Foto reproduzida do Arquivo Portal Infonet.
Postada por Isto é SERGIPE, para ilustrar artigo.
Artigo publicado originalmente no site do Portal da UFS, em 08 de junho de 2016.
Terezinha Oliva, honra e mérito
Por Beatriz e Ibarê Dantas, professores eméritos da UFS.
A frase em epígrafe, atribuída a Aristóteles, se ajusta
muito bem às homenagens que a Assembleia Legislativa de Sergipe presta à
professora Terezinha Alves de Oliva, ao atribuir-lhe a Medalha do Mérito
Educacional “Manoel José Bomfim”.
A riachãoense que, ainda criança de poucos anos, chegou a
Aracaju nos anos 50, integrando uma família numerosa, construiu uma
bem-sucedida carreira e firmou-se como uma profissional das mais destacadas de
nossa intelectualidade pela atuação como professora e agente cultural.
Depois de desempenho apreciável nos cursos básicos e no
acadêmico, formou-se em História em 1971. Três anos depois ingressava como
docente na recém-instalada Universidade Federal de Sergipe (UFS) que
engatinhava em busca de sua consolidação no campo do ensino, da pesquisa e da
extensão.
Motivada, muito dedicada aos estudos, Terezinha empenhou-se
em ampliar seus horizontes e sua qualificação na academia. Para tanto, cursou o
Mestrado em História na Universidade Federal de Pernambuco, cuja dissertação
transformou-se no livro Impasses do Federalismo Brasileiro: Sergipe e a revolta
de Fausto Cardoso (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985) com recente reedição pelo
IHGSE/UFS. Completando sua formação acadêmica, fez o Doutorado em Geociências,
na Universidade Estadual Paulista (Rio Claro), em convênio com o Mestrado de
Geografia da UFS, estudando o Pensamento Geográfico em Manoel Bomfim.
Seus trabalhos pautados em escrita límpida, sem
rebuscamento, mas com harmonia e beleza, parecem até fruto da influência do
pai, João Oliva, jornalista de bom estilo. É possível também que sua
participação na Academia Sergipana de Letras dos Jovens Estudantes, movimento
literário criado pela professora e escritora Carmelita Pinto Fontes, tenha
contribuído para lapidar seu talento na expressão dos textos e das falas,
revelados em diversos ambientes, entre os quais se destaca o Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe, do qual é oradora oficial.
Como mestra, pela seriedade com que desenvolvia seu trabalho
e pela argúcia e competência na arte de lidar com os alunos, conquistou
respeito dos seus pares já consagrados, tornando-se querida e muito
reconhecida. Sem dogmatismo teórico, mas com disciplina e rigor metodológico,
orientou grande número de graduandos em História em monografias de conclusão de
curso e dissertações de mestrado, os quais se sobressaíram pela pertinência das
sugestões temáticas, contribuindo para ampliar o conhecimento sobre a história
sergipana. Sob sua orientação, textos instigantes e bem construídos têm sido
produzidos e, com seu incentivo, número significativo de ex-alunos tem feito
carreira acadêmica em Sergipe ou em universidades de outros estados, atestando
seu importante papel na formação de professores e historiadores.
Além de sua presença marcante no ensino, devem ser lembradas
suas ações na área cultural, com enfoque no setor de documentação e patrimônio.
Na década de 70, ainda bastante jovem, Terezinha tornou-se dirigente de
importantes instituições como o Arquivo Público do Estado de Sergipe e o
Departamento de Cultura e Patrimônio Histórico (DCPH), órgão que à época
integrava a Secretaria de Educação e desenvolvia a política cultural no âmbito
estadual. Entre 2009 e 2014, dirigiu a IV Superintendência do Instituto de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) sediada em Sergipe e, em sua
gestão, concluiu-se o processo de elevação da Praça de São Cristóvão a
Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Por cinco anos (2004-2009) foi diretora
do Museu do Homem Sergipano, vinculado à Universidade Federal de Sergipe,
ocupou a chefia do Departamento de História e do Programa de Documentação e
Pesquisa Histórica (PDPH), além de atuar em vários conselhos. Por onde passou,
deixou a marca da seriedade e do compromisso com a coisa pública e desenvolveu
trabalhos inovadores.
Seu desempenho na direção de órgãos públicos vinculados à
área cultural e seu permanente interesse pela preservação da documentação
histórica atestam sua sensibilidade e sua preocupação com a memória de nossa
gente. Moldada desde a juventude no contato com os documentos, quer através do
Projeto de Levantamento de Fontes Primárias para a História de Sergipe, quer no
arranjo dos acervos documentais do Arquivo Público ou do Cultart/UFS, a
historiadora segue os ensinamentos do velho mestre Silvério Fontes, com quem
aprendeu a transitar entre os manuscritos dos arquivos e as abstrações da Teoria
da História.
Nesse curto espaço, não dá para discorrer sobre todos os
aspectos do itinerário intelectual de Terezinha Oliva, já longo e fecundo, mas
ainda inconcluso e do qual muito se espera. No ensejo dessa justa homenagem,
como colegas, amigos e admiradores, almejamos-lhe saúde e muitos anos de vida
para continuar enriquecendo o cenário cultural, honrando sua querida Riachão do
Dantas, sua família e os sergipanos, fazendo-se cada vez mais merecedora do
reconhecimento de todos.
Texto reproduzido do site: ufs.br/conteudo/20094-terezinha-oliva
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