quinta-feira, 18 de julho de 2013

Leonardo Alencar




Leonardo Alencar
Por Mário Britto

Como consigna em suas obras, vem de "fontes" de águas raras e valorosas. Natural de Estância/SE, nasceu no dia sete de abril de 1940. Filho do casal formado pelo poeta Clodoaldo de Alencar e por D. Eurydice Fontes de Alencar, cujos filhos, entre eles, o mestre Leonardo, dignificam o Estado de Sergipe, por sua expertise em diversas áreas do saber, da cultura e do conhecimento.

Sua estreia no universo das artes plásticas ocorreu em uma exposição coletiva no Palácio Olímpio Campos, em Aracaju, em 1959, e ,depois, realizou outras várias, individualmente, em Aracaju (1960, 1963, 1965, 1982, 1983, 1985, 1987, 1991, 1994, 1996, 1997, 1998, 2001, 2002, 2003 e 2004); em Salvador (1960, 1962, 1964, 1965, 1967, 1974, 1978, 1985, 1986, 1990, 1994 e 2000); e, diante de tantas outras, no Rio de Janeiro (1961, 1964, 1969 e 1987); no Panamá (1966); em Londres (1971); em Paris (1971); em Liverpool (1972); em Brasília (1984 e 1993); em Recife (1987); em Curitiba (1989); em Rhode Island (1995); em Boston (1996) e em São Paulo (2000). Participou, ainda, de inúmeras coletivas dentro e fora do Brasil. Nunca a arte plástica sergipana esteve tão bem representada. Leonardo é um turbilhão de criação, ama seu ofício e vive de sua arte.

A obra de Leonardo é completa. Além de suas telas, de cores vibrantes!, produziu painéis, murais e ilustrações para livros. O conjunto de seu vasto trabalho o coroou com diversas e importantes premiações e o credenciou, em 1972, como sócio do Instituto Nacional de Arte Contemporânea na Inglaterra, vindo , ainda, a ser, desde 2005, o ocupante da cadeira n° 9 do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, da Academia Sergipana de Letras.

Há muito que admiro o Mestre expressionista e conheço as suas diversas fases, todas sempre tão marcantes, seus "peixes" de cores intensas nadam nos aquários de nosso inconsciente. Seus "pierrôs", nem sempre apaixonados, seus "arlequins", sempre espertos, e suas "colombinas” encantadoras emocionam-nos e enchem os nossos olhos de beleza e enigmas - parecem personagens vivas da “Commedia dell’Arte”. (1)

Suas "delicadas rendas de bilros" cobrem rostos e corpos desnudos e nos envolvem de mistério, inquietam-nos e nos transportam para o mundo do artista, coisas do Mestre!

Seus "pássaros" voam, exaltam a liberdade, cantam, encantam e nos alegram. Seus "cavalos", sempre de crinas esvoaçantes, galopam livres sob os nossos olhos incrédulos; tudo tem muito significado. Sua arte conjuga com mestria, ímpar, poesia e magia.

Leonardo abusa das cores primárias, mas com um domínio de múltiplas técnicas, só comum aos grandes artistas, provoca matizes fenomenais. À primeira vista, seus quadros chamam-nos, apaixonam-nos e denunciam sua autoria; suas pinceladas, sejam soltas ou trabalhadas, definidas ou indecifráveis, são inconfundíveis, e isso, por si só, consagra-o, fazendo dele um artista único.

Mesmo apaixonado pela sua arte, Leonardo não tem ciúme em dividi-la e faz, de sua casa-ateliê, escola para os novos aspirantes ao fascinante mundo das artes plásticas, ensinando-lhes o pulo de seus "felinos", sempre vivos, coloridos e multifacetados.

Suas obras obrigam-nos à leitura do subentendido; ao contemplá-las, estabelece-se um franco diálogo com o observador, que a cada "conversa" descobre uma nova interpretação, um novo significado; elas não são estáticas, são questionadoras, mexem com nosso imaginário e cumprem divinamente o seu mister, que é despertar a inquietação dos seus admiradores.

Em Cida, sua amada, sua musa e sua curadora, encontrou, concomitantemente, o amor, a inspiração e a guardiã de seu talento... sorte nossa!!!

(1) – Citações originárias do livro “Metáforas dos Arlequins”, de autoria do acadêmico José Anderson Nascimento.

Foto e texto reproduzidos do site: pge.se.gov.br/index.php/cultural

Um comentário:

  1. Perfeito! Um grande expoente da arte sergipana que se foi e corre o risco de cair no esquecimento... Mas iniciativas como essas fazem as memórias serem reavivadas e nossa arte sobrevive... Parabéns!

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