Publicação originária do site Defender, 6 de novembro de 2014.
17 sítios arqueológicos indígenas são descobertos em Sergipe.
Por Defender.
Alguns deles podem ter até 12 mil anos de idade, o que
aumenta a relevância histórica da região da cidade de Santa Isabel.
A Reserva Biológica (Rebio) de Santa Isabel (SE) descobriu
17 sítios arqueológicos dentro do seu território entre os meses de junho e
setembro deste ano. Durante o período, foi executado o Programa de Prospecção
Arqueológica na Área de Implantação da Rodovia SE-100, rodovia estadual que
será pavimentada pelo governo. O objetivo foi localizar e identificar o
patrimônio arqueológico nas áreas de influência do empreendimento.
“A Rebio de Santa Isabel é uma área de influência indireta,
ou seja, onde os impactos ambientais não são causados diretamente pelas obras,
mas pelo empreendimento em si”, explicou o chefe da Unidade de Conservação,
Paulo Faiad.
Os sítios localizados nos limites da Rebio receberam os
seguintes nomes: Sítios 3 dunas, Lagoa Seca, Esporão, Palmeira, Cabrito, Vale
das Dunas, Cardoso, Dicuri, Ferroso, Sapucaia, Duna Branca, Pé de Duna, Areia
Preta, Tigre, Catenga, Curral de Baixo e Maria Farinha. Os pesquisadores
utilizaram referências físicas ou indicação de comunitários do entorno para
escolher os nomes.
“A maior parte dos sítios arqueológicos são indígenas,
possivelmente datados antes da chegada do europeu no território que viria a ser
o Brasil, em 1500. Isso quer dizer que essas regiões podem ter até 12 mil anos,
mas ainda vamos fazer a datação do carbono para saber a idade exata de todas
essas regiões”, destacou Faiad.
Também foram encontrados indícios de grupos indígenas,
quilombolas e produtos de origem europeia do século XIX. A coleção arqueológica
contém artefatos cerâmicos, ferramentas, fragmentos de cachimbo e de faiança
fina, uma espécie de cerâmica utilizada em objetos de louça, como pratos e
copos.
Todas essas descobertas indicam a existência de ocupações
por todo o litoral norte de Sergipe, na Idade Média, de grupos que
compartilhavam as mesmas estratégias de exploração do meio ambiente no litoral
e que moravam em cima das dunas que compõem o ambiente natural da Rebio de
Santa Isabel.
Para o chefe da Unidade de Conservação, os sítios
arqueológicos aumentam ainda mais a importância de conservação da área, que
agora além da proteção ambiental também possui relevância histórica. “Com
artefatos arqueológicos diversos e técnicas de confecção especializadas, o
patrimônio arqueológico localizado na área da Reserva aponta para um grande
potencial de pesquisas futuras, podendo levantar considerações sobre o processo
de colonização em Sergipe e o papel dos grupos excluídos socialmente nessa
formação”, comemorou Paulo Faiad.
A pesquisa foi financiada pelo Departamento de Estradas e
Rodagem de Sergipe (DER/SE), executada pela Contextos Arqueologia e coordenada
pelos arqueólogos Luis Felipe Santos e Fernanda Libório.
O projeto contou com apoio do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e recebeu consultoria científica do
professor e doutor Paulo Jobim Campos Mello.
No dia 31 de outubro, a equipe da Contexto Arqueologia
esteve no auditório do Centro de Educação Ambiental da Rebio Santa Isabel para
apresentar os resultados da pesquisa à comunidade de Pirambu, onde fica a sede
da Rebio Santa Isabel, e alunos do Instituto Federal de Alagoas (IFA).
Em novembro e dezembro serão feitas outras palestras de
divulgação e uma feira de arqueologia com as escolas para os alunos aprenderem
a fazer fogo, argila e cerâmica usando os métodos da Idade Média.
Sobre a Rebio de Santa Isabel
Criada em 20 de outubro de 1988, a Rebio de Santa Isabel
possui uma área de 5,5 mil hectares e preserva o ecossistema litorâneo que
abriga a mais importante área de reprodução das tartarugas olivas do Brasil.
Dunas com vegetação de restinga, remanescentes de mata
atlântica, manguezais, lagoas e praias desertas de areia fina e plana são os
cenários encontrados na UC, que possui 45 quilômetros de extensão.
Situada em Sergipe, abrange os municípios de Pirambu e
Pacatuba. O principal trabalho realizado na Rebio é o de preservação das
tartarugas marinhas, desenvolvido pelo Projeto Tamar. Por Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade
Fonte: Portal Brasil.
Texto e imagem reproduzidos do site: defender.org.br
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