Publicado originalmente no blog História e Cultura de
Lagarto-SE, em 13/05/2009.
Quando do Coreto Fez-se a Memória.
Por Claudefranklin Monteiro Santos.
Lá pelos idos de 1996, quando a Prefeitura Municipal de
Lagarto estava sob o comando de José Raimundo Ribeiro, ocorreu a reforma da
Praça da Piedade. Na ocasião, o tradicional coreto, um dos maiores bens
culturais de “pedra e cal” de nossa cidade, marco por excelência de sua
identidade, esteve na crista do falatório popular, sob a iminência de
desaparecer.
Como é sabido, o Cabo Zé era adepto do modismo paisagístico
da época que era o da fonte luminosa. Muitos países, sobretudo os da Europa,
carregam ainda hoje em sua representação arquitetônica esse adereço, que não
deixa de ter seu charme, se bem contextualizado.
Frente a tal assertiva, correu na cidade que o Cabo iria
destruir o coreto e pôr no lugar uma fonte luminosa. Verdade ou não (com a
palavra o mesmo), esse escriba iniciante nas letras que vos fala, ousou tecer
alguns comentários a respeito, o que lhe rendeu um artigo intitulado “E o novo
sempre vem”, publicado na Folha de Lagarto, à época.
Poucos dias depois, a matéria foi lida no ar, num programa
capitaneado pelo jornalista Edivanildo Santana na FM Eldorado, e para surpresa
de muitos, inclusive a minha, o Prefeito deu a sua palavra que não moveria um
dedo contra o patrimônio.
Inaugurado no ano de 1932, pelo Prefeito Porfírio Martins de
Menezes, o Coreto tornou-se ao longo de vários anos (e já se vão exatos 77
anos) um referencial de arquitetura patrimonial do Município de Lagarto. De tal
modo, que é impossível imaginar a Praça da Piedade sem o mesmo, sobretudo com a
Igreja Matriz posta de um lado, a Casa Paroquial, confronte, e a Prefeitura
Municipal do outro lado, formando um conjunto que se completa e afirma a alma
da gente do Lagarto: festa, poder e religiosidade.
Palco de grandes atrações, a exemplo de Luiz Gonzaga,
discursos inflamados e efusivos, retretas diversas, namoricos e safadezas,
mendigos e drogados, boêmios e sonhadores, velhos e crianças, o Coreto da Praça
sobreviveu ao ano de 1996 e a promessa do Cabo se cumpriu, fazendo esse humilde
historiador se render aos fatos e registrá-los, antes que a falta de memória
resolva apagá-los ou distorcê-los, não querendo, pois que o mesmo lhe ocorra:
oh, formoso coreto nosso de cada dia!
Claudefranklin - Gazeta dos Municípios.
Texto e imagem reproduzidos do blog: historiaeculturadelagarto.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário