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domingo, 20 de março de 2022

Símbolo do Velho Chico, Canoa de Tolda Luzitânia é resgatada em AL

Publicado originalmente no site GAZETA DE ALAGOAS, em 18 de março de 2022

Símbolo do Velho Chico, Canoa de Tolda Luzitânia é resgatada em AL

Embarcação remanescente do Brasil Colônia estava parcialmente submersa após aumento da vazão do rio São Francisco

Por Imarlan Gabrile (estagiário)*

A canoa de tolda Luzitânia, embarcação símbolo do Rio São Francisco e Patrimônio Histórico Nacional, que submersa no rio em Pão de Açúcar, município de Alagoas, foi resgatada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nessa quarta-feira (16), durante uma operação que durou três dias. À Gazeta, o Iphan informou que a canoa chegaria ontem à marina, onde ficará preservada. Ela chegou por volta das 22 horas da quarta-feira (16) à cidade alagoana de Traipu, no Agreste do Estado.

A embarcação, que tinha sido colocada à venda para garantir sua conservação, estava parada em um banco de areia no município ribeirinho, mas, quando o nível do rio subiu, após a abertura das comportas da Hidrelétrica de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, ela acabou debaixo d’água.

De acordo com a superintendência do Iphan em Alagoas, que acompanhou toda a operação, aparentemente, a embarcação está em boas condições, mas será avaliada e, posteriormente, serão feitos os reparos necessários para sua restauração. “A canoa apresenta fissuras anteriores ao alagamento. Ela não afundou, foi inundada justamente por causas dessas aberturas”, explicou a superintendente do Iphan-AL, Melissa Mota.

A medida de recuperação da embarcação anunciada pelo Iphan veio mais de um mês depois da Justiça Federal de Sergipe determinar, no dia 21 de fevereiro, que o órgão é responsável pela última canoa de tolda conservada, original da época do Brasil Colônia.

“A remoção da canoa foi um sucesso e estamos muito satisfeitos com a conclusão da operação. Desde que fomos comunicados sobre o ocorrido, trabalhamos incessantemente para realizar todos os trâmites determinados pelo Poder Judiciário e cumprir com todos os requisitos exigidos pela Marinha do Brasil”, comemorou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Foi uma operação delicada, com muitas etapas e cada uma delas cumpridas com muita atenção. O resgate e reboque da canoa foram possíveis graças a uma ação emergencial aprovada pelo Iphan, por meio do governo federal, para liberação de recurso”, completou a presidente.

A Embarcação 

A Luzitânia é a última Canoa de Tolda original da época do Brasil Colônia que ainda estava preservada encalhada no Rio São Francisco, em Pão de Açúcar, no Alto Sertão de Alagoas. A canoa foi tombada em 2012 como patrimônio histórico nacional pelo Iphan.

Após um longo período de negociação para a compra da Luzitânia, ela passou por uma intensa reforma realizada por artesãos tradicionais da região. A canoa virou depois do aumento da vazão do Rio São Francisco, no dia 24 de janeiro, que alcançou 4.000 (m³/s), a maior alcançada no Velho Chico em 13 anos. A canoa de tolda é uma herança da colonização holandesa no Nordeste e tem esse nome por causa da cobertura em madeira na parte do convés. Ela é o símbolo do Rio São Francisco, assim como o Mandacaru é símbolo do Sertão. As canoas de tolda faziam o transporte de mercadorias na região do Alto e Baixo São Francisco no passado e se tornou de grande importância econômica para a região

* Sob supervisão da editoria de Cidades.

Texto e imagem reproduzidos do site: gazetadealagoas.com.br

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

IPHAN obrigado a resgatar a Canoa de Tolda do fundo do rio

Legenda da Foto: A Canoa de Tolda Luzitânia virou de lado e foi tomada pelas águas (Crédito da Foto: TV Gazeta) 

Legenda da Foto: A Luzitânia é uma canoa de tolda de 200 sacos 


Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 31 de janeiro de 2022 


IPHAN obrigado a resgatar a Canoa de Tolda do fundo do rio 


A Justiça Federal em Sergipe determinou, nesta segunda-feira (31), que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) assuma os cuidados com a embarcação Luzitânia, que se encontra submersa no Rio São Francisco, em Alagoas. Considerada patrimônio cultural, a embarcação se encontrada apoitada na Reserva do Mato da Onça, em Pão de Açúcar (AL). 


Em sua decisão, o juiz federal Edimilson da Silva Pimenta, considerou que a ONG Canoa de Tolda, responsável pela embarcação, não possui recursos para arcar com a remoção e recuperação do barco. Na representação feita à Justiça, Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, revelou que o IPHAN tinha ciência da situação de vulnerabilidade da embarcação desde o último dia 11, quando foi anunciado o aumento da vazão da Hidrelétrica de Xingó, entre Alagoas e Sergipe. 


O magistrado determinou que o IPHAN efetue, em caráter de urgência, através de pessoal qualificado e medidas seguras, a remoção da Canoa de Tolda Luzitânia do local em que se encontra para outro seguro, para que a mesma possa permanecer em total segurança para que ocorra processo de secagem até que ocorram as indispensáveis ações de conservação 


Limpeza e manutenção 


O Instituto também deve proceder a devida limpeza e manutenção da Canoa de Tolda Luzitânia e armazenar a embarcação e todo o seu equipamento e peças e componentes acessórios, em local apropriado para que possam ser adotadas as medidas de recuperação necessárias. Por fim, o magistrado determina a realização, por pessoal especializado e comprovadamente qualificado, a recuperação necessária da mesma para que possa voltar às condições de navegabilidade normais. 


a Luzitânia foi levada pra a Reserva do Mato da Onça em 2019, quando passou por uma completa reforma, feita pela ONG Sociedade Canoa de Tolda. Ressalte-se que só foi possível levar a Canoa de Tolda até a Reserva porque naquele ano a vazão do Velho Chico passou de 1.080 m³/s, para 1.400m³/s. Nesta terça-feira (25), a vazão do Rio São Francisco já é de 4.000 m³/s a partir da Usina Hidrelétrica de Xingó, em Canindé do São Francisco (SE). 


Embarcação tradicional 


A Luzitânia é embarcação tradicional, do tipo canoa de tolda, com capacidade de 200 sacos (cada saco corresponde ao padrão de peso de 60 kg). Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 2010, num processo que levou 10 anos, é das mais antigas ainda hoje navegando no Baixo São Francisco. Embora só tenha sido registrada na Agência Fluvial da Capitania dos Portos de Alagoas, em Penedo, na década de 70 do século passado, os registros orais de sua construção remontam aos anos 20.

 

Manter a canoa de tolda ativa, em perfeitas condições de navegabilidade, é o principal objetivo do Projeto Luzitânia, incluindo, naturalmente, a conservação, preservação e proteção da embarcação. Apesar de em 2019 ter passado por um processo inovador de técnicas de restauro e conservação, sobretudo para o casco e superestrutura (a tolda, convés), a canoa Luzitânia é constituída/equipada com elementos compostos por materiais tradicionais, que exigem permanente acompanhamento, recomposição e, ao fim de suas vidas úteis, substituição. 


Navegação rotineira 


Independente de outras iniciativas e/ou programas da entidade que utilizem a embarcação, a Canoa Luzitânia fazia navegação rotineira, na região do porto em que se encontra, para verificação do estado dos componentes, arejamento do velame, reativação da pintura de fundo e treinamento da tripulação (a navegação com a Luzitânia é uma técnica/arte complexa e exige tempo de formação). 


Texto, imagens e vídeo reproduzidos dos sites: destaquenoticias.com.br e youtube.com 

  

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Das canoas de toldas só ficaram as argolas no cais onde elas eram amarradas.


Publicado originalmente no site Click Sergipe, em 02/09/2016.

Das canoas de toldas só ficaram as argolas no cais onde elas eram amarradas.

Por Adeval Marques

Das canoas de toldas só ficaram as argolas no cais onde elas eram amarradas: memória, história e patrimônio histórico.

Quem passeia pelo quais de Propriá, se for um passeante atento e não se importar em dedicar um pouco de tempo, perceberá inúmeros detalhes que contam um pouco da História da cidade. Um deles nos faz lembrar a época em que as canoas de toldas aportavam em toda extensão da cidade pelo lado do rio trazendo e levando mercadorias e pessoas.

De uma ponta à outra o cais de Propriá tem diversas argolas em intervalos regulares que contam um pouco daquela História. São inúmeras argolas em ferro em grande diâmetro fincadas na parede de pedras que foram construídas em cao batido, misturado a água do São Francisco, areia e muito esforço humano.

A construção do cais tinha ideia de projeto sob várias óticas. Uma delas era a de embelezar a vista da cidade, funcionar como um muro de proteção nos tempos das grandes cheias do Opará e por fim dá uma certa magnitude ao porto onde ancoravam as balsas, lanchas de passageiros, pequenos navios de poucos calados e as belas e majestosas canoas de toldas na cidade mais importante do Baixo São Francisco.

Ao ser construído, o cais deu uma nova roupa à cidade, pois deixou de ser um porto de chão e areia batida, com pequena ladeira íngreme em toda sua extensão para em fim trazer uma qualidade de vida melhor ao que dele faziam uso diariamente. Em todo o Baixo São Francisco dizia-se: “Não há porto mais bonito no Baixo São Francisco do quê o da cidade de Propriá [..]”. Grande em extensão e belo em arquitetura.

Naqueles idos do começo do século 20, até os anos de 1960, Propriá tinha uma economia sólida. Eram fábricas, comércio pujante, prestadores de serviços em diversas áreas circulando na cidade, população crescente. Propriá era próspera. Um verdadeiro centro de referência em diversas áreas. Ela tinha pressa em crescer. Parecia que nada interromperia seu desenvolvimento. Era então, em meio a essa agitação, que o abastecimento da cidade precisava ser reposto a toda hora.

Através das canoas de toldas chegavam uma diversidade incrível de mercadorias de todas as partes. Eram tantas que o porto ficava lotado de canoas em toda sua extensão. Ao aportarem as cordas eram jogadas à terra e em seguida amarradas nas argolas do cais e os descarregadores cuidavam em agilizar, com rapidez, o trabalho de descarga porque haviam outras aguardando para serem descarregadas. Era um porto movimentado porque assim tinha que ser naquela cidade próspera da dobra do século 20. A grande maioria das mercadorias chegavam através da canoas de toldas. Era o caminhão da época.

Com o passar do tempo a economia de Propriá começou a dar sinais de enfraquecimento. Fábricas foram fechadas, comércio declinando, lojas mudando-se para outras cidades, movimento financeiro caindo... As previsões não eram boas e logo alguns proprietários de canoas de toldas começaram a migrar para outras áreas de comércio. Alguns tornaram-se comerciantes com pequenas vendas, outros em agricultores e assim, sem a movimentação e fluxo de mercadorias, as canoas de toldas foram vendidas, algumas se acabavam nos portos de outras cidades e até vendidas para o Médio São Francisco, Juazeiro e Petrolina, onde a economia dava indícios de crescimento. Lá elas tornavam-se grandes lanchas movidas a motor, como foi o caso da Sergipana, construída por Pedro Minervino.

Daquele tempo são poucas as lembranças do reinado das canoas de toldas e uma delas são as argolas fincadas no cais marcando um reinado que, embora tenha passado, ficou registrado no tempo, nas fotografias, na lembrança dos mais antigos, em poucos registros escritos e no cais da Princesinha do São Francisco como era então conhecida e chamada à cidade de Propriá. Deveriam ser tombadas como patrimônio público antes que sejam retiradas de seus locais. Elas contam a História local. São importantes e devem ser preservadas a todo custo. Tem valor histórico e cultural.

Hoje elas já não amarram as canoas de toldas e nem as outras embarcações que aportavam no cais. Hoje elas guardam a história e memória daqueles idos de prosperidade da cidade de Propriá.
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*Adeval Marques: graduado em História / Unit; membro do CCP (Centro de Cultura de Propriá); fundador dos sites Própria News e Revista Sergipe News.
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Fonte: Propriá News
Data Original: 01/09/2016.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Canoa de Tolda, um patrimônio cultural de Sergipe


Publicado originalmente no site Destaque Noticias, em 29/11/2015.

A Luzitânia é uma canoa de tolda de 200 sacos.

Canoa de Tolda, um patrimônio cultural de Sergipe.

Graças a Sociedade Sócio-Ambiental do Baixo São Francisco Canoa de Tolda, Sergipe preservou uma relíquia: a Canoa de Tolda Luzitânia, do município de Brejo Grande, transformada em Patrimônio Nacional Material em Sergipe. O honroso título foi conferido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Nacional (Iphan).

O processo de reconhecimento começou em 2008, quando a Sociedade Canoa de Tolda deu entrada do Projeto Luzitânia no Ministério da Cultura (MinC). A proposta defendia enquadrar a canoa nas ações de proteção, conservação e manutenção dentro da Lei Rouanet, para obter patrocínio. O patrocinador, através desta lei, teria descontos em sua declaração de imposto de renda. Ao se reunir para avaliar o projeto, o Conselho Nacional de Incentivo à Cultura, o CNIC exigiu, por parte do MinC, a documentação do tombamento.

A partir da exigência, foi solicitado ao Iphan que fossem tomadas as medidas necessárias, emitindo uma notificação. O projeto foi aprovado na CNIC e o patrocinador imediatamente encaminhou os recursos, possibilitando a manutenção da Luzitânia nos anos de 2009 e 2010, levando ao tombamento em 2010.

A Luzitânia é uma canoa de tolda de 200 sacos (cada saco corresponde ao padrão de peso de 60 kg).

O processo de reconstrução da “Luzitânia” contou com a participação de mestres ribeirinhos, como o falecido carpinteiro Nivaldo Sena, responsável pela recuperação da estrutura da canoa de tolda. Peças de ferragens foram trabalhadas, a ferro e fogo, pelo Mestre Lula, em Piaçabuçu, Alagoas, sendo as velas costuradas pelo mestre Aristides, em Penedo, também em Alagoas, dentre outros autores de peças para a embarcação, todas fabricadas de modo artesanal.

Paraíso das canoas de tolda

O Rio São Francisco já foi o paraíso das canoas de tolda, embarcações criadas no século XIX com influências indígenas e europeias. Aos poucos, elas foram se adaptando à região mais baixa do rio, no Nordeste, e até os anos 1950 ainda transportavam alimentos, combustível e diversos materiais, como tijolos. No entanto, com a abertura de rodovias e a menor vazão do rio, acabaram perdendo importância econômica e foram desaparecendo.

A última sobrevivente que ainda navegava em regime comercial, chamada Luzitânia, foi comprada em péssimo estado pela Sociedade Canoa de Tolda, que a restaurou e conseguiu seu tombamento pelo Iphan, em 2010. A Luzitânia é uma embarcação de 200 sacos (cada saco corresponde ao padrão de peso de 60 kg).

“As canoas e outras embarcações levavam várias riquezas do litoral para o interior e vice-versa, mas a memória desse período, com várias histórias, está se perdendo. Dizem que a Luzitânia foi construída na década de 1920. E canoeiros e moradores do povoado de Pão de Açúcar, em Alagoas, contam que nos anos 1930 ela foi usada até por Lampião, que ficou no Baixo São Francisco por um tempo”, diz Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, projetista naval e presidente da Sociedade Canoa de Tolda.

Segundo ele, o restauro da Luzitânia não foi nada fácil. Levou cerca de dez anos, em grande parte por falta de recursos. Hoje, além de cuidar da conservação da canoa mais antiga do Baixo São Francisco, a Sociedade Canoa de Tolda realiza diversas atividades, como visitas guiadas e exibições de filmes utilizando a estrutura da embarcação. Outra iniciativa interessante é a Rota das Canoas, que organiza passeios com duração média de cinco dias desde o litoral até o sertão do Baixo São Francisco, com hospedagem na casa de moradores da região.

Com texto de Cristina Romanelli do portal revistadehistória.com.br
Crédito - niltonsouza.com.br

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br