Mostrando postagens com marcador - MARIA GÓES. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador - MARIA GÓES. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Da Linha e do Linho nascem as telas de Maria Góes

Maria Góes lança mão das lembranças da infância
para compor suas telas 
Crédito da foto: Suyene Correia

Publicado originalmente no site do jornal CINFORM, em 01 de abril de 2019

Da Linha e do Linho nascem as telas de Maria Góes

Por Suyene Correia [redacao@cinform.com.br]

Está em cartaz, no Café da Gente Sergipana (anexo ao Museu da Gente Sergipana), a exposição “A Linha e o Linho” da artista e empresária Maria Góes. Ao todo, são 12 telas, delicadamente trabalhadas por Góes, que ao invés de utilizar tintas e pincéis, manuseia, com destreza, a linha e a agulha, para representar suas reminiscências da infância, vivida em Nossa Senhora da Glória, na região do sertão sergipano.

À exceção da tela com Zé Peixe, todas as outras fazem alusão a cenas do interior nordestino, com sua fauna e flora típica. Não raro, deparamo-nos com crianças brincando no quintal de casa, rodeadas por animais como perus, galinhas, entre outros. Muitas dessas situações foram vividas pela artista, nos primeiros 14 anos de vida, antes de vir morar em Aracaju.

“Vim para a capital, na minha juventude, com 14 anos e estudei, inclusive, aqui nesse prédio, que hoje abriga o Museu da Gente Sergipana, na minha época, Escola Técnica de Comércio, cujo diretor era o professor Barreto Fontes. Trabalhei com muitas coisas, antes de ir morar em São Paulo, mas até então, nunca tinha, efetivamente, bordado. Apesar de minhas tias serem exímias bordadeiras, por eu ser canhota, elas nunca tiveram ‘gosto’ de me ensinar o ofício”, conta a artista, que diz ter aprendido a bordar, observando as tias paternas, Francelina e Dona.

Na metrópole, Maria Góes se casou e começou a ajudar o marido no ramo do comércio. Mudou-se para o Paraná, separou-se e quando voltou a São Paulo, enveredou de vez na arte da fotografia. Quando voltou a Aracaju, em 1970, era uma das raríssimas mulheres a clicar os momentos inesquecíveis das cerimônias de casamento e debutantes de importantes personalidades da terra.

“Voltei com 34 anos para Aracaju, no dia 21 de janeiro de 1970 e enveredei pela fotografia aqui, também fotografando casamentos e festas de debutantes. Fiz um concurso para o INSS/INAMPS, para o cargo de telefonista, mas não deixei de fotografar, sempre me capacitando com os cursos promovidos pelos importantes laboratórios existentes no Brasil”.

Por mais de 30 anos, intercalou o serviço de funcionária pública com o de fotógrafa de eventos. Nesse ínterim, montou uma empresa de massa de pastel- MAGO- e, por conta desse empreendimento, viajou a Cabo Verde, via SEBRAE, com o intuito de divulgar sua marca, além fronteira. Foi lá, na casa do embaixador brasileiro, que sua relação com o bordado se iniciou.

“Foi num jantar, na casa do embaixador brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, que observei uma cortina da sala, muito bonita, onde havia uma parte bordada. Tirei uma foto e, ao voltar para o Brasil, decidi me arriscar no bordado, reproduzindo aquela paisagem impregnada no tecido. Como a cortina estava franzida, eu não estava sabendo fazer, porque estava em 3D. Meu sobrinho que fez Belas Artes conseguiu rabiscar o desenho e eu bordei”, revela.

O resultado foi elogiado por algumas amigas e desse gesto, aparentemente, despretensioso, surgiria mais tarde, um reconhecimento de profissionais gabaritados, a exemplo de Mônica Mambrini. “Ela viu logo o avesso das telas e gostou, achou bem feito. De modo que me propôs a fazer alguns trabalhos e colocar aqui na loja do Museu para venda. Mas eu achei melhor não ficar presa a prazos. Daí, que Vânia Aquino, uma admiradora do meu trabalho com bordado, decidiu me ajudar na divulgação e até me inscreveu num edital de artes visuais do SESC/Centro, onde fui selecionada e expus 24 trabalhos, em junho de 2015”.

De lá para cá, Maria Góes já participou de outras exposições, sendo que, só no ano passado, foram três oportunidades no Corredor Cultural da Secretaria de Estado da Cultura. Agora, ela ganha uma individual no Café da Gente, que segue até o final de abril.

O que chama a atenção de suas obras é a noção de profundidade de campo e economia com os elementos em cena. Maria é cuidadosa com o que é enquadrado e não exagera na composição, utilizando poucas cores (mais terrosas) e evitando a poluição visual da paisagem. “Acho que isso acontece de forma espontânea, por conta do tempo que trabalhei como fotógrafa”, conclui.

Seja qual for a influência, é um trabalho primoroso, onde Maria Góes desfia suas lembranças de forma simples, munida apenas de agulha, linha e linho.

Texto e imagem reproduzido do site: cinform.com.br

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Maria Góes


Maria Góes – Biografia.

Nascida em N. Sra. da Glória – SE, em 09/11/1935, foi a 4ª filha de Joaquim José de Góes e Ernestina de Souza Góes, tendo como irmãos, por ordem de nascimento, Guiomar, Leonardo, Rivaldo, Janilde e Hamilton. Dos irmãos, todos os homens já faleceram. Hoje Guiomar tem 88 anos e Janilde 69.

De infância árdua conforme era a vida das famílias sertanejas naquele tempo, Maria traz lindas recordações da sua família, alicerçadas pelo exemplo honroso do pai José, homem trabalhador de roça e lida com animais, bondoso marido e terno pai, que durante as festas religiosas no dia de São José, ajudava a conduz garboso e feliz a “charola” com a imagem do Santo Pai de Jesus durante a procissão. São também inesquecíveis os episódios na sua memória com respeito à sua magnânima mãe Ernestina. Mulher forte e admirável em todos os sentidos, seja na condução da casa, que administrava com exímia eficiência, seja no companheirismo irrestrito de labuta ao marido José, seja nos trabalhos religiosos de fé e serviço na Igreja, onde era amiga e devotíssima de Nossa Senhora ou seja ainda no especial acompanhamento que dava à educação e formação dos seus filhos. Maria Souza, como era chamada foi uma criança feliz, muito amada, cercada da convivência com uma família imensa de tios (cerca de vinte) e primos (talvez 100) naquela cidade de Glória, pequena mas feliz, difícil mas fraterna, inocente mas projetada para um grande futuro.

A visão amorosa e responsável de Dª Ernestina, procurando bem encaminhar os filhos na cultura, direcionou-os à capital Aracaju, com intuito de estudarem, para onde vieram Guiomar e Maria. Leonardo foi para o Rio de Janeiro e Rivaldo para São Paulo em busca de melhores condições, onde se empregaram e cresceram família. Toda a família restante passaram a morar em Aracaju, na Av. Maranhão, número 268. Bucólicas lembranças daquele tempo da Aracaju-menina, nos idos da década de 50, também povoam a mente de Dª Maria. Sua professora Lourdes Barros, a paisagem com os bondes transportando pessoas, as edificações residenciais dos bairros Santo Antônio, Siqueira Campos e Centro, o aglomerado comercial do mercado de Aracaju, as casas comerciais e as figuras de destaque social daquela época.

1957 marca a ida de Maria para São Paulo, para em convivência com os irmãos, tentar a sorte na cidade-grande. Tudo deslumbrante, mas certamente desafiador e até temerário para aquela moça linda, meiga e muito esperta, do sertão de Sergipe. Lá, arranjou emprego numa empresa ainda hoje existente: o Frigorífico Wilson, marca que representava o que hoje equivale à Sadia ou Perdigão. Sua função: promotora de vendas em supermercados. Outro trabalho que exerceu, com maestria advinda do aprendizado com sua mãe Ernestina foi corte e costura. Chegou a montar um pequeno negócio em frente à fábrica dos Cadeados Papaiz, na Vila Prudente.

Aí conheceu um Uruguaio charmoso, galanteador e líder, que mudou a sua vida: Florêncio, chamado pelos amigos de “Pocho”. O casamento não tardou e com ele uma vida inesperadamente diferente. Momentos felizes existiram, mas muitos problemas também, sobretudo culturais, refletidos num comportamento de força bruta e machismo, típicos da formação dos homens dos pampas sulistas. Já os meios de vida de Florêncio se sustentavam em trabalhos informais, comércio de rua, empregos relâmpagos e oportunidades instantâneas. Nasceram os filhos queridos, Rubens e Leonardo na década de 60. Em 1966, foram tentar a sorte no Paraná, onde Florêncio adquiriu uma pousada e aprendera a trabalhar fazendo fotografias. Perdurou o casamento até 1968. Maria voltou para São Paulo, onde fez um pé-de-meia no trabalho de fotografias, visando retornar para Sergipe.

Aqui, criando os filhos como pai e mãe, deu-lhes casa, comida, educação e dignidade. Trabalhou diuturnamente no que seria o seu sustentáculo por alguns anos: a fotografia. Retratava em escolas, formaturas, festas, casamentos, posters infantis e fez o seu nome profissional nas décadas de 70 a 90. Prestou concurso para o INSS e tornou-se também telefonista naquele órgão federal. Conquistou pelo trabalho a posse da casa própria, carro e melhor segurança, enquanto seus filhos cresciam e se emancipavam, com a sua valiosa ajuda. Viu-os casarem e lhes doarem netos: Cláudio André, Ana Luiza e Flávia de Rubens com Rita e Glória e Beatriz de Leonardo com Rosalina. Mais recentemente, nasceu de Glória a sua primeira bisneta: Júlia.

Na década de 90, prestes a conquistar a sua aposentadoria no INSS, Dª Maria preocupou-se com esse “depois” e sempre com esse espírito empreendedor, pensou em uma nova atividade laborativa. Descobriu uma oportunidade comercial de explorar a venda de massas para pastel. Experimentou de forma muito incipiente fornecer o que ela desenvolveu junto aos colegas de trabalho e amigos bem próximos. Sucesso. Esse embrião, ainda sem nome, já era a MASSAS MAGO.

A história da Mago pode ser descrita num parágrafo. Mas o volume do seu desenvolvimento tem a medida de 20 anos. Surgiu dentro de casa, (ou fundo de quintal, como dizem) e foi transpondo os seus desafios de crescimento e sustentação dia a dia, mês a mês, ano a ano: primeira máquina (cilindro de padaria), primeiro ajudante, embalagem, vendedor, contador, freezer, veículo, empresa, novo local, marca, vendas em supermercados, informática, mais funcionários, cursos, mais maquinários, mais fornecedores, mais veículos, mais problemas, mais desafios, mais realizações, mais clientes, mais amor pela história…

Agora D. Maria gosta de multiplicar a sua plantação na casa que construiu na Barra dos Coqueiros, cultivando a terra.

Nesse ambiente passou a recordar-se de que aprendera a bordar com as tias Dona e Francelina em Nossa Senhora da Glória, quando menina. As mulheres naquele tempo faziam rendas e fiavam em rocas rústicas à mão e à máquina. Tudo o que aprendeu foi olhando como as pessoas faziam. Tornou-se artista plástica, produzindo e vendendo quadros bordados com motivos da sua paixão: o sertão. Dedica-se e coloca as mãos sobre os caminhos das linhas em tons de terra e coloridos harmoniosos. Cada obra segue a sequencia das costuras pessoais e coletivas, as quais bordam o nosso percurso identitário de nordestinos.

Já expôs em shopping, feiras e missões culturais… Agora faz ioga, ginástica e neuro-linguística durante a semana, sem deixar de ir ao chorinho musical nas sextas-feiras com as amigas… Também virou universitária na UFS (a mais idosa da turma, claro!), cursando História de Sergipe… Quer falar com ela? Se não puder de forma presencial, passe-lhe um WhatsApp ou uma mensagem para o seu Facebook!

Texto e imagem reproduzidos do site: mariagoes.com.br


Parque localizado em umas das praças mais importantes de Aracaju/SE., a Praça Olímpio Campos, que abrange também a nossa Catedral Arquidiocesana Nossa Senhora da Conceição. Inaugurado em 1928, o parque era um ponto de encontro animado que deixou boas recordações nos aracajuanos da época. (Fonte: mariagoes.com.br).

Obra da artista plástica Maria Góes (Tamanho: 58 cm x 45 cm.).
Imagem reproduzida do site: mariagoes.com.br
----------------------------------------------------------
Curtidas e comentários no link desse artigo, postado no
Facebook/Perfil Armando Maynard.