Foto: Adilson Andrade.
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Postada por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.
São Cristóvão/Sergipe - Sua História.
São Cristóvão está localizada a 25 Km da capital Aracaju,
foi a primeira capital de Sergipe, Fundada por Cristóvão de Barros, é a quarta
cidade mais antiga do Brasil.
Cristóvão de Barros, chegou na região em 1589 com o objetivo
de conquistar o território sergipano. Em 1º de janeiro de 1590, o conquistador
venceu uma batalha contra piratas franceses, construiu um forte e fundou uma
povoação com o nome de São Cristóvão, que depois seria a primeira capital do
Estado de Sergipe.
De acordo com a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, a
cidade sofreu sucessivas mudanças até firmar-se no local atual, à margem do Rio
Paramopama, afluente do Vaza-Barris. “A primeira transferência deu-se entre
1595 e 1596, por motivo de segurança contra possíveis ataques dos franceses,
que buscavam reconquistar o território do qual foram banidos. E, como conheciam
o Cotinguiba, poderiam penetrar e surpreender a povoação num ataque
fulminante”, diz a Enciclopédia.
O novo local escolhido foi uma elevação que ficava próxima à
barra do Rio Poxim. A maioria dos historiadores acredita que a segunda mudança
de São Cristóvão aconteceu antes de 1607. Não se sabe, também, a causa da nova
transferência, que desta vez foi para bem distante, às margens do Paramopama.
Depois que estabeleceu as bases da capitania, Cristóvão de Barros regressou
para a Bahia em 1591, deixando a povoação aos cuidados de Tomé da Rocha.
As margens do Vaza-Barris e do Paramopama passaram a ser
intensamente colonizadas. Simão de Andrade foi o primeiro a adquirir terras no
interior de São Cristóvão, seguido por Francisco Rodrigues, Gaspar de Souza,
entre outros.
INVASÃO HOLANDESA
Em 1607, os holandeses invadiram Sergipe e o principal alvo
foi São Cristóvão. Em 30 de março chega à cidade o Exército luso-brasileiro do
Conde Bagnuolo. Em São Cristóvão, ele assenta seu quartel-general, até que, se
sentindo em desvantagem, abandonou a povoação e foi para a Bahia. Antes de
partir, ele executou a tática da ‘terra arrasada’, devastou e ateou fogo no
território que estava abandonando, a fim de que as forças inimigas não
encontrassem muito o que aproveitar. Em 17 de novembro do mesmo ano as tropas
de Maurício de Nassau entraram na cidade, destruindo-a ainda mais.
Lutas violentas se sucederam entre as tropas portuguesas e
holandeses, até que os invasores começaram a ser vencidos em 1645, sendo
definitivamente expulsos do território sergipano em 1647, ocasião em que a
Capitania se reintegrou ao domínio de Portugal. “Convém ressaltar que durante o
novo domínio, a Capitania foi marcada por lutas partidárias, desmandos e
indisciplinas. Não havia espírito patriótico, mas desavenças entre
capitães-mores e a Câmara, como foi o caso de Pestana de Brito, que chefiou uma
revolução sufocada pela Bahia”, informa o livro Aspectos Históricos, Artísticos,
Culturais e Sociais da Cidade de São Cristóvão, de Ieda Maria Leal Vilela e
Maria José Tenório da Silva.
CAPITANIA INDEPENDENTE
Como recompensa dos serviços que os sergipanos prestaram à
vitória do partido ruralista contra a causa republicana, almejada pela
revolução de Pernambuco, em 1817 a comarca de Sergipe foi elevada à categoria
de Capitania Independente, através do decreto de 8 de julho de 1820, o qual
rompia todos os laços com a Bahia, sendo nomeado como primeiro governador de
Sergipe o brigadeiro Carlos César Burlamarque. Esse governo não teve duração,
porque a Bahia enviou tropas a São Cristóvão para depor o governador e o
levaram preso para Salvador.
Mesmo antes de o decreto ter entrado em vigor, São Cristóvão
sempre se manifestava a favor da independência do Brasil. E quando o general
Labatut entrou em Sergipe em outubro de 1822, instalou um governo provisório,
independente da Bahia. Em sessão solene, a Câmara de São Cristóvão aclamou d.
Pedro I como príncipe regente do Brasil.
“A aclamação e a instalação da Junta Provisória foi o
primeiro passo para restabelecer a emancipação e a independência de Sergipe,
tornando o Decreto de 8 de julho uma realidade”, informa o livro Aspectos
Históricos.
MUDANÇA DA CAPITAL
Em 1855, São Cristóvão deixa de ser a capital de Sergipe,
que foi transferida para Aracaju, cidade criada especificamente para esse fim.
“Cheia de cicatrizes de suas lutas nos 250 anos de história, a Câmara de São
Cristóvão lança um protesto em sessão de 28 de fevereiro de 1855, não sendo,
porém, atendida”, diz a Enciclopédia.
A partir de 1910, São Cristóvão ressurge, com suas terras
fertilíssimas, a vantajosa posição geográfica da cidade às margens de um rio
navegável e os excelentes mananciais de água que circundam. Em dezembro de
1911, instala-se na cidade uma grande fábrica de tecidos.
Em 1913, chegam por lá os trilhos da Viação Férrea Federal
Leste Brasileiro, ligando São Cristóvão a Aracaju e Salvador. Daí em diante,
desenvolve-se o surto industrial no município. Novas fábricas se instalam no
interior e na sede, e a povoação cresce
Patrimônio Histórico Nacional
Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional desde 1939, São
Cristóvão desenvolveu-se segundo o modelo urbano português, em dois planos:
cidade alta com sede do poder civil e religioso; e cidade baixa com o porto,
fábricas e população de baixa renda.
A maioria dos monumentos de São Cristóvão está concentrada
na Praça São Francisco, centro histórico da cidade. Entre as construções
destaca-se a Santa Casa da Misericórdia, belo conjunto barroco construído no
século XVII; a Igreja e o Convento São Francisco, datam de 1693; o Museu
Histórico, instalado no antigo Palácio Provincial, e o dos ex-votos, na Igreja
e Convento do Carmo.
Entre as construções que, também, merecem uma visita, estão
as igrejas Nossa Senhora da Vitória (matriz) e Nossa Senhora do Rosário dos
Homens Pretos; o Mosteiro de São Bento e o Convento da Ordem Terceira do Carmo.
São importantes, também, os sobrados onde funcionava a antiga cadeia pública; o
da Rua das Flores; o da Castro Alves e de Balcão Corrido, com forte influência
mourisca, provavelmente do século XIX.
De cidade operária a pólo turístico
José Thiago da Silva Filho (*)
Em 1911, o sancristovense José Siqueira de Meneses
(1852-1931) assumiu o Governo do Estado. Sua gestão mostrou-se progressista e
arrojada, favorecendo o renascimento econômico de São Cristóvão, através da
inauguração da linha férrea Salvador-Propriá (1911), cortando a cidade no
sentido sul/norte; além da fundação da fábrica têxtil Sam Christovam Industria
S.A. (1912). Esses acontecimentos se completam, pois a grande função da Chemis
de Fer (estradas de ferro) era escoar mercadorias para os portos
soteropolitanos (Bahia).
A fase industrial da cidade começa, portanto, em 1912.
Depois desse ano, muitas famílias chegavam diariamente à ex-capital. Aracaju,
apesar de possuir indústrias, estava com o mercado de trabalho saturado, a
insalubridade e as péssimas condições de vida grassavam. Tal situação foi
retratada pelo romancista Amando Fontes (1899-1967) em Os Corumbas (1933). Por
conta das oportunidades de emprego e moradia, uma corrente migratória converge
para São Cristóvão. Ainda que houvesse um exército de reserva, este recorria à
maré do Paramopama para saciar a fome.
Em São Cristóvão a maré representava ‘mãe generosa’ dos desvalidos,
enquanto a fábrica exercia o papel de ‘pai soturno’ dos trabalhadores. Nos
braços desses díspares genitores, muitos foram acolhidos. A fábrica oferecia
emprego, creche, escola, moradia, assistência médica e odontológica. A cidade
operária projetou fatos e grandes vultos da história política sergipana, sem
desconsiderar as centenas de trabalhadores anônimos. Dentre os mais conhecidos,
pode-se citar nomes como Lourival Baptista, Valter Franco, Manoel Ferreira,
Deoclécio Vieira, José Souza e Francisco Gualberto.
Os incentivos federais decorrentes da II Guerra Mundial
(1939-1945) provocaram a fundação de outra fábrica têxtil: a Companhia
Industrial São Gonçalo S.A., inaugurada em 1945. Não se pode esquecer que a
política getulista disseminou o industrialismo como solução dos problemas
nacionais. Fábrica era sinônimo de progresso.
Durante quase trinta anos as fábricas, inclusive a
beneficiadora de algodão Sergiminas, responderam pela renda da população de São
Cristóvão. Nesse período a cultura local viveu os anos de ouro: Cine Fabril,
Cine Tryanon, Candango’s Bar, clubes, etc. Da mesma forma floresciam os
esportes, times como o Industrial, Operário, Palmeiras e Juvenil revelaram
craques.
A Fábrica São Gonçalo faliu em 1969, em seguida a Vila
Operária foi abandonada pelos seus moradores. Muitos deixaram a cidade para
nunca mais. Já a fábrica Sam Christovam sofreu crise irreversível nos anos 70.
Entre 1981/82, os moradores de sua Vila Operária receberam a posse das casas
como forma de indenização. O maquinário da ‘fábrica velha’ foi vendido a
empresários de Pernambuco e Bahia.
A cidade operária extinguiu-se há duas décadas, com ela veio
a falência da Fábrica Sam Christovam Têxtil. Até hoje a população espera uma
nova realidade que viabilize emprego e renda. Em artigo de 1979, o escritor
sancristovense José do Sacramento descreveu as mazelas da nova ‘cidade
dormitório’.
Até hoje, pouco ou nada se fez para reerguê-la. Desde os
anos 70, todos os prefeitos tomaram como mote de campanha a exploração do
turismo. A quarta cidade mais antiga do Brasil tem potencialidades históricas e
paisagísticas indiscutíveis. Todavia, o turismo ainda não ‘decolou’.
Temos certeza que nesta nova fase São Cristóvão será um Pólo
Turístico. A população já demonstrou estar ciente disto. Recentes iniciativas
da sociedade civil, tais como a reativação da Associação de Cultura Artística
de São Cristóvão, a criação da Casa do Folclore ‘Zeca de Norberto’, a
implantação de Cursos de Folclore e Agente de Turismo pelo Programa de
Capacitação Solidária demonstra o fato. Portanto, falta o empenho dos órgãos
federais, estaduais e municipais, responsáveis pelo zelo e restauração do seu
patrimônio cultural. Resumindo: falta compromisso e boa vontade. Enquanto isto,
a velha capital aguarda.
(*) Presidente da Acasc, formado em História pela UFS e
pesquisador da história de São Cristóvão/SE (colaborou José Lúcio Batista
Silva).
Filhos Ilustres de São Cristóvão
Eugênio Guimarães Rabelo: jornalista e médico, participou da
guerra do Paraguai
Ismael Pereira Leite: escritor, ator e diretor teatral
Ivo do Prado Montes Pires França: General do Exército
Militar e escritor. Um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de
Sergipe
Joaquim José de Oliveira: historiador
José da Costa e Silva: poeta
Apulcro Mota: jornalista e político
Antônio Carmelo: historiador e vigário
Frei José de Santa Cecília: Músico que adaptou o Hino de
Sergipe. Religioso franciscano, maior orador da província
José Siqueira de Meneses: militar e político, participou da
Guerra de Canudos
Joaquim Pereira Lobo: político e militar
Deoclécio Vieira: prefeito operário de São Cristóvão
João Nepomuceno Borges (João Bebe Água): fiscal da Câmara de
Vereadores, comerciante. Organizou protesto contra a mudança da capital
Filinto Elysio do Nascimento: jornalista, abolicionista e
promotor
José Anunciação Pereira Leite (José Bochecha): músico e
maestro
José Joaquim Pereira Lobo: marechal e político
Manoel Armindo Cordeiro Guaraná: historiador
Antônio Mota Rabelo: jornalista e polemista
Francisco Avelino da Cruz: musicista
Maria Paiva Monteiro (d. Marinete): professora aposentada.
Contribuiu muito com a educação de crianças da cidade.
Fonte: ‘Aspectos Históricos, Artísticos, Culturais e Sociais
da Cidade de São Cristóvão’, de Ieda Maria Leal Vilela e Maria José Tenório da
Silva; Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, site da Emsetur e IBGE.
Vide fontes
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Texto reproduzido do site: docs.google.com/document
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