Ronaldo Gomes de Oliveira “Caã”
Por Mário Britto
O pintor nasceu em 05 de julho de 1953, em Novalguaçu/ RJ.
Em 1960, ainda criança, na companhia dos pais, Dona Núbia e José Inácio, o
nosso J. Inácio, mudou-se para Salvador. Em 1961, novamente, transferiu-se com
a sua família para Salgado, Estado de Sergipe e, finalmente, em 1962, fixou
residência em Aracaju.
A adolescência culminou com as mudanças de paradigmas dos
anos sessenta, e já no início da década seguinte, contra a vontade do pai, que
não queria vê-lo artista, foi morar sozinho na Atalaia Nova e lá se tornou Caã,
nome por ele adotado em homenagem a tribo dos Caãs, indígenas que tinham como
lema - a devoção à liberdade e o culto à natureza.
Autodidata, desde muito cedo, Caã gostava de desenhar e
pintar. Adorava observar o pai pintando, daí a marcante e importante influência
dele em seu trabalho, de quem herdou o talento e de quem pegava
"escondido" as tintas para fazer os seus primeiros quadros. Como
consequência, a criatura fez-se criadora e possuidora de estilo próprio, muito
embora em seu trabalho, sem nenhum demérito, percebe-se a mesma luminosidade
que o pai-mestre, J. Inácio, transmitia nas telas por ele pintadas.
Cãa, desde 1973, vem expondo, sistematicamente, em Sergipe.
Realizou exposições individuais na Galeria Álvaro Santos, nos anos de 1975,
1976, 1977, 1979, 1981, 1982, 1985 e 1989, a última em parceria com o amigo
Zeus, e coletivas em 1973, 1974, 1976, 1977, 1978, 1983, 1984 e 1985. Com o
pai, o mestre J. Inácio, expuseram juntos em 1984, na Galeria Álvaro Santos; em
1985, na Caixa Econômica Federal e, em 2002, no Hall do Centro Administrativo
do Banese.
Em Sergipe, fez, ainda, as seguintes exposições individuais:
na Galeria Galeu, em 1974; no Centro de Turismo de Aracaju, em 1978; no Foyer
da Biblioteca Epifhânio Dórea, em 1981; na Galeria Jordão de Oliveira, em 1983,
no Espaço de Arte, em 1993, no Shopping Riomar, em 2004, e na Procuradoria
Geral do Estado em 2010.
Protagonista do movimento de renovação das artes visuais em
Sergipe, Caã, também, esteve presente, dentre outras, nas seguintes coletivas:
em 1973, na Aliança Francesa/Se; em 1974: na Escola de Arte Eurico Luiz; em
1975: na Galeria São Roque e na Galeria Kennedy, ambas em Salvador/Ba; em 1975
e 1978: na Galeria Horácio Hora/Se, em 1976: no Festival do Cinema Amador e na
Galeria da UFBA; em 1978: nas Galerias Rodrigues/Pe e Canizares/Ba e, ainda, no
Foyer do Teatro Castro Alves/Ba; em 1979: na Galeria Rodrigues/Pe e na Galeria
Eucatexpo/Ba; em 1981: na Coletiva Artistas Sergipanos no Campus da UFS e na
inauguração da Galeria J. Inácio; em 1982: no Salão de Arte José de Dome; em
1983: na Feira de Arte do Ibirapuera/Sp e na Coletiva Permanente do Galeria J.
Inácio.
No apuro de sua técnica, recebeu forte influência dos
impressionistas, a exemplo de Paul Cezánne e Van Gogh. Com mais de trinta anos
de carreira, encontramos em sua iconografia, além de belíssimas paisagens
regionais, cenas e costumes do interior Nordestino; graciosas e sensuais
"caboclas", trajando curtos e esvoaçantes vestidos e personagens
folclóricos, dando-se destaque aos circenses, dentre tantos outros temas.
Como colecionador e filotécnico, orgulho-me de possuir, em
minha modesta coleção, um emocionante quadro denominado "O Gladiador das
Tintas", no qual Caã retratou o seu pai, o eterno J. Inácio, em um bananal
com pincel em riste, em um gesto heroico e desafiador, como se todos nós
fôssemos alvo e, de uma certa forma, somos, de suas pinceladas, de sua
inquietude e de sua irreverência.
Fotos e texto reproduzidos do site:
pge.se.gov.br/index.php/cultural
Vida longa a Caã, e a todos os remanescentes artistas sergipanos vivos. Perdemos muitos artistas nos últimos tempos. Temos que garimpar novos talentos.
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