quarta-feira, 15 de março de 2017

O folclórico Almiro Bigodinho


Osmário Santos - Memórias de Sergipe.

Publicado no site do Jornal da Cidade, em 18/07/2011.

Almiro de Oliveira Pinto.

O folclórico Almiro Bigodinho conta sua vida de jogador de futebol, juiz e vendedor de folhinha

Por Osmário Santos.

Almiro de Oliveira Pinto nasceu a 2 de julho de 1950, na cidade de Aracaju/SE. Nome de seus pais: Antônio Fonseca Pinto e Amália de Oliveira Pinto.

Na profissão de marítimo, seu pai por muitos trabalhou no antigo trapiche do Lima, de um Aracaju do passado. Tempos depois, ingressou na Petrobras em Salvador e passou a trabalhar nas embarcações no mar. “Hoje ele vive na praia do Saco, em seu sítio”.

O filho Almiro considera a educação o maior legado que recebeu de seu pai, que muito se esforçou para que todos seus filhos tivessem uma educação exemplar. “Ele fez questão que cada um dos cinco filhos escolhesse a escola que queria estudar. Eu escolhi o Colégio Tobias Barreto”.

Além da educação, o pai proporcionava liberdade aos filhos e rigor no cumprimento de horário para chegar em casa, no bom trato com as pessoas e na seriedade em todas as ações.

Sua mãe, de saudosa memória, estudou no Colégio Patrocínio São José, colégio de freiras, e passou para os filhos a religião Católica Apostólica Romana. Levou uma vida de dedicação ao esposo e aos filhos. Faleceu em 1988. Dela, além da aparência física, Almiro tem seu lado de ser amigo de todos.

No tempo em que viveu com os pais, Almir residiu na rua São Cristóvão, 1.345. “Até hoje a residência existe e nela um dos nossos irmãos reside”.

Da sua infância, poucas lembranças de seus momentos de brincadeira. Em sua mente, seus primeiros passos nos estudos no Grupo Escolar Dr. Manoel Luís, situado na praça da Bandeira. “Eu e os demais irmãos saíamos da rua São Cristóvão a pé em direção ao grupo, andando em fila, um trás do outro” (risos).

Com a professora e diretora do Grupo Escolar Dr. Manoel Luís, Florípe, moradora por muitos anos na rua Porto da Folha, estudou o curso primário. Para tornar-se um aluno aplicado, foi preciso receber algumas palmadas da professora de banca que ensina no turno da tarde. “Recebia aquela palmatória em minhas mãos para aprender mais um pouco. Depois das palmadas aprendi e bem... a matemática. Apanhei muito, mas valeu”, (risos).

Ao sair do Manoel Luís, após passar no exame de admissão, ingressa no Colégio Tobias Barreto, da rede particular de ensino. “Era um colégio de qualidade e dali saíram muitos estudantes, que se deram bem na vida nas mais diversas profissões: juiz de Direito, promotor, engenheiro, professor e outras”.

Do Colégio Tobias Barreto, estuda na Escola Municipal Presidente Vargas, no bairro Siqueira Campos, onde termina o ginásio. Faz o curso científico no Colégio Pio Décimo, onde termina o segundo grau.

Tenta por duas vezes o vestibular para o curso de Direito da Universidade Federal de Sergipe, mas não consegue aprovação.

Começa sua vida profissional vendendo vassouras de uma pequena fábrica instalada na rua São Cristóvão, de propriedade do empresário Carlos Henrique. “Eu saía por aí com uma vassoura sem o cabo passando por centenas de armazéns e bodegas no Centro e nos diversos bairros de Aracaju. Vendia cerca de 1.440 vassouras por mês. Como naquela época a comissão era pequena, só dava para ganhar um dinheirinho (risos). Dava para ir ao cinema, curtir uma praia, ir para o futebol e até deu para comprar uma bicicleta” (risos).

Faz concurso público para os Correios e sai aprovado para a vaga de estafeta. Nos Correios, passa o tempo de quatro anos. “Entregava telegramas. Tive de deixar os Correios porque fiz o concurso para trabalhar em Aracaju e me deslocaram para o interior e sem ajuda de custo. Foi um tempo de muita aprendizagem.

Conheci muitas ruas, fiz muitos amigos e nenhum cachorro me colocou para correr” (risos).

No governo de Antônio Carlos Valadares começa a trabalhar no Estado, onde está até hoje, na condição de oficial administrativo. “Comecei a trabalhar no Colégio Severino Uchoa, na rua dos Estudantes. Hoje estou no Colégio 15 de Outubro, também na rua dos Estudantes, em frente ao Severino Uchoa. Tive de trocar de colégio, pois no Severino trabalhava no turno da noite e com isso me desgastei e pedi para trabalhar pelo dia”.

Para complementar a renda da família, sempre trabalhou como vendedor autônomo batendo de porta em porta. “Hoje vendo lembranças de final de ano: folhinhas, chaveiros, agenda e por aí vai. Onde tiver lugar para que eu tenha acesso estarei lá para vender os meus produtos. O outro lado é o meu trabalho no Estado”.

Tem passagem no futebol amador de Sergipe como lateral esquerdo do Paulistano, time do vereador Deoclécio Ramos, o famoso “Cobrinha”. “Jogava no antigo campo de futebol Tobias Barreto, na rua Divina Pastora com Riachão”.

Com mais um tempo, deixa o Paulistano e passa a ser treinador de times de futebol de bairro. “Treinei as equipes do Maringá e do Pioneiro”.

Deixa a carreira de treinador para ser árbitro do futebol amador. Revela que só não atuou como árbitro do futebol profissional sergipano diante da idade avançada no momento da decisão de encarar o apito. O diretor de árbitro da Federação Sergipana de Futebol não deixou. Me contentei com o amador, onde apitei por dez anos.

Da sua vida de árbitro de futebol, conta que chegou a ser ameaçado por jogador de futebol e não ficou só nisso. “Cheguei a trocar murros. Tinha que me defender, se não pegava madeira (risos). Tudo isso é porque expulsei um elemento e ele partiu para cima de mim. Como a confusão foi geral, resolvi acabar o jogo e piquei a mula. Caí fora” (risos e mais risos).

Diz que os campos de futebol de bairro não ofereciam condições para jogar. “Eram repletos de buracos, quando chovia só tinha poças e mais poças. O futebol de bairro era assim” (risos).

Continua a gostar de futebol e até hoje acompanha o futebol dos quarentões. “Gostava de jogar e de apitar pois fazia com amor e dedicação. Me contendo hoje assistido ao nosso futebolzinho” (riso).
Do nome Almiro Bigodinho: “Aconteceu quando comecei a participar da Liga de Bairros. Quando tinha 15 anos nasceram esses filetes de cabelo e até hoje, nunca tirei o meu bigode, que conta com 46 anos” (risos e mais risos).

Diz que atuou no rádio esportivo sergipano como repórter. Naquela época cobria o time do Confiança para o programa esportivo de Geraldo Chagas Ramos, na rádio Jornal AM, quando funcionava numa casa na avenida Barão de Maruim. “Quem também trabalhava como repórter do programa era Paulo Lacerda”.

Como fato interessante, um coice de cavalo no tempo em que jogava futebol. “Fui atrás da bola que estava
na proximidade de um cavalo. Quando peguei a bola o cavalo me deu um coice que me jogou na distância de três metros. Foi um coice na barriga que doeu tanto que até hoje não esqueço”.

Casou com Maria Isabel de Oliveira Pinto em 1978 . É pai de Mônica de Oliveira Pinto, que conta com 28 anos de idade.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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