Foto: Alfredo Moreira
Renda de Divina Pastora ganha Indicação Geográfica. Peças elaboradas por artesãs da cidade sergipana ganham
certificado
Por Wellington Amarante
Aracaju - A tradicional renda irlandesa de Divina Pastora,
considerada patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), recebeu mais um
reconhecimento. As peças elaboradas pelas artesãs passarão a ser
comercializadas com o Selo de Indicação Geográfica (IG), um certificado que
garante a procedência e qualidade dos produtos, além de agregar valor e
credibilidade ao artesanato.
A busca pelo reconhecimento do município teve início em 2008
por meio de uma solicitação da Associação para o Desenvolvimento da Renda
Irlandesa de Divina Pastora (Asderen) ao Sebrae em Sergipe. A partir daí, foram
desenvolvidas uma série de atividades, que incluíram a sensibilização das
artesãs e gestores públicos municipais e estaduais, mudanças no estatuto da
associação, resgate histórico da técnica e a criação de um caderno de normas da
renda irlandesa com informações sobre o processo de confecção das peças.
Em setembro de 2011, toda a documentação foi entregue ao
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável pela
concessão do Selo. No final do ano passado, a solicitação foi aprovada sem
ressalvas e, no dia 11, a certificação será entregue às artesãs no Museu da
Gente Sergipana. Essa é a primeira Indicação Geográfica concedida a um tipo de
renda no país.
“Batalhamos muito para conseguir esse reconhecimento. Sempre
nos esforçamos para confeccionar nossas peças e criar algo diferenciado. Esse
artesanato é um símbolo da nossa cidade e ficamos felizes ao perceber que isso
agora está devidamente documentado”, explica a presidente da Asderen, Edizabeth
Raimundo dos Santos.
A partir de agora, somente as artesãs de Divina Pastora poderão
utilizar a marca, resultando assim na proteção da imagem das peças e impedindo
que outras pessoas possam se aproveitar da fama do artesanato. Para o
consumidor, a Indicação Geográfica garante a qualidade dos produtos e o
reconhecimento de que eles foram fabricados por meio de um processo
diferenciado em relação aos já existentes no mercado.
“Temos certeza de que todo esse esforço resultará em grandes
melhorias para as artesãs. Com o selo, o acesso aos mercados nacional e
internacional será facilitado, gerando assim boas perspectivas de negócio para
esse público. É importante ressaltar que todos os produtos no Brasil
beneficiados com o Selo ficaram ainda mais valorizados, o que permitiu um
aumento de renda para os produtores”, destaca o superintendente do Sebrae em
Sergipe, Lauro Vasconcelos.
Reconhecimento
A Indicação Geográfica é um processo comum na Europa e nos
Estados Unidos, mas ainda recente no Brasil. Dentre os produtos beneficiados
com o reconhecimento estão a cachaça artesanal de Salinas (MG), as panelas de
barro de Goiabeiras (ES) e o mármore da região de Cachoeiro do Itapemirim (ES).
No exterior, alguns exemplos são o queijo roquefort, do sul da França, e o
espumante da cidade de Champagne, também na França.
A renda de agulha em lacê- Renda Irlandesa - chegou a
Sergipe por volta do inicio do século XX. Nesse mesmo período, artesãs do
município de Divina Pastora aprenderam a técnica e a disseminaram para as
mulheres da região. A renda de Divina Pastora ao longo do tempo foi adquirindo
características próprias, o que a diferenciou de todos os tipos de artesanato.
Atualmente, cerca de 180 mulheres produzem a Renda Irlandesa no município.
Estima-se que cerca de 80% da população feminina da cidade esteja de alguma forma
envolvida com a atividade. Em 2007, diante da unicidade do artesanato, o
município de Divina Pastora solicitou ao Iphan o registro do modo de fazer da
renda irlandesa como patrimônio Imaterial Cultural do Brasil. O título foi
homologado em 2008.
Texto e foto reproduzido do site: se.agenciasebrae.com.br
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