Publicado originalmente no site da Revista Mais Glória, em 20
de maio de 2014.
O cemitério das obras de arte.
Quem se dirigir ao povoado Algodoeiro, localizado a
aproximadamente vinte quilômetros da zona urbana de Nossa Senhora da Glória,
dificilmente não se surpreenderá com uma cena que inspira reflexão. Um
verdadeiro cemitério de obras de arte se configura em meio a estrada que desemboca
na barragem de tal localidade.
As obras são do artista plástico Junior Leônio,
conhecido nacionalmente pelo seu trabalho em metal e suas esculturas de
ideologia sustentável. O artista revelou que, a falta de uma estrutura para
expor suas peças, assim como o descaso do poder público, baseado nas
administrações anteriores, culminou para que seus trabalhos fossem literalmente
ENTERRADOS.
Junior Leônio, ganhador de vários prêmios em exposições
dentro e fora do estado, representando, por meio dos seus argumentos de metal
e carbono, a sua cidade, tal qual seu povo e sua cultura, agora se vê
obrigado a deixar suas ideias morrerem diante dos seus olhos. Tudo
isso como uma forma de protesto pela morte do trabalho de muitos artistas que, ao
esculpirem ou produzirem suas obras, sentem uma escassez de espaços e eventos
para a promoção e divulgação das mesmas.
Incitando em seu protesto, um novo olhar sobre a criação que
se deixa morrer, que morre e que continuará morrendo, enquanto continuemos à
margem, estagnados, situados em frente à boca da mata.
* Ramon Diego: Escritor, estudante de letras português/francês, poeta
residente em Nossa senhora da Glória e editor da revista impressões, além de
colaborador dos jornais “Correio de Sergipe” e “O regional”.
Texto e imagens reproduzidos do site: revistamaisgloria.com
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