Sede da ACESE nos anos 90.
História
A Associação Comercial e seu compromisso com Sergipe.
Idealizada pelo português Antônio Martins de Almeida e
fundada precisamente no dia 26 de maio do longínquo ano de 1872, a Associação
Comercial de Sergipe decorreu da atitude progressista de um punhado de homens
dedicados à atividade comercial. À época, Sergipe possuía população pouco
superior a 176 mil habitantes e sua economia era baseada na cultura da
cana-de-açúcar, no plantio do algodão e na pecuária. Dificuldades de várias
ordens - como a falta de uma agência de crédito, de um porto, de vias de
comunicação, dentre tantas outras -, despertaram nos fundadores da entidade a
consciência da importância de se organizarem em torno de objetivos comuns.
Ao longo de sua história a Associação Comercial tem estado
presente nos principais momentos da vida sergipana, inclusive naqueles mais
difíceis. Assim o foi no ano de 1918, por ocasião da dolorosa epidemia da
“gripe espanhola”, quando a entidade prestou assistência médica e colaborou no
fornecimento de alimentos às vítimas do surto epidêmico. Sobre esse epsódio,
assim registrou o “Diário da Manhã”: “Ninguém há que, sem praticar a maior das
injustiças, possa desconhecer os relevantes serviços prestados espontaneamente
pela Associação Comercial Sergipana, no doloroso período da visita que nos fez
a influenza espanhola”.
O envolvimento direto, crítico e propositivo nas matérias
ligadas ao desenvolvimento de Sergipe tem sido recorrente na história desta
Associação. Um bom exemplo se deu na década de 1920, no prenúncio de uma nova
era para o Estado. Em outubro de 1922 iniciou-se o quatriênio de Dr. Maurício
Graccho Cardoso, que nas palavras da historiadora Maria Thetis Nunes seria
“indiscutivelmente o mais destacados dos presidentes (da província) na Velha
República, em suas tentativas de transformar, cultural e economicamente, o
Sergipe provinciano, atrasado, num Estado moderno e progressista”. Neste
período presidia a Associação Manuel Maurício Cardoso, determinado a construir
uma nova sede para a entidade. Dada a impossibilidade de construí-la com
recursos próprios, apelou-se a Dr. Graccho Cardoso que, de pronto, deu
contribuição financeira de vinte contos de réis, cedeu o terreno e providenciou
a elaboração do projeto a cargo do engenheiro Arthur de Araújo, que contou no
plano arquitetônico com o apoio inestimável do artista italiano Belando
Bellandi. A obra, iniciada em 1923, foi inaugurada no dia 13 de agosto de 1926,
em solenidade histórica, muito concorrida e extremamente requintada, que contou
com a ilustre presença do Presidente da República, Dr. Washington Luís. Naquela
ocasião, o orador oficial da Associação, na saudação ao Presidente da
República, enumerou as medidas necessárias ao desenvolvimento de Sergipe,
destacando a abertura da barra e melhoramentos do porto, a ampliação das
estradas e a instalação de uma carteira de redesconto no Banco do Brasil.
Registre-se que esta bela sede, deteriorada com o passar do
tempo, foi completamente restaurada por iniciativa de um dos seus mais atuantes
presidentes, Manuel Prado Vasconcelos Filho, já na década de 1990, sendo hoje
um dos mais destacados monumentos arquitetônicos de Aracaju.
Na década de 1940 o ex-Presidente da Província, Maurício
Graccho Cardoso, tornou-se procurador da Associação Comercial no Rio de Janeiro,
então capital da República. Graças aos seus esforços, a entidade obteve a
prerrogativa de ser um órgão consultivo do Poder Público, através do Decreto
11.492 de 04/02/1943.
Nas décadas seguintes a Associação consolidou sua atuação
como agente catalisador de idéias e ações relacionadas com o crescimento de
Sergipe. No plano da assistência social instalou em sua própria sede o primeiro
núcleo da Legião Brasileira de Assistência em 1942. Nos anos 50 agiu
intensivamente junto às autoridades para a instalação de uma agência do Banco
do Nordeste do Brasil. Já na década posterior liderou uma campanha junto a
todos os setores da sociedade reivindicando a transferência da sede da RPNE da
PETROBRAS de Alagoas para Sergipe, fato que ocorreu em 1969.
Atualmente seus dirigentes têm agido para fortalecer esta
tradição histórica de entidade atenta e atuante no que diz respeito ao
desenvolvimento econômico e social de Sergipe. Pretendem, inclusive, liderar o
processo de desenvolvimento local, em articulação com as mais diversas
organizações e com o poder público, objetivando a construção de um cenário de
competitividade sistêmica para as empresas, especialmente as micro e pequenas.
A Universidade Federal de Sergipe já manifestou seu interesse em firmar
parceria para a criação de um núcleo de estudos econômicos, inicialmente
dedicado a análise de conjuntura mas, posteriormente, capaz de atuar como uma
agência de desenvolvimento.
O Projeto Empreender, disseminado pela CACB e SEBRAE,
trazido para Sergipe pelo ex-presidente Ancelmo Oliveira e consolidado pelo seu
sucesso Fernando Carvalho, tem merecido especial atenção. Ampliando a parceria
com o SEBRAE e buscando novos aliados, objetiva-se multiplicar os núcleos
atingindo as mais diversas atividades econômicas, por se tratar de um
instrumento efetivo de fortalecimento dos pequenos empreendimentos a partir do
associativismo e da cooperação. A interiorização do projeto, já iniciada, está
sendo expandida atingindo novos municípios do nosso Estado.
Identicamente importante é a consolidação da Câmara de
Mediação e Arbitragem Empresarial de Sergipe, instalada na Associação Comercial
em parceria com a FIES, FECOMERCIO, FCDL e SEBRAE, uma outra iniciativa do
incansável Ancelmo Oliveira. A Câmara é um instrumento moderno dentre os métodos
extra-judiciais de solução de controvérsias.
Uma outra tradição da Associação Comercial é a luta sem
tréguas contra um inimigo chamado carga tributária, atualmente extrapolando o
limite do suportável. Existe uma lição que sucessivos governantes, desde 1500,
insistem em não aprender: o aumento de impostos em nada ajuda o país, porquanto
a elevação da carga tributária acaba sendo repassada aos preços dos produtos e
serviços e quem paga a conta é toda a sociedade. Aqueles que não conseguem
fazer tal repasse são forçados a partir para a informalidade ou a praticar a
sonegação, o que diminui a arrecadação. Em síntese, as contumazes elevações de
tributos acabam por estimular uma espécie de desobediência civil em legítima
defesa. No Brasil temos um sistema tributário anacrônico e regressivo,
gerenciado por tecnocratas que fingem desconhecer o significado de capacidade
contributiva e confisco fiscal, abandonando o primeiro e suprindo-se fartamente
do segundo.
A ACESE tem se mantido na linha de frente do combate às
obrigações acessórias travestidas de exação, como é o caso da exigência de uso
da Transferência Eletrônica de Fundos – a já famosa TEF – nas vendas através de
cartão de crédito para empresas de qualquer porte, um pioneirismo às avessas
rejeitado por empresários e consumidores sergipanos. A cobrança antecipada de
ICMS, outra excrescência idealizada em Sergipe, igualmente tem merecido nossa
repulsa.
A Associação Comercial manteve-se ao longo de toda a sua
história eqüidistante dos embates político-partidários, posicionando-se como
uma entidade política por natureza, porém apartidária por princípio.
Independência e respeito à pluralidade da sociedade democrática são convicções
que fazem parte do ideário da ACESE. Com os dirigentes públicos mantém uma
interlocução crítica, respeitosa e colaborativa, contribuindo na formulação de
políticas públicas que possam acelerar o processo de desenvolvimento de Sergipe.
Neste momento, juntamente com diversas outras entidades
representativas do setor produtivo, a Associação Comercial empunha a bandeira
em prol da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, um marco regulatório
previsto pela Constituição Federal que irá garantir o crescimento e o
fortalecimento deste segmento empresarial que sobrevive a duras penas.
Ao longo da sua história a ACESE construiu uma reputação de
entidade forte, representativa, capaz de agir com determinação, firmeza e
independência em favor dos mais legítimos interesses do setor produtivo de
Sergipe, fazendo a defesa sistemática da imagem do empresário como agente de
transformação, cuja conduta deve estar sempre pautada na ética e na
responsabilidade social.
Atualmente, tem à frente, na condição de presidente, o
empresário Marco Aurélio Pinheiro, que tem como desafio ampliar os novos
negócios como forma de dar continuidade ao projeto de uma Acese pujante e cada
vez mais defensora do empresariado e também do desenvolvimento econômico do
Estado. Parabéns Acese pelos seus 144 anos de existência.
Texto e imagem reproduzidos do site: acese.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário