sexta-feira, 10 de março de 2017

Quando do Coreto Fez-se a Memória


Publicado originalmente no blog História e Cultura de Lagarto-SE, em 13/05/2009.

Quando do Coreto Fez-se a Memória.
Por Claudefranklin Monteiro Santos.

Lá pelos idos de 1996, quando a Prefeitura Municipal de Lagarto estava sob o comando de José Raimundo Ribeiro, ocorreu a reforma da Praça da Piedade. Na ocasião, o tradicional coreto, um dos maiores bens culturais de “pedra e cal” de nossa cidade, marco por excelência de sua identidade, esteve na crista do falatório popular, sob a iminência de desaparecer.

Como é sabido, o Cabo Zé era adepto do modismo paisagístico da época que era o da fonte luminosa. Muitos países, sobretudo os da Europa, carregam ainda hoje em sua representação arquitetônica esse adereço, que não deixa de ter seu charme, se bem contextualizado.

Frente a tal assertiva, correu na cidade que o Cabo iria destruir o coreto e pôr no lugar uma fonte luminosa. Verdade ou não (com a palavra o mesmo), esse escriba iniciante nas letras que vos fala, ousou tecer alguns comentários a respeito, o que lhe rendeu um artigo intitulado “E o novo sempre vem”, publicado na Folha de Lagarto, à época.

Poucos dias depois, a matéria foi lida no ar, num programa capitaneado pelo jornalista Edivanildo Santana na FM Eldorado, e para surpresa de muitos, inclusive a minha, o Prefeito deu a sua palavra que não moveria um dedo contra o patrimônio.

Inaugurado no ano de 1932, pelo Prefeito Porfírio Martins de Menezes, o Coreto tornou-se ao longo de vários anos (e já se vão exatos 77 anos) um referencial de arquitetura patrimonial do Município de Lagarto. De tal modo, que é impossível imaginar a Praça da Piedade sem o mesmo, sobretudo com a Igreja Matriz posta de um lado, a Casa Paroquial, confronte, e a Prefeitura Municipal do outro lado, formando um conjunto que se completa e afirma a alma da gente do Lagarto: festa, poder e religiosidade.

Palco de grandes atrações, a exemplo de Luiz Gonzaga, discursos inflamados e efusivos, retretas diversas, namoricos e safadezas, mendigos e drogados, boêmios e sonhadores, velhos e crianças, o Coreto da Praça sobreviveu ao ano de 1996 e a promessa do Cabo se cumpriu, fazendo esse humilde historiador se render aos fatos e registrá-los, antes que a falta de memória resolva apagá-los ou distorcê-los, não querendo, pois que o mesmo lhe ocorra: oh, formoso coreto nosso de cada dia!

Claudefranklin - Gazeta dos Municípios.

Texto e imagem reproduzidos do blog: historiaeculturadelagarto.blogspot.com.br

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