Infonet > Blog Silvio Oliveira > 18/06/2015.
Foz do São Francisco (SE): espetáculo singular.
Lendas, farol e banho no Velho Chico.
Diz o dito popular que quem conhece a foz do rio São
Francisco confirma que Deus é Brasileiro. Se a máxima é uma lenda e não pode
ser confirmada, afirmar que o Divino foi caprichoso e generoso com a região não
é difícil. O cenário é desenhado por mata ciliar, contrastando com vegetação
litorânea e dunas em meio às águas esverdeadas do Velho Chico. O farol do
Cabeço envolto pelas águas do Velho Chico mostra que a natureza cada vez mais
toma o seu espaço. Um espetáculo natural singular de um dos principais destinos
do turismo entre Sergipe e Alagoas.
O passeio começa partindo de Aracaju até a cidade de Brejo
Grande (SE), distante 137km. No atracadouro do município, partem-se diariamente
embarcações de todos os gostos e custos, desde catamarãs, veleiros e pequenas
canoas. Ainda em solo, o visitante se depara com as lendárias lavadeiras do
Velho Chico, cantadas em prosa e verso pelo folclore nordestino. A viagem ainda
está por vir. O veleiro embarca com a benção da carranca, e logo-logo o turista
percebe que está na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, ao avistar
Piaçabuçu (AL).
As águas esverdeadas do rio é um convite à contemplação. Do
lado direito, mata ciliar; do lado esquerdo, dunas. E assim vai enchendo os
olhos dos turistas. Entre uma plantação de coqueiro e outra, podem-se avistar
pequenas barracas que servem de abrigo para os pescadores, o que confere um
charme rústico ao passeio. A embarcação segue e de longe observa-se um oásis de
areia do lado alagoano: o Pontal do Peba.
Do lado sergipano o povoado Saramém também é avistado, porém
o foco principal passa a ser o farol do Cabeço em meio às águas. O guia avisa
que ali já foi um povoado hoje completamente coberto pelo rio. Uma das causas
para a inundação é o forte impacto do represamento do Velho Chico com a
construção da Hidrelétrica de Xingó. As águas perderam a força na foz e o mar
avançou cobrindo ruas, casas e igreja. Hoje alguns moradores resistem na parte
não atingida e outros migraram para o povoado de Saramém. Mas as históricas,
contos e lendas deixam o passeio mais agradável quando os turistas são tomadas
por lendas da Mãe D’água, das carracas, das piranhas que comem um boi inteiro,
do surubim e até mesmo da histórica luta do Velho Chico pela sobrevivência, com
suas águas já salinizadas pelo mar.
O movimento do barco fica mais frenético e assim sabe-se que
as águas do rio São Francisco vão dando adeus para se encontrar com o Oceano
Atlântico. Da Serra da Canastra (MG), 2.800 km até ali, ele percorre e chega ao
final de sua trajetória.
A parada obrigatória é no Pontal do Peba. Os nativos
minimizam a falta de estrutura e montam uma feira de artesanato e venda de
bebidas e comidas locais. Nada de grandes iguarias. As barraquinhas são móveis
e rústicas e disponibilizam somente bebidas, doces e, por ventura, algum
salgadinho, tipo pastel, mas vale à pena apreciar as cocadas e doces típicos.
Nas barraquinhas de artesanato móvel do Pontal do Peba, a
estátua de São Francisco moldada no barro é o presente mais levada pelos
turistas. Segundo os comerciantes, o visitante deve banhá-la no rio para
“benzer e batizar” e fazer três pedidos. O santo agradece realizando todos
eles.
Depois de comprar e pedir a benção do São Francisco, o banho
de rio está garantido. É hora de apreciar ainda mais o que a natureza pode
presentear. A embarcação deixa a terra firme e chega ao município de Piaçabuçu
depois de subir a correnteza. A duração do trecho é mais demorada e chega até
uma hora de percurso. Ao chegar, o visitante é recebido com um cardápio
especial em restaurantes que servem desde comidas mais simples até as mais
elaboradas. Mesmo assim é melhor fazer reserva com antecedência, caso não vá
por uma agência especializada.
Do lado sergipano também há bares e restaurantes com boa
estrutura e cardápio especial. Em alguns deles o sistema de alimentação combina
com hospedagem. É só escolher um bate e volta ou dormir e apreciar também o pôr
do sol? A opção é sua. A natureza garante o espetáculo.
Dicas de viagem
Há agências de viagem que fazem passeios de um dia para a
localidade, os denominados “bate e volta”. É uma boa sugestão para quem não
gosta de se preocupar em dirigir e procurar pontos de apoio. O preço custa em
média R$ 100, incluído almoço e viagem.
Restaurantes e grandes embarcações ficam, em sua maioria, no
lado alagoano. É bom contratar uma agência de viagem para fazer a reserva com
antecedência e até mesmo verificar os restaurantes locais. Caso não contrate os
serviços de uma agência, procure sempre embarcações com o visto da Capitania
dos Portos. Segurança é essencial.
Para chegar a Foz do São Francisco partindo de Aracaju
segue-se pela BR 101 até o posto da Polícia Rodoviária Federal. A pista passa
por reformas, mas há um trecho que está completamente duplicado facilitando o
trajeto. No trevo da PRF vira-se à direita pela SE 304, no sentido Neópolis.
Continua percorrendo a estrada, passa por Japoatã e a estrada fica um pouco
esburacada, mas logo vira à direita e segue a SE 202, sentido Pacatuba-Brejo
Grande.
Texto e imagem reproduzidos do site:
infonet.com.br/silviooliveira
Fotos: Georioemar/Sílvio Oliveira.
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