Florival Santos
Por Mário Britto
Nascimento: 16 de outubro de 1907, Propriá/SE
Falecimento: 26 de setembro de 1999, Aracaju/SE
Autodidata, ainda criança já revelava aptidão artística. Em
1927, com 20 anos, muda-se para Aracaju em busca de melhores condições, e, dois
anos mais tarde, morou no Rio de Janeiro para seguir carreira militar.
Florival, assim como o irmão mais novo, o artista Álvaro
Santos, nasceu às margens do Rio São Francisco, o que o levou, na juventude, a
ser um exímio nadador.
Em grande parte de suas obras encontramos remanescências das
memórias do “velho chico” com as suas canoas de proa com velas coloridas, os
plantadores de arroz, os pescadores puxando redes de arrasto, os catadores de
conchas, de siris e de massunins.
Em sua diversificada iconografia, retratou com muita
precisão a fome dos retirantes, a dor dos flagelados e a miséria dos
ribeirinhos que moram nas palafitas. Mesmo em um cenário de extrema pobreza, a
sua obra se apresenta rica graças ao seu talento e a sua apurada técnica.
Sua obra “Retirantes” pertence ao acervo do Vaticano
(Itália). Além desta, possui trabalhos em diversas instituições públicas, como
o Museu de Histórico de Sergipe, na cidade São Cristóvão, o Instituto Histórico
e Geográfico de Sergipe, o Instituto Dom Luciano Duarte, Tribunal de Justiça do
Estado de Sergipe, Prefeitura Municipal de Aracaju, além de outros órgãos do
Estado.
Pintou a tímida Aracaju da década de trinta, a antiga ponte
da Atalaia, a praia Formosa, a rua da Frente, Carro Quebrado. Como acadêmico,
imortalizou a sua obra retratando políticos e autoridades sergipanas, cujo
acervo encontra-se no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, e, em uma
linguagem mais modernista, fez marinhas inspiradas em Propriá e a série Xangô,
fases que merecem destaque em sua iconografia.
A sua casa, onde também exercia o seu ofício, era ponto de
encontro dos amantes das artes, bem como dos consagrados artistas com os jovens
aspirantes. Costumava trocar correspondências com Jordão de Oliveira e recebia
Jenner Augusto sempre que ele seguia para Aracaju.
Realizou diversas exposições, ocorrendo a primeira
individual em 1933, na Associação Comercial de Sergipe. Na década de 60, expôs
individualmente no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Salvador e em Brasília. De
forma unânime, ganhou o concurso para a escolha do brasão de Aracaju, em 1955,
por ocasião do centenário da cidade. Em 1966, assumiu o primeiro mandato de
Diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju/SE.
Pelo conjunto de sua obra, recebeu diversas homenagens, a
exemplo da “Medalha de Honra ao Mérito Inácio Joaquim Barbosa”, da Prefeitura
de Aracaju. A Universidade Federal de Sergipe também o laureou dando o seu nome
à galeria de arte do Centro de Cultura e Arte – Cultarte.
Fotos e texto reproduzidos do site:
pge.se.gov.br/index.php/cultural
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