sexta-feira, 7 de abril de 2017

Terezinha Oliva, honra e mérito

Foto reproduzida do Arquivo Portal Infonet.
Postada por Isto é SERGIPE, para ilustrar artigo.

Artigo publicado originalmente no site do Portal da UFS, em 08 de junho de 2016.
  
Terezinha Oliva, honra e mérito
Por Beatriz e Ibarê Dantas, professores eméritos da UFS.

A frase em epígrafe, atribuída a Aristóteles, se ajusta muito bem às homenagens que a Assembleia Legislativa de Sergipe presta à professora Terezinha Alves de Oliva, ao atribuir-lhe a Medalha do Mérito Educacional “Manoel José Bomfim”.

A riachãoense que, ainda criança de poucos anos, chegou a Aracaju nos anos 50, integrando uma família numerosa, construiu uma bem-sucedida carreira e firmou-se como uma profissional das mais destacadas de nossa intelectualidade pela atuação como professora e agente cultural.

Depois de desempenho apreciável nos cursos básicos e no acadêmico, formou-se em História em 1971. Três anos depois ingressava como docente na recém-instalada Universidade Federal de Sergipe (UFS) que engatinhava em busca de sua consolidação no campo do ensino, da pesquisa e da extensão.

Motivada, muito dedicada aos estudos, Terezinha empenhou-se em ampliar seus horizontes e sua qualificação na academia. Para tanto, cursou o Mestrado em História na Universidade Federal de Pernambuco, cuja dissertação transformou-se no livro Impasses do Federalismo Brasileiro: Sergipe e a revolta de Fausto Cardoso (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985) com recente reedição pelo IHGSE/UFS. Completando sua formação acadêmica, fez o Doutorado em Geociências, na Universidade Estadual Paulista (Rio Claro), em convênio com o Mestrado de Geografia da UFS, estudando o Pensamento Geográfico em Manoel Bomfim.

Seus trabalhos pautados em escrita límpida, sem rebuscamento, mas com harmonia e beleza, parecem até fruto da influência do pai, João Oliva, jornalista de bom estilo. É possível também que sua participação na Academia Sergipana de Letras dos Jovens Estudantes, movimento literário criado pela professora e escritora Carmelita Pinto Fontes, tenha contribuído para lapidar seu talento na expressão dos textos e das falas, revelados em diversos ambientes, entre os quais se destaca o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, do qual é oradora oficial.

Como mestra, pela seriedade com que desenvolvia seu trabalho e pela argúcia e competência na arte de lidar com os alunos, conquistou respeito dos seus pares já consagrados, tornando-se querida e muito reconhecida. Sem dogmatismo teórico, mas com disciplina e rigor metodológico, orientou grande número de graduandos em História em monografias de conclusão de curso e dissertações de mestrado, os quais se sobressaíram pela pertinência das sugestões temáticas, contribuindo para ampliar o conhecimento sobre a história sergipana. Sob sua orientação, textos instigantes e bem construídos têm sido produzidos e, com seu incentivo, número significativo de ex-alunos tem feito carreira acadêmica em Sergipe ou em universidades de outros estados, atestando seu importante papel na formação de professores e historiadores.

Além de sua presença marcante no ensino, devem ser lembradas suas ações na área cultural, com enfoque no setor de documentação e patrimônio. Na década de 70, ainda bastante jovem, Terezinha tornou-se dirigente de importantes instituições como o Arquivo Público do Estado de Sergipe e o Departamento de Cultura e Patrimônio Histórico (DCPH), órgão que à época integrava a Secretaria de Educação e desenvolvia a política cultural no âmbito estadual. Entre 2009 e 2014, dirigiu a IV Superintendência do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) sediada em Sergipe e, em sua gestão, concluiu-se o processo de elevação da Praça de São Cristóvão a Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Por cinco anos (2004-2009) foi diretora do Museu do Homem Sergipano, vinculado à Universidade Federal de Sergipe, ocupou a chefia do Departamento de História e do Programa de Documentação e Pesquisa Histórica (PDPH), além de atuar em vários conselhos. Por onde passou, deixou a marca da seriedade e do compromisso com a coisa pública e desenvolveu trabalhos inovadores.

Seu desempenho na direção de órgãos públicos vinculados à área cultural e seu permanente interesse pela preservação da documentação histórica atestam sua sensibilidade e sua preocupação com a memória de nossa gente. Moldada desde a juventude no contato com os documentos, quer através do Projeto de Levantamento de Fontes Primárias para a História de Sergipe, quer no arranjo dos acervos documentais do Arquivo Público ou do Cultart/UFS, a historiadora segue os ensinamentos do velho mestre Silvério Fontes, com quem aprendeu a transitar entre os manuscritos dos arquivos e as abstrações da Teoria da História.

Nesse curto espaço, não dá para discorrer sobre todos os aspectos do itinerário intelectual de Terezinha Oliva, já longo e fecundo, mas ainda inconcluso e do qual muito se espera. No ensejo dessa justa homenagem, como colegas, amigos e admiradores, almejamos-lhe saúde e muitos anos de vida para continuar enriquecendo o cenário cultural, honrando sua querida Riachão do Dantas, sua família e os sergipanos, fazendo-se cada vez mais merecedora do reconhecimento de todos.

Texto reproduzido do site: ufs.br/conteudo/20094-terezinha-oliva

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