Publicado originalmente no blog da PMA, em 23 de março de 2010.
Os bastidores da festa de inauguração do Batistão
Por Allan de Carvalho
Prestes a completar 41 anos, o Estádio Estadual Lourival
Baptista, o Batistão, é o maior símbolo do esporte em Sergipe e um dos grandes
marcos urbanos de Aracaju. Para uma grande legião de torcedores, o espaço é
também o referencial de uma cidade apaixonada por futebol. Exemplo vivo desse
amor é o radialista Carlos Magalhães, que há mais de 40 anos comanda programas
esportivos e não se cansa de cobrir jogos direto do estádio outrora conhecido
como Gigante da Praia.
Lourival Baptista momentos antes do jogo inaugural, em 1969
(Fotos: Arquivo/Federação Sergipana de Futebol)
Segundo o cronista, o antigo apelido do Batistão vem dos
tempos em que a Praia Formosa, atual 13 de Julho, atraía centenas de pessoas,
que costumavam se banhar no rio Sergipe. "O Batistão foi idealizado para
substituir o antigo Estádio Estadual de Aracaju e se tornar o templo do futebol
sergipano, um palco para as grandes partidas do esporte bretão. E, como é de
costume do brasileiro apelidar os estádios com nomes que façam referência ao clube
mandante dos jogos ou algo peculiar em sua arquitetura, o nosso Batistão ganhou
essa alcunha por ficar próximo à praia", conta Magá, como também é
conhecido.
A construção do Batistão aconteceu em tempo recorde para os
padrões da época. Em pouco mais de um ano, o governador do estado, Lourival
Baptista, entregava um estádio que colocou Sergipe em destaque na vitrine do
esporte no país. "A expectativa pela abertura dos portões tomou conta dos
sergipanos da capital e do interior em 9 de julho de 1969. As pessoas fizeram
tudo para estar presentes à inauguração do estádio, considerado um dos mais
modernos à época. Havia mais 40 mil pessoas lá dentro naquele dia, vi gente até
nas torres de iluminação", conta o narrador de futebol.
"E porque tanta animação para um jogo inaugural?"
pergunta ele, retoricamente. "Pelé e toda a seleção brasileira estariam
ali, em campo!", responde em tom de manchete. Segundo Magá, ao desfilar no
campo, o governador Lourival Baptista foi aplaudido de pé pela população, que
reconhecia o grande ato concretizado ali. "A autoestima de todo sergipano
foi polida. Adoramos nos ver jogando no gramado pelos clubes daqui, amamos
torcer lá na arquibancada e vibramos ao transmitir a partida pelo rádio, como
foi meu caso", justifica.
O time canarinho, que ganharia o tricampeonato mundial no
México no ano seguinte, jogou com os titulares contra a Seleção Sergipana.
"Vieram Félix, Carlos Alberto, Piazza, Brito...", escala Magalhães,
que é 'testemunha ocular' de cada detalhe da inauguração do Batistão. Além
disso, a festa foi marcada por apresentações dos forrozeiros Dominguinhos,
Anastacia e do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que cantou o hino do Batistão,
composto pelo jornalista Hugo Costa. Como já era esperado, a seleção canarinho,
dona do favoritismo, venceu os craques sergipanos por 8 a 2.
"Pra mim não bastava estar ali. Fiz minha parte também:
recebi do governador Lourival Batista a missão de coordenar a vinda de toda a
imprensa brasileira, que veio em peso. Fizemos um esforço danado para acomodar
todo mundo, pois na época não havia hotel suficiente. O pessoal ficou em casas
cedidas pela sociedade aracajuana. Além disso, tivemos um trabalho sem tamanho
para espalhar os transmissores das rádios pela cidade, para evitar a
concentração deles, e foi tudo um sucesso. A cidade e o governo receberam
muitos elogios pela organização", cita.
Batistão é considerado o maior símbolo do esporte em Sergipe
(Foto: André Moreira)
Paixões
Declaradamente apaixonado por futebol e pela cidade de
Aracaju, Carlos Magalhães, 71 anos, é radialista e médico. Por conta das suas
profissões, já se afastou da capital para fazer cursos e trabalhar, mas sempre
voltou. "Amo isso aqui e fico feliz ao ver Aracaju chegar aos 155 anos
bonita, limpa, agradável e com um desenvolvimento de dar inveja às grandes
metrópoles", afirma.
"Para mim, são obras que dão suporte para o crescimento
da cidade. Por isso a inauguração do Batistão me marcou tanto e tenho certeza
que marcou todos que viveram aquela fase. O nome de Sergipe ganhou o território
nacional e internacional, porque, afinal de contas, além de mostrar a pujança
da capital, tivemos aqui na inauguração do estádio a seleção brasileira que foi
campeã no México", recorda.
Carlos Magalhães coordenou a imprensa no jogo de inauguração
do estádio
Para Magá, Aracaju é um dos melhores lugares para viver.
"Aqui é limpo e agradável. As pessoas recebem os visitantes com um calor
sem igual, são honestas e trabalhadoras. E o poder público local tem feito
muito para melhorar a condição de vida da população", enumera.
"No entanto, acho que ainda pode ser feito mais pelo
esporte e pelo lazer. Costumo repetir que o esporte é a expressão viva de um
povo e acredito que o sergipano é louco por futebol e pelo esporte em geral,
mas precisa de um estímulo mais forte nesse sentido. Esse projeto do Arena
Batistão, que o governo anunciou, será muito importante. Mas não é algo que vai
ser feito de uma hora para outra. Sou um admirador do Batistão também. Dentro
dele eu já vi muitas, muitas coisas, e mal posso esperar para vê-lo numa nova
fase, sediando, quem sabe, jogos preparatórios das seleções para a Copa do
Mundo de 2014, elevando mais uma vez o nome de Aracaju", reforça o comunicador.
Os craques da Seleção Sergipana.
Texto e imagens reproduzidos do blog: aracajuqualidadevida.blogspot.com.br
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