História de Sergipe.
Por Jonildo Bacelar.
No início do século 16, o território do atual Estado de
Sergipe era habitado principalmente por tribos tupinambás. Existiam também os
natus, aramurus, kiriris, karapatós, boimés e xocós. Nessa época, navios
piratas franceses negociavam com os índios a exploração de pau brasil.
Esse território fazia parte da Capitania da Bahia, doada em
1534 a Francisco Pereira Coutinho, mas esse donatário não explorou a região. Em
1548, A Capitania foi adquirida pela Coroa para a fundação da capital do
Brasil, a Cidade do Salvador. Por volta de 1551, uma vasta área, que incluía
Sergipe, foi doada, em regime de sesmaria, para Garcia d'Ávila. Esse território
era de natureza exuberante, com muito pau brasil.
De 1575 a 1590, houve um período de conflitos entre índios e
portugueses, que tentavam colonizar a região entre a bacia do Rio Real e o Rio
São Francisco, atual Sergipe.
Em fevereiro de 1575, o Padre Inácio de Toloza, governador
da província da Companhia de Jesus, na Bahia, enviou os padres Gaspar Lourenço
e João Salônio para fundar missões jesuíticas em Sergipe, sob a supervisão de
Garcia d'Ávila, que tinha a concessão das terras. O governador Luiz de Brito e
Almeida, enviou também um capitão com alguns colonos. A carta do padre Inácio
de Toloza, de 7 de setembro de 1575, descreve muito dos conflitos desse
empreendimento.
As missões foram um pedido dos próprios índios, que enviaram
a Salvador emissários de várias aldeias da região banhada pelo Rio Real,
conforme relatou Toloza, em sua carta. Foi criada a missão de São Thomé (no
atual município de Santa Luzia do Itanhy), a de Santo Ignácio (na margem
direita do rio Vasa Barris, no atual município de Itaporanga) e a de São Paulo
(no litoral).
Entretanto, conflitos entre os colonos portugueses e os
índios das missões de Sergipe provocaram uma guerra a partir de dezembro de 1575,
com intervenção militar do governador Luiz de Brito.
Em 1589, partindo de Salvador, Cristóvão de Barros (veja
quadro abaixo) comandou as tropas portuguesas, contra os índios.
Em 1590, durante a União Ibérica, Cristóvão de Barros,
fundou Cidade de São Cristóvão de Sergipe d'El Rey* e estabeleceu a Capitania
de Sergipe d'El Rey. A colonização da área era importante para evitar a
pirataria francesa. Desenvolveu-se, então, a criação de gado e engenhos de cana
de açúcar, como o de Santa Luzia, de 1592. Por volta de 1607, São Cristovão foi
transferida para a margem do Rio Paramopama, afluente do Vaza Barris, por
questões estratégicas.
De 1637 a 1645, Sergipe foi dominado pelos holandeses. Eles
tomaram a Cidade de São Cristóvão, em 1637, e os portugueses a incendiaram no
ano seguinte, segundo Jaboatão.
No final do século 17, a Capitania de Sergipe foi anexada à
Bahia. Em 16 de fevereiro de 1696, foi criada a Ouvidoria de Sergipe, com sede
em São Cristóvão. Sergipe passa a ser uma comarca subordinada à Bahia. Por essa
época, foram criadas as vilas de Itabaiana, Lagarto, Santa Luzia e Santo Amaro
das Brotas.
Em 1759, os jesuítas são expulsos do Brasil e os bens da
Companhia são sequestrados pela Coroa.
Em meados do século 18, as capitanias da Bahia (incluindo Sergipe),
Ilhéus e Porto Seguro foram unidas em uma única: a Bahia.
Em 8 de julho de 1820, um decreto real devolveu a autonomia
da Capitania de Sergipe. O primeiro governador, o brigadeiro Carlos César
Burlamaque, tomou posse em 20 de fevereiro de 1821, mas foi deposto pouco tempo
depois por tropas baianas leais a Portugal.
Nessa época, os brasileiros entravam na maturidade dos
movimentos pela Independência do Brasil, iniciados no final do século 18. Na
Bahia, os conflitos começaram dez dias antes da posse do governador de Sergipe
e seguiam no embalo da Revolução de 1817, em Pernambuco, que teve a
participação de vários baianos, incluindo o jornalista, médico e filósofo
Cypriano Barata, um dos mentores dos movimentos revolucionários no Nordeste.
Após a Independência do Brasil, Sergipe tornou-se província
do Império, com capital em São Cristóvão.
Em 17 de março de 1855, a capital de Sergipe foi transferida
para Aracaju, uma nova cidade construída, próxima do litoral, com
infraestrutura adequada para acompanhar o desenvolvimento da região, incluindo
um porto na margem direita do Rio Sergipe, principalmente para o escoamento da
produção de açúcar. Foi a terceira capital no Brasil construída com arquitetura
urbana planejada, depois de Salvador e Terezina.
No século 19, a produção de açúcar, algodão e a criação de
gado eram as principais atividades econômicas da Província.
Com a República, Sergipe passou à condição de Estado.
Em 1938, o lendário cangaceiro Lampião, sua companheira
Maria Bonita e mais nove membros de seu bando foram finalmente capturados e
mortos na Gruta de Angicos, no município de Poço Redondo.
Ao longo da História, a grafia de Sergipe variou, como
Sirigipe (século 17), Seregippe (século 18), Cirgipe, Sergippe e outras
grafias.
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Igreja de Nossa Senhora da Vitória, em São Cristovão,
fundada no início do século 17.
Fotografia dos anos 1960, acervo Iphan.
Texto e imagem reproduzidos do site: brasil-turismo.com
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