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Postada por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em
04/10/2011.
O patrimônio aracajuano em estátuas: preservação e memória.
No que tange à memória, trataremos aqui da questão dos
monumentos que homenageiam personalidades sergipanas erguidas em forma de
estátuas e sua relação com a memória do nosso povo.
JornaldaCidade.Net
(*) Cleciane Silva Santos Soares [clexia.fla@hotmail.com]
Joelma Dias Matias [joelmaa_dias@hotmail.com]
Márcio Souza Ferreira [king_marcio@hotmail.com]
O artigo 216 da Constituição Federal define patrimônio
cultural brasileiro como bens de natureza material e imaterial tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação e
à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade. No que tange à memória,
trataremos aqui da questão dos monumentos que homenageiam personalidades
sergipanas erguidas em forma de estátuas e sua relação com a memória do nosso
povo.
O significado de patrimônio se estende pela primeira vez
para as obras de arte e para os edifícios e monumentos públicos no período
imediatamente posterior à Revolução Francesa, quando à população tomada pelo
sentimento revolucionário destruía os vestígios do Antigo Regime. Segundo a
antropóloga Regina Abreu, o patrimônio nacional é o lugar de memória por
excelência, uma vez que não apenas é capaz de expressar e de sediar a memória
nacional, mas, sobretudo, de objetificá-la, materializá-la em prédios,
edifícios ou monumentos que podem ser olhados, visitados e percorridos.
No que se refere à memória social, o sociólogo Michael
Pollak afirma que ela configura-se num campo de permanentes disputas que
incidem diretamente sobre a dinâmica entre a lembrança e o esquecimento. Neste
sentido, as estátuas que fazem referências aos filhos ilustres de Sergipe e que
estão espalhadas em praças e pontos estratégicos da cidade de Aracaju são o
objeto central das nossas discussões. Observamos aqui o estado de conservação
das estátuas em bronze que homenageiam estas personalidades. Considerando-se
ainda a importância dos monumentos para a preservação da memória social,
vislumbrando o nível de percepção e conhecimento que os transeuntes aracajuanos
possuem acerca dos personagens representados nas estátuas e suas ações. Além da
consideração sobre a consciência do público acerca da relevância da preservação
destes monumentos para a perpetuação da memória sobre estes “grandes homens” e
da sociedade sergipana.
Para isso, aplicamos questionários a 40 pessoas de forma
aleatória, divididas em quatro grupos de dez indivíduos que se manifestaram,
respectivamente, sobre quatro monumentos que representam personalidades
sergipanas, cujos nomes referenciam as praças onde foram instaladas: as
estátuas de Fausto Cardoso e Monsenhor Olímpio Campos, no centro de Aracaju, a
do Construtor João Alves, situada no bairro Industrial, zona norte da capital,
e a de Tobias Barreto, localizada no bairro São José, na região sul.
A primeira estátua analisada foi a que representa o
“Construtor João Alves” (pioneiro da construção civil, pai de João Alves Filho,
ex-governador de Sergipe). 50% das pessoas abordadas responderam que sabem quem
está representado naquele monumento, apenas 10% possuem conhecimento a respeito
dos feitos desta personalidade em nosso Estado. Todos os entrevistados
consideram o monumento importante para preservação da memória deste personagem
e da sociedade sergipana. 80% disseram que a estátua está em bom estado de
conservação, o que foi comprovado e observado por este estudo.
A segunda estátua pesquisada foi a de um dos grandes
políticos do nosso Estado, Fausto Cardoso (poeta, jurista, pensador,
revolucionário, sergipano que soube interpretar as mais íntimas aspirações dos
sergipanos, nasceu em Divina Pastora). Sobre ela, 30% das pessoas questionadas
responderam que reconhecem o sergipano representado na estátua, outros 30%
possuem algum conhecimento a respeito das suas ações, 90% consideram o
monumento importante para a preservação da memória deste personagem e da
sociedade sergipana e 70% responderam que a estátua está em bom estado de
conservação, o que também pudemos comprovar.
Sobre a estátua de Tobias Barreto (Foi um filósofo, poeta,
crítico e jurista brasileiro e fervoroso integrante da Escola do Recife -
movimento filosófico de grande força calcado no monismo e evolucionismo europeu
- Foi o fundador do Condoreirismo Brasileiro e patrono da cadeira 38 da
Academia Brasileira de Letras), 50% das pessoas responderam que sabem quem está
representado naquele monumento, 30% possuem conhecimento a respeito da sua
história, 100% consideram o monumento importante para a preservação da memória
desta personalidade e da sociedade sergipana e 90% disseram que a estátua está
necessitando de manutenção. Durante a realização desta pesquisa, pudemos
perceber que realmente o espaço em torno da estátua de Tobias Barreto
encontra-se deteriorado, em péssimo estado e precisando urgentemente de uma
restauração.
Por fim, a última estátua a ser pesquisada foi a do
Monsenhor Olímpio Campos (jornalista, sacerdote, professor e político
brasileiro. Foi presidente do Estado de Sergipe de 1899 a 1902, além de senador
de 1903 a 1906 e deputado federal e provincial). 20% das pessoas disseram saber
quem foi o sergipano, 20% possuem algum conhecimento a respeito de suas ações,
90% consideram o monumento importante para a preservação da memória desta
personalidade e da sociedade sergipana e 70% informaram que a estátua está em
bom estado de conservação, também observado pelos entrevistadores.
Através desta pesquisa podemos concluir que o estado de
conservação das quatro estátuas é considerado bom pela maioria das pessoas que
responderam ao questionário. Além disso, elas entendem que os monumentos são
importantes meios para a preservação da memória sobre aqueles personagens e da
sociedade sergipana. Porém, um dado que nos chamou atenção refere-se ao pouco
conhecimento que se possui acerca da história dos personagens representados
naqueles monumentos. A que isso se atribui? Qual será o verdadeiro papel
desempenhado pelos monumentos para a preservação da memória social entre os
sergipanos? Quais seriam as responsabilidades do governo e das escolas públicas
e privadas no sentido de garantir à população, via projetos educacionais, a
transmissão do conhecimento e o resgate da memória sobre os grandes sergipanos?
Não cabe aqui nos determos exaustivamente sobre essas
questões, porém, é importante destacar que a presença pura e simples destes
monumentos nas praças da cidade de Aracaju não é suficiente para suscitar o
interesse da população pelo conhecimento do passado sergipano. Para isso, a
título de sugestão, é necessário que o governo e as instituições de ensino
convertam estes espaços em instrumentos didáticos, desenvolvendo ações
educativas, tais como: aulas não formais, com visitações e estudos in loco, que
podem possibilitar uma conscientização sobre a importância destes patrimônios
para a construção e manutenção da memória histórica entre a nossa população. E
assim espera-se que os monumentos em forma de estátuas dos ilustres sergipanos
sejam vistos, conhecidos e preservados, não somente para esta, mas para as
futuras gerações. O artigo é o início de algo ainda muito maior e mais trabalhado,
fará parte do Trabalho de Conclusão de Curso de um dos autores desta pesquisa.
(*) Os autores são acadêmicos do curso de Museologia da
Universidade Federal de Sergipe, campus de Laranjeiras. O artigo teve a
orientação do professor M.Sc. Fábio Figueirôa, como atividade da disciplina
Introdução aos Estudos Acadêmicos. Este texto pode ser acessado no
www.museologiaufs.com.br
Texto reproduzido do site:
jornaldacidade.net/artigos-leitura
hmmm ok
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