no Instituto Histórico, a convite da Sociedade Franco Brasileira, sobre Diretrizes do Pensamento de Jaques Maritain, divulgando em Sergipe as linhas básicas do grande filósofo cristão francês, que ele considerava sua filosofia uma projeção da filosofia de Santo Thomaz de Aquino, com o aprofundamento dos seus conceitos e a superação de certas posições inerentes às perspectivas do tempo em que viveu o Doutor Angélico, o século XIII, que o levara à publicação do Humanismo Integral.

Leon Bloy, tema da Conferência pronunciada em 1956 patrocinada pela Associação Cultural Franco-Brasileira, visava a divulgar o pensamento do filósofo cristão francês, superando o desconhecimento existente sobre sua obra, concitando que o lessem com o sentir cristão, buscando nele a configuração artística da vida cristã. “Leiam-no, enfatizava, como se contempla um quadro de El Grego, cheio de contrastes, de fantasmagorias, de sinais visíveis e deformados, em sua objetividade, das realidades que o olho não vê, nem o ouvido escuta, mas que forma reveladas aos filhos da Luz”.

Importante sua conferência, neste mesmo ano de 1956, no Instituto Brasileiro de Filosofia de Sergipe, aula inaugural, sobre as Principais Correntes da Filosofia Contemporânea, identificadas com as transformações trazidas pelo desenvolvimento científico. Enfoca as tendências objetivista que teve maiores expoentes em Schopenahuer e Eduardo Von Hartmann. A revolução social e política século XX, ao lado da revolução ocorrida na teoria científica destruindo a confiança tranqüila e satisfeita no poder universalmente explicativo das correlações mecânicas, afirmava que “acontecimentos de ordem geral destruíam igualmente o relativamente pacífico, confiante e progressista mundo burguês do século passado. A expansão do capitalismo, que justificara seu otimismo e seu esquecimento dos valores espirituais, começou a sofrer as primeiras limitações”. “A nova maneira unitária, finalista e anti-mecanista irira encontrar ressonância em duas grandes direções filosóficas: o pragmatismo e o bergonismo”.

O Neo-hegelianismo o Neo-kantismo, a Fenomenologia, o Exitencialismo são por ele estidadas dentro das transformações estruturais do século XX. Encerra a conferência estudando a Filosofia Cristã e o seu papel na época, que distingue em duas correntes: a filosofia da experiência religiosa e o neo-tomismo. Todas as várias atuações vividas ao longo dos 80 anos de José Silvério foram marcadas pela lucidez, o ideal de igualdade e fraternidade, a coerência e a Fé, que para ele “instala-se como certeza por uma convicção que se adquira no amor e na confiança, como uma descoberta cuja essência existencial é incomunicável e consiste, como diz Santo Tomaz na Suma conta os Gentios, numa inspiração”.

Se me fosse, porém, exigida uma definição entre as múltiplas atividades que, como denodo, exerce, e digo mesmo com heroísmo, ao longo da vida, eu o chamaria Professor Silvério. Creio que, entre nós, nenhum professor tenha disputado uma cátedra através de concurso quanto ele, iniciado em 1952 com Jackson de Figueiredo – o sentido de usa obra para a cátedra de História do Brasil do Instituto de Educação Rui Barbosa, em 1958 com a tese Formação do conceito do Fato Histórico para a cátedra de História do Colégio Estadual de Sergipe, em 1965 defendendo a tese Quatro Diretrizes da Historiografia Brasileira Contemporânea no concurso de Livre Docência da Universidade Federal de Sergipe.

Desde que retornou a Sergipe formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade da Bahia, a partir de 1947 buscou no magistério o meio de sobrevivência desde que não o atraia a profissão que lhe permitia o diploma. A História o fascinava, e a ensinaria na Escola de Comércio Conselheiro Orlando, na Escola Técnica Federal, no Colégio Patrocínio São José, no Instituto de Educação Rui Barbosa, no Colégio Estadual de Sergipe.

Foi um dos pioneiros do ensino superior em Sergipe, participando da Fundação da Faculdade Católica pelo então padre Luciano Cabral Duarte, e da sua consolidação pela coragem e abnegação do seu fundador enfrentando as dificuldades existentes, principalmente a falta de recursos financeiros necessários ao pagamento dos salários dos professores, o que levariam alguns deles a não continuarem ensinando. José Silvério, abnegadamente, permaneceu lecionando além de suas disciplinas, outras que ficavam sem professor, atendendo ao pedido do seu Diretor. Também lecionara na Faculdade de Serviço Social fundada em 1954.

Engajou-se, com entusiasmo, na campanha deflagrada na década de 1960 para a criação da Universidade Federal de Sergipe, que se tornaria realidade em 1968. Foi importante sua atuação como Procurador-Geral da UFS de 1984 a 1988. O ponto culminante de José Silvério como professor seria, porém, registrada no Departamento de História da UFS. Lecionando Filosofia e Metodologia da História, tornou a prática da pesquisa histórica obrigatória da disciplina Introdução aos Estudos Históricos, que seria responsável pela grande participação do Departamento de História à historiografia de Sergipe. A partir da década de 1950, com a saída do Estado dos historiadores José Calazans, Mário Cabral, Felte Bezerra, paralisaram-se os estudos sobre o passado sergipano. O Departamento de História daria ressurgi-los a partir do levantamento das Fontes Primárias da História de Sergipe, ao estabelecer a prática de pesquisa histórica obrigatória. Passavam os alunos a ter contato direto com documentos e a conhecer o acervo dos arquivos cartoriais e paroquiais visando a organização dos arquivos do Estado e do Município, este depois transformado no Arquivo da Cidade de Aracaju. Deram contribuição ao sucesso do programa traçado pelo professor José Silvério a colaboração das professoras Maria da Glória Santana de Almeida, Maria de Lourdes Amaral, Diana Diniz.

Por iniciativa de José Silvério, são mantidos contactos com renomados professores de universidades brasileiras, tendo alguns deles vindo aqui ministrarem cursos como José Honório Rodrigues e Nelson Werneck Sodré. Em 1974, por iniciativa sua, era realizado na UFS o Encontro de Historiadores do Nordeste. No ano seguinte, acontecia o Simpósio Nacional do ANPUH – Associação Nacional dos Professores de História, reunindo em Aracaju professores, estudantes e historiadores de todo o país. Ele participou pessoalmente de vários encontros de História em outros Estados, apresentando trabalhos.

No magistério, José Silvério, encontrou o rejuvenecimento espiritual suplantando as marcas deixadas pelos anos. Renovação do esforço de entender os jovens, seus problemas ante o mundo que lhes é oferecido. Estávamos de acordo com a advertência de Longfellow, o romântico poeta de Evangeline:

“Neste mundo o homem tem que ser um martelo ou uma bigorna. Precisamos ser o martelo formando uma sociedade e não bigornas moldadas pela antiga sociedade”.

Historiador, José Silvério contribuiu para a história do Brasil com os trabalhos destacados Diretrizes da Historiografia Brasileira Contemporânea, Marxismos na Historiografia Brasileira Contemporânea, analisando as obras de Nelson Werneck Sodré, Caio Prado Júnior, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes, e Lutas Militares no Prata. Para a história de Sergipe, registramos Levantamentos das fontes primárias da História de Sergipe, Labatut em Sergipe, Cidades e Vilas de Sergipe no século XIX, Formação do povo sergipano, Pensamento Jurídico sergipano: o ciclo de Recife, Aspectos geo-históricos do Nordeste – A propriedade rural.

Em 7 de julho de 1969 José Silvério tomava posse da cadeira nº 5 desta Academia, que tem como patrono Ivo do Prado, vaga com a morte do ocupante Dom Antônio dos Santos Cabral. Saudado pelo poeta Freire Ribeiro com uma Xácara por ele definida como “romance em versos simples, d’água corrente, em que se contam feitos famosos ou em que se louvam famosas pessoas”, complementada com passagens da vida do povo acadêmico que conhecera e convivera desde a infância na colina do Santo Antônio e, depois, como vizinhos, muitos anos, na rua de Santa Luzia, e visto por ele “um espírito cristão, apostólico e romano, o professor José Silvério é um admirador sem canseiras de Pio XII, João XXIII e Paulo VI. Está com a igreja dentro do século. A igreja procurando, na hora precisa, em todo o mundo realizar o que ensina a Rerum Novarum de Leão XIII. Ao lado de esposa estremecida faz do seu lar um templo de amor e paz. Ao lado de esposa estremecida faz do seu lar um templo de amor e paz. Trabalha de sol a sol, ensinando, semeando, ensinando...”

Em seu discurso de posse, José Silvério fala que boas razões o levaram a candidatar-se à cadeira nº 5, cujo patrono é Ivo do Prado e que fora ocupada por Dom Antônio dos Santos Cabral, afirmando: “Sinto que há muitas afinidades espirituais com esses dois vultos, guardado o respeito à grandeza de cada um. Para ambos, o aspecto estético da obra literária não era fim, mas instrumento. A comunicação espiritual que buscavam não era dirigida primordialmente à sensibilidade, mas à inteligência. Ivo do Prado escreveu para defender pontos políticos e no curso da ação política, ou para argüir em favor de uma tese histórico-geográfica, de alto significativo político para sua terra. Dom Antônio Cabral escreveu para desenvolver teses de doutrina religiosa e ensinar às ovelhas do rebanho que lhe fora confiado. Em última análise, “os dois praticavam a arte de direção dos homens, quer para a vida temporal, para a vida espiritual.” Ressalta que essa identidade o teria levado a ocupar a cadeira nº 5, acrescentando: “Foi também em sentido similar que utilizei a forma literária. Nunca apelei sistematicamente para recursos estéticos, salvo como meio de comunicação de uma mensagem doutrinária. Daí sentir-se bem na linha traçada por Ivo do Prado e Dom Antônio Cabral.”

Critica a falta de aprofundamento filosófico da produção literária brasileira, acreditando não ser possível construir solidamente teorias no campo das ciências humanas, sem uma visão do ser e da existência, afirmando: “cabe a ela dar organicidade ao pensamento social. Sobre este ponto de vista, é particularmente grave a responsabilidade do intelectual cristão, que possui uma tradição filosófica e teológica, a abandonar essa tradição, ficando entregue às ondas, como um navio desgovernado, ou a fazer um esforço de assimilação, bastante difícil e que somente dará resultados valiosos quando efetuado por grandes espíritos. Isso é fonte de angústia e também convite ao trabalho, embora freqüentemente sem êxito, mas que terá o papel de preparar resultados do futuro. Não é permitido ao intelectual cristão, segundo julgo, enclausurar-se como uma ostra em posições recebidas que os progressos de conhecimento da realidade tornaram parcialmente obsoletas”.

Nas palavras finais do seu discurso de posse, José Silvério define o ideal que marcara sua vida: “divididos entre o tempo e a eternidade, vivemos sempre a apresentar uma na outra, espalhando entre os homens palavras de amizade e de confiança, e esperando o encontro com Aquele que nos libertará da angústia. A inteligência é pobre para sondar os mistérios do mundo, mas também é a única forma do mundo que traz promessa de eternidade.

Sim amigos! Vivamos intensamente e meditemos ainda mais intensamente!”

*Maria Thetis Nunes - Academia Sergipana de Letras

Texto e imagem reproduzidos do site: silveriofontes.com.br