Palácio Serigy, que hoje abriga a Secretaria de Estado da Saúde,
está situado no mesmo local onde antes funcionava
a Cadeia Pública de Sergipe
Foto: André Moreira.
Prédio da antiga Alfândega. (Foto: Alejandro Zambrana).
Amâncio Cardoso (Foto: Alejandro Zambrana).
Edifício Estado de Sergipe é o mais alto do Estado.
Foto: André Moreira.
Publicado originalmente no blog da PMA, em 24 de março de 2010.
Prédios históricos resistem ao tempo e são símbolos de
Aracaju.
Por Hádam Lima.
Desde a disposição das ruas em formato de tabuleiro de
xadrez, passando pelo advento dos arranha-céus, até os dias atuais, uma série
de intervenções urbanísticas modificou a face de Aracaju. Com a sucessão das
gerações de aracajuanos e de novos padrões arquitetônicos, várias construções
tornaram-se símbolos da capital sergipana. Entre as que resistiram ao tempo e
continuam na memória estão o edifício Estado de Sergipe, o prédio da antiga
alfândega e o Palácio Serigy, que sucedeu o famoso ‘Cadeião'.
Localizado em frente à praça General Valadão, no Centro de
Aracaju, o Palácio Serigy foi inaugurado em 28 de novembro de 1938, para
abrigar as secretarias de Estado da Saúde e Agricultura. Sua arquitetura,
conforme o historiador Amâncio Cardoso, segue o estilo Art Déco. "É um
prédio grande, com linhas retas, arrojadas", diz o historiador, destacando
que as características remetem ao regime ditatorial imposto pela Era Vargas
(1930-45).
Mas os aracajuanos que têm idade mais avançada, ou os mais
novos que conhecem bem a história do município, lembram mesmo é de uma outra
edificação que também marcou época naquele local. Construída no final do século
XIX, a Cadeia Pública de Sergipe, popularmente chamada de ‘Cadeião', prometia
ser a primeira a pensar num moderno sistema prisional para a época. "Era
algo que não existia em Aracaju", comenta Amâncio. Segundo ele, antes
disso os presos ficavam alojados em casebres alugados.
"A idéia era que fosse uma reclusão com trabalho, que o
criminoso fosse reinserido na sociedade através do trabalho, mas era algo feito
com muita precariedade", coloca o historiador. Apesar de possuir os
instrumentos e material humano necessários, o sistema prisional, considerado um
dos mais inovadores para os padrões de segurança pública daquela época, não foi
bem administrado e acabou extinto.
"A Cadeia foi derrubada, os presos foram transferidos
para o presídio do bairro América, que era ainda mais moderno, e naquele local,
alguns anos depois, construíram outro prédio do mesmo porte", diz o
historiador. Assim surgiu o palácio Serigy, que atualmente abriga apenas a
secretaria de Estado da Saúde.
Alfândega
Mais antigo dos três prédios, a antiga alfândega de Aracaju
foi erguida na segunda metade do século XIX, também na Praça General Valadão. O
episódio que a deixou mais conhecida aconteceu após o desembarque do imperador
Dom Pedro II e da imperatriz Dona Teresa Cristina, que chegaram a Sergipe no
ano de 1860. "Foi ali no prédio da alfândega que ocorreu o baile durante a
visita do imperador Dom Pedro e sua comitiva", afirma Amâncio Cardoso.
Com o tempo, o prédio passou à Receita Federal, foi
reformado na segunda metade do século XX e veio a ser desativado após muitos
anos, já no final do mesmo século. Em 2003, o Governo do Estado o tombou
através do decreto n° 21.765. A Prefeitura de Aracaju tem um projeto para
transformá-lo numa Casa da Cultura, com a construção de salas de teatro e
cinema, cybercafé e espaço para exposição de arte, sem alterar sua conformação
arquitetônica.
Edifício Estado de Sergipe
Em 1970 o aracajuano ganha um motivo a mais para ter orgulho
de sua terra: a cidade passa a abrigar o edifício mais alto do Nordeste - posto
que perde três anos depois. Batizado Edifício Estado de Sergipe, o prédio fica
mais famoso como ‘Maria Feliciana', numa alusão à ilustre sergipana que àquela
época era considerada a mulher mais alta do país. "Foi um dos primeiros
modelos da arquitetura moderna em Aracaju", comenta Amâncio.
Ainda hoje considerado o maior do Estado, o espigão de 28
andares e 96 metros de altura simboliza o início do período de desenvolvimento
econômico de Sergipe. "Naquele período chegaram grandes empresas
nacionais, como a Petrobras", lembra o historiador, explicando que o
‘Maria Feliciana' é composto por concreto armado e vidraças características da
arquitetura moderna. Desde o seu lançamento, o edifício é ocupado pelo Banco do
Estado de Sergipe (Banese) e por outras repartições públicas.
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