Raimundo de Souza Dantas (1923 - 2002).
Único embaixador negro do Brasil. Contista, romancista,
jornalista e ensaísta.
Nasceu em Estância/ SE, em 11 de fevereiro de 1923. Filho de
família humilde, de mãe lavadeira e pai pintor de parede. Raimundo desde muito
cedo teve de trabalhar, aprendendo vários ofícios. Foi aprendiz de ferreiro e
de marceneiro, e, ainda em Estância, foi entregador de embrulhos de uma casa
comercial. Aos dezesseis anos foi trabalhar numa tipografia. Foi nessa
tipografia que começaria o seu processo de alfabetização. Mudou-se para Aracaju
passando a trabalhar na tipografia onde eram publicados os jornais de Estância
e da própria capital sergipana.
Foi nessa época, já nas oficinas do Correio de Aracaju,
ouvindo várias leituras de textos de Jorge Amado, Machado de Assis e Marques
Rebelo, feitas com o auxilio do amigo Barbosa, um amante da literatura moderna,
que consolidou seu letramento. Com ajuda do amigo Armindo Pereira, passaria a
escrever no periódico Símbolo.
Aos dezoito anos (1941), chegou ao Rio de Janeiro onde
começou a trabalhar no semanário Diretrizes, depois passou a colaborar nos
periódicos Vamos Ler, Carioca e Diário Carioca, onde atingiu o posto de
redator. Em 1944 escreveu seu primeiro livro, o romance, “Sete Palmos de
Terra”, com uma linguagem simples e repleta de recordações de Estância.
No Rio, tornou-se amigo de grandes escritores, como
Graciliano Ramos. No ano seguinte, em 1945, lançava seu segundo livro, de cunho
autobiográfico, e fundava o Comitê Democrático Afro-brasileiro, com Solano
Trindade, Aladir Custódio e Corsino de Brito. Essa associação lutava pela
inserção da população afro-brasileira no processo de redemocratização, através
da luta pela melhoria das condições de trabalho e de educação.
Já como jornalista consagrado casou-se com Idoline com quem
no ano seguinte teve seu primeiro filho, Roberto. Em 1949 publicaria mais um
livro, desta vez para a Campanha de Educação de Adultos do Ministério da
Educação e Saúde, onde relatava toda a sua trajetória de vida.
Foi nomeado oficial de gabinete do governo de Jânio em 1961,
para em seguida ser designado a Gana como o primeiro embaixador negro do
Brasil, em já nos anos 70, assumiu a embaixada da Argentina (1976).
Entre as duas nomeações, trabalhou no serviço público
federal como técnico de assuntos educacionais, cabendo-lhe organizar no MEC o
Setor de Relações Públicas. Foi membro do Conselho Nacional de Cinema, INC, e
integrou a comissão para criação de serviços educacionais nos Museus;
participou também do Conselho Estadual de Cultura, no Rio de Janeiro.
Obras publicadas: Sete palmos de Terra, 1944. Agonia, 1945.
Bernanos e o problema do romancista católico, 1948. Solidão nos campos 1949.
Vigília da Noite, 1949. Um Começo de Vida, 1949. Reflexões dos 30 anos, 1958.
África Difícil, 1965.
Faleceu no Rio de Janeiro em 2002.
Texto e imagem reproduzidos do site:
antigo.acordacultura.org.br
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