Joubert Moraes
Por Mário Britto.
Nascimento: 13 de dezembro de 1947, em Propriá/SE.
Nascido no seio de uma família de artistas: o pai, poeta e
escritor; a mãe, cantora e bordadeira, ambos apaixonados por música e
literatura, não demorou para Joubert despertar-se para o universo artístico.
Aos treze anos, já começava a esboçar os primeiros desenhos. Sua irmã Gêlda
Maria era pintora e, desistindo do ofício, deu ao irmão mais novo todo o seu
material de trabalho.
Na adolescência, já imerso no meio das artes, Joubert começava
a tomar conhecimento e gosto pela pintura. Tinha o hábito de visitar Galerias
de Arte, comparecia a todas as exposições e frequentava, assiduamente, os
ateliês dos mestres J. Inácio e Florival Santos.
Mais tarde, no final dos anos sessenta, impulsionado pelas
mudanças dessa pujante e revolucionária década e em busca de aperfeiçoamento
técnico, Joubert foi morar em Salvador/BA, onde fez o curso livre de arte,
oferecido pela tradicional Escola de Belas Artes. Lá estudou com o renomado
desenhista Juarez Paraíso, por quem tem uma grande admiração e confessa ter
sido o artista que mais o influenciou.
Nessa mesma época, em Salvador, faz as primeiras excursões
pela abstração, conhece o pintor russo Lev Smarscheviski e compartilha
conhecimentos com os artistas Aleixo Belov, Luiz Jasmim, Tatty Moreno, Fernando
Coelho.
De volta a Aracaju, em 1968, Joubert realiza a sua primeira
exposição individual na Galeria de Arte Álvaro Santos. Foram trinta obras, com
diversos temas, dentre eles marinhas, casarios, alagados, abstratos e
figurativos.
Em meados dos anos 70, Joubert dirigiu o espetáculo teatral
“Vôos Mitos Coloridos” dando início a mais um viés de seu talento artístico – a
arte performance. Em 1975, realiza na Igreja do Solar do Unhão uma marcante
exposição prestigiada pelos artistas e pela a elite da sociedade baiana.
Registra, ainda, como momento de muita emoção em sua carreira, a pintura da
Igreja matriz da cidade de São Francisco do Conde/BA.
O Festival de Artes de São Cristóvão - FASC - uma
idealização da Universidade Federal de Sergipe, também foi palco para Joubert
revelar o seu talento. Em 1976, por ocasião da quinta edição, ele revolucionou
o importante encontro cultural expondo em uma igreja abandonada. Participaram
dessa inusitada e inovadora exposição, denominada “Circo Mágico”, fotógrafos,
músicos, poetas e dançarinos.
Nos anos oitenta, Joubert realiza, em Salvador/BA, outra
exitosa Mostra no antigo Hotel Meridien, hoje Pestana. Nos idos de 1990, expõe
em Aracaju, Salvador e Porto Alegre. Atualmente, Joubert participa,
regularmente, de exposições individuais e/ou coletivas em diversas cidades
brasileiras.
Artista premiado, recebeu o Prêmio Horácio Hora de Artes
Plásticas. Em dezembro de 1984, ganhou o Prêmio J. Inácio, do Salão Nuarte,
concedido pela Secretaria de Estado da Educação e Cultura, com uma escultura em
parafina rósea denominada "Cor Nua". Em 2006, Joubert realiza, sob
encomenda, a monumental obra “Holoformas”, entregando-a, em dezembro do mesmo
ano, à Galeria de Arte AMA, em Aracaju/SE.
As obras de Joubert estão espalhadas pelo Brasil e em vários
países do mundo, como EUA, Peru, França, Portugal, Espanha, Senegal etc. Elas
povoam residências, órgãos públicos, instituições privadas, prédios, museus,
escolas, escritórios, mas, sobretudo, estão na memória e no coração do povo
sergipano.
Para Joubert, o importante na obra não é a forma, a técnica
ou a aparência visual final do trabalho, o que vale para o artista é a ideia, o
conceito, o que ele quer dizer. E, como poucos, seja com um pincel, com os
dedos ou com um lápis, com tintas ou notas musicais, ele sabe expressar-se -
diz sabendo o que quer dizer -, porque transcende para a arte que faz toda a
emoção que o domina.
Para o artista, o que importa é se expressar livremente, sem
amarras ou regras. Arte e liberdade são partes de um mesmo todo, uma se
alimenta da outra. É como o pavio, da cera; o pássaro, do canto; a boemia, da
noite. Em quaisquer de suas formas de expressão, Joubert as faz com paixão e
muita dedicação.
Vanguardista, Joubert está e, sempre esteve, à frente do seu
tempo. Sua opulenta obra é individualizada, possui estilo próprio que o
denuncia ao primeiro olhar. Ainda que preencha a bidimensionalidade da tela,
Joubert sempre reserva ao observador um espaço extra para que ele se transponha
para a obra, interaja com a arte e, de pronto, estabeleça um franco diálogo com
ela, dando, afinal, à pintura um senso de tridimensionalidade.
Pessoas reais ou fictícias, camufladas entre nebulosas
nuvens e esvoaçantes coqueiros; paisagens surrealistas, lembranças da suave
brisa que sopra os coqueiros da Praia da Atalaia e as alvas dunas do Abaís e
autorretratos, numa figuração metafísica, caracterizam a sua inconfundível arte
pictórica.
Joubert tem uma relação completa e visceral com a arte, que
a realiza com apurado gosto e aptidão. Toca violão com a mão direita, pinta com
a esquerda, e, com ambas, faz as esculturas.
Assim, em razão da vocação variada para a arte, Joubert tem
uma carreira rica e diversificada: pintura, desenho, escultura, música,
cenografia, poesia, produção e direção de espetáculos e shows são, apenas,
punhados da sua arte e partes de seu multifacetado talento.
Fotos e texto reproduzidos do site:
pge.se.gov.br/index.php/cultural
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