Candelária: uma vida em favor da cidadania.
Prostituição é assunto sério. Entre os que concordam com
esta premissa, está Maria Niziana Castelino, a Candelária. Pernambucana
irraigada em Aracaju, esta lenda viva da luta pelo bem das prostitutas agora
vira documentário.
Prostituição é assunto sério, mas infelizmente relegado a
segundo plano quando a discussão em pauta são as medidas efetivas para
transformar o riscado em profissão regulamentada. Porém, existem aqueles que
dão tudo de si para transformar os fatos numa realidade diferente. Entre eles,
Maria Niziana Castelino, a Candelária, é lenda viva.
Conhecida nas ruas de Aracaju, Candelária entende como
ninguém os maus bocados que as prostitutas são obrigadas a amargar
rotineiramente. Amou diversos homens, inclusive fortes líderes políticos, e,
sim, também já viveu da prostituição por décadas a fio. Hoje, aos 55 anos e mãe
de seis filhos – dos quais cria quatro –, ela reparte seu tempo entre as
atividades como dona-de-casa e os esforços para trazer o maior número de
‘mulheres da vida’ à luz da dignidade.
O empenho tem rendido bons resultados. Já há algum tempo,
Candelária atua como presidente da Associação Sergipana de Prostitutas (ASP),
da qual é fundadora. Lá, ela desempenha um papel crucial e que lhe trouxe
reconhecimento fora do país. Cuidados com as Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DSTs), com a gravidez, noções de cidadania, estímulo à auto-estima... Enfim,
os trabalhos são muitos e todos eles voltados para as mais de 700 mulheres
cadastradas no órgão.
Apesar da polêmica que paira em torno delas, as atividades
têm sido elogiadas por muitos. Tanto é que até filme elas vão se tornar. Para
resgatar a história desta pernambucana valente, um grupo de cineastas se
prepara para lançar um documentário sobre sua vida e obra.
Na tela, estarão as minúcias dos anos 60, relatos de amigos,
pessoas públicas, colegas da antiga profissão, tudo isto ladeado por um rico
acervo fotográfico e relatos da própria Candelária. Da infância pobre à vida de
sexo e daí aos trabalhos como vendedora de jazigo e caminhoneira, de cada parte
um pouco, sempre como enredo real da história. As vitórias e conquistas, como
ter sido a primeira prostituta a receber aposentadoria, a pioneira nos
recolhimentos de impostos e também a número um em usar mini-saia, estarão
igualmente em enfoque.
Luz, câmera, ação!
Ao todo, a equipe que trabalha nos bastidores para
transformar o vídeo em realidade é formada por um grupo de 18 pessoas, que se
misturam entre diretores, produtores, roteiristas e operadores de som. Em meio
a eles, estão dois baianos e um carioca. Os demais são todos filhos das terras
do cacique Serigy.
O trabalho é o único sergipano entre os 35 documentários que
integram o projeto DocTV, do Ministério da Cultura. Para concluí-lo a tempo, os
esforços se convergem em ritmo acelerado.
“Já estamos na parte de montagem. O filme tem que estar
pronto até o dia 1º de junho, quando será entregue ao Ministério da Cultura.
Depois daí, vamos definir a data de lançamento”, explica Marcos Antônio Lopes
Santos, o Marcos B.A., um dos diretores do vídeo. “O documentário será exibido
em circuito nacional”, emenda.
Primeira vez
Esta é a primeira vez que Sergipe faz parte da iniciativa,
que já está em seu segundo ano de praça. Diante da experiência, os cineastas
não pretendem encerrá-la após o término do DocTV. Empolgados, eles enchem a
mochila de planos e se lançam em confabulações futuras.
“Estamos indo atrás de apoio, junto à iniciativa privada,
para transformar este trabalho em película. O propósito, com isto, é justamente
fazer com que o filme possa participar de festivais”, revela ele, que já tem em
mente grandes eventos como o Mostra Documentário em Paris e o Festival
Brasileiro 2006 de Israel.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/cultura
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