sábado, 28 de julho de 2018

Despedida de Luiz Antônio Barreto (1944 - 2012)





Fotos: Alejandro Zambrana

Aracaju, 17 de abril de 2012

Luiz Antônio Barreto (1944 - 2012)

Parentes, amigos, intelectuais, jornalistas e autoridades prestaram, na tarde desta terça-feira, 17, na sede da Academia Sergipana de Letras (ASL), as últimas homenagens ao historiador Luiz Antônio Barreto. Conhecido internacionalmente como um dos maiores intelectuais da história do nosso Estado, ele faleceu esta manhã aos 68 anos, após lutar pela vida ao longo dos últimos 13 dias na UTI de um hospital particular da capital.

O prefeito Edvaldo Nogueira participou da sessão fúnebre na Academia e se despediu do amigo, por quem mantinha profundo carinho e admiração. "Luiz Antônio era um homem que disseminava saber, ele dividia seu conhecimento, fosse por meio das suas obras, fosse pelo acolhimento aos jovens intelectuais que tinham sempre no instituto Tobias Barreto e em Luiz Antônio um porto seguro onde faziam questionamentos e tiravam suas dúvidas. Ele deixa uma lacuna muito grande e estamos todos muito tristes com a sua partida tão precoce", disse Edvaldo.

Para o chefe do executivo municipal, o jornalista e historiador está no panteão dos grandes intelectuais sergipanos e sua capacidade e produção intelectual pode ser comparada a outros brilhantes pensadores da nossa terra como Silvio Romero, Tobias Barreto, Manoel Bomfim e Maria Thétis Nunes. "Sem dúvida,  Luiz Antônio é um dos maiores intelectuais de todos os tempos, tanto pela solidez da sua cultura, da sua inteligência e por tudo que fez pelo desenvolvimento cultural da cidade de Aracaju e do Estado de Sergipe", declarou.

Também presente à solenidade de despedida, o presidente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju), Waldoilson Leite, lamentou a morte de Luiz Antônio Barreto, a quem classificou como um dos maiores ícones da cultura sergipana. "Tive o prazer de trabalhar na equipe do ex-governador Albano Franco, na qual ele foi secretário de Educação e Cultura, e nos encontramos pela última vez no dia 20 de março, na noite de autógrafos de seu último livro intitulado Aracaju, Cidade das Águas. A nossa cultura está de luto", disse Waldoilson.

Amigo pessoal de Luiz Antônio, o ex-superintendente da SMTT, Antônio Samarone, lamentou a partida do historiador. Para ele, Sergipe contava com a atuação de dois grandes intelectuais: Jackson da Silva Lima e Luiz Antônio Barreto. "Então hoje estamos perdendo 50% da memória histórica e cultural de Sergipe. A produção de uma inteligência do nível de Luiz Antônio não se faz em 30 ou 40 anos, se faz em séculos", afirmou Samarone.

O amigo, jornalista e imortal da ASL, Amaral Cavalcante, disse que a principal característica de Luiz Antônio era ser um historiador com um pé na modernidade. "Ele era um intelectual que fazia uma ponte entre a história, o passado, a memória e o presente, e isso é muito importante hoje, porque nós temos os guardiões da antiguidade, guardiões da história imutável e nós temos os outros, os que se lançam e tentam compreender a modernidade. Luiz Antônio era um desses", destacou o imortal.

Sergipanidade

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, também foi se despedir do amigo, a quem conhecia há mais de 30 anos. Para Déda, o legado de Luiz Antônio pode se resumir em apenas uma palavra: sergipanidade. "Hoje Sergipe perde uma de suas mais brilhantes inteligências e essa é uma lacuna que dificilmente será preenchida", disse o governador, destacando o trabalho árduo do historiador em mostrar ao mundo a importância de Tobias Barreto para o pensamento brasileiro.

"Além disso, foi um dos mais importantes folcloristas, um homem que se debruçou sobre a cultura popular para entender a alma do povo sergipano, levando para os seus artigos e para suas reflexões uma enorme contribuição para a nossa cultura. Ele foi o pesquisador, o arquivista, o historiador que resgatou a trajetória de grandes sergipanos", disse o governador, destacando que Luiz Antônio parte, mas suas ideias continuam vivas para que outros sobre elas se debrucem e deem continuidade à sua obra.

Luto e homenagem

Assim que foi comunicado da morte do historiador, o prefeito Edvaldo Nogueira decretou luto oficial de três dias. O chefe do executivo municipal anunciou ainda que até o final do mês deverá assinar a ordem de serviço para a construção de uma nova escola no bairro 17 de Março, que vai levar o nome do historiador. "Associar o nome de Luiz Antônio Barreto a uma escola é sem dúvida uma homenagem merecida a um homem que marcou a educação, a pesquisa e a história de Sergipe", comentou.

Trajetória

Natural de Lagarto, município localizado na região Centro-Sul do Estado, Luiz Antônio era imortal da Academia Sergipana de Letras, onde ocupava a cadeira de nº 23. Atualmente se dedicava ao Instituto Tobias Barreto, do qual era diretor, e mantinha uma coluna semanal no Portal Infonet.

Foi secretário de Estado da Educação e Cultura, secretário municipal de Educação de Aracaju, diretor da Galeria Álvaro Santos, assessor do Instituto Nacional do Livro (INL), superintendente e diretor do Instituto de Documentação Joaquim Nabuco, diretor da Fundação Augusto Franco e diretor do instituto de Filosofia Luso-Brasileira (Portugal).

Como jornalista, trabalhou no Correio de Aracaju, O Sergipe Jornal, Folha Popular, A Cruzada, Correio de Sergipe, Jornal da Cidade, Gazeta de Sergipe e Revista Perspectiva.

Autor de mais de 30 livros e com centenas de artigos publicados, Luiz Antônio Barreto tornou-se, nos últimos anos, um especialista em biografias, o que lhe rendeu a escrita do livro 'Personalidades Sergipanas' em 2007.

Seu mais recente trabalho publicado trata-se do livro voltado para o público infanto-juvenil intitulado ‘Aracaju: Cidade das Águas', cuja noite de lançamento aconteceu no último dia 20 de março, no Museu da Gente Sergipana.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

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