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sábado, 21 de outubro de 2023

Recorte do 'Jornal da Cidade' (4 de março de 1975)

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Cachorro Quente de seu João,
 no ParqueTeófilo Dantas, em Aracaju.
Recorte do 'Jornal da Cidade' (4 de março de 1975)

'O Cachorro Quente de Seu João', por Amaral Cavalcante

Parque Teófilo Dantas e O Cachorro Quente de Seu João

O Cachorro Quente de Seu João.

Por Amaral Cavalcante

Tanto se investigou, muito se discutiu, mas ninguém nunca constatou o que fez do Cachorro Quente de Seu João o preferido da cidade. Metade de um pão Jacó recheado com carne frita picadinha, batatinha pra fazer volume e uma profusão de alface. Nem salsicha tinha! Mas lá pras seis da tarde, o que parava de carrão com encomenda de oito, pra levar, confirmava: era o jantar das madames.

Vendia como bênção no portal do inferno. Em volta do panelão fumegante na hora do rango, juntava todo tipo de gente. No oitão da catedral, em frente ao Colégio Jackson de Figueiredo num quiosque mal ajambrado, mendigos, advogados, desabonados da sorte e cidadãos de mais ilibada moral (desconjuro!) compareciam, viciados no lanche barato - o Cachorro Quente de Seu João. Comê-lo, requeria contorcionismos de bailarino e habilidade na mordedura, senão, o conteúdo esguichava na roupa, melava o sapato, engordurava a gravata!

A cidade não tinha melhor o que fazer. Dali podia-se paquerar colegiais das melhores famílias, doidas para controverter a bitola moral de D. Judite - matriarca de gerações dondocas no Colégio Jackson. De vez em quando ela concedia à sua preservada prole desfilar em procissão do Colégio até o sacratíssimo sacrário na Catedral, em ordem unida, por graças alcançadas. Festa! As meninas facilitavam cinco centímetros a mais na barra da saia para deleite geral e remissão dos nossos pecados. A praça se enchia de promessas eróticas, os consumidores do Cachorro Quente de Seu João achavam namoradas e o amor de Deus estava servido. As mais afoitas, fugidas da procissão escolar, se permitiam até uma mordidinha no bico do pão com promessas de afagos. Mas Seu João, de colher de pau em punho, não aprovava isso: “Ô moleque, vai futucar o xibiu da mãe!”

Era um velho nos velhos moldes, Seu João. Cara fechada, resmunguento, negão de altura colossal e chapéu panamá, manoplas ágeis no corte certeiro do pão e no delicado trabalho de enchimento: quanto menos carne melhor, a alface enfeitava. E fiado, nem pro Bispo!

Mas ninguém parra imune à convivência com a malandragem, nem Deus. E assim mesmo, só quando Ele desvia o tunco, prestando atenção pros lados. O território de Seu João também era o nosso, o da malandrona Turma do Parque Teófilo Dantas, esturricada de fome e, sempre, desabonada de grana.

Pois foi num descuido desses – Seu João olhou pros lados - que Cabo Tripa, capitão da molecagem no Parque, deu um devo nele. Que feito extraordinário! Se disse funcionário municipal prestes a receber abono de muita grana e lhe ofereceu dois por um pela comemoração antecipada. Pagaria depois em dobro, quando rico estivesse. Seu João acreditou, caiu na esparrela.

A ordem foi comer até estufar.

Pois bem, não lhes conto mais nada, assim, de boca cheia!

Só que no outro dia, diarréia. E nunca mais ninguém de nós botou as caras por lá, temendo a justiceira colher de pau de Seu João no cocuruto.

 Amaral Cavalcante - dezembro/2008

Texto e foto reproduzidos do blog gilsonsousaaracaju.blogspot.com.br

De Gilson Sousa

Microeconomia sergipana: Cachorro Quente de Seu João e barreiras à entrada

Foto Recorte  do Jornal da Cidade - Acervo Blog Minha Terra é SERGIPE.

Publicação compartilhada do site JLPOLÍTICA, de 20 de outubro de 2023

Microeconomia sergipana: Cachorro Quente de Seu João e barreiras à entrada

Por José Roberto de Lima Andrade*

Seu João e seu famoso cachorro quente

Reli esta semana um artigo sobre “O Cachorro Quente do Seu João”, escrito pelo saudoso jornalista Amaral Cavalcante. Acredito que é difícil para alguém que tenha vivido na Aracaju dos anos 1970 a 1990 do século passado e não tenha experimentado aquilo que certamente foi um dos ícones da gastronomia sergipana.

Amaral Cavalcante faz uma descrição perfeita do Cachorro Quente do Seu João - “Metade de um pão jacó recheado com carne frita picadinha, batatinha pra fazer volume e uma profusão de alface. Nem salsicha tinha!..”.

Na minha infância, o roteiro gastronômico Rua Campos-Centro-Rua Campos começava pela Sorveteria Cinelândia e terminava no Cachorro Quente do Seu João no parque, no oitão da Catedral - e vai grafado assim em caixa alta e baixa porque ele é uma instituição afetiva da nossa gastronomia.

Há quem considere uma inversão natural da sequência salgado-doce. Mas estamos falando de Aracaju. Era o nosso “jeito aracajuano de comer”. Nada estranho. Conheci um professor Suíço que tinha um queijo “de estimação” e que o consumia como sobremesa. Cada qual com seu cada qual.

Costuma-se dividir a economia em duas grandes áreas. A macroeconomia, talvez a mais popular, trata dos grandes agregados econômicos como moeda, PIB, e de políticas que afetam o desempenho econômico, como a fiscal e monetária. É a economia que discutimos e ouvimos no dia a dia.

A microeconomia trata do comportamento dos chamados “agentes econômicos” - pessoas, empresas, governo. Menos popular, mas não menos importante. Particularmente acredito que os economistas, na sua maioria, enxergam a microeconomia mais como um conjunto de regras e leis - muitas já ultrapassadas -, que uma área de estudo capaz de promover o desenvolvimento econômico.

Como consequência, perdemos espaço para outras profissões - administradores como exemplo - que se dedicam com mais afinco ao estudo destes agentes, principalmente consumidores e empresas.

Retornando ao Cachorro Quente de Seu João. A parte da microeconomia que trata das empresas é chamada de “Teoria da Firma”. Sem a pretensão de dar uma aula de economia, as empresas agem diferente em “estruturas de mercado” diferentes.

Se traduzirmos estruturas de mercado como concorrencial, oligopólio e monopólio, o economês passa a ficar mais claro. Esclarecendo um conceito popular que muitas vezes induz a uma compreensão incorreta, não se trata apenas da quantidade de empresas para definir uma estrutura de mercado.

Para ser um monopólio - de verdade – não basta apenas existir uma única empresa. O produto que ela comercializa não pode ter substituto próximo. Combustível por exemplo. Se há apenas um posto de gasolina em uma cidade, esse é um monopólio “de verdade”. Essa realidade vale para uma estrutura concorrencial -popularmente definida como muitas empresas - ou oligopolizada - poucas empresas.

E a empresa Cachorro Quente de Seu João Ltda? Em que estrutura de mercado estaria inserida? Longe de ser um monopólio. Mesmo na Aracaju dos anos 1970 a 1990 do século passado, uma ruma de gente vendia cachorro quente. E nem só de cachorro quente vive o homem.

Mercado concorrencial? Longe também, já que o Cachorro Quente de Seu João não era mais um no meio da multidão. Seu João era um oligopolista! Isso mesmo: Seu João conseguiu criar na economia o que chamamos de barreira a entrada. O pão jacó? O molho de carne secreto? Nem mesmo o brilhante Amaral Cavalcante conseguiu definir.

Temos centenas de barreiras à entrada no mundo mais sofisticado dos livros e artigos de economia. Muitas vezes definidas por publicidade, em outros casos por patentes. Enfim, por critérios que muitas vezes só a psicologia do comportamento do consumidor pode explicar. E assim nos tornamos fiéis e pagamos mais caro por um bem ou serviço. Com prazer. Como um Cachorro Quente do Seu João do Parque.

* O articulista é economista e professor da UFS.

Texto e imagem reproduzidos do site: www jlpolitica com br/articulista

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sabor SERGIPE - "Cachorro Quente de Seu João do Parque"

Sabor SERGIPE - "Cachorro Quente de Seu João do Parque".
No Café da Gente, anexo ao Museu da Gente Sergipana, localizado
na Avenida Ivo do Prado (Rua da Frente), em Aracaju/SE.
Foto e informação de legenda, reproduzidas do
Facebook/Fan Page/Fotos de Aracaju.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

RECEITA - Cachorro Quente de "Seu João" (do Parque)

Cachorro quente  do Café da Gente, no Museu da Gente Sergipana.
Foto: Facebook/Ticiana Vasco.

CACHORRO QUENTE DE “SEU JOÃO”

2 PACOTES DE CARNE PARA STROGONOF
10 BATATAS GRANDES
2 PIMENTÕES
6 CEBOLAS
8 DENTES DE ALHO
5 TOMATES
1/2 PACOTE DE COLORAU
1 LATA DE EXTRATO DE TOMATE
SAL A GOSTO
CUMINHO
ÓLEO
AGUA FERVENTE

MODO DE PREPARAR:
Corte a carne, a batata, o pimentão, a cebola, o alho e o tomate em pedaços bem pequenos. Em seguida misture todos os ingredientes, leve ao fogo e acrescente a água fervendo e deixe cozinhar.

Texto reproduzido de postagem feita por 
Paulo Roberto Dantas Brandão, na página do Facebook/MTéSERGIPE.