Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 19/01/2012.
Seixas Dória, Um Gênio da Palavra.
Por Luíz Antônio Barreto.
(...) Nascido em fevereiro de 1917, em Propriá, fez formação
em Direito e tornou-se, ainda jovem, um político. Sua força estava na palavra,
com a qual iluminou o Brasil com suas orações patrióticas, dando consciência
aos brasileiros para o que ocorria no País, após a II Guerra Mundial. O Brasil,
que participou do campo de batalha, possuía muitas e variadas riquezas
minerais, cobiçadas pelos Estados Unidos e por outros países aliados, segundo
as denúncias que fez Seixas Dória, nos auditórios universitários, nas tribunas
do Parlamento, nos artigos de jornais e nas entrevistas que mobilizaram a
atenção dos brasileiros.
O início da carreira política, em Aracaju, foi como
Secretário da Prefeitura. Depois vieram dois mandatos seguidos à Assembléia
Legislativa, pela sigla da UDN, a mesma que o levaria, também duas vezes, à
Câmara Federal. Maior que os estatutos estreitos do partido, Dória fez da UDN
uma voz solidária, criando com outros parlamentares a Frente Parlamentar
Nacionalista, que ampliou no Brasil o discurso denunciando manobras
internacionais, formando uma opinião pública para cobrar do Governo ações de
proteção e defesa da riqueza nacional. Pequeno de estatura, franzino, frágil,
Seixas Dória agigantava-se na luta em favor do Brasil e do futuro dos
brasileiros. Referência do nacionalismo, sem radicalizações, Dória integrou,
com outros políticos, a “Bossa Nova da UDN”, conquistando simpatia da mídia e
aplausos da população.
Em 1962, rompendo com Leandro Maciel e aliando-se ao PSD,
PR, PSB e PTB de Aracaju, foi candidato a Governador do Estado de Sergipe,
quebrando a espinha dorsal do seu antigo partido. Ele conquistou 67.514 votos,
contra 58.825 dados a Leandro Maciel. No Governo, logo levou seu apoio ao Presidente
João Goulart, em favor das Reformas de Base, que Jango queria realizá-las, para
corrigir as deformações históricas que dominavam a vida brasileira. Sua voz foi
ouvida no Brasil, ao lado do Presidente e de outros bravos companheiros,
engajados na mesma ideia de promover amplas e profundas reformas, modernizando
o País. Seixas Dória, que foi um dos oradores do célebre comício da Central do
Brasil, no de Janeiro, mais uma vez mostrou sua voz afinada com a Nação,
verbalizando com elegância e destemor o discurso das verdadeiras mudanças.
Com o movimento militar de 31 de março de 1964 foi preso,
deposto e mandado para o presídio de Fernando de Noronha. Depois perdeu os
Direitos Políticos. Teve, assim, sua voz silenciada. Mas não desistiu,
voltou-se para registrar sua participação na vida brasileira, publicando,
debaixo de censura, seu livro Eu réu sem crime. Mostrava ao Brasil que também
era bom na escrita, completando sua genialidade de orador de massas, e de
jornalista de crítica. Seu perfil intelectual justifica o fato de que, desde a
década de 1940, pertence ao rol dos imortais da Academia Sergipana de Letras.
Nas páginas do Correio de Aracaju, principalmente, estão muitos dos seus
textos, que abonam o conceito que os sergipanos e os brasileiros construíram
dele.
Por muitos e muitos anos o nome de Seixas Dória foi lembrado
e exaltado. A crônica do passado deixou para os sergipanos de hoje a fama de
alguns oradores, tidos como os mais brilhantes. Seixas Dória está entre eles,
no mesmo panteão. Fausto Cardoso foi ouvido por plateias atentas, na Câmara
Federal e nas ruas brasileiras. Homero de Oliveira, magistrado e poeta, foi
considerado, nas primeiras décadas do século XX, como um sucessor de Fausto.
Seixas Dória entra aí, nesta cronologia que avança até Marcelo Deda, aplaudido
como tribuno que domina a cena na atualidade, contemporâneo, também parlamentar
estadual e federal, também governador. João de Seixas Dória tem sobrevivido
para ser aclamado pelas atuais gerações e portar a memória das gerações
anteriores, que foram empolgadas pelos seus arroubos de orador. Vida longa de
um gênio da palavra, jograu da nacionalidade brasileira, ocupante de um lugar
na galeria dos grandes sergipanos. Muito do que sabe de e sobre Seixas Dória
deve-se ao trabalho de organização arquivista de sua mulher, Dona Meire Dória,
exemplo de solidariedade, em todos os momentos de vida do seu pequeno grande
homem.
Foto: Foto: Márcio Dantas (ASN).
Reproduzida do site: unit.br
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto
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