Foto: Murilo Smith/Divulgação.
Publicado originalmente no site do "Jornal da
Cidade", em 18/04/2016.
Entrevista com Chiquinho do Além Mar: “Cordel, Mala e Cuia”
Francisco Passos Santos, popularmente conhecido por
Chiquinho do Além Mar, é cordelista, músico, professor e um defensor ferrenho
da Cultura Popular. No resgate histórico de Sergipe, dá rima a casos, vida e
obra de personalidades do estado. Recentemente foi para Áustria, onde trouxe na
bagagem o certificado internacional de ‘bairrista’, como ele mesmo se define.
Na música, tem pelo autêntico forró pé de serra uma grande paixão, o que fez
surgir o forró Mala e Cuia. Inquieto e com fôlego de sobra para difundir a
cultura sergipana, transita pelas salas de aula para despertar o gosto pela
história, pelo cordel, pelas manifestações populares (re) existentes no estado.
Foi com esse artista multifacetado que o JORNAL DA CIDADE conversou sobre
trabalho, projetos e muitos mais. Boa leitura!
JORNAL DA CIDADE - Como poeta, músico e cordelista, quais os
projetos que têm sido desenvolvidos por Chiquinho Além Mar?
CHIQUINHO DO ALÉM MAR - Como cordelista, tenho trabalhado em
prol do fortalecimento do cordel no nosso estado. Como músico, faço parte do
movimento do Forró Pé de Serra e sou um defensor da manutenção e pesquisa
acerca dos grandes autores e intérpretes deste segmento. Sou autor e
idealizador do Forró da Comunidade, projeto de formação de plateia que tem como
finalidade fazer uma socialização entre os forrozeiros e a comunidade,
oferecendo um palco e o público. Isso acontece fora do ciclo junino para que o
artista possa se apresentar e mostrar a sua arte. Infelizmente em Sergipe, nós
forrozeiros só somos contratados durante o ciclo junino.
JC - O São João já se aproxima e como estão ensaios da Mala
e Cuia?
CM - O Forró de Mala e Cuia é um projeto de forró pé de
serra autêntico que tem como proposta trazer sucessos de antigamente, mesclando
com minhas canções. Os ensaios estão acontecendo e a banda já está pronta para
os festejos juninos.
JC - No ano passado, esteve em Viena, na Áustria, para
participar do Festival de Cultura Brasileira. Como foi essa experiência por lá
e o que trouxe na bagagem?
CM - No Festival de Cultura Brasileira de Viena, participei
da mesa literária representando o cordel, ministrei uma oficina para austríacos
filhos de brasileiros falantes da língua portuguesa e também fiz duas
apresentações com o Forró de Mala e Cuia. Na bagagem, eu trouxe a experiência
de poder ter se apresentado para gente de toda parte do mundo e ter mostrado a
nossa música e nossa poesia para as pessoas que encontrei por lá. Aprendi que
precisamos valorizar mais a nossa prata da casa e voltei muito mais bairrista
de que já era.
JC - Por lá, você mostrou a sua arte a crianças e
adolescentes. Por aqui, essas atividades também são promovidas?
CM - Com certeza! Ministrando oficinas de literatura de
cordel nas escolas públicas, do município e também nas escolas do setor privado.
Essas oficinas atingem todas as idades e fortalecem o gosto do alunado pela
literatura e pelos poetas. O sergipano não aprendeu a gostar dos sergipanos
porque muitos ainda não os conhecem.
JC - E a produção da literatura de cordel? O que tem servido
de inspiração para o cordel?
CM - Minha trajetória é sempre essa, escrevendo e publicando
textos de utilidade pública, de história de Sergipe e escrevendo biografias de
personalidades sergipanas. Minha inspiração é constante! Me debrucei na
história de Sergipe e suas personalidades pelo fato de poder contribuir para as
pesquisas e estimular o sergipano a conhecer sua história.
JC - Qual a análise que faz na atual conjuntura política e
econômica do país e as consequência para a cultura?
CM - O país está em crise, todos nós sabemos! Em 2015,
arrecadei menos da metade em cachês que em 2014. Infelizmente, o artista da
Cultura Popular não tem o devido reconhecimento que merece, ainda mais em tempo
de crise. Se pra nós sobrava pouco, agora sobra muito menos.
JC - E em Sergipe? Qual a avaliação que faz quanto a
incentivos, seja do poder público ou privado, editais e espaços artísticos?
CM - A Cultura Popular sempre foi o patinho feio da família,
mas eu vejo um futuro melhor para nós. A Funcaju, que tem à frente a professora
Aglaé Fontes, sempre foi parceira dos projetos que apresentei, na área da
música e também da Literatura de Cordel. A Secult, voltou a nos receber e
apoiar os nossos projetos a partir de Elber Batalha e Neu Fontes. O Sesc é
outra empresa que se preocupa com a Cultura em nosso estado. É muito difícil
contar com o apoio da iniciativa privada porque não somos cultura de massa e
não estamos nos holofotes. No rádio raramente se ouve um forró autêntico. Os
editais são importantes para democratizar os espaços, mas infelizmente, no
nosso segmento muitos artistas não têm traquejo suficiente para escrever um bom
projeto.
JC - Existem novos projetos a serem executados ainda este
ano? Quais?
CM - Para o segundo semestre eu tenho os seguintes projetos:
publicar o meu novo cordel, Artur Bispo do Rosário – Biografia; lançar meu novo
CD Forró do Menestrel; e a 8ª edição do Forró da Comunidade.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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