sábado, 9 de abril de 2016

Artista Plástico J. Inácio





Memória de Publicação: SECOM PMA., em 1 de novembro de 2002.

“Sou livre”. É assim que se define o maior nome vivo e em atividade da pintura sergipana: J. Inácio. Seus 91 anos de vida e 71 de carreira artística o fizeram um homem experiente e cheio de histórias para contar.
Dentre os diversos lugares por onde já passou, J. Inácio encontra na Galeria de Artes Álvaro Santos, mantida pela Prefeitura Municipal de Aracaju, através da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, um abrigo seguro para sua arte. Foi na galeria, espaço que considera importantíssimo para os artistas, que ele recebeu hoje, dia 1°, a equipe da Secom – Secretaria Municipal de Comunicação -, para uma conversa descontraída.

Ao falar de sua história, o pintor relembra com saudades de grandes nomes como Graccho Cardoso e Carlos Prestes, de cuja filha foi namorado. Sempre ligado a movimentos políticos, foi filiado ao Partido Comunista, do qual foi expulso por causa de uma poesia recitada em ofensa a Getúlio Vargas num evento público. “Ontem de madrugada eu vi este canalha rasgando um telhado de mortalha”, disse J. Inácio, apontando para Getúlio.

De acordo com o pintor, na época seus correligionários ficaram revoltados com sua postura. “Por isso me expulsaram. Então eu saí do Rio de janeiro por dentro das matas e fui até a Bahia”, conta.

Criador de uma coleção vastíssima de telas, dentre as quais se destacam as famosas bananeiras, J. Inácio fez sua primeira exposição em 1968 na Biblioteca Pública, onde hoje funciona a Câmara Municipal de Aracaju. Apesar de ainda participar de exposições coletivas, sua última mostra individual na Galeria Álvaro Santos foi realizada há cerca de 15 anos. Atualmente a maioria das telas de J. Inácio encontra-se na galeria que leva seu nome, localizada na Biblioteca Pública Epiphânio Dórea.

Entretanto, dois de seus trabalhos mais conhecidos estão expostos no prédio da Prefeitura e foram cedidos pela Álvaro Santos. Um deles, intitulado “O irmão de Satanás”, mostra seu irmão, Padre Pedro, indo ao céu e ao inferno. Na outra tela estão retratados diversos momentos de suas aventuras entre o Rio e a Bahia.

Apesar de não possuir riquezas materiais, quando questionado sobre sua vida profissional J. Inácio não hesita. “Sou realizado”, afirma. “Já fui homenageado em diversos lugares. Sei que ganharia mais dinheiro se tivesse continuado com minha carreira no Rio, na Escola de Belas Artes, e tivesse ganhado mais prêmios”, completa sem arrependimento. Quanto à sua paixão pelas artes, é enfático. “Pinto por impulso, pela necessidade. Tenho esse impulso de pintor”.

De acordo com ele, o local preferido para pintar é sua própria casa, localizada no conjunto Jardim, em Nossa Senhora do Socorro. “O conjunto é jardim, mas sou a única flor de lá”, diz com alegria o pai de quatro filhos, dentre os quais um também é pintor (Caã).

Texto e imagens reproduzidos do site: institutomarcelodeda.com.br

J. Inácio ressalta a importância da galeria Álvaro Santos para a cultura local – Fotos: Wellington Barreto AAN.

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