Memória de Publicação: SECOM PMA., em 1 de novembro de 2002.
“Sou livre”. É assim que se define o maior nome vivo e em
atividade da pintura sergipana: J. Inácio. Seus 91 anos de vida e 71 de
carreira artística o fizeram um homem experiente e cheio de histórias para
contar.
Dentre os diversos lugares por onde já passou, J. Inácio
encontra na Galeria de Artes Álvaro Santos, mantida pela Prefeitura Municipal
de Aracaju, através da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, um
abrigo seguro para sua arte. Foi na galeria, espaço que considera
importantíssimo para os artistas, que ele recebeu hoje, dia 1°, a equipe da
Secom – Secretaria Municipal de Comunicação -, para uma conversa descontraída.
Ao falar de sua história, o pintor relembra com saudades de
grandes nomes como Graccho Cardoso e Carlos Prestes, de cuja filha foi
namorado. Sempre ligado a movimentos políticos, foi filiado ao Partido
Comunista, do qual foi expulso por causa de uma poesia recitada em ofensa a
Getúlio Vargas num evento público. “Ontem de madrugada eu vi este canalha
rasgando um telhado de mortalha”, disse J. Inácio, apontando para Getúlio.
De acordo com o pintor, na época seus correligionários
ficaram revoltados com sua postura. “Por isso me expulsaram. Então eu saí do
Rio de janeiro por dentro das matas e fui até a Bahia”, conta.
Criador de uma coleção vastíssima de telas, dentre as quais
se destacam as famosas bananeiras, J. Inácio fez sua primeira exposição em 1968
na Biblioteca Pública, onde hoje funciona a Câmara Municipal de Aracaju. Apesar
de ainda participar de exposições coletivas, sua última mostra individual na
Galeria Álvaro Santos foi realizada há cerca de 15 anos. Atualmente a maioria
das telas de J. Inácio encontra-se na galeria que leva seu nome, localizada na
Biblioteca Pública Epiphânio Dórea.
Entretanto, dois de seus trabalhos mais conhecidos estão
expostos no prédio da Prefeitura e foram cedidos pela Álvaro Santos. Um deles,
intitulado “O irmão de Satanás”, mostra seu irmão, Padre Pedro, indo ao céu e
ao inferno. Na outra tela estão retratados diversos momentos de suas aventuras
entre o Rio e a Bahia.
Apesar de não possuir riquezas materiais, quando questionado
sobre sua vida profissional J. Inácio não hesita. “Sou realizado”, afirma. “Já
fui homenageado em diversos lugares. Sei que ganharia mais dinheiro se tivesse
continuado com minha carreira no Rio, na Escola de Belas Artes, e tivesse
ganhado mais prêmios”, completa sem arrependimento. Quanto à sua paixão pelas
artes, é enfático. “Pinto por impulso, pela necessidade. Tenho esse impulso de
pintor”.
De acordo com ele, o local preferido para pintar é sua
própria casa, localizada no conjunto Jardim, em Nossa Senhora do Socorro. “O
conjunto é jardim, mas sou a única flor de lá”, diz com alegria o pai de quatro
filhos, dentre os quais um também é pintor (Caã).
Texto e imagens reproduzidos do site:
institutomarcelodeda.com.br
J. Inácio ressalta a importância da galeria Álvaro Santos
para a cultura local – Fotos: Wellington Barreto AAN.
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