Fotos: Alejandro Zambrana
Aracaju, 17 de abril de 2012
Luiz Antônio Barreto (1944 - 2012)
Parentes, amigos, intelectuais, jornalistas e autoridades
prestaram, na tarde desta terça-feira, 17, na sede da Academia Sergipana de
Letras (ASL), as últimas homenagens ao historiador Luiz Antônio Barreto.
Conhecido internacionalmente como um dos maiores intelectuais da história do
nosso Estado, ele faleceu esta manhã aos 68 anos, após lutar pela vida ao longo
dos últimos 13 dias na UTI de um hospital particular da capital.
O prefeito Edvaldo Nogueira participou da sessão fúnebre na
Academia e se despediu do amigo, por quem mantinha profundo carinho e
admiração. "Luiz Antônio era um homem que disseminava saber, ele dividia
seu conhecimento, fosse por meio das suas obras, fosse pelo acolhimento aos jovens
intelectuais que tinham sempre no instituto Tobias Barreto e em Luiz Antônio um
porto seguro onde faziam questionamentos e tiravam suas dúvidas. Ele deixa uma
lacuna muito grande e estamos todos muito tristes com a sua partida tão
precoce", disse Edvaldo.
Para o chefe do executivo municipal, o jornalista e
historiador está no panteão dos grandes intelectuais sergipanos e sua
capacidade e produção intelectual pode ser comparada a outros brilhantes
pensadores da nossa terra como Silvio Romero, Tobias Barreto, Manoel Bomfim e
Maria Thétis Nunes. "Sem dúvida,
Luiz Antônio é um dos maiores intelectuais de todos os tempos, tanto
pela solidez da sua cultura, da sua inteligência e por tudo que fez pelo
desenvolvimento cultural da cidade de Aracaju e do Estado de Sergipe",
declarou.
Também presente à solenidade de despedida, o presidente da
Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju), Waldoilson Leite, lamentou a
morte de Luiz Antônio Barreto, a quem classificou como um dos maiores ícones da
cultura sergipana. "Tive o prazer de trabalhar na equipe do ex-governador
Albano Franco, na qual ele foi secretário de Educação e Cultura, e nos
encontramos pela última vez no dia 20 de março, na noite de autógrafos de seu
último livro intitulado Aracaju, Cidade das Águas. A nossa cultura está de
luto", disse Waldoilson.
Amigo pessoal de Luiz Antônio, o ex-superintendente da SMTT,
Antônio Samarone, lamentou a partida do historiador. Para ele, Sergipe contava
com a atuação de dois grandes intelectuais: Jackson da Silva Lima e Luiz
Antônio Barreto. "Então hoje estamos perdendo 50% da memória histórica e
cultural de Sergipe. A produção de uma inteligência do nível de Luiz Antônio
não se faz em 30 ou 40 anos, se faz em séculos", afirmou Samarone.
O amigo, jornalista e imortal da ASL, Amaral Cavalcante,
disse que a principal característica de Luiz Antônio era ser um historiador com
um pé na modernidade. "Ele era um intelectual que fazia uma ponte entre a
história, o passado, a memória e o presente, e isso é muito importante hoje,
porque nós temos os guardiões da antiguidade, guardiões da história imutável e
nós temos os outros, os que se lançam e tentam compreender a modernidade. Luiz
Antônio era um desses", destacou o imortal.
Sergipanidade
O governador de Sergipe, Marcelo Déda, também foi se
despedir do amigo, a quem conhecia há mais de 30 anos. Para Déda, o legado de
Luiz Antônio pode se resumir em apenas uma palavra: sergipanidade. "Hoje
Sergipe perde uma de suas mais brilhantes inteligências e essa é uma lacuna que
dificilmente será preenchida", disse o governador, destacando o trabalho
árduo do historiador em mostrar ao mundo a importância de Tobias Barreto para o
pensamento brasileiro.
"Além disso, foi um dos mais importantes folcloristas,
um homem que se debruçou sobre a cultura popular para entender a alma do povo
sergipano, levando para os seus artigos e para suas reflexões uma enorme
contribuição para a nossa cultura. Ele foi o pesquisador, o arquivista, o
historiador que resgatou a trajetória de grandes sergipanos", disse o
governador, destacando que Luiz Antônio parte, mas suas ideias continuam vivas
para que outros sobre elas se debrucem e deem continuidade à sua obra.
Luto e homenagem
Assim que foi comunicado da morte do historiador, o prefeito
Edvaldo Nogueira decretou luto oficial de três dias. O chefe do executivo
municipal anunciou ainda que até o final do mês deverá assinar a ordem de
serviço para a construção de uma nova escola no bairro 17 de Março, que vai
levar o nome do historiador. "Associar o nome de Luiz Antônio Barreto a
uma escola é sem dúvida uma homenagem merecida a um homem que marcou a
educação, a pesquisa e a história de Sergipe", comentou.
Trajetória
Natural de Lagarto, município localizado na região
Centro-Sul do Estado, Luiz Antônio era imortal da Academia Sergipana de Letras,
onde ocupava a cadeira de nº 23. Atualmente se dedicava ao Instituto Tobias
Barreto, do qual era diretor, e mantinha uma coluna semanal no Portal Infonet.
Foi secretário de Estado da Educação e Cultura, secretário
municipal de Educação de Aracaju, diretor da Galeria Álvaro Santos, assessor do
Instituto Nacional do Livro (INL), superintendente e diretor do Instituto de
Documentação Joaquim Nabuco, diretor da Fundação Augusto Franco e diretor do
instituto de Filosofia Luso-Brasileira (Portugal).
Como jornalista, trabalhou no Correio de Aracaju, O Sergipe
Jornal, Folha Popular, A Cruzada, Correio de Sergipe, Jornal da Cidade, Gazeta
de Sergipe e Revista Perspectiva.
Autor de mais de 30 livros e com centenas de artigos
publicados, Luiz Antônio Barreto tornou-se, nos últimos anos, um especialista
em biografias, o que lhe rendeu a escrita do livro 'Personalidades Sergipanas'
em 2007.
Seu mais recente trabalho publicado trata-se do livro
voltado para o público infanto-juvenil intitulado ‘Aracaju: Cidade das Águas',
cuja noite de lançamento aconteceu no último dia 20 de março, no Museu da Gente
Sergipana.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
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