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domingo, 23 de abril de 2017

Monte Alegre de Sergipe – Um sonho feliz de cidade!





Publicado originalmente no site da Revista Mais Glória, em 5 de julho de 2016.

Monte Alegre de Sergipe – Um sonho feliz de cidade!
Por Betânia Maria*

Uma história se escreve no sangue, na cor e na raça de um povo, de um lugar, de um tempo. As teias da memória vão construindo uma imagem que cresce com o tempo e faz viva a identidade de um povo e a poesia contida na vivência desse povo, faz viajar nesse tempo a cultura e as histórias de uma comunidade que caminha rumo ao progresso sem perder a sua simplicidade.

DADOS HISTÓRICOS

Consta em relatos de tempos idos, que Monte Alegre de Sergipe teve seu primeiro indício de nascimento por volta do ano de 1784, quando começaram os desbravamentos de terras desocupadas aqui na região. Somente a partir de 1822 o desbravamento foi anexado a Porto da Folha por Gerônimo Fernandes Bermudes, filho de Tomás Bermudes, colonizador nessa região.

O tempo e a necessidade de expansão fazem com que o homem se aventure nos caminhos e busque novos horizontes. Dessa forma, as terras onde hoje correspondem à Monte Alegre de Sergipe eram uma “paragem”. Aqui pousavam os viajantes que comerciavam seus produtos e vaqueiros que levavam gado para a Bahia e Alagoas. Aos poucos a região começou a abrigar pessoas que vinham de outros estados, fugindo das revoltas armadas que aconteceram na segunda metade do século XIX devido à decadência econômica do país. Assim dá-se início aos primeiros registros da construção da cidade.

O primeiro assentamento aconteceu nas terras denominadas Taxas e na Olinda pelos filhos de Nestor de Farias, oriundos da cidade de Jeremoabo na Bahia. O senhor Januário da Costa Farias seguiu em frente e ficou num local ao qual denominou Fazenda Nova, onde hoje são as terras de Monte Alegre de Sergipe. Por morte de seu pai, em Jeremoabo, o Januário trouxe seus irmãos e os viveres deixados lá, originando a família monte-alegrense ao lado dos Costa Soares de Gararu, os Montes de Carira, os Rosas do Riacho Grande, os Baixa Verdes, os Cabelês de Ilha do Ouro, os Correia Dantas de Frei Paulo, os Vieiras, os Bigis de Graccho Cardoso.

O aglomerado de casas que originou a cidade surgiu em terras da Fazenda Nova. Foram erguendo casas – cujos lotes foram doados por José Inácio de Farias, realizando um desejo de seu pai – formando um vilarejo. Para melhor se protegerem do bando de Lampião, principal inimigo na época, as pessoas saíram de suas fazendas e vieram morar no povoado, que tinha a delegacia, a igreja e um cemitério no fundo da capela.

O progresso tinha de acontecer. Desta feita, o comerciante João Alves Lima fez um convite a Januário da Costa Farias para fazer um dia de feira, junto com os fazendeiros José Inácio de Farias, Francisco Alves da Silva, João Joaquim de Santana, Manoel Ferreira de Paula e outros. O dia 1º de janeiro do ano de 1920 foi marcado como o dia da primeira feira livre do povoado, marcando o início do progresso comercial do lugar. O padre de Porto da Folha foi trazido para celebrar uma missa e o evento reuniu as pessoas da região. Um marco comercial, social e cultural que merece destaque, pois a partir desse evento, casas comerciais surgiram, dando ao povoado um aspecto de cidade.

Monte Alegre de Sergipe pertenceu ao município de Porto da Folha até 1932, quando passou a pertencer à comarca de Nossa Senhora da Glória. Em 1940, era um povoado com menos de 80 casas. Em 25 de novembro de 1953, foi elevado à categoria de cidade através da Lei Estadual nº 525-A, que criou mais 19 municípios e tinha o objetivo de incrementar o progresso nessas regiões. Antes instalado, já aparecia como cidade, distrito único e termo judiciário da Comarca de Nossa Senhora das Dores, aprovada pela Lei Estadual nº 554, de 06 de fevereiro de 1954, para vigorar até 1958. Através dessa lei, o município teve seu território delimitado e desmembrado de Nossa Senhora da Glória. O município foi solenemente instalado no dia 31 de janeiro de 1955, quando foi empossado o primeiro prefeito o senhor Antonio José de Santana, e constituída a sua primeira Câmara Municipal de Vereadores composta pelos senhores Manoel Pereira de Barros, Lourival Farias Sobrinho, André Correia Dantas, José Lima de Souza e Miguel Loureiro Lima. Foi durante essa administração que Monte Alegre de Sergipe ganhou oito escolas. O senhor Antônio José de Santana foi sucedido por mais treze prefeitos, dentre os quais cinco tiveram dois mandatos. Juntos construíram a história política e desenvolvimentista do lugar.

FILHOS ILUSTRES

Apesar de ser uma cidade interiorana teve o prazer de tornar muitos de seus filhos ilustres, embora ilustre mesmo seja toda a sua população, que luta e não deixa parar a sua história e os seus feitos. Mas em se tratando de desenvolvimento, Monte Alegre exalta seus filhos pedagogos, médicos, psicanalistas, advogados, engenheiros (alguns em formação ainda), enfermeiros, técnicos em enfermagem, historiadores, geógrafos, matemáticos, artistas da palavra, da música, militares de patente, políticos, padre, jornalistas, diáconos evangélicos, oficiais de justiça, odontologistas e professores de letras.

DADOS GEOGRÁFICOS ( localização, hidrografia, clima e vegetação )

O município, distante da capital 156 km, localiza-se na Microrregião Sergipana do Sertão do São Francisco e Mesorregião do Sertão Sergipano, possui uma área de 416,8 km. Limita-se ao Norte com os municípios de Poço Redondo e Porto da Folha; ao Sul com o município de Nossa senhora da Glória; a Leste com os municípios de Nossa Senhora da Glória e Porto da Folha e a Oeste com o Estado da Bahia.

O município está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Seu território municipal é drenado por vários rios intermitentes, dentre eles destacam-se os Riachos da Pedra, dos Pintos, Aventura, Pica Pau, de Baixo, Lajeado e Cajazeiras, além do Riacho do Cachorro e Capivara, os mais extensos, sendo que este último recebe as águas de todos os outros. Observando o mapa municipal estatístico de Monte Alegre, disponibilizado pelo IBGE, percebe-se que o Riacho Capivara nasce nas proximidades da localidade rural de Monte Santo, na divisa de Glória e Monte Alegre, percorre grande trecho dividindo esses dois municípios e mais à frente banha Nossa Senhora da Glória e Gararu onde deságua naquele grande rio, em Porto da Folha, próximo ao povoado de Ilha do Ouro.

O clima predominante é o semi-árido, caracterizado por chuvas irregulares durante o ano e um índice pluviométrico com uma média de 653 mm anuais. As chuvas são irregulares e as temperaturas variam de 40º no dia com sensação térmica de 42º e à noite chegam, em épocas de inverno, a 18º.

A vegetação é característica de clima semi-árido: a caatinga hiperxerófita, mais resistente à falta de água que persiste em meio à estiagem prolongada. A aroeira, baraúna, juazeiro, mandacaru, jurema, angico, imburana, umbuzeiro são algumas das mais conhecidas espécies de árvores na vida cultural do sertão para a obtenção de madeira, medicamentos, combustível e inclusive destinada à alimentação do gado, como é o caso do mandacaru e da macambira em períodos de seca.
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* Betânia Maria de A. Ferreira - Nascida no Rio de Janeiro - RJ, mas sergipana de coração; graduada em Letras/Português, pós-graduação em Mídias na Educação, professora de português, poetisa e aspirante a fotógrafa.

Texto e imagens reproduzidos do site: revistamaisgloria.com

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Série "Conhecer Sergipe": Monte Alegre de Sergipe



Série "Conhecer Sergipe": Monte Alegre de Sergipe.

Monte Alegre conta sua história

Monte Alegre: as terras que hoje pertencem a Monte Alegre, a 156 quilômetros de Aracaju, já foram de Porto da Folha, cidade colonizada por Tomás Bernardes. Diz a tradição que o primeiro núcleo populacional que deu origem ao povoado foi fundado no final do século XIX, em uma fazenda localizada às margens da estrada que liga Nossa Senhora da Glória a Porto da Folha.

Conforme pesquisas da professora aposentada Valdete Alves Oliveira - que está escrevendo um livro sobre a história da cidade - o local onde iniciou-se a povoação era muito movimentado porque ali se encontravam os viajantes de Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo e Porto da Folha.

O nome do município foi inspirado numa fazenda de Antônio Machado Cabelê, que se chamava Monte Alegre. Ele se reuniu com outros fazendeiros e decidiram chamar a nova povoação de Monte Alegre, porque no local existia um pequeno monte considerado bonito e alegre. A partir daí sua fazenda passou a se chamar Monte Alegre Velho.

Um desses fazendeiros era um baiano de Jeremoabo, o Januário Costa Farias, que foi o primeiro habitante do município. Ele passou a viver na região depois de ter fugido de sua cidade, obrigado pelo pai, por ser um dos discípulos de Antônio Conselheiro e estar jurado de morte.

Sem ter para onde ir, Januário procurou o frei Doroteu, que o encaminhou para colonizar o sertão, junto com o casal de índios Caboclinho e Maria Ciliata. O casal montou um casebre de taipa, mas um dia a índia bebeu demais, desmaiou e acabou morrendo por insolação.

Segundo a professora Valdete Alves, a fazenda de Januário ficava em um ponto de muito movimento, e o pai dela, João Alves de Lima, que morava em Porto da Folha, começou a ir nesse local para comercializar queijo e tecido. “Meu pai sempre deixava parte de suas mercadorias com Alexandrina da Costa Farias, filha de seu hospedeiro Januário, para que ela vendesse às pessoas de outras propriedades vizinhas”, lembra ela.

O ambulante João Alves Lima fez um convite a Januário para fazer um dia de feira, junto com os fazendeiros José Inácio de Farias, Francisco Alves da Silva, João Joaquim de Santana, Manoel Ferreira de Paula e outros.

Marcado o dia, coube ao jovem João Alves Lima trazer o padre de Porto da Folha para celebrar uma missa e fazer uma festinha. No domingo, 1º de janeiro de 1920, Monte Alegre teve sua primeira feira e até hoje ela acontece aos domingos, sendo uma das maiores da região.

Após alguns meses, foram construídas as primeiras casas residenciais e comerciais. Os primeiros comerciantes a se instalar foram João Alves de Lima, Manoel Ferreira dos Santos, Gustavo Melo, Antônio Joaquim da Silva e José Inácio de Farias. Este último primogênito de Januário e que muito contribuiu para o povoamento da cidade. Doou terrenos de sua fazenda para a construção de casas populares.

Valdete informa que outro filho de Januário, Leandro, ficou com uma fazenda que passou a se chamar Olinda, onde havia um casarão de andar já muito deteriorado onde na parede estava escrito Olinda, dezembro de 1641. Dentro da casa havia vários objetos e um cadáver vestido com roupas vermelhas e sapatos. Não se sabe ao certo, mas acredita-se que esse casarão tenha sido construído por holandeses. Na cidade existe uma lenda que no local ainda se encontra uma botija com um tesouro.

De acordo com a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Monte Alegre de Sergipe, localizado no noroeste do Estado, sempre sofreu com longos períodos de estiagem, por isso teve um progresso muito lento. Além da seca, os habitantes da cidade tiveram como grandes inimigos os cangaceiros, liderados por Virgulino Ferreira, o Lampião.

O pouco que o município ainda produzia era tomado pelos bandidos, que quando não eram atendidos, devastavam fazendas matando o gado e muitas vezes assassinando também os proprietários (Veja box abaixo com história sobre o Rei do Cangaço).

Monte Alegre pertenceu ao município de Porto da Folha até 1932, quando então passou a pertencer a Nossa Senhora da Glória. Em 1940, era um pequeno povoado, com menos de 80 casas. Em 25 de novembro de 1953, com o objetivo de incrementar o progresso de algumas regiões, a Lei estadual nº 525-A criou mais 19 municípios, entre os quais estava incluído Monte Alegre de Sergipe. A partir daí o povoado foi elevado à categoria de cidade.

Monte Alegre, antes mesmo de ser instalado, já aparecia como cidade, município, distrito único e termo judiciário da Comarca de Nossa Senhora das Dores, aprovado pela Lei estadual nº 554, de 6 de fevereiro de 1954, para vigorar até 1958. Através dessa lei, o município teve seu território delimitado e desmembrado do de Nossa Senhora da Glória.

O município foi solenemente instalado no dia 31 de janeiro de 1955, quando foi empossado o primeiro prefeito Antônio José dos Santos, e constituída, também, sua primeira Câmara Municipal, composta por cinco vereadores.

A Lei estadual nº 823, de 24 de julho de 1957, veio, porém, alterar a situação judiciária do município, que passou a pertencer à nova Comarca de Nossa Senhora da Glória.

Monte Alegre hoje, além da sede municipal, tem dois povoados (Lagoa do Roçado e Maravilha) e cinco comunidades (Lagoa da Estrada, Lagoa das Areias, Juazeiro, Uruçu e Santo Antonio). As principais festas da cidade são a do padroeiro Sagrado Coração de Jesus, em junho, e a de São João.

A professora Valdete Alves Oliveira lembra que Virgulino Ferreira vendia redes em Pão de Açúcar-AL e que seu pai, João Alves Lima, estudava lá e comprava rede a ele. Algum tempo depois, Virgulino Ferreira já era o conhecido cangaceiro Lampião, estava em Monte Alegre e foi direto à bodega de João Alves, que era a mais sortida da cidade. “Quando ele chegou, viu meu pai deitado em uma rede vendida por ele e começaram a conversar sobre o passado. Lampião contou que tinha virado cangaceiro porque mataram toda sua família. Meu pai encheu as bolsas dos bandidos de alimento e Lampião disse que ninguém podia tocar em meu pai”, lembra ela.

João Alves Lima passou a ser o delegado de Monte Alegre e tinha de apoiar a volante. Um dia, em 1938, ele percebeu que estavam sumindo algumas munições e um amigo seu lhe disse que um soldado estava entregando aos cangaceiros. Ele e outros da volante seguiram o soldado e descobriram que ele entregava a intermediários que levavam para os cangaceiros.

Um dia a volante e o Exército seguiram essas pessoas e descobriram que a munição foi para Propriá, na fazenda de Antônio Caixeiro. De lá embarcou para Piranhas-AL e depois aportou em Angico, onde o bando de Lampião estava escondido. “Por isso que Lampião e seu bando foram mortos”, informa a professora.

Ela diz que pouco antes de Lampião ser encontrado, seu pai prendeu o soldado que estava roubando a munição, mas depois ele mesmo foi preso sem nem saber por que. Passou 45 dias na penitenciária de Aracaju, e quando foi liberado, não podia voltar para Monte Alegre por causa da ameaça dos cangaceiros de que iriam arrancar seus olhos azuis.

João Lima ficou em Nossa Senhora da Glória por algum tempo. “O comércio da nossa família ficou abandonado e minha mãe e a gente passou muita privação. Meu pai, que era bem de vida, morreu pobre”, lamenta Valdete Alves.

Fonte: Cinform Municípios.

Foto: TiagoSS

Texto e fotos reproduzidos do site: skyscrapercity.com