Fotos/Créditos:
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Postadas por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.
Publicado originalmente no site do Jornal do Dia, em
15/08/2012.
O poder da criação: Artesanato sergipano.
Por Juliana Fabrícia Oliveira Nascimento *
Neste espaço mais uma vez volto a falar das riquezas
culturais do nosso Estado, Patrimônio reconhecido e valorizado além fronteiras.
Dentre os tipos de artesanatos sergipanos ganhará destaque neste texto a renda
Irlandesa e renda de bilro.
Em Sergipe encontra-se a arte de fazer bilro, renda
irlandesa, crochê, ponto de cruz, ponto cheio, rechilieu, crivo, rendendê,
objetos em madeira, cerâmica e palha, atividades que sobreviveram ao longo das
gerações e se não preservadas podem cair no esquecimento.
O artesanato tem sua origem em um passado distante.
Representante de uma sociedade é produzido manualmente pelos membros que a
compõe, e ao tempo que se caracteriza como um elemento cultural retrata aspecto
da religião, do cotidiano, da história. Sua gênese se deu a partir da vivência
social, na qual o homem sentindo necessidades buscou transformar matérias-primas
- pedra, cerâmica, fibras - em objetos utilitários para o seu dia-a-dia,
melhorando a sua sobrevivência.
Fazendo uso do passado e retrocedendo alguns anos,
percebe-se que no período caracterizado como Pré-história, mas especificamente
o neolítico, o homem aperfeiçoou suas ferramentas - líticas, por exemplo - e as
mulheres faziam arte nas cerâmicas. Os objetos produzidos nesse momento da
história caracterizam-se como exemplos de artesanato, hoje considerado rústico
tendo em vista os avanços técnicos.
O trabalho de artesão destacou-se na Idade Média com a
criação de Corporações de Oficio, reunindo artesãos, que ensinavam - Mestre - o
ofício a aprendizes e produziam peças a serem comercializadas. No entanto, com
a Revolução Industrial trazendo consigo inovações tecnológicas, o surgimento
das máquinas, podem-se produzir bem mais em um espaço de tempo relativamente
curto, atendendo às necessidades de mercado. Assim, o trabalho em artesanato
dirigia-se a um público menor.
O trabalho do artesão, geralmente, é passado de geração a
geração. Ou seja, são conhecimentos técnicos passados informalmente aos membros
de uma família. O artesão detém todas as técnicas de trabalho, desde os
primeiros passos - com a seleção dos materiais a serem utilizados - até a
finalização com o produto acabado. Geralmente, não tem uma estratificação de
tarefas, apenas uma pessoa produz um objeto manualmente. Exceto quando em uma
grande encomenda na qual, bordadeiras se unem para entregar o trabalho no
prazo. Embora, se elabore peças aparentemente iguais, o trabalho do artesão
será único a cada criação, terá que selecionar suas matérias-primas, projetar,
é um cuidado e preocupação a cada trabalho.
No Brasil, os primeiros artesãos foram os indígenas com a
produção de elementos que facilitavam seu trabalho e a vida do grupo. Nessa
perspectiva, têm-se objetos de pedra - machados-, madeira - arco e flecha-,
cerâmica - potes, jarros. As produções dos índios resistiram ao tempo e
constituem um tipo de artesanato produzido no Brasil e em Sergipe. Com a
colonização a mistura de aspectos do indígena, do negro e do português resultou
no povo brasileiro e a sua cultura, mesmo contemplando elementos de outros
povos, é única, pois retrata a realidade social, cultural, econômica,
histórica, política, religiosa do Brasil.
Sendo Sergipe Estado integrante da nação brasileira, suas
produções culturais também representam uma mistura de componentes diversos -
indígena, europeu. As produções em renda, bordado, cerâmica, madeira, palha,
são algumas das representações artesanais do Estado sergipano que enriquece a
cultura e gera fonte de renda para esse povo.
A renda Irlandesa é produzida em Divina Pastora,
encontrando-se também artesãs que executam esse bordado em Nossa Senhora das
Dores, sendo Sergipe privilegiado por essa produção. É confeccionada sobre um
papel - manteiga - e muito trabalhada em detalhes com um cordão de seda- lacê.
É feita com linho, cambraia de linho e tecido adamascado. Foi elaborada por
diversos povos e a colonização a trouxe até o Brasil, alcançando Sergipe.
A renda de bilro é encontrada na cidade de Propriá. Surgida
no século XV na Itália, chegou à França, Portugal e Brasil com a colonização
portuguesa. Os materiais utilizados são os fios, os bilros em madeira,
almofada, alfinetes e cartões com os moldes . Nesta cidade dona Gedalva Bezerra
é a única artesã que fabrica renda de bilro. Passada de geração a geração tanto
em técnicas quando nos tipos de renda, dona Gedalva aprendeu o oficio aos oito
anos de idade com a mão de criação, Silvita Bezerra, em Poço Redondo.
"Enrolando o fio nos bilros e prendendo outro no
papelão desenhado, faz uma trama que prima pela delicadeza. A confecção começa
com a rendeira sentada em uma esteira, tendo à frente uma almofada, feita com
enchimento de palha de bananeira".
O artesanato sergipano é orgulho para o Estado
enriquecendo-o culturalmente e contribuindo para a sua economia.
* Juliana Fabricia Oliveira Nascimento é graduada em
História Licenciatura Plena pela Universidade Tiradentes. Pós-graduada em
Ensino de História: Novas Abordagens pela Faculdade São Luís de França.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CENTRO de Arte e Cultura de Sergipe. Artesanato de Sergipe.
Aracaju - SE: Secretaria de Combate a Pobreza, 19--.
DANTAS, Beatriz Góes. Rendeiras de Poço Redondo: vida e arte
de mulheres que batem bilros no sertão do São Francisco. Aracaju: Instituto Xingó,
Arqueologia e Patrimônio Histórico, Centro de Documentação e Pesquisa do Baixo
São Francisco, 2002.
Movimento Amigos da Arte. Artesão de Sergipe. Aracaju:
Triunfo Ltda; Unimed Sergipe. 2000.
PAB -PROGRAMA DO ARTESANATO BRASILEIRO, do Ministério do Desenvolvimento,
da Industria e do Comércio Exterior. A Arte do artesanato brasileiro. São
Paulo: Talento, ©2000. 179 p. ISBN 8585062355.
REFERÊNCIAS:
HISTÓRIA do artesanato. Disponível:
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-artesanato/historia-do-artesanato.php. Acessado em 05.05.2012 às 08:15
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O ARTESANATO e sua história no Brasil e no mundo.
Disponível:
http://www.emdiv.com.br/pt/arte/enciclopediadaarte/501-o-artesanato-e-sua-historia-no-brasil-e-no-mundo.html. Acessado em 05.08.2012 às 08:30.
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BORDADOS. Disponível em:
http://www.bordando.net/textos.htm. Acessado em 05.08.2012, às 21:25
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BORDADOS do Nordeste. Disponível em:
http://www.bordadosdonordeste.com.br/index.asp?page=tipobordados. Acessado em 05.08.2012, às 11:00.
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CORPORAÇÕES DE OFICIO. Disponível em:
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/corporacoes_de_oficio.htm. Acessado em : 05.08.2012 às 09:30.
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/corporacoes_de_oficio.htm. Acessado em : 05.08.2012 às 09:30.
Texto reproduzido do site: jornaldodiase.com.br
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