Seu Déda exibe todo orgulhoso a criação do seu
sobrinho que demorou 1,5 ano para ficar pronta.
Fusca transparente tem olhos feitos de penico
e boca que esguicha água.
Por onde passa, o Ximbica atrai os olhares.
Fotos: Marina Fontenele/G1 SE.
Júlio César Déda Pacheco, o engenheiro
mecânico que fez o fusca transparente.
Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal.
Publicado originalmente no site G1 SE., em 13/12/2012.
Fusca transparente faz sucesso nas ruas de Aracaju e nas
redes sociais.
"Soube que fiquei famoso na internet, até na Rússia me
viram", diz Déda.
Proprietário garante que modelo artesanal é único existente
no Brasil.
Marina Fontenele
Do G1 SE
Do Fusca prata ano
1967 restam apenas os eixos dianteiro e traseiro. No lugar da lataria, uma
grade amarela feita de vergalhão e moldada por um sonho. O ‘Fusca
transparente’, o Ximbica, tem chamado atenção pelas ruas de Aracaju, em
Sergipe.
Na cor do verão, o
carro combina com a estação predominante no Nordeste. Nele dá até para
atualizar o bronze e sentir o vento no rosto com o ar-condicionado natural.
Além de ser facilmente notado, o Ximbica pode ver com olhos feitos de penicos e
até cuspir através de uma boca cheia de dentes.
O empresário Álvaro
Wellington Fraga Déda, 74 anos, comprou o veículo há três meses. Junto com a
aquisição ele herdou uma missão: levar alegria. O sobrinho dele, o engenheiro
mecânico Júlio César Déda Pacheco, passou um ano para fazer a customização do
carro que foi utilizado em festas culturais do município de Caruaru, no
interior de Pernambuco, durante seis anos.
“Meu sobrinho era
apaixonado pelo Fusca e resolveu homenagear o fim da fabricação do modelo. Ele
se caracterizava de Papai Noel, Cangaceiro, Papa e carnavalesco e animava o
pessoal da cidade. É como se fosse um carro alegórico e eu recebi a missão de
perpetuar o que ele fazia”, afirma Wellington Déda.
Toda vez que sai às
ruas no Ximbica, o empresário se emociona pela lembrança do sobrinho que morreu
no dia 4 de setembro deste ano vítima de um latrocínio. O engenheiro mecânico
estava se preparando para voltar a Sergipe, pois nasceu em Simão Dias, a 100 km
da capital sergipana.
“Júlio estava
querendo se desfazer do carro para conseguir dinheiro e vir morar em Aracaju,
cidade que ele sempre amou. Ele estava só esperando sair a aposentadoria dele
do Exército, mas morreu dias antes disso, após reagir a um assalto”, lembra.
Natal solidário.
A ideia de homenagear
o folclórico engenheiro mecânico reforçou no senhor de 74 anos a vontade de
ajudar. O empresário está promovendo uma campanha natalina para doação de
presentes para crianças de uma comunidade carente. Junto com os amigos ele
pretende arrecadar cerca de 500 brinquedos.
“Quando passo pelas
pessoas e elas sinalizam, dão tchau, buzinam, eu choro de alegria. Espero que
meus filhos levem adiante esse ensinamento do meu sobrinho de levar emoções
boas adiante”, revela Déda.
Curiosidade.
Uma foto do Fusca
inusitado no meio do trânsito da capital sergipana ganhou destaque nas redes
sociais e no primeiro dia chegou a ter 34 mil curtidas no Facebook, segundo
Déda. Essa ‘fama’ despertou a curiosidade e abriu caminhos para o proprietário,
que após várias tentativas conseguiu uma autorização provisória do Departamento
Estadual de Trânsito (Detran) para circular em Aracaju.
“Disseram que eu
estava famoso no Facebook, até um homem que mora na Rússia viu o Ximbica. O
pessoal achava que era uma miniatura, mas é um carro comum e leva cinco
passageiros”, conta Déda. Ele já recebeu proposta para transportar o Papai Noel
e até noivas e foi convidado para circular em datas festivas como Pré-Caju,
carnaval e festas juninas.
Autorização para circular.
O carro de fabricação
artesanal não tem especificação própria no Código de Trânsito Brasileiro (CTB),
por isso ainda não foi possível emplacar o veículo que teve quase toda a
estrutura modificada e perdeu, inclusive, a numeração do chassi.
Um dos sonhos de
Wellington Déda é chegar ao programa de Luciano Huck na Rede Globo. Ele
acredita que esse encontro facilitaria a licença definitiva para a circulação
do veículo, além da ajuda de custo para manutenção, pois a cada seis meses é
necessário refazer a pintura da grade.
O empresário
encaminhou um ofício para o Detran doando simbolicamente o Ximbica para a
cidade. “Sinto uma alegria muito grande em poder dirigir esse carro e ao mesmo
tempo a tristeza por lembrar a perda de um ente querido que amava Aracaju”,
finaliza.
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/se/sergipe/noticia
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