quarta-feira, 31 de julho de 2013

Infinita beleza: a luz do sol de Brejo Grande


Infinita beleza: a luz do sol de Brejo Grande/SE.

Caetano Veloso, sem querer, traduziu Brejo Grande:

“Luz do sol, que a folha traga e traduz
Em verde novo, em folha, em graça
Em vida, em força, em luz...

Céu azul, que venha até onde os pés tocam a terra, e a terra inspira e exala seus azuis...
Reza, reza o rio, córrego pro rio, rio pro mar...
Reza correnteza, roça a beira, a doura areia”.

Logo ali, a 137 quilômetros de Aracaju-SE, a beleza é tanta que “quase arromba a retina”, como disse a turista pernambucana Michelle Belo, inspirada na frase de Chico Buarque e nas cores do Rio São Francisco. Quando passa por Brejo Grande, o Velho Chico tem um gosto especial. Esse sabor pode ser o de um pôr do sol estonteante, de um passeio de barquinho ou Catamarã, ou de uma peixada à Maria Izabel no “Carapeba”. Às margens do Rio, o restaurante oferece ao turista uma excelente estrutura, uma boa gastronomia - dessas que a gente guarda na lembrança -, e ainda um deck particular, onde pode ser o ponto de partida para um passeio pelo Rio, passando pela sua foz e por algumas cidades ribeirinhas. O próprio estabelecimento dispõe de Catamarã particular, com 110 lugares. Os sortudos aventureiros fluviais gozarão de serviços de bordo, que acompanham a linha das delícias do Carapeba. Segundo seu proprietário, Paulo Tenório Neto, operadoras de turismo estão descobrindo as potencialidades da região e não deixam de levar turistas. Outra possibilidade, para quem quiser alternar o ponto de partida, pode ser a marina oficial, também com bar, restaurante e embarcações disponíveis para a navegação pelo rio.

Povo e cidade

Espalhado pela cidade, um povo simpático e hospitaleiro. Parando para conversar, o papo pode ser muito bom, pois as lembranças dos antigos moradores são fartas de cultura e festejos. Brejo Grande tem sua origem cultural muito rica: coco-de-roda, quadrilhas, pastoril, reisado, xangô, forró-pé-de-serra, maracatu, entre outras manifestações que a população tenta resgatar. No período de quaresma, principalmente na Sexta-feira da Paixão, a tradição pede a corrida dos judeus, a serra-velho, o batedor de matraca, a procissão dos homens, penitentes (homens que se cortam com navalhas dentro do cemitério à meia noite), além de muitas comidas típicas à base de coco.

No mês de fevereiro, o carnaval da “melação”, onde ninguém fica limpo, todo mundo suja todo mundo de alguma coisa, é uma diversão garantida. No mês de junho, uma das melhores épocas do ano para a região, comemora-se os festejos juninos com muito forró, cavalgada ao povoado Brejão, corrida de argola, apresentação de quadrilhas, ao sabor de comidas típicas: milho assado e cozido, pamonha, pipoca, canjica, arroz doce, mugunzá, pé-de-moleque e quentão. Uma das principais festas do município acontece em 8 dezembro, em virtude de sua santa padroeira, N. Senhora da Conceição.

A curiosa história de Brejo Grande

A história do município é bem curiosa. A região já foi uma ilha. Isso mesmo, o município já foi um dia terra rodeada de água por todos os lados. Os índios Tupinambás viviam na Ilha de Paraúna, doada a Antônio Cristóvão de Barros em 1590. Pertencendo inicialmente a Pernambuco, passou em 1812 para o governo da Bahia, e também devido à ação de José Alves Tojal, um homem local e influente que aterrou parte do canal do rio São Francisco, unindo a ilha à margem sul. Em 1826 tentou-se implantar aí a república, graças aos imigrantes pernambucanos que vieram para Brejo Grande. Em 1926 passou a se chamar São Francisco; em 1943, Parapitinga; voltou ao nome original em 1954.

A palavra Brejo Grande significa terras alagadiças, ou seja , embrejadas, devido ao cultivo de arroz que é uma relevante atividade econômica do município. No dia 2 de outubro de 1926, Brejo Grande ficou conhecida como cidade, sendo emancipada no dia 22 de outubro deste mesmo ano. No início, a cidade Brejo Grande só tinha 4 casas, que eram das famílias donas de terras e engenhos que trocavam açúcar por tecidos, roupas, louças, móveis, que vinham da Europa em navios, porque os meios de transportes utilizados pelos moradores eram barcos e navios pelo rio, além de burros e cavalos, por terra...

Foto e texto reproduzidos do site: noticiasaju.com.br

Altenesch e Wladimir Preiss

 Palácio Serigy: uma das grandes obras de Altenesch.

Casas da rua Estância: marca da arquitetura de Altenesch.

Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 12/11/2004

Altenesch e Wladimir Preiss
Por Luíz Antônio Barreto.

Mesmo tendo sido planejada nas pranchetas dos engenheiros militares, Aracaju não guardou simetria urbana com outras cidades brasileiras, nem mesmo com Terezina, construída 3 anos antes, em 1852, para ser capital da Província do Piauí.

Evidentemente, nem Terezina e nem Aracaju, ou mesmo Goiânia, seguiram à risca os planos iniciais de seus traçados. Aracaju, mais que as outras, incorporou diversas contribuições técnicas e parece ter a mais eclética das arquiteturas.

Vários engenheiros, mandados pelo Império ou contratados pela Província, realizaram obras por décadas seguidas, cumprindo o planejamento da cidade, notadamente no tocante aos prédios públicos – Palácio do Governo, Igreja Matriz, Palácio da Assembléia, repartições federais, como os Correios, os Telégrafos, a Alfândega, o Quartel do 28 BC, estaduais, como o Atheneu, a Biblioteca Pública, a Recebedoria, o Quartel da Polícia, dentre muitas outras. Parte de tais construções sofreu modificações radicais e nem deixaram vestígios de seus modelos arquitetônicos.

As intervenções mais profundas, modificando o Palácio do Governo, a Catedral, e construindo diversos edifícios públicos – o Mercado Modelo (Antonio Franco), o Palácio da Intendência, a Penitenciária Modelo, a Associação Comercial, o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, dentre outros, ocorreram nos governos de Pereira Lobo e Graccho Cardoso. Há, em tal período, a presença em Aracaju da chamada Missão Italiana, com número razoável de profissionais, cada um com seu papel, destacando-se Belando Belandi, Oreste Gatti, Hugo Bozzi, Cercelli, Gentile e outros, conciliados com os serviços de José Alcides Leite, doublé de armador e de marceneiro refinado.

A Missão Italiana deixou variadas marcas muito visíveis na paisagem urbana de Aracaju. E deixou, também, pinturas interessantes no interior do Palácio Olímpio Campos, e na Associação Comercial de Sergipe, atribuídas a Belandi, e na Catedral, inclusive o teto do altar principal, obra assinada por Oreste Gatti, que foi também o autor da pintura do teto do altar da Matriz de Estância. Os Gentile, que passaram a assinar Gentil, continuaram em Aracaju e criaram um estabelecimento de material de construção, produzindo mosaico, trotroá, ladrilhos em geral e outros adornos. Gatti viveu em Sergipe até a década de 40 (do século XX), morando na rua de Japaratuba, em Aracaju.

Na década de 30 – Século XX - Aracaju passou por uma nova intervenção em sua arquitetura e em sua paisagem. Algumas áreas, como o Parque Teófilo Dantas, que contou com a arte paisagística de Corinto Mendonça, inspirado nos jardins de Belém do Pará, foram novamente agenciadas. O prefeito Godofredo Diniz contratou os serviços de Wladimir Preiss, de São Paulo, para arborização e jardinagem da capital sergipana, projetando uma ação ordenada em todo o centro da cidade, e não apenas em lugares determinados. Afamado por servir na capital paulista, Wladimir Preiss foi recebido entusiasticamente pelo prefeito, gerando uma expectativa de embelezamento de Aracaju, como nunca havia sido pensado.

Na mesma época, estava aqui com seu escritório de trabalho à avenida Rio Branco, 14, o engenheiro alemão H. O. H. Arendt Von Altenesch, apresentando modelos de bangalôs e de outras casas de estilo europeu que eram o sonho de consumo dos ricos e da classe média sergipana. Fernando Porto, o mestre da geografia aracajuana, engenheiro pela Escola de Ouro Preto, fez severas críticas aos bangalôs de Altenesch, atribuindo um “mau gosto”, que pareceu contagiar os proprietários.

Altenesch fez enorme sucesso como engenheiro e construtor e assinou projetos que ainda hoje são marcas ecléticas da arquitetura de Aracaju, como o prédio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, na rua de Itabaianinha, o edifício Serigy, na praça General Valadão, construído no lugar da Cadeia Pública, a sede da Associação Atlética de Sergipe, a Cidade de Menores “Getúlio Vargas”, considerada a sua obra prima, além de dezenas de residências espalhadas pelas ruas de Estância, Pacatuba, Itabaiana, Maruim, Barão de Maruim, e outras.

Nascido em Haburgo, em 1900, Hermann Otto Wilhelm Arendt Von Altenesch deixou a Alemanha aos 18 anos, vindo para a América. No início dos anos 30 estava já em Aracaju, passando aqui uma década de trabalho, colaborando com o governo constitucional e com a Interventoria de Eronídes de Carvalho, e sendo identificado como o arquiteto do Estado Novo em Sergipe. Ao falecer, em Teresópolis, para onde foi em tratamento médico, aos 40 anos, em 20 de junho de 1940, Altenesch foi reverenciado pelos jornalistas do DEIP, como o homem que mudou a face da cidade com suas casas “modernas”.

O governo, em retribuição aos seus serviços, deu o nome de Altenesch à rua que levava à praça Getúlio Vargas (inaugurada em homenagem ao 1º aniversário do Estado Novo), e que por causa da II Guerra Mundial, passou a ser denominada de Duque de Caxias. O nome de Altenesch sumiu de circulação após a sua morte, mas suas casas continuam chamando a atenção, como intervenções singulares na paisagem da cidade.

Fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe / InfoNet".
Contato: institutotobiasbarreto@infonet.com.br.

Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

Seixas Dória, Um Gênio da Palavra.


Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 19/01/2012.

Seixas Dória, Um Gênio da Palavra.
Por Luíz Antônio Barreto.

(...) Nascido em fevereiro de 1917, em Propriá, fez formação em Direito e tornou-se, ainda jovem, um político. Sua força estava na palavra, com a qual iluminou o Brasil com suas orações patrióticas, dando consciência aos brasileiros para o que ocorria no País, após a II Guerra Mundial. O Brasil, que participou do campo de batalha, possuía muitas e variadas riquezas minerais, cobiçadas pelos Estados Unidos e por outros países aliados, segundo as denúncias que fez Seixas Dória, nos auditórios universitários, nas tribunas do Parlamento, nos artigos de jornais e nas entrevistas que mobilizaram a atenção dos brasileiros.

O início da carreira política, em Aracaju, foi como Secretário da Prefeitura. Depois vieram dois mandatos seguidos à Assembléia Legislativa, pela sigla da UDN, a mesma que o levaria, também duas vezes, à Câmara Federal. Maior que os estatutos estreitos do partido, Dória fez da UDN uma voz solidária, criando com outros parlamentares a Frente Parlamentar Nacionalista, que ampliou no Brasil o discurso denunciando manobras internacionais, formando uma opinião pública para cobrar do Governo ações de proteção e defesa da riqueza nacional. Pequeno de estatura, franzino, frágil, Seixas Dória agigantava-se na luta em favor do Brasil e do futuro dos brasileiros. Referência do nacionalismo, sem radicalizações, Dória integrou, com outros políticos, a “Bossa Nova da UDN”, conquistando simpatia da mídia e aplausos da população.

Em 1962, rompendo com Leandro Maciel e aliando-se ao PSD, PR, PSB e PTB de Aracaju, foi candidato a Governador do Estado de Sergipe, quebrando a espinha dorsal do seu antigo partido. Ele conquistou 67.514 votos, contra 58.825 dados a Leandro Maciel. No Governo, logo levou seu apoio ao Presidente João Goulart, em favor das Reformas de Base, que Jango queria realizá-las, para corrigir as deformações históricas que dominavam a vida brasileira. Sua voz foi ouvida no Brasil, ao lado do Presidente e de outros bravos companheiros, engajados na mesma ideia de promover amplas e profundas reformas, modernizando o País. Seixas Dória, que foi um dos oradores do célebre comício da Central do Brasil, no de Janeiro, mais uma vez mostrou sua voz afinada com a Nação, verbalizando com elegância e destemor o discurso das verdadeiras mudanças.

Com o movimento militar de 31 de março de 1964 foi preso, deposto e mandado para o presídio de Fernando de Noronha. Depois perdeu os Direitos Políticos. Teve, assim, sua voz silenciada. Mas não desistiu, voltou-se para registrar sua participação na vida brasileira, publicando, debaixo de censura, seu livro Eu réu sem crime. Mostrava ao Brasil que também era bom na escrita, completando sua genialidade de orador de massas, e de jornalista de crítica. Seu perfil intelectual justifica o fato de que, desde a década de 1940, pertence ao rol dos imortais da Academia Sergipana de Letras. Nas páginas do Correio de Aracaju, principalmente, estão muitos dos seus textos, que abonam o conceito que os sergipanos e os brasileiros construíram dele.

Por muitos e muitos anos o nome de Seixas Dória foi lembrado e exaltado. A crônica do passado deixou para os sergipanos de hoje a fama de alguns oradores, tidos como os mais brilhantes. Seixas Dória está entre eles, no mesmo panteão. Fausto Cardoso foi ouvido por plateias atentas, na Câmara Federal e nas ruas brasileiras. Homero de Oliveira, magistrado e poeta, foi considerado, nas primeiras décadas do século XX, como um sucessor de Fausto. Seixas Dória entra aí, nesta cronologia que avança até Marcelo Deda, aplaudido como tribuno que domina a cena na atualidade, contemporâneo, também parlamentar estadual e federal, também governador. João de Seixas Dória tem sobrevivido para ser aclamado pelas atuais gerações e portar a memória das gerações anteriores, que foram empolgadas pelos seus arroubos de orador. Vida longa de um gênio da palavra, jograu da nacionalidade brasileira, ocupante de um lugar na galeria dos grandes sergipanos. Muito do que sabe de e sobre Seixas Dória deve-se ao trabalho de organização arquivista de sua mulher, Dona Meire Dória, exemplo de solidariedade, em todos os momentos de vida do seu pequeno grande homem.

Foto: Foto: Márcio Dantas (ASN).
Reproduzida do site: unit.br

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

Quando da Comemoração dos 59 anos do Iate Clube de Aracaju




Publicado em 25 de agosto de 2012.
Quando da Comemoração dos 59 anos do Iate Clube de Aracaju.
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Iate Clube de Aracaju comemora 59 anos
Festa hoje promete resgatar passado de glória do espaço
Por Sílvio Oliveira

Cinquenta e nove anos de história e muito que lembrar e celebrar. Em 25 de agosto de 1953 nascia o Iate Clube de Aracaju (Icaju), cujo espaço foi construído para incrementar o esporte náutico em Sergipe, mas que por muito tempo proporcionou e proporciona o melhor do lazer e do encontro da sociedade sergipana.

As primeiras projeções aconteceram ainda na mente de 11 sergipanos, que juntos pensavam em construir um clube para fomentar os esportes náuticos à vela em Aracaju. Não demorou muito e o pensamento foi colocado em prática na assinatura da ata de fundação do Iate Clube de Aracaju (Icaju), ocorrida na sede do Clube Desportivo Sergipe e que teve como primeiro comodoro Alcebíades Vilas Boas.

“Foi escolhido o vermelho do Sergipe, o azul do Cotinguiba e o branco do Aracaju Clube do Remo, um clube do bairro Industrial”, lembra o atual comodoro, Fernando Sobral, ao lembrar das cores do Icaju (última foto à direita).

Para a construção da sede social, os 500 primeiros sócio-proprietários pagavam todos os meses uma quantia, e dessa arrecadação, em 1958, foi inaugurada a primeira sede social da Praia 13 de Julho.

Com cinco anos de criado, o Iate Clube de Aracaju reunia a nata da sociedade sergipana que comprava títulos de sócios. Os velejadores recebiam incentivos do próprio Iate, para participarem de competições. Com o incremento e compra de barcos, em poucos anos de fundado, o Icaju virou referência na prática dos esportes náuticos em competições nacionais e internacionais.

Em 1971, o então comodoro Murilo Dantas inaugurou o salão Tennyson Freire com o objetivo de realizar eventos para os sócios. O salão foi inaugurado com a participação de autoridades, políticos, empresários e muita pompa, no clima de reveillon desse mesmo ano.

Dois anos depois, inauguram-se as piscinas. O comodoro Ronaldo Calumby Barreto teve o privilégio de inaugurá-las e com isso, duplicar a quantidade de sócios, transformando o espaço na principal área de lazer das famílias aracajuanas mais abonadas financeiramente.

O comodoro Laonte da Silva Gama inaugurou, em 26 de abril de 1987, a sede náutica do Mosqueiro, uma iniciativa que veio beneficiar ainda mais o esporte à vela e os sócios proprietários de barcos.

Complementando as benfeitorias realizadas no Iate Clube, a administração Tarcísio José Carneiro Leão, assessorado pela diretoria de manutenção, fez funcionar novos espaços, a exemplo do restaurante Pier - com coordenação de João do Alho -, hoje funcionando o Bar do Bel.

Bailes, Havaí, forrós dos Namorados

Os bailes de carnaval no salão Thennyson Freire eram tradicionais e o forró dos namorados, à beira-rio, levavam para o clube até sergipanos que não tinham tradição de ir a festas, ou seja, era no Iate onde todo mundo se encontrava. No Baile do Havaí os “brotinhos” procuravam seus pares em paqueras no entorno da piscina e os bailes de reveillon eram disputados, tamanha a pompa do evento, que atraia os holofotes dos meios de comunicação.

Na boate Saveiros, os aracajuanos conheceram os ritmos alucinantes das pistas de dança. O novo espaço acompanhava o crescimento dos filhos dos sócios, mas não teve como competir com os novos espaços que eclodiam na noite aracajuana, a exemplo do Augustu’s.

Mudanças culturais e resgate

Com o advento dos novos espaços de lazer, da mudança urbanística, projetando a noite de Aracaju para a Zona Sul, com a retirado do status de ponto de encontro dos clubes para outros espaços, como os shoppings, e com a garotada passando de “broto” para “tiozão”, a mudança cultural foi sentida na quantidade e presença de sócios. A decadência dos Iates Clubes em todo o país também se espelhou em Sergipe.

“Aqui esteve em situação difícil, como hoje estão o Iate de Maceió. O de João pessoa, a Prefeitura tomou por falta de pagamento do IPTU. Aqui já esteve prestes a fechar suas portas”, lembra o comodoro Sobral.

As coisas foram mudando, a sociedade foi crescendo, os velhos carnavais do Iate Clube deram espaço aos carnavais das praias do Saco, do Abais, Pirambu e das grandes multidões em praça pública. Os prédios e condomínios fechados viraram verdadeiros clubes privados.

À luz dos olhos dos sócios, o Iate definhava e quase fecha suas portas, mas não aconteceu. Nas gestões atuais, o clube está sendo administrado como uma empresa e a saúde do Icaju começa a melhorar. E é nesse clima de resgate que a diretoria iateana deixou de pensar em somente ser em ser clube e colocar em prática a tese de clube-empresa, resgatando os velhos sócios, locando espaços disponíveis e melhorando as instalações físicas.

“O baile do Havaí parou em 1993 e retornou assim que assumi . Vem crescendo cada vez mais com fantasias, marchas, frevos, agradando muito os antigos sócios do clube. Estamos fazendo o aniversário do clube e o Forró dos Namorados. Vamos trabalhar para trazer o reveillon à beira-rio”, revelou Fernando Sobral .

Muita saúde para mais 59 anos

Atualmente são mais de 3 mil sócios, desses 1.117 pagando uma taxa de R$ 90 mensais. “Tem que ser trabalhado como clube-empresa. Se tem um espaço onde pode fazer locação, que faça. Nosso salão é o que dá mais receita. Alugamos para qualquer tipo de evento. O Iate Clube de Aracaju vai bem e não deve a ninguém. Temos condições de oferecer aos associados um clube com bastante saúde”, comemora Sobral.

O glamour tomará conta novamente do Icaju na noite deste sábado (25), quando completa 59 anos. Desta vez, com uma novidade: a inauguração do ar-condicionado central do salão nobre. Com um pensamento de um jovem de meia-idade, o Icaju está com saúde e vai bem. Com direito a usufruir das lembranças do passado, e com a experiência, respaldar um futuro baseado nas mudanças culturais e sociais do presente. Só assim terá bem mais caminho pela frente.

Fotos: Arquivo do clube.

Texto e imagens reproduzidos do site: f5news.com.br

Bairro Dezoito do Forte, em Aracaju



Bairro Dezoito do Forte, em Aracaju/SE.

18 do Forte se desenvolveu com doação de terrenos de associação beneficente

É um dos bairros mais antigos da Capital e abriga a Base Militar. 54 cidades de Sergipe têm população menor do que ele

Um bairro com muitas ladeiras e cheio de histórias para contar. Ele era chamado de Joaquim Távora. Mas, seis anos após o 28° Batalhão de Caçadores - 28° BC - do Exército Brasileiro ser transferido para o bairro, veio o novo nome: 18 do Forte. Uma homenagem aos 18 oficiais que resistiram na Base Militar de Copacabana, mas que foram alvejados durante a Primeira Revolução Tenentista, em 1922, no Rio de Janeiro. Até 1943, O 28° BC ocupava as instalações hoje desativadas do Hotel Pálace, à Praça General Valadão, no Centro de Aracaju.

Além do quartel do 28° BC, o bairro, que fica localizado na Zona Norte de Aracaju, abriga prédios antigos, como a Igreja de São Pio Décimo e o Hospital da Polícia Militar. Segundo dados do último censo, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE -, o 18 do Forte tem 22.251 moradores. Maior populacionalmente do que 54 municípios sergipanos.

Luiz Gomes Ribeiro, militar reformado, serviu o Exército e frequentou o 28° BC durante as décadas de 70 e 80. Hoje, aos 83 anos, recorda-se dos tempos em que via um bairro pouco habitado. "Aqui, era um campo aberto. Não tinha essas casas todas. Isso aqui era um terreno vago. Aí, começaram a construir os imóveis e depois veio a praça", lembra.

O militar reformado diz que é um orgulho morar próximo ao batalhão, local onde serviu à Pátria durante anos, e fala sobre a tranquilidade que é viver na localidade. "Hoje, todo mundo quer vir morar aqui. Tem o quartel e ele nos dá uma sensação de segurança maior", afirma.

DOAÇÃO

O aposentado Emanuel Dantas de Oliveira também é um morador antigo. Ele revela que logo nos primeiros anos em que foi viver no bairro, não havia água encanada e nem rede elétrica. "A população teve de protocolar vários pedidos na Prefeitura naquela época", informa.

Emanuel Dantas relata, ainda, que muitas casas foram construídas em terrenos doados pela Associação Aracajuana de Beneficência, que administra o Hospital Santa Izabel, vizinho ao bairro, no Santo Antônio. "A associação doou os terrenos para funcionários antigos do hospital", acrescenta.

Segundo o administrador do Setor Patrimonial da Associação Aracajuana de Beneficência, Jurandy Góis, o terreno doado é um legado da Fazenda Nacional. Ele foi adquirido em 1915, através de Decreto Nacional, sancionado pelo então presidente da República Wenceslau Braz.

O terreno compreende cinco Bairros: Santo Antônio, Cidade Nova, Palestina, Industrial, além do 18 do Forte. O objetivo era que pessoas que foram infectadas durante uma epidemia de tifo e tuberculose, na época, fossem tratadas. Aos poucos, os terrenos - antes matas - foram se tornando habitados. Ainda de acordo com o administrador, a associação passou a liberar os lotes - não como afirma o senhor Luiz, para funcionários antigos -, mas para a comunidade como um todo.

Décadas depois, muita diferença. Há muitas casas, prédios e condomínios. O bairro cresceu. José Clodoaldo de Rezende, aposentado, mora em um condomínio próximo ao 28° BC. Ele diz que quando foi para a região, vários prédios já estavam erguidos.

"Quando eu vim morar aqui, o 18 do Forte já estava bastante habitado. O que mudou é que pavimentaram algumas ruas", diz. O aposentado destaca que o bairro, distante cerca de 5km do Centro da Capital, tem algumas qualidades. "Com todos os cuidados, é um bom lugar de se morar. Além disso, em dez minutos a pé, a gente chega ao Centro. É uma vantagem!".

Cinform - Dados: IBGE 2010.

Fotos e texto reproduzidos do site:
cinform.com.br/historiadosbairros

Luiz Antônio recebe homenagem no Palácio Museu Olímpio Campos

Foto: Egicyane Lisboa Farias

Aracaju, 24 de Julho de 2013

Luiz Antônio Barreto recebe homenagem no Palácio Museu Olímpio Campos.

Palestra ocorreu na tarde desta terça-feira, 23, na sala Multieventos do Palácio Museu Olímpio Campos e contou com a presença de pesquisadores, estudantes, professores e intelectuais

A vida e a obra do historiador, jornalista e pesquisador Luiz Antônio Barreto foi apresentada e discutida em uma mesa-redonda por amigos e familiares. A palestra aconteceu na tarde desta terça-feira, 23, na sala Multieventos do Palácio Museu Olímpio Campos (Pmoc) e contou com a presença de pesquisadores, estudantes, professores e intelectuais.

A mesa-redonda foi composta pelo intelectual Jackson da Silva Lima, pelo diretor-presidente da Segrase, Jorge Carvalho e pela viúva do homenageado, Raylane Navarro que na abertura da solenidade apresentou um monólogo sobre Luiz Antônio Barreto, com a participação dos convidados presentes. A homenagem contou ainda com a exposição ‘Um Olhar Sobre a Vida e Obra do Intelectual Luiz Antônio Barreto', com mostra de livros, textos e fotos deste personagem histórico.

Para a coordenadora de educação e pesquisa do Pmoc, Eliana Borges, esta homenagem é para apresentar ao povo sergipano um ícone da literatura e sua trajetória de vida, cumprindo assim a função do Palácio Museu Olímpio Campos que é servir de espaço para fins pedagógicos e culturais. No encerramento do evento ocorreu uma apresentação do grupo teatral ‘Louvor Sertanejo' e da dupla ‘Melão e Melado' da cidade de Lagarto, terra natal de Luiz Antônio Barreto, emocionando familiares e todos os presentes.

Segundo Lucas Barreto, filho do homenageado, proferir palavras sobre a trajetória do seu pai e transmitir a emoção que sente é difícil. Mas elogiou a iniciativa do Palácio Museu Olímpio Campos por apresentar um pouco da história de um homem que ele considera símbolo da cultura e riqueza sergipana. "Que o Palácio continue com outras produções como esta, porque homenagear um homem como meu pai é permitir que pessoas conheçam a riqueza cultural do nosso povo eternizada em seus versos. Acho esta homenagem justa, digna e mais do que merecida", disse emocionado.

Trajetória e atividades

"Luiz Antônio Barreto é símbolo de sergipanidade. Ele deixou gravado para sempre em seus livros, crônicas, debates, pontos de vista um pouco do nosso Estado. É um homem sábio, inteligente, culto e acima de tudo amante e contribuinte da literatura e da nossa cultura", assim, o reitor da Universidade Federal de Sergipe, Angelo Roberto Antoniolli que se fez presente na ostentação definiu o escritor.

Na literatura, Barreto deixou marcas expressivas e escreveu diversos livros, mas também se destacou em outras áreas em que atuou. Em sua longa trajetória dentre outros cargos, Luiz Antônio também foi chefe da Assessoria Cultural da Secretaria da Educação e Cultura de Sergipe e depois secretário, foi superintendente de documentação da Fundação Joaquim Nabuco nos anos de 1987 a 1989 em Recife, Pernambuco. Assumiu por vários anos a diretoria da fundação cultural Augusto Franco, exerceu o papel de assessor da Presidência da Confederação Nacional da Indústria, diretor do Instituto Tobias Barreto e chegou a ocupar também cargos em Portugal, onde foi diretor do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira.

E sua trajetória é marcada também com participação e presidência na Academia Sergipana de Letras, ocupante da cadeira nº 28, nos biênios 1981 a 1983 e de 1983 a 1985, era ainda membro e orador do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, conselheiro dos Conselhos Estadual e Municipal de Cultura do estado e membro da União Brasileira de Escritores (UBE) - Secção de Pernambuco.

"Luiz Antônio Barreto ao longo da sua vida, tão bem reavivada e apresentada hoje neste evento por seus amigos, mostra o quanto ele foi um homem honrado e que fez muito em prol da história e da cultura de Sergipe. Todas as homenagens são sempre bem-vindas e fico feliz por ter sido companheira de um homem brilhante e que será sempre eterno na história cultural do nosso Estado, do país e do mundo", disse a esposa Raylane Navarro.

Biografia do homenageado

Nascido na cidade de Lagarto, no dia 10 de fevereiro de 1944, filho de João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto, o jornalista, historiador e sociólogo Luiz Antônio Barreto estudou Direito em Aracaju e no Rio de Janeiro, onde também cursou a Escola Nacional de Música. Atuou nas áreas de educação, cultura, história, comunicação, literatura e folclore, exercendo assim, diversos cargos em instituições públicas e privadas, cuja dedicação lhe valeu uma bela contribuição intelectual.

Contribuições museológicas

Na área museal, contribuiu efetivamente para a montagem de todas as Casas de Memória de Sergipe, destacando-se na implantação do Palácio Museu Olímpio Campos, Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, Memorial do Judiciário e do Museu da Gente Sergipana.

O intelectual

Luiz Antônio Barreto ocupou vários cargos públicos, divulgou Sergipe em nível internacional e recebeu diversas homenagens. E segundo Jacskon Silva Lima, um dos palestrantes, "este grande escritor tornou-se um personagem exponencial na cena social, educativa e cultural do nosso Estado. E pensar Sergipe foi sempre à tarefa diurna de Barreto, esta foi sua missão primordial enquanto vivente".

Texto e imagem reproduzidos do site: agencia.se.gov.br

terça-feira, 30 de julho de 2013

Cinema na Rua - Município de Poço Redondo


Publicação do Portal Infonet, em 12/07/2013.

Lançamento do 'Aos Ventos que Virão'.
Noite mágica com lançamento de filme patrocinado pelo Governo

11 de julho de 2013, data marcada por um reencontro especial no sertão sergipano. Cerca de três anos após o término das gravações de 'Aos Ventos que Virão' em Poço Redondo, o diretor Hermano Penna voltou à cidade com parte da equipe para exibir o filme aos moradores da cidade, especialmente aos que se envolveram com mais intensidade na produção.

Para dona Geovanete de Souza, uma das dez costureiras que trabalharam pesado no figurino, a experiência foi inesquecível. “Costuro desde os meus 15 anos, hoje estou com 73 e nunca fiquei tão ansiosa como estou hoje, para ver as roupas que ajudei a produzir na tela do cinema”, contou Geovanete.

Já Raimundo Eliete, de 69 anos, diz que a sensação é de nostalgia, pois o lançamento faz lembrar a época maravilhosa em que Poço Redondo viveu dias de Hollywood, como ele mesmo define. “Mudou a rotina da cidade, fez bem à auto-estima do nosso povo e eu só tenho a agradecer por ter tido a oportunidade de participar de um filme de tamanha qualidade como esse”, afirmou.

Mas a emoção não predominou apenas entre a população que lotou a praça de eventos do município durante a exibição do filme. O ator Rui Ricardo Diaz não escondeu o prazer em estar de volta à cidade. “Lançamos o filme no Recife e em Aracaju, mas a estréia em Poço Redondo é especial”, revelou Rui. “Estamos mesmo muito emocionados”, completou o diretor Hermano Penna.

'Aos Ventos que Virão' foi um filme patrocinado pelo Governo de Sergipe, através do Banese e do Fundo de Patrocínio. O uso de mão-de-obra sergipana na produção foi uma exigência da gestão do governador Marcelo Déda antes de assegurar o apoio financeiro, como lembra a secretária de Estado da Cultura, Eloisa Galdino, que conduziu essas negociações.

"Presenciar essa praça lotada de gente para prestigiar a estréia do filme e ver pessoas da cidade tão ansiosas para ver seus trabalhos ou seus amigos em cena me encheu ainda mais de orgulho desse projeto que iniciamos no início da gestão do governador Marcelo Déda e do vice Jackson Barreto", disse Eloísa.

A secretária aproveitou para destacar o patrocínio do Banese ao filme, que foi fundamental para que as gravações ocorressem com grande participação de artistas e técnicos sergipanos. “Com o apoio do Banese a produções como essas, e as ações da Secult para a área do audiovisual, como nossos editais de estímulo, Sergipe tem virado coisa de cinema”, finalizou Eloísa.

Sobre o filme

O filme narra a história de Zé Olímpio (Rui Ricardo Diaz), um jovem cangaceiro que, após o bando de Lampião ser dizimado, precisa fugir para São Paulo. Tempos depois, ele resolve retornar ao Nordeste e logo se torna político. É quando descobre a corrupção e a injustiça, ao ver um juiz impedir que seus eleitores possam votar. Revoltado, ele passa a ter atitudes agressivas como protesto.

O lançamento do filme em Poço Redondo contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Poço Redondo e da Secretaria de Estado da Comunicação (Secom). O prefeito da cidade, Roberto Araújo, também prestigiou o lançamento.

Fonte: Secult

Foto: Marco Vieira.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Palácio do Veraneio, Avenida Beira Mar, Farolândia, Aracaju

Palácio de Veraneio na Atalaia Velha, em Aracaju/SE.

O Palácio do Veraneio está localizado próximo à Orla da Atalaia, um dos principais cartões postais da cidade. O casarão foi idealizado pelo arquiteto alemão Altanech, que se estabeleceu em Aracaju e construiu diversas casas, mudando a face da cidade. O Palácio de Veraneio é um marco da obra de Altanech.

Foto reproduzida do site: casacivil.se.gov.br

Palácio do Veraneio, Avenida Beira Mar, Farolândia, Aracaju

Palácio do Veraneio, Aracaju/SE.

O Palácio do Veraneio está localizado próximo à Orla da Atalaia, um dos principais cartões postais da cidade. O casarão foi idealizado pelo arquiteto alemão Altanech, que se estabeleceu em Aracaju e construiu diversas casas, mudando a face da cidade. O Palácio de Veraneio é um marco da obra de Altanech.

Foto reproduzida do site: casacivil.se.gov.br

Palácio Governador Augusto Franco, Av. Adélia Franco, Aracaju

Palácio Governador Augusto Franco.

Esse prédio foi construído pela PREVHAB, que era a Previdência dos funcionários do extinto BNH (Banco Nacional da Habitação) e foi inaugurado em março de 1985. Com a extinção do BNH em 21 de novembro de 1986 e a sua incorporação à Caixa Econômica Federal, passou a funcionar neste prédio a administração da Caixa, funcionando inclusive no térreo, onde hoje se encontra o Cerimonial, um Posto de Atendimento Bancário (PAB Distrito Industrial). A Caixa ocupou este imóvel até o ano de 1995 quando, no primeiro ano do primeiro governo de Albano Franco, o Estado alugou a PREVHAB. Em 2008, o Governo desapropriou o imóvel, cessando a locação existente até então. Hoje, funcionam neste prédio, além do Gabinete do Governador e do Vice, a Secretaria de Estado da Casa Civil, e parte da Secretaria de Comunicação Social. É também conhecido como “Palácio dos Despachos”.

Foto e texto reproduzidos do site: casacivil.se.gov.br

Detalhe da sacada frontal do Palácio Museu Olímpio Campos, em Aracaju

Detalhe da sacada frontal do Palácio Museu Olímpio Campos,
Praça Fausto Cardoso, em Aracaju/SE.

O Palácio-Museu Olímpio Campos é um dos mais importantes patrimônios de Sergipe. Foi inaugurado em 1863 e tombado por decreto estadual em 1985, onde funcionou como sede do governo estadual até 1995, quando as tarefas de governo foram transferidas para o Palácio dos Despachos, na avenida Adélia Franco. A arquitetura do prédio é predominantemente neoclássica, mas pode ser definida como eclética. Na década de 20, o governador Pereira Lobo contratou uma equipe de artistas italianos residentes na Bahia para construir o acervo artístico encontrado atualmente no Palácio.

Foto e texto reproduzidos do site: casacivil.se.gov.br

quarta-feira, 24 de julho de 2013

IPHAN Assume área de Estação Ferroviária em Aracaju.



Publicado no Jornal do Dia, em 26/11/2012

IPHAN Assume área de Estação Ferroviária em Aracaju.

Cândida Oliveira
candidaoliveira@jornaldodiase.com.br

Em 1913 chegou a Sergipe o trem. O objetivo era que o Estado fizesse parte do plano de prolongamento do ramal de Timbó (atual cidade de Esplanada, na Bahia), na linha que ligaria a Estação de São Francisco em Alagoinhas (BA) a Sergipe.
De lá pra cá, muita coisa mudou, o trem deixou de fazer o transporte de passageiros, agora apenas trabalha com cargas, surgiram os ônibus, carros e motocicletas.

Com as mudanças, a linha férrea que era administrada pela Companhia Chemins de Fer Federaux du L'Est Brésilien foi transferida de mãos e em 1935 quem assumiu a administração foi a V.F.F. Leste Brasileiro, e em 1975 a Rede Ferroviária Federal S. A. Em 1996, mais uma vez, muda de direção e quem assume o comando é a Companhia Ferrovia Centro Atlântico, que até hoje administra a linha em Sergipe e em outros Estados, a exemplo de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, entre outros.

Em Aracaju a antiga Estação de Trem estava localizada próxima ao antigo cais do porto, na rua da Frente, nas imediações do mercado municipal. O trem chegava à estação pela antiga avenida Artur Bernardes, atual avenida Coelho e Campos, onde na década de 70, ainda era possível ver os trilhos que restaram. Na década de 50 uma nova e moderna Estação foi inaugurada na praça dos Expedicionários, no bairro Siqueira Campos, junto às oficinas da Rede Ferroviária Federal. Com a mudança o itinerário foi mudado, chegando o trem pela avenida Rio de Janeiro (atual avenida Augusto Franco) e seguindo pela avenida São Paulo e vice-versa. Até hoje é possível ver os trilhos nesses locais.

O prédio da estação também pode ser visto, está em ruinas, as locomotivas empilhadas e corroídas pela ação do tempo. Tudo está desativado. Os trilhos perderam sua legitima função. Serviam ao desenvolvimento social e econômico do estado.

Segundo o diretor do sindicato dos Ferroviários, Jurandir Almeida Lima, o funcionamento da linha em Sergipe é esporádico e por conta do pouco uso, poucos são os funcionários no Estado, apenas 26. "No passado, a rede ferroviária empregava 800 pessoas, hoje quase nada", relembra ele. Mas o sonho de quem já viu os trens chegando e partindo é a revitalização do pátio, e quem sabe até fazendo novamente o transporte de passageiros, já que em tempos de sustentabilidade ambiental, o trem é menos poluente.

Transformação - O transporte de passageiros ainda pode demorar a acontecer, mas o pátio ferroviário deve passar por transformações em breve. Segundo o coordenador de Patrimônio Ferroviário, José Cavalcanti, a Ferrovia Centro Atlântica já formalizou a cessão do prédio da estação ferroviária em Aracaju para que se torne sede regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Os 26 funcionários da Ferrovia Centro Atlântica que trabalham perto da sede vão mudar para um prédio vizinho, que será restaurado para esta finalidade. Ainda de acordo com José Cavalcanti o pátio possui uma parte operacional e outra não operacional. Com a lei 11.483 que extinguiu a Rede Ferroviária Federal S.A., os imóveis não operacionais passaram para a Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento e a área operacional foi destinada ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que permite a subutilização da concessionária FCA.

Para acontecer a restauração do espaço, um caminho ainda deve ser trilhado, pois parcerias precisam ser formalizadas. O objetivo da revitalização é a construção da Casa do Patrimônio, onde funcionará o Iphan e o Centro Nacional de Arqueologia subaquática. É o conceito de cidade da cultura, onde os parceiros ocupam os espaços. Um grande projeto de reestruturação orçado em R$ 5 milhões. Toda a estação, seis galpões, o antigo local para manutenção dos trens, a caixa d'água devem passar pela reforma, mas não existe data para começar a obra.

"Lá estarão os funcionários do Instituto, além do local se tornar mais um ponto turístico do Estado", relata José Cavalcanti. Ao lado da linha férrea também há imóveis em péssimo estado de conservação, que devem ser revitalizados.

Sobre a possibilidade da utilização da linha férrea no transporte de passageiros, Cavalcanti diz que o potencial existe, mas o objetivo da ação do Iphan não é esse. "Vemos potencial de ligação entre Aracaju e São Cristovão, mas sobre esse assunto só instigamos o debate".

Foto e texto reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br

Jackson da Silva Lima, um escritor e sua obra

 Foto reproduzida do Facebook/Linha do Tempo/Antônio Samarone.

Jackson da Silva Lima, um escritor e sua obra
Por Luiz Antônio Barreto.

Desde que ingressou no magistério, no Ateneu, ainda nos anos de 1960, logo depois de bacharelar-se em Direito, na turma de 1963, que Jackson da Silva Lima, sergipano de Aquidabã, chamou a atenção dos seus alunos, apresentando-os a Tobias Barreto. Tobias Barreto é mais que um nome, é uma legenda, daquelas que somente os grandes povos são capazes de produzir. Ele está na base da formação cultural brasileira, como um poeta de sotaque afinado com o seu tempo, como crítico apontando caminhos novos, como filósofo pensando a cultura. Passar de Tobias Barreto para a literatura sergipana, foi um salto exigente, de pesquisa e de contato com autores e obras que estavam, desconhecidos, nas páginas dos jornais velhos, mas Jackson da Silva Lima fez a travessia e tornou-se o maior inventariante da literatura e da cultura de Sergipe.
Em 1967 reunia e publicava Esparsos e Inéditos de José Sampaio, rendendo homenagens ao poeta dos humildes, iniciando uma série de antologias, contemplando vários autores, como Artur Fortes, Fausto Cardoso, Pedro de Calasans, José Maria Gomes de Souza, José Jorge de Siqueira Filho, sem perder de vista Tobias Barreto, a quem dedicou o volume de Esparsos & Inéditos e de quem organizou as duas novas edições de Dias e Noites e o volume de Estudos de Direito III, das Obras Completas do pensador sergipano, organizadas em 1989/90. José Sampaio e Santo Souza foram, sempre, duas de suas preferências, como um gesto inarredável de fidelidade, que representa o senso crítico apurado, na melhor exegese das obras dos dois poetas.

Pesquisador de campo, gravou milhares de horas de artistas e de grupos populares, formando um acervo que é o maior de todos no Brasil, dedicado ao folclore e à cultura popular. Preparou 8 volumes dedicados ao Folclore, mas só publicou 1, dedicado ao Romanceiro, livro conhecido no mundo culto, pelo número e variedade das versões colhidas por Jackson da Silva Lima em Aracaju e no interior. Com seu livro de romances ouvidos em Sergipe, o pesquisador levou sua terra e sua gente a figurar nos mais seletos estudos acadêmicos, nos Estados Unidos, na Itália, na Espanha, na França, em Portugal, no México, na Escócia, em outras partes do mundo.

Jackson da Silva Lima também preparou 8 volumes de uma monumental História da Literatura Sergipana, publicando apenas 2, um dedicado ao período colonial, outro estudando o Romantismo. Não será preciso lamentar a falta de uma editora local, um mercado de arte e de cultura, a ausência de estímulos, patrocínio, apoio, ajuda que seja, dos poderes públicos. A casa de Jackson da Silva Lima, duplicada para guardar seus papéis, fotos, fitas, filmes, e outras coisas mais, está abarrotada. Nos últimos anos ele grava, com equipamento próprio, que aprendeu a manejar, CDs com as vozes de poetas sergipanos, violeiros, emboladores de coco, cantadeiras de romances, contadores de estórias, um imenso repertório que é parte da sua vida de 70 anos, completados no dia 26 de novembro de 2007. Ultimamente, ele trabalha com documentos dos séculos XVI, XVII e XVIII, sobre Sergipe e organiza um grande dicionário de sergipanos, de todos os tempos.

Além de experimentar a linguagem poética, Jackson da Silva Lima tem livros de ficção, nos quais renova a linguagem literária sergipana. O Cão na Moita, O Monobelo são exemplares demonstrações do domínio que o autor tem dos textos, personagens, reinventando a realidade, que é o grande papel da literatura. Isto não é tudo. No Mecanismo lingüístico das empulhações, Jackson da Silva Lima revisita uma das linguagens mais comuns do populário, de destreza mental, vivacidade, duplo sentido, tratando-a com o rigor que a ciência recomenda aos críticos. E muito mais fez, dando a Sergipe uma eloqüente lição de cidadania cultural, que o torna credor do justo reconhecimento por parte dos sergipanos e dos seus representantes, nas diversas esferas do Poder.

Jackson da Silva Lima foi funcionário dos Correios e Telégrafos, da Justiça Federal, onde exerceu a chefia da Secretaria, aliando as suas responsabilidades funcionais com o trabalho de pesquisador, historiador e crítico, o que adorna ainda mais a sua biografia septuagenária. Vive, portanto, entre nós um dos grandes de Sergipe, inexcedível naquilo que faz, há mais de quarenta anos, em nome e para a glória da sua terra e do seu povo.

Artigo reproduzido do site: clientes.infonet.com.br/serigysite

Amaral Cavalcante

Foto reproduzida do Facebook/Linha do Tempo/Antônio Samarone.

Foto: Portal Infonet

Publicado no Blog Luíz A. Barreto/Infonet, em 04/12/2009.

Amaral Cavalcanti
Começava a década de 1970, que por tantos fatos tristes pareceu um nódulo sobre a cultura, tempos de milagres...
Por Luiz Antônio Barreto.

Começava a década de 1970, que por tantos fatos tristes pareceu um nódulo sobre a cultura, tempos de milagres, mas também de torturas, de grandes obras como a Transamazônica, mas também de mortes por motivos ideológicos, quando Amaral Cavalcante publicou (1971) o Instante Amarelo, poesia doce para uma atmosfera amarga de péssimas lembranças. A surpresa apresentada pelo novo poeta, logo acolhida pela crítica mais autorizada, sacudia a literatura sergipana. Desde então, o nome de Amaral Cavalcante jamais deixou de circular nos ambientes intelectuais de Sergipe.

Múltiplo no seu fazer letrado, Amaral Cavalcante responde por uma geração de novos escribas, cada um com seu estilo e sua competência para escrever, que fez da Folha da Praia um alternativo como ele próprio, já incorporado à história da imprensa sergipana. As entrevistas das páginas centrais do jornal, sempre bem costuradas pelo seleto grupo dos entrevistadores – Carlos Cauê, Diógenes Brayner, Luciano Correia, dentre outros - alguns colaboradores e convidados, no traço da escolha das figuras que têm alguma coisa a dizer. As colunas e seus responsáveis dão coesão ao jornal, tornando-o uma folha livre, para fazer um jornalismo autônomo e autêntico, diferenciado do jornalismo “histórico” que desde 1832 tem cara de diário oficial.

No seu livro Instante Amarelo o poeta anota o sentimento de perda do pai, em versos encantadores, como estes:

                  “No mais alto beiral da minha casa
                   plantaste a sombra de uma angústia.

                   Jurei jamais cantar-te o breve instante
                   e a sempre incerteza do teu passo
                   não seria compasso em meus poemas

                   Jurei emudecer como uma árvore
                   que no silêncio tece a sombra e o fruto
                   mesmo depois que lhe podaram os ramos.

                   Estes versos ruidosos
                   irrompem da aridez do meu silêncio
                   como se a flor da angústia soterrada
                   ainda sobre os escombros germinasse
                   com a cor e o perfume do meu grito.

                   Cravada no meu corpo
                   sua ausência pende-me dos ombros
                   e toda juventude do meu passo
                   esmorece ante a solidão da caminhada.”

Amaral Cavalcante faz lembrar Wilson Rio Apa, descendente do sergipano Barão do Rio Apa, líder da juventude no Paraná e principalmente numa praia de Santa Catarina, onde o teatro e a poesia foram servidos como gêneros de primeira necessidade. Entre nós, a praia foi a dos Artistas, na Atalaia, ainda hoje desarrumada de urbanismo, espécie de prima pobre da orla encantadora que fascina as pessoas. Mas nela, Amaral Cavalcante reinou soberano, estimulando talentos, atraindo com seu anzol de crítico, os mais novos que tinham na ponta da caneta bic, ou nas máquinas datilográficas, um texto para enriquecer a pobre literatura dos jornais. A Folha da Praia é uma espécie de Suplemento permanente. E assim foi e assim tem sido.

Agente cultural,  integrou equipes de Governo no município de Aracaju e no Estado de Sergipe e por onde passou deixou uma marca que não pode, por nenhuma hipótese, ser apagada. É certo que a memória vai e volta na cabeça das pessoas, mas o nome e a militância de Amaral Cavalcante não passa, não esmaece, não perde o valor que tem. Suas crônicas, hoje postadas na rede mundial de computadores, em portais sergipanos, atestam a linguagem de um escritor maduro, consciente da sua responsabilidade como condutor de um grande número de seguidores. Amaral Cavalcante é, ainda, um memorialista a seu modo, capaz de cascavilhar no passado não apenas fatos, mas detalhes deles, com os quais elabora textos antológicos.


Candidato a uma vaga na Academia Sergipana de Letras, a que pertenceu a Maria Thetis Nunes, Amaral Cavalcante bate à porta do sodalício, para levar sua contribuição e ser, por todos os méritos, recebido com honras, para que se faça justiça ao seu exemplo de criador, de líder e de militante da causa da cultura. Amaral Cavalcante pertence a um grupo grande de pessoas ocupadas, ao longo da vida, com o fazer cultural, que devem transitar pelas entidades sob os aplausos públicos. Jackson da Silva Lima, Ibarê Dantas, Beatriz Góis, Paulo Fernando teles, Terezinha Oliva, Luiz Alberto Santos, Antonio Carlos Mangueira Viana, Francisco J.C. Dantas, Murilo Mellins, Francisco José Alves, Antonio Samarone, Marcelo Deda, José Paulino da Silva, Maria Neli Santos, Lílian Wanderley, e mais outros que possam ser acrescentados, são nomes que engrandecem qualquer instituição de cultura neste Estado.

Artigo reproduzido do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

O exercício da ingratidão.


Publicado no blog forum-artesvisuais-sergipe, em 30 de abril de 2013.

O exercício da ingratidão.
Por Antônio da Cruz.

Tradicionalmente a arte tem sido vítima da ignorância, agora também sofre com a violência explícita, pública e notória. Se a indgnação não se manifestar, o horror da brutalidade nos transformará em silenciosos e coniventes covardes.

A nota que circula na internet é: “-A produção do Caju na Rua vem informar que na madrugada desta sexta - feira, o caju do artista Edidelson que estava localizado no final da passarela do Caranguejo na Orla da Atalaia foi vandalizado. Populare...

Não costumo escrever artigos na primeira pessoa, porém, sendo eu também uma vítima e testemunha de outros casos escabrosos semelhantes a este, sinto-me impelido a narrar na primeira pessoa, protestar e me imaginar nas peles de Edidelson Silva e de Fábio Sampaio. Assim, esta minha atitude não se enquadra simplesmente no caso de “comprar a briga dos outros”. Na década de setenta, quando eu trabalhava no SENAI como professor e pintava por hobby, a bibliotecária não me deu sossego até eu lhe doar uma tela com um tema bem pitoresco. Cerca de três meses depois, um colega, o Izaias que, por amizade foi a sua casa fazer um pequeno conserto elétrico, percebeu que a tela estava largada junto às vassouras, atrás da porta do quintal. Décadas depois, já no ano 2010, outro amigo, Gilson Ramos me informava que, o seu irmão encontrou no lixo a citada tela em perfeito estado. No mínimo, tinha ele achado ali dois mil reais, que seria o preço da tela no mercado de arte local. Enquanto estive como diretor na GAAS - Galeria de Arte Álvaro Santos, entre os inícios de 2001 e 2005, chegaram até lá dois casos de obras de artistas, já consagrados, Adauto Machado e Leonardo Alencar, que foram parar nos monturos. Quem as achou - um deles, por acaso também artista plástico, o gaúcho Eduardo Fabião, ao alugar uma casa no centro - ao mesmo tempo em que ficaram tristes diante da ignorância dos perdulários, faturaram. Após deixar a GAAS recebi um telefonema de uma senhora que solicitava o meu aval. Seria uma espécie de parecer artístico para justificar perante órgãos como o IPHAN, a retirada de um painel de Leonardo Alencar da Igreja de São José. Claro que declinei de tal poder. Ainda que o tivesse de fato, propositadamente não o faria. O motivo, eu soube depois, era o fato de ser um painel de características bem contemporâneas e os católicos queriam uma obra no estilo neoclassicista. Ainda tem gente que só considera arte a Greco-romana. Também em pleno século vinte e um, uma escultura em aço inoxidável com mais de dois metros e meio de altura, que eu repassei para um semanário num escambo, resultado de serviço prestado pelo dito, foi parar num ferro velho por ter sofrido uma avaria perfeitamente sanável. Fosse eu fazer aquela escultura hoje, somente os custos ficariam em quatro mil reais. Nestes episódios se nota claramente a ingratidão enquanto contrapartida, dada à indiferença ou ignorância, quando deveria haver o reconhecimento das habilidades e do desprendimento dos artistas além do valor dos seus feitos.

Agora, no caso do Caju de Edidelson, da primeira edição do projeto Caju na Rua, criado por Fábio Sampaio, fica claro que não se tratou da mera ignorância, mas, de violência intimidadora; a conhecida brutalidade física como um ato simbólico; um ritual de feições macabras a mandar um recado: o caju teve apartada a sua castanha como se decepa uma cabeça humana do corpo. Neste contexto, o ingrediente mais animador dos bárbaros contemporâneos de Aracaju parece ter sido o reacionarismo estúpido vindos de doutrinação odiosa. Deixaram sinais de que foi pensada e posta em prática uma ação para destruir um ícone, que representava uma entidade, filosofia, ideologia ou uma pessoa. Se esta leitura que eu faço deste episódio estiver errada, de outra forma, só cabe dizer que, quem o fez exercitou a ingratidão. Munido da ignorância qualquer indivíduo está preparado para exercitar plenamente a empáfia, o preconceito, a intolerância e a ingratidão. Enquanto nós artistas nos esmeramos em construir obras de arte para realçar a cara da cidade, compor a sua identidade artística e sociocultural há quem a destrua de diversas formas. Caso a população esqueça a reciprocidade, fique indiferente e vá se habituando a gestos insanos com estes, a ingratidão, esta vilania até entre os indivíduos mais íntimos, terá se generalizado como uma praga.

Fotos e texto reproduzidos do blog:

forum-artesvisuais-sergipe.blogspot.com.br

Eurico Luiz dos Santos




Eurico Luiz dos Santos 
Por Mário Britto

Eurico Luiz dos Santos, pintor, escultor, cenógrafo e professor de pintura
Assinava Eurico Luiz

Nascimento: 20 de novembro de 1936, em Araçatuba/SP
Falecimento: 09 de dezembro de 2004, em Aracaju/SE

Paulista de nascimento, costumava dizer que era “baiano pelo coração e sergipano por adoção”. De origem humilde, foi alfabetizado em casa, pela mãe, mas aos seis anos de idade já falava corretamente o francês. Depois de se formar na Escola de Belas Artes, na Universidade Federal da Bahia, veio para Sergipe onde morou por mais de trinta anos, tendo como fiéis companheiros de morada, os seus muitos gatos.

Em Sergipe, construiu uma carreira sólida. Detalhista, crítico, inquieto e polêmico pela própria natureza, vivia em permanente estado de criação, pintava, desenhava, esculpia, criava cenários para espetáculos, realizava decoração para ambientes particulares e públicos. Como esmerado artífice, foi responsável por uma das restaurações do Palácio-Museu Olímpio Campos.

Em sua rica e diversificada iconografia, incluem-se temas como: paisagens remanescentes da mata atlântica, feiras, cenas nordestinas, casarios com telhados em relevo, igrejas, retratos, naturezas-mortas, madonas e imagens sacras.

Em 1964, criou uma de suas marcas icônicas: os Cabeças-Chatas, crianças desnutridas que denunciavam a miséria das periferias onde viviam. Já os “cajus”, outra referência marcante em sua iconografia, datam de sua chegada a Aracaju.

Eurico Luiz foi presidente da Associação dos Artistas Plásticos Sergipanos e fundador da Galeria de Arte e Ateliê Livre Eurico Luiz/Galeu, na década de 70. Participou ativamente das manifestações culturais da década de 80, fazendo cenários para espetáculos e decorações públicas. Na década de 90, recebeu o título de cidadão sergipano da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, outorga que muito o orgulhava. Foi presença marcante nos Festivais de Arte de São Cristóvão.

Em sua trajetória profissional, participou de diversas exposições, festivais e encontros culturais, expôs, individualmente, na Galeria Portal em São Paulo; na Galeria Macunaíma, no Rio de Janeiro; na Galeria Bazarte, em Salvador-BA, e na Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju-SE. Com igual brilho, expôs nos Estados Unidos: na Pensilvânia, em Nova Iorque e em Los Angeles, como também no Salão de Artistas Baianos, em Madri.

Realizou uma quantidade considerável de obras públicas e painéis, hoje espalhados pela cidade de Aracaju-SE, a exemplo do obelisco, em forma de caju, na ponte da Coroa do Meio; os painéis do Gonzagão, no bairro Augusto Franco; os murais do Parque dos Cajueiros. A sua obra mais representativa encontra-se no praça do iate Clube, em Aracaju/SE, ela é formada pelo boto, em homenagem ao legendário Zé peixe; pelo brasão de Aracaju e a pela imensa Arara ladeada por grandes cajus amarelos e vermelhos.

Mestre na utilização da técnica mista, usava cores fortes e exuberantes. Eurico se eternizou nos muitos monumentos feitos para Aracaju, suas obras, pioneiras intervenções urbanas, tornaram-se símbolos da cidade e referência turística. É quase impossível visitar Aracaju e não se deparar com uma delas.

Fotos e texto reproduzidos do site: pge.se.gov.br/index.php/cultural