Mostrando postagens com marcador - LUIZ ANTÔNIO BARRETO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador - LUIZ ANTÔNIO BARRETO. Mostrar todas as postagens

sábado, 28 de julho de 2018

Despedida de Luiz Antônio Barreto (1944 - 2012)





Fotos: Alejandro Zambrana

Aracaju, 17 de abril de 2012

Luiz Antônio Barreto (1944 - 2012)

Parentes, amigos, intelectuais, jornalistas e autoridades prestaram, na tarde desta terça-feira, 17, na sede da Academia Sergipana de Letras (ASL), as últimas homenagens ao historiador Luiz Antônio Barreto. Conhecido internacionalmente como um dos maiores intelectuais da história do nosso Estado, ele faleceu esta manhã aos 68 anos, após lutar pela vida ao longo dos últimos 13 dias na UTI de um hospital particular da capital.

O prefeito Edvaldo Nogueira participou da sessão fúnebre na Academia e se despediu do amigo, por quem mantinha profundo carinho e admiração. "Luiz Antônio era um homem que disseminava saber, ele dividia seu conhecimento, fosse por meio das suas obras, fosse pelo acolhimento aos jovens intelectuais que tinham sempre no instituto Tobias Barreto e em Luiz Antônio um porto seguro onde faziam questionamentos e tiravam suas dúvidas. Ele deixa uma lacuna muito grande e estamos todos muito tristes com a sua partida tão precoce", disse Edvaldo.

Para o chefe do executivo municipal, o jornalista e historiador está no panteão dos grandes intelectuais sergipanos e sua capacidade e produção intelectual pode ser comparada a outros brilhantes pensadores da nossa terra como Silvio Romero, Tobias Barreto, Manoel Bomfim e Maria Thétis Nunes. "Sem dúvida,  Luiz Antônio é um dos maiores intelectuais de todos os tempos, tanto pela solidez da sua cultura, da sua inteligência e por tudo que fez pelo desenvolvimento cultural da cidade de Aracaju e do Estado de Sergipe", declarou.

Também presente à solenidade de despedida, o presidente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju), Waldoilson Leite, lamentou a morte de Luiz Antônio Barreto, a quem classificou como um dos maiores ícones da cultura sergipana. "Tive o prazer de trabalhar na equipe do ex-governador Albano Franco, na qual ele foi secretário de Educação e Cultura, e nos encontramos pela última vez no dia 20 de março, na noite de autógrafos de seu último livro intitulado Aracaju, Cidade das Águas. A nossa cultura está de luto", disse Waldoilson.

Amigo pessoal de Luiz Antônio, o ex-superintendente da SMTT, Antônio Samarone, lamentou a partida do historiador. Para ele, Sergipe contava com a atuação de dois grandes intelectuais: Jackson da Silva Lima e Luiz Antônio Barreto. "Então hoje estamos perdendo 50% da memória histórica e cultural de Sergipe. A produção de uma inteligência do nível de Luiz Antônio não se faz em 30 ou 40 anos, se faz em séculos", afirmou Samarone.

O amigo, jornalista e imortal da ASL, Amaral Cavalcante, disse que a principal característica de Luiz Antônio era ser um historiador com um pé na modernidade. "Ele era um intelectual que fazia uma ponte entre a história, o passado, a memória e o presente, e isso é muito importante hoje, porque nós temos os guardiões da antiguidade, guardiões da história imutável e nós temos os outros, os que se lançam e tentam compreender a modernidade. Luiz Antônio era um desses", destacou o imortal.

Sergipanidade

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, também foi se despedir do amigo, a quem conhecia há mais de 30 anos. Para Déda, o legado de Luiz Antônio pode se resumir em apenas uma palavra: sergipanidade. "Hoje Sergipe perde uma de suas mais brilhantes inteligências e essa é uma lacuna que dificilmente será preenchida", disse o governador, destacando o trabalho árduo do historiador em mostrar ao mundo a importância de Tobias Barreto para o pensamento brasileiro.

"Além disso, foi um dos mais importantes folcloristas, um homem que se debruçou sobre a cultura popular para entender a alma do povo sergipano, levando para os seus artigos e para suas reflexões uma enorme contribuição para a nossa cultura. Ele foi o pesquisador, o arquivista, o historiador que resgatou a trajetória de grandes sergipanos", disse o governador, destacando que Luiz Antônio parte, mas suas ideias continuam vivas para que outros sobre elas se debrucem e deem continuidade à sua obra.

Luto e homenagem

Assim que foi comunicado da morte do historiador, o prefeito Edvaldo Nogueira decretou luto oficial de três dias. O chefe do executivo municipal anunciou ainda que até o final do mês deverá assinar a ordem de serviço para a construção de uma nova escola no bairro 17 de Março, que vai levar o nome do historiador. "Associar o nome de Luiz Antônio Barreto a uma escola é sem dúvida uma homenagem merecida a um homem que marcou a educação, a pesquisa e a história de Sergipe", comentou.

Trajetória

Natural de Lagarto, município localizado na região Centro-Sul do Estado, Luiz Antônio era imortal da Academia Sergipana de Letras, onde ocupava a cadeira de nº 23. Atualmente se dedicava ao Instituto Tobias Barreto, do qual era diretor, e mantinha uma coluna semanal no Portal Infonet.

Foi secretário de Estado da Educação e Cultura, secretário municipal de Educação de Aracaju, diretor da Galeria Álvaro Santos, assessor do Instituto Nacional do Livro (INL), superintendente e diretor do Instituto de Documentação Joaquim Nabuco, diretor da Fundação Augusto Franco e diretor do instituto de Filosofia Luso-Brasileira (Portugal).

Como jornalista, trabalhou no Correio de Aracaju, O Sergipe Jornal, Folha Popular, A Cruzada, Correio de Sergipe, Jornal da Cidade, Gazeta de Sergipe e Revista Perspectiva.

Autor de mais de 30 livros e com centenas de artigos publicados, Luiz Antônio Barreto tornou-se, nos últimos anos, um especialista em biografias, o que lhe rendeu a escrita do livro 'Personalidades Sergipanas' em 2007.

Seu mais recente trabalho publicado trata-se do livro voltado para o público infanto-juvenil intitulado ‘Aracaju: Cidade das Águas', cuja noite de lançamento aconteceu no último dia 20 de março, no Museu da Gente Sergipana.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

domingo, 26 de março de 2017

Vida e a obra do historiador, jornalista e pesquisador Luiz Antônio Barreto

Foto reproduzida do coisasdesaocristovao.blogspot.com.br
Postada por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.

Vida e a obra do historiador, jornalista e pesquisador Luiz Antônio Barreto.

Trajetória

"Luiz Antônio Barreto é símbolo de sergipanidade. Ele deixou gravado para sempre em seus livros, crônicas, debates, pontos de vista um pouco do nosso Estado. É um homem sábio, inteligente, culto e acima de tudo amante e contribuinte da literatura e da nossa cultura", assim, o reitor da Universidade Federal de Sergipe, Angelo Roberto Antoniolli que se fez presente na ostentação definiu o escritor.

Na literatura, Barreto deixou marcas expressivas e escreveu diversos livros, mas também se destacou em outras áreas em que atuou. Em sua longa trajetória dentre outros cargos, Luiz Antônio também foi chefe da Assessoria Cultural da Secretaria da Educação e Cultura de Sergipe e depois secretário, foi superintendente de documentação da Fundação Joaquim Nabuco nos anos de 1987 a 1989 em Recife, Pernambuco. Assumiu por vários anos a diretoria da fundação cultural Augusto Franco, exerceu o papel de assessor da Presidência da Confederação Nacional da Indústria, diretor do Instituto Tobias Barreto e chegou a ocupar também cargos em Portugal, onde foi diretor do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira.

E sua trajetória é marcada também com participação e presidência na Academia Sergipana de Letras, ocupante da cadeira nº 28, nos biênios 1981 a 1983 e de 1983 a 1985, era ainda membro e orador do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, conselheiro dos Conselhos Estadual e Municipal de Cultura do estado e membro da União Brasileira de Escritores (UBE)- Secção de Pernambuco.

"Luiz Antônio Barreto ao longo da sua vida, tão bem reavivada e apresentada hoje neste evento por seus amigos, mostra o quanto ele foi um homem honrado e que fez muito em prol da história e da cultura de Sergipe. Todas as homenagens são sempre bem-vindas e fico feliz por ter sido companheira de um homem brilhante e que será sempre eterno na história cultural do nosso Estado, do país e do mundo", disse a esposa Raylane Navarro.

Biografia.

Nascido na cidade de Lagarto, no dia 10 de fevereiro de 1944, filho de João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto, o jornalista, historiador e sociólogo Luiz Antônio Barreto estudou Direito em Aracaju e no Rio de Janeiro, onde também cursou a Escola Nacional de Música. Atuou nas áreas de educação, cultura, história, comunicação, literatura e folclore, exercendo assim, diversos cargos em instituições públicas e privadas, cuja dedicação lhe valeu uma bela contribuição intelectual.

Contribuições.

Na área museal, contribuiu efetivamente para a montagem de todas as Casas de Memória de Sergipe, destacando-se na implantação do Palácio Museu Olímpio Campos, Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, Memorial do Judiciário e do Museu da Gente Sergipana.

O intelectual.

Luiz Antônio Barreto ocupou vários cargos públicos, divulgou Sergipe em nível internacional e recebeu diversas homenagens. E segundo Jacskon Silva Lima, um dos palestrantes, "este grande escritor tornou-se um personagem exponencial na cena social, educativa e cultural do nosso Estado. E pensar Sergipe foi sempre à tarefa diurna de Barreto, esta foi sua missão primordial enquanto vivente".

Fonte: Ascom ASN.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/noticias/cultura

sábado, 18 de março de 2017

Um ano de silêncio

Foto reproduzida do Portal Infonet.

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 07/05/2013.

Um ano de silêncio.
Por Magno Francisco de Jesus Santos *

Na sociedade tida como pós-moderna, o tempo se torna cada vez mais fugaz, inócuo, líquido que escorre entre os nossos dedos. Na correria cotidiana, a cada momento temos menos tempo para contemplar as belezas de nossa cidade, o nosso modo de viver, a simplicidade das coisas e muito menos, as coisas do nosso passado.

Foi pensando nisso que refleti sobre o vazio que aumentou nas nossas vidas, especialmente para os amantes do passado sergipano. Há um ano as páginas de nossos jornais não são mais as mesmas. A cada número percebemos o vazio que dominou a imprensa sergipana no tocante a sua gente, a seu passado, a sua cultura, aos seus homens e mulheres. Refiro-me a morte de um homem, mas que após 12 meses fica evidente que também significou a morte de parte da produção dos saberes sobre a gente sergipana.

Criticado por alguns, mas devotado por muitos, Luiz Antônio Barreto se tornou personagem onipresente na imprensa local, com textos que elucidavam capítulos de nossa história, indo dos chamados “grandes homens” (quase sempre homens de inteligência), aos segmentos populares. O intelectual lagartense se tornou um dos grandes responsáveis por inserir a cultura local no campo de discussões, polemizando, aferindo novos dados, redescobrindo velhos textos, trazendo à tona temáticas até então tidas como irrelevantes, de “pesquisadores menores” porque optaram em estudar o povo.

Luis Antônio Barreto conseguia fazer com que os nossos jornais se tornassem mais sergipanos, apresentando traços de sua gente, de sua cultura. Com ele, as diferentes facetas sergipanas apareciam na imprensa, evidenciando a pluralidade social que marca o estado.

Trata-se certamente de um intelectual se lutou pela memória de homens e mulheres de inteligência na “Terra de Serigy”. Ele se inseriu em um grupo restrito de defensores da intelectualidade sergipana, entre os quais se destacaram Sílvio Romero, Epifânio Dória e Maria Thetis Nunes. A cada semana conhecíamos as aventuras de conterrâneos que desbravaram as inúmeras barreiras sociais no intuito de mostrar seu talento.

Do mesmo modo que defendeu os “patrícios de intelecto destacado”, Luiz Antônio Barreto foi propagador da gente simples de Sergipe. Ainda nos idos dos anos 70 lutava em defesa da cultura popular, sendo um dos principais nomes na criação e fortalecimento do Encontro Cultural de Laranjeiras. Na imprensa, provavelmente palco central de sua luta por Sergipe, ele apresentava capítulos da história de sergipanos excluídos, de movimentos sociais derrotados, de brincantes do nosso folclore, de pagadores de promessa. Assim, uma simples santa cruz de beira de estrada passava a ser vista como lugar da memória do povo sergipano. Personagens anônimos eram transformados em protagonistas de enredos instigantes. Ele enxergava e fazia com que nós, leitores de seus textos, vislumbrássemos a história de Sergipe desenrolando-se nas ruas de nossas cidades, nos arrabaldes da pobreza econômica e do esplendor cultural.

Faz um ano que perdemos um importante intelectual, que usou de seu talento em defesa do sentimento que recentemente passamos a chamar de sergipanidade. Faz um ano que a voz defensora de nossas coisas e de nossa gente silenciou.

* Doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense.

Texto reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/getempo

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Luiz Antônio Barreto: exímio escritor sergipano

Imagem postada por MTéSERGIPE, a fim de ilustrar a presente homenagem.
Foto reproduzida do site infonet.com.br/cultura

Publicado originalmente no site LagartoNet, em 17 de abril de 2012.

Luiz Antônio Barreto: exímio escritor sergipano

A Equipe LagartoNet presta homenagens a um dos maiores sergipanos de todos os tempos, Luiz Antônio Barreto, lagartense que deixa uma lacuna incomensurável no âmbito cultural e social do nosso estado. Aos seus familiares e amigos, sobretudo ao seus companheiros da Academia Sergipana de Letras e do Núcleo de Saberes de Lagarto, o nosso mais profundo sentimento.

Singela homenagem prestada ao insigne conterrâneo lagartense, cuja publicação foi veiculada no jornal Cinform:

Luiz Antônio Barreto: exímio escritor sergipano.
Por Rusel Barroso*

Luiz Antônio Barreto, filho de João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto, nasceu em Lagarto (SE), em 10 de fevereiro de 1944. Estudou na Faculdade de Direito de Sergipe e na Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro. Apesar disso, tornou-se jornalista profissional, um verdadeiro amante da música e das letras.

Seu trabalho primoroso e de vanguarda coloca-o na seleta linhagem dos escritores brasileiros que, de forma admirável, se preocupam em preservar a cultura da nossa gente. Suas crônicas, entre outros artigos que vem produzindo ao logo de sua trajetória, têm contribuído para o resgate da história do povo sergipano, assim como, incentivado outras gerações a escrever inspiradas em seu trabalho sério e copioso.

Muitos dos seus textos nos remetem ao grande pensador da cultura brasileira, Dr. Sílvio Romero, que tributava parte do seu tempo para manter acesas as tradições populares do Brasil com seus estudos voltados ao folclore, de igual modo como o faz Luiz Antônio Barreto, ao mergulhar nas sendas da história de Sergipe, sem a preocupação de amealhar fortuna, unicamente no afã de manter a riqueza histórica de que Sergipe deve sempre se orgulhar.

Se do lado do Tejo, de Camões a Pessoa, o caminho é português, para além do Tejo, de Vieira a Guimarães, há a América e aqueles que, a exemplo de Luiz Antônio Barreto, cuidam da história com alento poético. Além de jornalista, escritor, pesquisador e de haver exercido inúmeras outras funções de relevo, como Secretário de Estado da Educação, Secretário de Estado da Cultura e Secretário de Estado da Comunicação, esse lagartense nutre seu carisma e continua a alçar voos no Brasil e além-fronteiras, um nome respeitado e lembrado por figuras ilustres do nosso país e do exterior.

A História da Academia Sergipana de Letras, de que Luiz Antônio Barreto é membro, ocupando a Cadeira nº 23, também registra, de forma irrefutável, a importância do seu trabalho para a sociedade, uma marca que se amplia ao Instituto Tobias Barreto, por ele criado e mantido com muita tenacidade e dedicação a uma das causas mais nobres, merecedora de aplausos: a cultura, não obstante, muitas vezes, a falta de reconhecimento maior do poder público e de grandes instituições, que bem poderiam estender a mão sem outros interesses.

Registre-se, ainda, que Luiz Antônio Barreto é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e gestor de outras instituições, a exemplo do Instituto de Documentação Joaquim Nabuco (Brasil) e o Instituto de Filosofia Luso-Brasileira (Portugal).

Enfim, falar da brilhante contribuição dada por Luiz Antônio Barreto à preservação de nossa história e, por conseguinte do Brasil, enche-nos de altivez ao enfocar a trajetória de um dos mais ilustres e profícuos pensadores sergipanos.

*Escritor e pesquisador lagartense, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, da Associação Sergipana de Imprensa e do Comitê Gestor da AGES.

Texto reproduzido do site: lagartonet.com/2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Quatro anos sem Luiz Antônio Barreto: Homenagem a sua memória


Publicado originalmente no site Caderno Mercado, em 24/04/2016.

Quatro anos sem Luiz Antônio Barreto: Homenagem a sua memória.
Por Dilson M. Barreto (economista).

Neste domingo que passou, 17 de abril, completaram quatro anos do falecimento do amigo muito querido, Luiz Antônio Barreto. Se vivo estivesse entre nós, estaria, como sempre, nos alegrando com as suas agradáveis conversas sobre política, literatura, história, expressando sempre os seus sonhos para o futuro, os seus contatos com pessoas de renomada projeção intelectual, as suas piadas sobre o cotidiano, reunindo em torno de si os seus amigos seja no cafezinho do Shopping, seja na livraria Escariz. Luiz era sempre uma casa cheia. Com a vaidade que lhe era peculiar, encantava a todos pelo seu saber enciclopédico. Era um verdadeiro amigo dos seus amigos tanto nas épocas das vacas gordas como de vacas magras a que foi impulsionado em sua trajetória. Porém nunca desistiu ou se deixou vencer pelo pessimismo, não obstante, no final de sua vida terrena, algumas mágoas carregassem no seu bondoso coração. Luiz era um ser humano do bem. Íntegro, leal, sincero, honesto a toda prova. Era engrandecedor desfrutar da sua amizade.

Este pequeno artigo tem como finalidade, sem intenção de seguir uma ordem cronológica, recordar momentos agradáveis que deixaram marcas profundas em minha memória, fruto justamente da feliz convivência com Luiz Antônio Barreto, iniciada, salvo engano, no Conselho do Desenvolvimento de Sergipe (CONDESE) onde exerceu o cargo de Técnico em Pesquisa. Era uma pessoa irrequieta, sempre em busca do saber, enveredando-se pelos livros e revistas na Biblioteca do órgão, fazendo suas anotações, discutindo com os colegas suas opiniões. Naquela época era apenas um conhecimento formal com pouca proximidade. Daí que devo começar este relato forçando a memória para situar-me nos idos de 1976, no Governo do Dr. José Rollemberg Leite, época em que Luiz Antônio exerceu o cargo de Assessor Cultural da Secretaria de Estado da Educação, na gestão Everaldo Aragão Prado. Segundo contou-me recentemente o Professor e amigo Jorge Carvalho, foi uma epopeia para que essa nomeação viesse a acontecer, pois Dr. José o queria num cargo mais elevado, barrado, contudo pelos membros do estamento militar. Insistindo na nomeação face a importância intelectual da pessoa a ser nomeada, o Governador enfrentou os militares e, sem retroceder em suas intenções, criou o cargo de Assessor Cultural especialmente para Luiz Antônio. Sob seu comando neste novo cargo, a Secretaria publicou as obras completas de Tobias Barreto (a que Luiz tinha uma devoção toda especial) e de outros historiadores como Sílvio Romero e José Calazans, brindando o meio cultural sergipano com a profundidade do conhecimento jurídico e filosófico de insignes escritores.

Da mesma forma, no mesmo período, em função da sua paixão pelo folclore de cujas discussões também participava Jackson Silva Lima, amigo sempre presente na vida de Luiz, destacado intelectual e muito respeitado nas rodas da cultura, muito contribuiu para a realização do Primeiro Encontro sobre o Folclore na Cidade de Laranjeiras, e também juntos, idealizaram o Encontro Cultural de Laranjeiras, que ainda hoje se realiza anualmente. Era uma amizade muito forte, ao ponto do nosso homenageado frequentar constantemente a residência desse grande historiador sergipano, alimentando em suas conversas os sonhos, as esperanças e a construção de novos projetos voltados sempre para a cultura. Sim, acho que foi a partir de 1976 que se estreitou nosso conhecimento recíproco, selando uma amizade que perdurou até a sua morte prematura. Mesmo que em algumas épocas os contatos fossem esparsos, pouco importa: a amizade e o respeito profissional de um ao outro, o afeto no trato, selaram a amizade construída. Sim, porque para que se permita dizer que alguém é seu amigo de verdade, não precisa viver permanentemente entrelaçado. Mesmo que a distância decorrente dos afazeres profissionais ocorresse em algum período do tempo, todavia a profundidade do verdadeiro sentimento de amizade encurtava a distância. Quando isto acontecia, contentava-me em acompanhar seus feitos e vibrar com sua trajetória intelectual, suas viagens mundo afora.

Quando da gestão do Dr. Heráclito Rollemberg na Prefeitura Municipal de Aracaju, Luiz Antônio era Secretário de Educação e Cultura. O seu trabalho meritório à frente daquela pasta, a sua preocupação constante com uma educação de qualidade, o seu projeto inovador nessa área, a forma como vibrava ao tratar da matéria e dos seus importantes projetos, davam a marca do seu idealismo. Lembro-me bem da implantação do Projeto “Educação Itinerante”, servindo-se para este fim de vagões adquiridos à Rede Ferroviária Federal e da instalação da primeira unidade em uma região extremamente pobre denominada Aloques, onde as crianças não tinham acesso à educação. Levou-me para visitar o projeto, explicando detalhadamente sua metodologia, que associava o ensino à alimentação escolar e ao lazer das crianças. Mais à frente, levou-me também para visitar o vagão-biblioteca que instalara no Parque Theófilo Dantas, também para crianças iniciantes do primeiro grau escolar. Que felicidade para elas a grande novidade! Os olhos de Luiz brilhavam de satisfação e um sorriso vaidoso estampava em seu rosto, revelando sua plena realização estar servindo às camadas mais pobres da população aracajuana e carentes do saber escolar. Ao mesmo tempo em que as crianças em buliçosa algazarra se sentiam viajando em um trem de verdade, viam ao seu redor centenas de livros infantis com estorinhas que alegravam o coração e enchiam de sonhos suas mentes em formação. Cercando-se de profissionais do mais elevado gabarito, Luiz sonhava em dotar o município de Aracaju de um ensino de qualidade, permitindo às famílias pobres uma oportunidade para educarem seus filhos, resgatando assim sua dignidade de ser humano, transformando-os em verdadeiros cidadãos. O interesse por esse trabalho também demonstrado pelo seu parceiro o Professor Jorge Carvalho, seu amigo muito querido e de uma lealdade a toda prova, permitia consolidar a certeza do sucesso. Tudo isto fazia-o vibrar de emoção, desde quando, cercado por profissionais competentes, tinha a plena certeza de que seu grande sonho transformar-se-ia em realidade. E isto o enchia de vaidade. Não a vaidade dos medíocres, dos pobres de espírito que se enaltecem com o poder e a ele se apegam. Luiz Antônio irradiava uma vaidade lúcida que lhe enchia o espírito por realizar um trabalho para o outro, objeto maior da sua trajetória aqui na terra. E que trabalho: proporcionar oportunidades novas para que essa parcela sempre marginalizada da população tivesse condições de também, através do saber, ascender socialmente. Como era agradável ouvir Luiz Antônio falar dos seus projetos, do seu propósito de fazer o melhor por Aracaju, no campo da educação e da cultura. Foi uma pena ver os vagões desaparecerem dos locais onde estavam instalados, apagando uma história que havia sido construída com tanta dedicação. O tempo, porém, jamais apaga as ideias e os seus construtores.

Recordo-me de Luiz cercado de livros e de um amontoado de papéis em sua mesa de trabalho, inicialmente na “Pesquise”, embrião do que seria mais tarde o “Instituto Tobias Barreto” por ele fundado e dirigido, agora num imóvel localizado na Avenida Ivo do Prado, com amplo espaço para acolher esse volume incalculável de material bibliográfico. Pesquisador incansável sobre a história de Sergipe e de seus vultos de maior destaque na vida econômica, política e cultural, organizou e administrou com coragem um grande acervo tanto em livros, fotografias e outros documentos históricos, abrindo, a partir daí a oportunidade para que estudantes dos cursos médios e universitários coletassem suas informações e produzissem seus trabalhos escolares e acadêmicos. O preço pelo fornecimento das informações? O prazer de servir e ver materializado o seu esforço de pesquisador. Este era o verdadeiro perfil de Luiz Antônio Barreto e esta apenas uma parte da sua história.


Parte 2 - Publicado em 01/05/2016.

Iniciamos no artigo anterior uma retrospectiva sobre os momentos mais significativos que marcaram a vida de Luiz Antônio Barreto à luz da convivência mantida com ele ao longo de vários anos da sua existência. Para que esta homenagem obtenha o significado pretendido, segundo o meu mais profundo desejo ela, ao abordar a trajetória de vida de Luiz, se prende a uma cronologia não ordenada dos fatos e feitos do meu conhecimento, muitos dos quais ocorreram ao longo dessa amizade construída através do relacionamento funcional ou da simples convivência pelas andanças do tempo. Para tanto é que recorro à memória, procurando resgatar as boas lembranças desse salutar convívio. Luiz tinha o grande dom de saber conquistar amigos e consolidar amizades verdadeiras, além daqueles amigos fortuitos que vieram a surgir no meio da caminhada, fruto da admiração pela sua cultura e simplicidade como ser humano. Luiz Antônio Barreto deixou sua cidade natal (Lagarto) para poder concluir seus estudos (ginasial e médio) em Aracaju, sem, contudo, afastar o seu amor por sua terra natal. É justamente em Aracaju que inicia sua carreira jornalística trabalhando em momentos diferentes, no Correio de Aracaju, Sergipe Jornal, A Cruzada, Correio de Aracaju, Jornal da Cidade e Gazeta de Sergipe, sendo neste último Jornal a consagração da sua profissão. Porém não parou aí: estudou Direito, não concluindo o curso, música e literatura, o que lhe permitiu um embasamento consistente para o seu desenvolvimento intelectual, dando asas a sua inquietante tendência para a pesquisa e a escrita.

Frequentávamos as casas um do outro. Eu mais retraído, apropriava-me em silencio não apenas da sua conversa agradável, mas também da sua cultura que se alargava da literatura à música, da educação ao folclore, da poesia à história. Nos aniversários dos meus filhos, sempre estava presente, acompanhado do primogênito Thiago, hoje um homenzarrão maior e mais forte do que eu. Era uma festa inocente para as crianças e um momento aprazível de alegria e boa conversa para os adultos, onde Luiz se destacava pelo seu fino trato. O lançamento dos seus livros nos mais diversos segmentos do saber, escritos diretamente ou em parceria com outros intelectuais de renome, representava para ele a plenitude do seu trabalho intelectual e para nós seus leitores, além da felicidade de participar de um evento onde velhos amigos eram encontrados, a satisfação de ser presenteado com novos saberes. Seus escritos não ficavam restritos à província de Sergipe Del’Rei: eles extrapolavam fronteiras penetrando Brasil a dentro e extrapolando para o Exterior, consolidando sua trajetória intelectual além-fronteiras, onde também passou a gozar de respeitabilidade e admiração pelo muito que representou para a cultura nacional.

Como era gostoso conversar com Luiz Antônio, escutar suas estórias entre elas a de seus vários amores, eternos enquanto duravam não importando o aspecto temporal, ouvir contar o resultado de suas últimas pesquisas, o próximo livro em preparo para ser lançado… a recordação do seu tempo como Jornalista da Gazeta de Sergipe de “Seu” Orlando, os editoriais publicados, as discussões políticas e intelectuais com o seu proprietário, a censura ao Jornal quando do período da Ditadura Militar, as perseguições e os constrangimentos que também sofreu nesse período. O tempo sempre era curto para tanta informação!

Não sei em que data e em que administração, mas recordo-me de Luiz Antônio como Diretor da Galeria Álvaro Santos, promovendo com entusiasmo os trabalhos dos artistas plásticos sergipanos, realizando diversos eventos culturais para valorizar a prata da casa. O vejo também sendo constantemente requisitado para emprestar seus serviços profissionais diretamente ao Governo do Estado ou a um determinado órgão público, bem assim, em 1972, ingressando como sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe onde desempenhou importante papel colaborando nos trabalhos daquele órgão, inclusive nas funções de Presidente, Secretário e Orador. Lembro-me também da sua passagem pela Fundação “Joaquim Nabuco” na Cidade do Recife durante o período de 04 de agosto de 1983 a 21 de agosto de 1989, chefiando o Setor de Documentação daquela instituição de pesquisa, a convite do seu presidente e amigo pessoal Fernando de Melo Freire, também já falecido, o que o obrigou a fixar residência temporária no Recife, oportunidade esta que lhe permitiu expandir tanto sua área de pesquisa, como consolidar regionalmente o seu nome. Concluiu esse período exercendo por algum tempo as funções de Chefe do Escritório Regional daquela Fundação em Sergipe. Passando uma temporada residindo no Rio de Janeiro, exerceu o cargo de Assessor do Instituto Nacional do Livro. De fácil comunicação e afeito a construir boas amizades, teve no Rio a oportunidade de estreitar relações com renomados intelectuais brasileiros, tornando-se nacionalmente conhecido. Em Portugal marcou presença efetiva ao dirigir o Instituto Luso-Brasileiro, estreitando as relações culturais entre Sergipe e aquele País. Como era emocionante ouvi-lo falar com a vaidade que lhe era peculiar, das suas idas a Lisboa, à Universidade de Coimbra, dos seus feitos em termos de palestras e seminários que participou, além das grandes amizades ali construídas! Portugal foi, talvez, a porta de entrada para marcar na vida de Luiz Antônio uma trajetória internacional no âmbito da cultura e da literatura, tornando-o um autor amplamente pesquisado e citado, especialmente a partir da publicação das obras de Tobias Barreto. Exercendo o cargo de Secretário de Estado da Educação no Governo do Dr. Albano do Prado Franco, procurou implantar um ensino de qualidade, promovendo, em convênio com a Universidade Federal de Sergipe, a formação acadêmica de nível superior dos professores da escola pública e levando o ensino médio aos setenta e quatro municípios do Interior, ação inigualável que permitiu deixar registrada sua marca como grande educador.

As lembranças me fazem também enxergar Luiz Antônio adentrando pomposamente na Academia Sergipana de Letras no ano de 1979 para ser laureado como membro daquela Academia, ocupando a cadeira de número 23, pertencente anteriormente ao Professor Gonçalo Rollemberg Leite, num reconhecimento ao seu trabalho intelectual como produtor do conhecimento científico e literário e de grande pesquisador da memória sergipana, chegando a presidir aquela Instituição durante os anos de 1983 a 1990. Além de fundador da Revista Perspectiva, escreveu cerca de trinta livros e centenas de artigos sobre os mais variados assuntos, destacando-se neste conjunto as obras completas de Tobias Barreto em dez volumes, merecendo desta forma seu ingresso naquela casa das Letras. Marcam ainda a minha caminhada com o amigo querido Luiz Antônio, a produção dos seus fascículos sobre “Personalidades Sergipanas”, publicados semanalmente, de início na Gazeta de Sergipe e posteriormente no Correio de Sergipe e que deram origem a um livro condensando todas as biografias anteriormente publicadas. A sua vocação de pesquisador o levou também à direção da Fundação Augusto Franco, nela colaborando intensamente na promoção da cultura folclórica e literatura sergipana. Todos esses grandes feitos transformaram Luiz Antônio Barreto numa grande referência intelectual tanto no Brasil como no exterior e honra maior de todos nós sergipanos.

Texto e imagens reproduzidos do site: cadernomercado.com.br

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Secult homenageia Luiz Antônio Barreto no Projeto Sergipanidade


Secult homenageia Luiz Antônio Barreto no Projeto Sergipanidade.

Em referência a Semana da Sergipanidade, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), juntamente com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), promovem entre os dias 25 a 27 de outubro de 2016, na Biblioteca Pública Epifânio Dória, o lançamento do Projeto Sergipanidade. Criado com o objetivo de apresentar contribuições deixadas por personalidades sergipanas para a cultura e memória do Estado, o projeto consiste em um ciclo de tertúlias que, desta vez, será dedicado à memória do pesquisador Luiz Antônio Barreto.

O evento é coordenado pela Diretoria do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Dphac/Secult) e pelo Grupo de Pesquisa Cultura, Identidade e Religiosidade (DHI/UFS). No encontro, amigos e familiares do homenageado, assim como professores, pesquisadores, estudantes, irão participar de mesas redondas e debates acerca das produções deixadas por Luiz Antônio. O Projeto também conta com a parceria da Secretaria de Estado a Educação (Seed), Universidade Tiradentes (Unit), Tv Aperipê, e dos Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase).

Sobre o homenageado

Nascido em Lagarto no dia 10 de fevereiro de 1944, o jornalista e historiador, Luiz Antônio Barreto, se consolidou nacionalmente nas pesquisas sobre folclore, considerado referência para aqueles que se propõem a estudar o tema em Sergipe. Foi diretor do Instituto Tobias Barreto e ex-secretário de Estado da Educação e da Cultura de Sergipe, membro da Academia Sergipana de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e do Conselho Estadual de Cultura. Publicou diversos livros e centenas de artigos. Luiz Antônio Barreto tinha como uma de suas especialidades a produção de biografias, a exemplo, do livro Personalidades Sergipanas em 2007. Uma das grandes, senão, a melhor contribuição de Luiz Antônio Barreto foi a organização do Encontro Cultural de Laranjeiras.

PROGRAMAÇÃO:

1º Dia (Terça- Feira)
08h – Credenciamento
8h30 – Abertura – Jane Junqueira – Diretora da Galeria de Arte J. Inácio
09h – Mesa Redonda (01) – Jorge Carvalho, Lindolfo Amaral e Antônio Samarone
Coordenação – Dr José Artêmio Barreto
11h30 – Apresentação Cultural

2° Dia (Quarta-feira)
08h – Exposição – Jane Junqueira – Diretora da Galeria de Arte J. Inácio
09h – Mesa Redonda (02) – Irineu Fontes, Fernando Soutelo e Jackson da Silva Lima
Coordenação – Marcos Paulo Lima

3º Dia (Quinta-Feira)
08h30 – Mesa Redonda (03) – Anderson Nascimento, Jouberto Uchôa e Raylane Navarro
Coordenação – Claudefranklin Monteiro
11h –Apresentação Cultural.

Fonte: Secult.

Texto reproduzido do site: f5news.com.br

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Entrevista de Luiz Antônio Barreto





Registro:
Entrevista de Luiz Antônio Barreto, falando de sua obra:
"Personalidades Sergipanas" (24/01/2007).
---------------------------------------------------------
Infonet > Cultura > Noticias > 24/01/2007.

Luiz Antonio Barreto lança 'Personalidades Sergipanas'.

O historiador e colunista do Portal Infonet Luiz Antônio Barreto lança (...), seu vigésimo livro. ‘Personalidades Sergipanas’ reúne a biografia de 40 empresários, políticos e intelectuais do Estado. Nesta entrevista o pesquisador e autor fala como se deu a idéia do livro, seu trabalho de pesquisa e a intenção de torná-lo um registro na história (...).

Portal Infonet - Como surgiu a idéia do livro?
Luiz Antônio Barreto - Tudo começou com um contrato com o Jornal Correio de Sergipe para fazer quinzenalmente um encarte de personalidades sergipanas para o caderno Memórias. Eu ofereci 14 nomes de empresários, políticos, administradores e intelectuais. Ou seja, lotar no mesmo plano de edição pessoas que já possuem biografias consagradas e pessoas que não têm biografias – que nunca foi feito um registro mais amplo sobre as suas vidas.

Infonet - Quando começou este trabalho?
LA- Há dois anos.

Infonet - Mas antes das ‘Personalidades Sergipanas’ o senhor falou um pouco sobre a política...
LA- Isso. Ele é um suplemento do jornal que sai ao domingo chamado Caderno Memórias. Antes eu tinha colaborado com a parte política. Fiz seis cadernos sobre a história da política em Sergipe: um caderno sobre a organização do Poder Legislativo Estadual (Assembléia Legislativa), outro sobre o Poder Legislativo Federal (Câmara), dois sobre o Senado e dois sobre o Governo do Estado. Logo depois iniciamos as personalidades.

Infonet – E como surgiu a idéia de transformar o suplemento num livro?
LA- A intenção é fazer um livro para que as pessoas possam guardar seu conteúdo, pois o jornal é muito efêmero. Primeiro, o jornal perde a novidade no outro dia com a nova notícia. Segundo, é difícil de guardá-lo, já que é em tamanho tablóide. É difícil a pessoa esperar sair todos os encartes para depois conseguir encaderná-los. Eu próprio não tenho as 53 edições que publiquei.

Infonet – Como escolheu as edições que foram publicadas no livro? Tem alguma ordem?
LA- Eu separei os 40 primeiros suplementos que publiquei no jornal e transformei em livro. A ordem é cronológica pela publicação e com isso eu já tenho 13 cadernos para o segundo volume. Pretendo aprontar em fevereiro ou março do próximo ano.

Infonet – E os fascículos que o senhor escreveu sobre 'Aracaju-150 Anos de História' e a 'História Política' também serão livros?
LA- Já fiz separado em CD e pretendo fazer também em livros específicos, porque uma coisa é o ‘Personalidades’, que é uma espécie de dicionário, e outra coisa é o trabalho político.

Infonet – Por que a escolha de biografias para retratar estas personalidades?
LA- Hoje, em todo o mundo, a biografia tem suscitado muito interesse, porque através dela você tem um contexto inteiro. Além do contexto da história temos as suas circunstâncias e na biografia você consegue mostrar a fragilidade e a fortaleza humana. Eu sou um admirador de Graccho Cardoso. A biografia me permite trabalhar com certos aspectos do homem e do ser que terminam me revelando um fato da história e conotando uma parte da mesma. Não se trata de biografias apologéticas e quem pegar o livro vai perceber que ele é feito com informação clássica sobre a pessoa, filiação,data e local de nascimento, estudo, formação, publicações, etc. Mas saio dali para fazer contextos mostrando o que ele contribuiu. Por exemplo, Ivo do Prado (último que publiquei) eu trato ele como um político solitário que não se envolveu com grupos por isto foi sempre preterido, conto este episódio do Senado, publico o manifesto dele e mostro a grande contribuição que ele deu escrevendo a memória a ‘Capitania de Sergipe e suas Ouvidorias’ – onde ele defende os limites territoriais sergipanos que foram tomados pela Bahia numa determinada fase da história. Eu abasto o mais que eu posso a participação dele com um agente transitando na história. Na verdade a biografia é um pretexto. Eu não faço a história ‘carlyleana’ – fazer a história através da figura. Não, eu procuro fazer uma coisa mais ampla, mostrando os fatos que regem a vida dele.

Infonet – Como foi feita a escolha dos nomes?
LA- Me pediram uma coleção e eu dei uma lista de 14 pessoas, mas depois eu fui apresentando outros nomes e a empresa também. Foram surgindo demandas e eu e a editoria do jornal sempre conversamos. A minha contribuição é pegar um material de Sergipe, colocar em evidência e chamar a atenção do público leitor. Eu entendo que todo mundo lê um caderno de Thais Bezerra ou de Maria Franco, pois eles têm uma coisa viva, pulsando do cotidiano, mas o difícil é trabalhar com o passado.

Infonet- O senhor teve muito trabalho em encontrar dados para estas biografias?
LA- Eu tenho um bom acervo e isto me ajuda. Hoje existe um formato: um texto principal, biográfico, que conta tudo, e depois eu entro na área profissional, seu contexto na história e sua contribuição para Sergipe.

Infonet – Qual destas personalidades o senhor teve maior dificuldade em escrever?
LA- Todos deram, porque lamentavelmente nem as famílias guardam informações. Por exemplo, sobre Bastos Coelho a única informação que existe é um trabalho um tanto quanto romanceado. Parte das informações eu tomei dele outra parte eu busquei nos almanaques antigos da segunda metade do século XIX.

Infonet – O senhor disse que há dois anos vem escrevendo as publicações do jornal, mas e o livro? Quando transferiu os conteúdos para ele?
LA- O livro eu resolvi fazer no fim de 2006, quando o presidente do Banese Jair Oliveira me solicitou que eu fizesse um trabalho de divulgação dos sergipanos ilustres e eu o informei que já o fazia. E assim surgiu a idéia que teve o apoio cultural do Banese.

Ficha Técnica
Nome : Personalidades Sergipanas
376 Páginas
A obra estará custando R$.. no lançamento e depois estará disponível nas livrarias Escariz, no Instituto Tobias Barreto, na livraria Brandão (na UFS) e na Banca do Imperador por R$...

Por Raquel Almeida.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/politica

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Luiz Antônio Barreto: o maior historiador que Sergipe já teve.

Foto: arquivo Portal Infonet.

Publicado originalmente no JornaldaCidade.Net, em 06/05/2012.

Osmário - Memórias de SE.

Luiz Antônio Barreto: o maior historiador que SE já teve.
Por Osmário Santos.

Coordenou pela Universidade Nova de Lisboa, o II Colóquio Tobias Barreto dedicado a Domingos Gonçalves de Magalhães. Um sergipano que publica trabalhos na Europa e faz palestras, no bom trabalho que faz como agente cultural de seu país. É fundador em Portugal, do Instituto de Filosofia Luso-Brasileiro. Uma longa caminhada, onde já fez de tudo. Foi coroinha, sacristão, vendedor de sapatos, envernizador de móveis, vendedor de secos e molhados, de livros, professor, jornalista e sociólogo. No Golpe Militar de 1964, foi o primeiro preso no Estado de Sergipe, sendo levado de sua casa de pijama. Enquadrado na Lei de Segurança Nacional no ano de 1973, passou três anos em Aracaju, como um leproso, não conseguindo emprego em lugar nenhum sendo sustentado pelos seus familiares e sua mulher.

Luiz Antônio Barreto nasceu na cidade de Lagarto, Sergipe, no dia 10 de fevereiro de 1940, sendo filho de João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto.

Seu pai na sobrevivência da vida trabalhou como mata mosquito, soldado da Polícia Militar, pequeno comerciante e fiscal de tributos. O filho disse que era um homem rústico, porém, de muita sensibilidade cultural, tendo participado na época em que morou na cidade de Riachão do Dantas, de exibições teatrais e de um grupo musical, juntamente com irmãos e primos. Era apreciador da literatura de cordel, com facilidade de guardar na memória folhetos inteiros, que transmitia em casa, aos seus três filhos: Luiz Antônio, Luiz Augusto e Artêmio Barreto.

A rainha da Taieira da Cidade de Lagarto, que era parteira, aparou o menino Luiz no seu nascimento, deixando um bom rastro, achando que vem daí o seu pendor pelo gosto ao folclore.

Por problema político, seu João Muniz, integrante da UDN, foi preso em Lagarto, e deportado da cidade no dia do aniversário do filho Artêmio Barreto, procurando refúgio na cidade de Olindina, na Bahia.

Foram seis anos da família Barreto em Olindina, cidade em que Luiz chegou com dois anos de idade. Foi pra lá, nos primeiros passos da vida escolar que soube o grande lance, que a lua não passava em Sergipe, pelo fato do sergipano ter roubado o cavalo de São Jorge. “No interior da Bahia, se dizia que o sergipano era ladrão de cavalo, onde dava um milhão por um cabresto e não dava um tostão por um cavalo”.

Um Menino Filósofo.

Estava com seis anos quando foi para a escola ouvir histórias, brincar e entrar em sintonia com os estudos, o que não foi fácil. Dona Esmeraldina, sua professora, mandou chamar o pai para dizer que o filho era um filósofo, por querer somente passear na escola.
Quando Leandro Maciel assumiu o Governo de Sergipe, aconteceu o retorno da família Barreto, que ficou residindo na cidade de Tobias Barreto. Ali, em 1953, aconteceu o primeiro contato de Luiz Antônio Barreto com o livro. Morando numa casa vizinha a casa onde tinha morado Tobias Barreto, local que funcionava uma biblioteca, incentivado pelo entrar constante das pessoas em busca da leitura, na curiosidade, leu um dos trabalhos de Joaquim Macedo.
Ajudou missa em Latim como coroinha do padre João Barbosa, por ter um certo desejo dos pais em conduzir o filho para uma vida eclesiástica.

Chegando o momento de aprender uma profissão, fez alguns ensaios para ser alfaiate, não indo em frente por sentir dificuldade nos acabamentos. Não chegou a fazer nenhuma calça, ficando somente nos alinhamentos. Passou a trabalhar com sucesso, montando máquinas de costura. Para ganhar uns trocados a mais, na feira da cidade vendeu calçados. Na sua inquietude para o trabalho se deu bem na arte da marcenaria, como envernizador, sendo mestre no passar e repassar óleo de coco na madeira, para obter um bom polimento.

Também trabalhou como ajudante de padeiro, no tempo que o pai comprou uma padaria. Além de trabalhar preparando massa e tal, entregava os pães com um cesto na cabeça, andando pelas ruas da cidade. No ano 1956, quando o pai foi nomeado por Leandro Maciel para trabalhar no Fisco na cidade de Pedrinhas, concluiu na Escola Rural 149, o curso primário.

Através do professor Erasmo, secretário da prefeitura, teve contato com uma máquina de escrever, quando aceitou o convite para ser arquivista. Não largou o trabalho de envernizador, sempre conseguindo tempo para essa arte.

O primeiro ordenado de arquivista foi o suficiente para comprar um chapéu de chantung impermeável e um relógio.

Como Sacristão.

Como na igreja da cidade não tinha sacristão, recebia o dinheiro dos batizados, preparando tudo para o padre. Quando o repórter perguntou se realmente tinha sido sacristão, respondeu: “Mais ou menos sacristão, pois não fazia hóstia”.

Em agosto de 1957 numa viagem de cinco horas, chegou em Aracaju de trem, motivado pela transferência do pai, que veio ser chefe do Posto Fiscal Oswaldo Nabuco.

No Educandário Jardim do Senhor, na Rua de Belém, bairro Industrial, se preparou para o exame de admissão, realizado sem sucesso no ano de 1958, no Colégio Atheneu Sergipense. Se deu bem, no exame que fez no Colégio Pio X, na época dirigido pelo professor Manoel Joaquim Soares. Era secretário do Colégio Professor Jouberto Uchôa de Mendonça, que foi seu professor na disciplina Matemática. Em português foi aluno do professor João Costa, Joaquim Sobral e professora Branca em Inglês.

No ano de 1958 aceitou o convite do professor Uchôa para trabalhar na secretaria do colégio na parte da noite. Na sua passagem pelo Pio X, registra a edição do jornal “Roteiro Estudantil”.

Nas aulas de Português, o professor João Costa usava seus poemas para análise e comentário tendo uma dedicação especial com o aluno Luiz Antônio na sala de professores, nos horários de intervalos. Um incentivo que valeu por parte de Luiz, a dedicação ao professor do primeiro livro em que publicou, no ano de 1964. “Devo muito a ele, como a professora Ofenísia Freire, que me ensinou Português no científico, e ao professor Virgílio Santana, professor de História, que me incentivou muito, porque tinha um pendor em estudar a questão sergipana”.
Em Aracaju trabalhou no comércio vendendo secos e molhados, na firma José Menezes Prudente, oportunidade que aprendeu como usar uma vassoura. Na sua caminhada pelo comércio, trabalhou na Sapataria Pinheiro, na Rua José do Prado Franco, como vendedor de sapatos.

Aluno do Tobias.

No ano de 1960, transferiu os estudos para o colégio Tobias Barreto. Nessa época, o pai foi transferido para a cidade de Maruim, ficando Luiz estudando em Aracaju e passando fins de semana em Maruim. Era frequentador assíduo do Gabinete de Leitura, sendo o lado intelectual do estudante respeitado por toda a cidade, a ponto de ter sido convidado para fazer uma saudação ao representante do Papa no Brasil, que estava de passagem pela cidade, quando ia participar da instalação da Diocese de Propriá, na posse de Dom José Brandão de Castro.

Num certo tempo passou a frequentar nos fins de semana e férias, a cidade de Santo Amaro, quando criou a Campanha Estudantil de Alfabetização. “Resolvi fazer um grande movimento de alfabetização em Sergipe. Esse movimento, de 1962 a 1964, conseguiu fazer 25 escolas em Sergipe: cinco no interior da Bahia e um ginásio em Aracaju, que era o Ginásio Fausto Cardoso, que funcionava no Grupo General Valadão, na Rua Vitória, no qual ensinaram: João Augusto Gama da Silva, José Anderson Nascimento, Moacir Mota, Augusto Lima Bezerra, Marion Matos, Auxiliadora Diniz, Paulo Meneses Leite, Ariovaldo Santos, José Carlos de Souza, Jorge Gonçalves Santana.

Em Maruim conheceu o jornalista Orlando Dantas, que frequentava constantemente a cidade por relações de amizade. Uma das casas frequentada pelo fundador da Gazeta de Sergipe era vizinha da casa de seus pais. Numa das visitas do jornalista, pediu uma oportunidade para escrever na Gazeta de Sergipe. Tinha 16 anos quando recebeu de Orlando Dantas, o endereço do jornal e o convite para procurá-lo em Aracaju.

Morando na Rua Vitória, recebendo orientação do jornalista Juarez Ribeiro que morava naquela rua, em vez de procurar Orlando Dantas, foi ao encontro de Junot Silveira, do Correio de Aracaju, que abriu espaço no jornal para uma coluna de cinema. “Assinava como Antônio Barreto. Havia um compositor com o nome de Luiz Antônio e eu achava que não podia ter uma pessoa com o mesmo nome”. Além da coluna de cinema trabalhou como repórter, tendo boas recordações da primeira matéria que fez: uma entrevista com o pintor Florival Santos.

Na política estudantil foi tesoureiro, chegando a presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Tobias Barreto e foi último candidato à presidência da União dos Estudantes Secundaristas (USES), em 1963, não chegando a ser eleito por diferença de três votos do concorrente, Pedro Souza.

Queria ser médico.

Sonhando em ser médico, fez o curso científico no Tobias Barreto, oportunidade que conheceu o professor Thieres de Santana que o convidou para ser o administrador estadual da Campanha Nacional das Escolas da Comunidade (Educandários Gratuitos). Aceitando o convite, chegando o momento de inscrever-se no vestibular, em vez de medicina, optou por direito. Uma decisão que deu dor de cabeça em casa. “Meu pai me colocou para fora de casa, porque achava que eu tinha me perdido completamente. Deixado de ser doutor, para ser advogado”.

Com a revolução de 1964, a Campanha Estudantil de Alfabetização foi considerada uma entidade subversiva levando Luiz Antônio para a prisão.

Já estava com sede funcionando no prédio antigo do quartel de Aracaju, onde é o Banco do Estado, cedido no governo de Seixas Dórea “Se compunha de um museu de arte popular, uma biblioteca sergipana”.

Luiz Antônio revela que foi a primeira pessoa a ser presa em Sergipe, tendo sido levado para o quartel do 28, de pijama, quando foi retirado de sua casa pelo então cabo Motinha, hoje vereador em Aracaju, presidente do Sergipe. “Ele bateu chamando Luiz Antônio, meu pai perguntou quem era, eles responderam que era um amigo. Quando meu pai abriu, estava toda a calçada cheia de soldados com armas pesadas”.

Prisão.

Preso no dia 02 de abril, solto no dia 04, no retorno à sede da entidade, percebeu que não tinha mais nada. Ainda conseguiu manter em funcionamento durante o ano de 1964, o Ginásio Fausto Cardoso.

Em 1965, fecha o ginásio, ingressando na Faculdade de Direito. Passava a sofrer duras consequências em vista da prisão de 1964. Tendo feito concurso para o Banco do Brasil, seu nome foi excluído dos nomes dos aprovados. Sendo professor da disciplina Ciências, foi proibido de lecionar. Foi colocado para fora do Ceneg, como subversivo.

Aceitou o convite de Jackson Sá Figueiredo, passando a ser seu funcionário na livraria que Jackson mantinha na entrada da recém inaugurada Galeria de Artes Álvaro Santos.

Fundou o Grupo Novo de Sergipe, proposta orgânica para inovar o cinema, a literatura, a música e o teatro em Sergipe. “Desse grupo, por vinculação direta ou indireta, nós tivemos uma nova geração, que viu a literatura de outra forma e que valorizou a cultura local. Tentamos fazer cinema, eu, Ivan Valença, Lineu Lins, Alberto Carvalho. Nós fizemos uma literatura, eu escrevi. Fizemos divulgação de literatura, quando antes, só José Augusto Garcez tinha feito. Eu fiz e o resultado foi Jackson da Silva Lima”.

Publicou um monopólio no ano de 64, quando saiu da prisão. “Na hora em que estava todo mundo calado, eu falei”. O trabalho ganhou teatro no Rio de Janeiro e Luiz trouxe o grupo que aproveitou seu trabalho, na montagem da peça Joana em Flor e outras histórias, para vir fazer uma apresentação no Cine Teatro Rio Branco. Foi um espetáculo consagrador, o cinema cheio. Foi o primeiro papel no teatro de Benvindo Siqueira. Foi o primeiro trabalho de Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, que fez a música do espetáculo e tinha como ator Reinaldo Gonzaga.

O grupo ficou hospedado, com dois atores, na casa de Luiz Antônio, uma mulher na casa de Ilma Fontes e mais dois no Hotel Madri, situado na Praça da Estação Rodoviária Velha.

Devido ao sucesso do Rio Branco, Luis Adelmo que escrevia coluna social, contratou o espetáculo para a Boate Yara, vendendo ingressos, conseguindo casa cheia. Após apresentação do espetáculo todo o elenco foi preso. Era secretário de Segurança Pública o general José Graciliano Nascimento, o Cazuza, que disse, em Sergipe, quem entendia de teatro era a polícia, frase registrada por Stanislau Ponte Preta, no Festival de Besteiras que Assola o país.

Na noite da prisão dos atores, Luiz Antônio não dormiu em casa, indo para o pensionato de Noca. Deu sorte, pois sua casa foi visitada pela polícia naquela noite.

Caso de Amor.

Acontecendo um caso de amor com Zênia Bonfim, que era casada com o médico Gilvan Rocha, decidiu morar no Rio de Janeiro, em 1967, transferindo o curso de Direito para a Faculdade Nacional de Direito.

Em 1968, estando no 5º ano da faculdade, montou juntamente com Ernani César Libório, advogado e contador, um escritório de advocacia. Época que passou a colaborar na imprensa carioca, publicando artigos nos grandes jornais. Agnaldo Silva foi muito importante em sua vida nessa época, por ter arranjado um emprego na agência de notícias “Press”.

Escrevendo artigos, conhecendo o coronel Arivaldo Fontes, foi apresentado ao general Humberto Peregrino, que era diretor do Instituto Nacional do Livro, que o convidou para trabalhar com ele.

Manteve uma amizade de filho com o sergipano Antônio Simões dos Reis durante o tempo em que morou no Rio de Janeiro. Ele passou para Luiz Antônio Barreto a direção da Editora de Livro Simões, de sua propriedade, tendo assumido por dois anos, quando largou o Instituto Nacional do Livro.

Um período de muitas produções literárias, numa convivência com os nomes de destaque da literatura nacional. “Convivi com a intelectualidade brasileira. Provei da intimidade de Carlos Drumond de Andrade, Eduardo Portela, Celso Cunho”.

Secretário do reitor.

Morando no Rio, veio para Aracaju participar da fundação do PMDB. Em 1971, aceita o convite do então reitor João Cardoso, para organizar o Departamento de Cultura da Universidade Federal de Sergipe. Ao retornar abandona o curso de Direito, depois de fazer o penúltimo ano. Como não tinha sido criado o Departamento Cultural, assumiu o cargo de secretário do reitor.
Por problema de denuncia por parte do serviço de Segurança da Universidade, foi afastado da Universidade, na alegação que era um subversivo, preso pela revolução de 1964.

No ano de 1971, pelo prefeito Cleovansóstenes Pereira de Aguiar, foi nomeado diretor da Galeria de Artes Álvaro Santos. Por extensão passou a ser chefe do Departamento Cultural, trabalhando sob o comando de Nicodemus Falcão, diretor do antigo Departamento de Educação e Cultura.

Quando saiu da Universidade voltou volta para o jornal Gazeta de Sergipe, trabalho de complemento salarial que fazia desde sua vinda do Rio de Janeiro, agora, na função de editor. Por causa de uma nota sobre venda de carnê, quando a Sunab processou o jornal, foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, juntamente com o jornalista Orlando Dantas, fato que resultou na perda de emprego do jornal e da prefeitura.

Desempregado.

Do ano de 1973 a 1975, ficou sem trabalhar em Aracaju. “Era um leproso, ninguém me dava um emprego. Nem público, nem partícular”. Ficou fazendo discursos para os deputados Guido Azevedo e Walter Cardoso, sendo um da Arena e outro do PMDB.

Recebeu ajuda financeira de Orlando Dantas, que amenizou algumas dívidas, pela família de sua segunda mulher e pelos seus familiares, até o ano de 1975, quando foi convidado pelo deputado Djenal Queiroz, que estava na presidência da Assembleia Legislativa para trabalhar em uma assessoria. O deputado já conhecia o trabalho de Luiz da época em que trabalhava na função de repórter na cobertura dos trabalhos do legislativo sergipano para o Jornal Gazeta.

Com mais um mês e meio, assumindo o Governo de Sergipe, José Rollemberg Leite, conhecedor do potencial do jornalista, o convidou para a área cultural. “Estava tão endividado, que tomei um empréstimo compulsório de dois anos, para descontar dos meus débitos. A partir daí não tive mais nenhum tipo de problema e só estou tendo oportunidades”.

Pela ordem cronológica, diz que faz questão de citar os nomes de pessoas importantes em sua vida. Pessoas que me ampararam, orientaram, deram muito de si e respondem muito do que eu sou. Pela ordem: Orlando Dantas, Antônio Simões dos Reis, Humberto Peregrino, Djenal Queiroz, José Rollemberg Leite. “Nos últimos tempos, tenho tido um contato de excelente nível, tanto pessoal como de trabalho, com o senador Albano Franco, que é em outra dimensão esse relacionamento, faço questão de destacar”.

Assessor Cultural.

Como assessor cultural da Secretaria de Educação do Estado, contribuiu para que Laranjeiras tivesse o Encontro Cultural.

Foi secretário de Educação e Cultura de Aracaju, na administração do prefeito Heráclito Rollemberg. Foi responsável pelo primeiro escritório da Fundação Joaquim Nabuco, fora de Recife, instalado em Aracaju. Posteriormente, passou três anos em Recife como presidente superintendente do Instituto de Documentação da Fundação de 1987 a 1989, quando realizou bom trabalho de documentação. Em 1984, organizou para sua conta, a Unidade Cultural Orlando Dantas, e o escritório de pesquisa, de nome Pesquise, que conta hoje com um acervo de 15 mil livros, seis mil fotografias em cartões postais, 20 mil recortes de jornais, um precioso arquivo, que vem colocando sem ônus, para consulta popular, recebendo diariamente inúmeras visitas de estudantes de nossa cidade.

Disse que gasta 15 milhões de cruzeiros mensais na sua manutenção, sem receber ajuda do poder público.

Publicou entre ensaios, livros e plaquetas, de 12 a 15 trabalhos e uns 800 arquivos de jornais e revistas não só em Sergipe, mas pelo Brasil afora. Atualmente vem publicando trabalhos em Portugal. Vem se dedicando ao estudo da sociedade, da cultura brasileira.

Dedicando um bom tempo ao trabalho de pesquisa da obra de Tobias Barreto, conseguiu ser gratificado como escritor. “Tive a felicidade de crescer a minha biografia, a direção geral e organização geral da obra completa de Tobias Barreto, 10 volumes, e que tem me levado a várias partes do Brasil, como conferencista. Na Europa, fui duas vezes falar sobre a obra tobiática”. É imortal da Academia Sergipana de Letras desde o ano de 1979, quando entrou na vaga do Dr. Gonçalo Rollemberg Leite. Foi presidente da Academia de 1983 a 1990. Desde o ano de 1990, é membro do Conselho Estadual de Cultura. É orador do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Recebeu por indicação do vereador Jorge Araújo, o título de cidadão aracajuano. É cidadão de Laranjeiras. Pelo prefeito Wellington Paixão, recebeu a comenda Serigy e é possuidor de outras comendas fora de Sergipe. Dirige a Fundação Cultural Augusto Franco, possuindo no momento, um período de licença.

Família.

Uma intensa vida amorosa, com experiência de quatro relacionamentos. Com Zênia Bonfim, um relacionamento que durou quatro anos. Casou com a professora Vera Cândida, vivendo por 11 anos, um relacionamento que lhe deu um filho. Com a professora Mariza Fanjor Lemos do Paraná surgiu o filho Tiago. Por último, casou com a professora Mayza Vasconcelos de Carvalho, um casamento que lhe deu a filha Débora. “Três filhos de quatro relacionamentos, pessoas com que, nas fases, situações, foram pessoas solidárias, com quem mantenho ainda hoje um bom relacionamento”.

Texto reproduzido do site: jornaldacidade.net