Publicado originalmente no site da Revista Mais Glória, em 5 de julho de 2016.
Monte Alegre de Sergipe – Um sonho feliz de cidade!
Por Betânia Maria*
Uma história se escreve no sangue, na cor e na raça de um
povo, de um lugar, de um tempo. As teias da memória vão construindo uma imagem
que cresce com o tempo e faz viva a identidade de um povo e a poesia contida na
vivência desse povo, faz viajar nesse tempo a cultura e as histórias de uma
comunidade que caminha rumo ao progresso sem perder a sua simplicidade.
DADOS HISTÓRICOS
Consta em relatos de tempos idos, que Monte Alegre de
Sergipe teve seu primeiro indício de nascimento por volta do ano de 1784,
quando começaram os desbravamentos de terras desocupadas aqui na região.
Somente a partir de 1822 o desbravamento foi anexado a Porto da Folha por
Gerônimo Fernandes Bermudes, filho de Tomás Bermudes, colonizador nessa região.
O tempo e a necessidade de expansão fazem com que o homem se
aventure nos caminhos e busque novos horizontes. Dessa forma, as terras onde
hoje correspondem à Monte Alegre de Sergipe eram uma “paragem”. Aqui pousavam
os viajantes que comerciavam seus produtos e vaqueiros que levavam gado para a
Bahia e Alagoas. Aos poucos a região começou a abrigar pessoas que vinham de
outros estados, fugindo das revoltas armadas que aconteceram na segunda metade
do século XIX devido à decadência econômica do país. Assim dá-se início aos
primeiros registros da construção da cidade.
O primeiro assentamento aconteceu nas terras
denominadas Taxas e na Olinda pelos filhos de Nestor de Farias, oriundos da
cidade de Jeremoabo na Bahia. O senhor Januário da Costa Farias seguiu em
frente e ficou num local ao qual denominou Fazenda Nova, onde hoje são as
terras de Monte Alegre de Sergipe. Por morte de seu pai, em Jeremoabo, o
Januário trouxe seus irmãos e os viveres deixados lá, originando a família
monte-alegrense ao lado dos Costa Soares de Gararu, os Montes de Carira, os
Rosas do Riacho Grande, os Baixa Verdes, os Cabelês de Ilha do Ouro, os Correia
Dantas de Frei Paulo, os Vieiras, os Bigis de Graccho Cardoso.
O aglomerado de casas que originou a cidade surgiu em terras
da Fazenda Nova. Foram erguendo casas – cujos lotes foram doados por José
Inácio de Farias, realizando um desejo de seu pai – formando um vilarejo. Para
melhor se protegerem do bando de Lampião, principal inimigo na época, as
pessoas saíram de suas fazendas e vieram morar no povoado, que tinha a
delegacia, a igreja e um cemitério no fundo da capela.
O progresso tinha de acontecer. Desta feita,
o comerciante João Alves Lima fez um convite a Januário da Costa Farias para
fazer um dia de feira, junto com os fazendeiros José Inácio de Farias,
Francisco Alves da Silva, João Joaquim de Santana, Manoel Ferreira de Paula e
outros. O dia 1º de janeiro do ano de 1920 foi marcado como o dia da primeira
feira livre do povoado, marcando o início do progresso comercial do lugar. O
padre de Porto da Folha foi trazido para celebrar uma missa e o evento reuniu
as pessoas da região. Um marco comercial, social e cultural que merece destaque,
pois a partir desse evento, casas comerciais surgiram, dando ao povoado um
aspecto de cidade.
Monte Alegre de Sergipe pertenceu ao município de Porto da
Folha até 1932, quando passou a pertencer à comarca de Nossa Senhora da Glória.
Em 1940, era um povoado com menos de 80 casas. Em 25 de novembro de 1953, foi
elevado à categoria de cidade através da Lei Estadual nº 525-A, que criou mais
19 municípios e tinha o objetivo de incrementar o progresso nessas regiões.
Antes instalado, já aparecia como cidade, distrito único e termo judiciário da
Comarca de Nossa Senhora das Dores, aprovada pela Lei Estadual nº 554, de 06 de
fevereiro de 1954, para vigorar até 1958. Através dessa lei, o município teve
seu território delimitado e desmembrado de Nossa Senhora da Glória. O município
foi solenemente instalado no dia 31 de janeiro de 1955, quando foi empossado o primeiro
prefeito o senhor Antonio José de Santana, e constituída a sua primeira Câmara
Municipal de Vereadores composta pelos senhores Manoel Pereira de Barros,
Lourival Farias Sobrinho, André Correia Dantas, José Lima de Souza e Miguel
Loureiro Lima. Foi durante essa administração que Monte Alegre de Sergipe
ganhou oito escolas. O senhor Antônio José de Santana foi sucedido por mais
treze prefeitos, dentre os quais cinco tiveram dois mandatos. Juntos
construíram a história política e desenvolvimentista do lugar.
FILHOS ILUSTRES
Apesar de ser uma cidade interiorana teve o prazer de tornar
muitos de seus filhos ilustres, embora ilustre mesmo seja toda a sua população,
que luta e não deixa parar a sua história e os seus feitos. Mas em se tratando
de desenvolvimento, Monte Alegre exalta seus filhos pedagogos, médicos,
psicanalistas, advogados, engenheiros (alguns em formação ainda), enfermeiros,
técnicos em enfermagem, historiadores, geógrafos, matemáticos, artistas da
palavra, da música, militares de patente, políticos, padre, jornalistas,
diáconos evangélicos, oficiais de justiça, odontologistas e professores de
letras.
DADOS GEOGRÁFICOS ( localização, hidrografia, clima e
vegetação )
O município, distante da capital 156 km,
localiza-se na Microrregião Sergipana do Sertão do São Francisco e Mesorregião
do Sertão Sergipano, possui uma área de 416,8 km. Limita-se ao Norte com os
municípios de Poço Redondo e Porto da Folha; ao Sul com o município de Nossa
senhora da Glória; a Leste com os municípios de Nossa Senhora da Glória e Porto
da Folha e a Oeste com o Estado da Bahia.
O município está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco. Seu território municipal é drenado por vários rios intermitentes,
dentre eles destacam-se os Riachos da Pedra, dos Pintos, Aventura, Pica Pau, de
Baixo, Lajeado e Cajazeiras, além do Riacho do Cachorro e Capivara, os mais
extensos, sendo que este último recebe as águas de todos os outros. Observando
o mapa municipal estatístico de Monte Alegre, disponibilizado pelo IBGE,
percebe-se que o Riacho Capivara nasce nas proximidades da localidade rural de
Monte Santo, na divisa de Glória e Monte Alegre, percorre grande trecho
dividindo esses dois municípios e mais à frente banha Nossa Senhora da Glória e
Gararu onde deságua naquele grande rio, em Porto da Folha, próximo ao povoado
de Ilha do Ouro.
O clima predominante é o semi-árido,
caracterizado por chuvas irregulares durante o ano e um índice pluviométrico
com uma média de 653 mm anuais. As chuvas são irregulares e as temperaturas
variam de 40º no dia com sensação térmica de 42º e à noite chegam, em épocas de
inverno, a 18º.
A vegetação é característica de clima semi-árido: a caatinga
hiperxerófita, mais resistente à falta de água que persiste em meio à estiagem
prolongada. A aroeira, baraúna, juazeiro, mandacaru, jurema, angico, imburana,
umbuzeiro são algumas das mais conhecidas espécies de árvores na vida cultural
do sertão para a obtenção de madeira, medicamentos, combustível e inclusive
destinada à alimentação do gado, como é o caso do mandacaru e da macambira em
períodos de seca.
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* Betânia Maria de A. Ferreira - Nascida no Rio de Janeiro - RJ, mas sergipana de coração;
graduada em Letras/Português, pós-graduação em Mídias na Educação, professora
de português, poetisa e aspirante a fotógrafa.
Texto e imagens reproduzidos do site: revistamaisgloria.com
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