Lindolfo Amaral.
Publicado por Sergipe Cultural, em 14/09/2012.
Lindolfo Amaral fala sobre novo espetáculo e trajetória do
Imbuaça.
Lindolfo conta um pouco da trajetória de um dos grupos de
teatro de rua mais tradicionais do país
O mais antigo grupo de teatro de rua do Brasil, o Imbuaça,
irá presentear os sergipanos com apresentações surpresas do seu novo espetáculo
‘A Farsa dos Opostos’. A partir desse sábado, dia 15 de setembro, serão
realizadas nove apresentações em locais diferentes da cidade, que servirão como
uma prévia da grande estréia do novo trabalho do grupo, que ocorrerá no dia 15
de outubro, durante a Mostra Sesc de Teatro.
Em agosto, o Imbuaça completou 35 anos de história e ao
longo desse tempo vem acumulando grandes conquistas. Só em 2011, o grupo
realizou 87 apresentações levando a cultura popular e o teatro de rua para os
quatro cantos do país.
Reforçando a importância do Imbuaça no contexto nacional, no
último final de semana, o grupo seguiu para Brasília onde representou a região
nordeste no Festival Brasileiro de Teatro (FBT) – A Cena na Rua, com o
espetáculo ‘O Mundo Tá Virado, Tá no Vai ou não Vai. Uma Banda Pendurada, a
Outra em Breve Cai’.
O Imbuaça conta com treze integrantes, sendo dez atores e
três técnicos. Mas apenas um deles acompanha a trupe desde 1977, o ator
Lindolfo Amaral. Ele é um verdadeiro documento vivo sobre a história do grupo.
Para falar sobre o novo projeto e sobre a trajetória da trupe ao longo de mais
de três décadas de teatro, o Sergipe Cultural conversou com o ator. A
entrevista completa você confere abaixo.
Sergipe Cultural – Qual a diferença entre fazer teatro na
rua e no palco?
Lindolfo Amaral – Teatro de rua é sempre muito difícil.
Primeiro, porque você não está num ambiente com ar-condicionado, você pega
chuva, pega sol. Segundo, nós ficamos expostos a todo tipo de influencia, não
temos uma caixa de proteção. Ali pode entrar um bêbado, uma pessoa agressiva,
um animal. O palco nos dá certa segurança.
Sergipe Cultural - Como era fazer teatro de rua há 35 anos e
como é hoje em dia?
Lindolfo Amaral – Quando começamos a fazer teatro de rua
eram pouquíssimas as experiências que nós conhecíamos no Brasil. O Imbuaça é o
mais antigo grupo de teatro de rua do país, o único com 35 anos de experiência
continua. Hoje você encontra diversos grupos de teatro de rua pelo país. Só em
São Paulo, por exemplo, são mais de 50 grupos de teatro de rua. Isso para nós é
muito gratificante. É como se tivéssemos multiplicado essa ideia.
Sergipe Cultural - Como você avalia o teatro de rua hoje no
Brasil?
Lindolfo Amaral – O teatro de rua vem crescendo muito e
conquistando espaços em diversos eventos. O teatro de rua, ou as artes de rua,
como queiram chamar, vem crescendo muito até mesmo no campo político. Hoje você
tem um edital na Funarte dedicado às artes de rua. Essa é uma conquista
recente, de cinco anos para cá. Isso aconteceu porque a própria Funarte
percebeu a necessidade de ampliar o seu leque de atuação e, claro, que teve
também uma exigência dos grupos.
Sergipe Cultural - Como o Imbuaça faz para agregar novos
atores ao longo do tempo?
Lindolfo Amaral – Eles estão sendo agregados a partir das
oficinas que são realizadas pelo grupo. Atualmente nós temos duas turmas, uma à
tarde e uma à noite. E, ao todo, atendemos 42 jovens entre 15 e 18 anos. Não
cobramos nada para esses alunos e a única exigência que fazemos é que eles
frequentem regularmente a escola. Vários atores do grupo hoje são frutos das
nossas oficinas. As aulas ocorrem na sede do Imbuaça e é um projeto que já dura
10 anos.
Sergipe Cultural - Qual o tema deste novo espetáculo do
grupo?
Lindolfo Amaral - O espetáculo ‘A Farsa dos Opostos’ trata
da luta de um artista popular para sobreviver das suas atividades artísticas.
Ele é um poeta popular, um cordelista, que vai vender o seu folheto na feira e
se depara com uma série de situações. Iremos mostrar a luta pela sobrevivência
através da arte.
Sergipe Cultural - Quanto tempo o grupo levou para montar
esse novo trabalho?
Lindolfo Amaral - Esse espetáculo foi montado inicialmente
em 1992, tivemos a perda de dois grandes atores da companhia, e há dez anos que
deixamos de montá-lo. Nós passamos sete meses trabalhando na remontagem, que
começou em janeiro, e concluímos no dia 2 de agosto. Esse trabalho só foi
viabilizado graças ao edital ‘Artes de Rua’ da Funarte.
Sergipe Cultural - Como foi a receptividade do público
durante o Festival Brasileiro de Teatro?
Lindolfo Amaral - Melhor impossível. Apesar de termos nos
apresentado em condições muito desfavoráveis, pois o índice de umidade estava
abaixo de 20% e a temperatura estava muito alta, o que dificulta a apresentação
na rua, nas duas apresentações o público não saiu da roda e assistiu ao
espetáculo inteiro. Para nós do Imbuaça foi comovente ver aquele público no
sol, com sombrinha, com chapéu, prestigiando nosso trabalho. Foi difícil, mas
foi muito gratificante.
Sergipe Cultural - Qual a importância de participar de
eventos como esse fora do estado?
Lindolfo Amaral - Para nós é muito importante. Primeiro, por
estar representando o Nordeste e Sergipe. Segundo, por causa da troca de
experiência com grupos de fora e da possibilidade de vislumbrar novas
perspectivas para o teatro. Além disso, participar do FBT foi muito bom porque
lá nós encontramos um dos grandes mestres do teatro de rua, o Amir Haddad, que
foi o homenageado do festival. Em 2011, nós fizemos 87 apresentações pelo país,
sendo 71 dentro do Palco Giratório do Sesc. Isso é muito rico para nós.
Texto: Carla Sousa, da Ascom/Secult)
Fotos: Denisson Alves.
A grande serpente' também foi um espetáculo muito
bem aceito
pelo público (Foto: Fabiana Costa/Secult).
Espetáculo 'O Mundo tá virado' fez grande
sucesso durante o
II FEST (Foto: Fabiana Costa/Secult).
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