segunda-feira, 11 de abril de 2016

Foz do São Francisco (SE): espetáculo singular





Infonet > Blog Silvio Oliveira > 18/06/2015.

Foz do São Francisco (SE): espetáculo singular.
Lendas, farol e banho no Velho Chico.

Diz o dito popular que quem conhece a foz do rio São Francisco confirma que Deus é Brasileiro. Se a máxima é uma lenda e não pode ser confirmada, afirmar que o Divino foi caprichoso e generoso com a região não é difícil. O cenário é desenhado por mata ciliar, contrastando com vegetação litorânea e dunas em meio às águas esverdeadas do Velho Chico. O farol do Cabeço envolto pelas águas do Velho Chico mostra que a natureza cada vez mais toma o seu espaço. Um espetáculo natural singular de um dos principais destinos do turismo entre Sergipe e Alagoas.

O passeio começa partindo de Aracaju até a cidade de Brejo Grande (SE), distante 137km. No atracadouro do município, partem-se diariamente embarcações de todos os gostos e custos, desde catamarãs, veleiros e pequenas canoas. Ainda em solo, o visitante se depara com as lendárias lavadeiras do Velho Chico, cantadas em prosa e verso pelo folclore nordestino. A viagem ainda está por vir. O veleiro embarca com a benção da carranca, e logo-logo o turista percebe que está na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, ao avistar Piaçabuçu (AL).

As águas esverdeadas do rio é um convite à contemplação. Do lado direito, mata ciliar; do lado esquerdo, dunas. E assim vai enchendo os olhos dos turistas. Entre uma plantação de coqueiro e outra, podem-se avistar pequenas barracas que servem de abrigo para os pescadores, o que confere um charme rústico ao passeio. A embarcação segue e de longe observa-se um oásis de areia do lado alagoano: o Pontal do Peba.

Do lado sergipano o povoado Saramém também é avistado, porém o foco principal passa a ser o farol do Cabeço em meio às águas. O guia avisa que ali já foi um povoado hoje completamente coberto pelo rio. Uma das causas para a inundação é o forte impacto do represamento do Velho Chico com a construção da Hidrelétrica de Xingó. As águas perderam a força na foz e o mar avançou cobrindo ruas, casas e igreja. Hoje alguns moradores resistem na parte não atingida e outros migraram para o povoado de Saramém. Mas as históricas, contos e lendas deixam o passeio mais agradável quando os turistas são tomadas por lendas da Mãe D’água, das carracas, das piranhas que comem um boi inteiro, do surubim e até mesmo da histórica luta do Velho Chico pela sobrevivência, com suas águas já salinizadas pelo mar.

O movimento do barco fica mais frenético e assim sabe-se que as águas do rio São Francisco vão dando adeus para se encontrar com o Oceano Atlântico. Da Serra da Canastra (MG), 2.800 km até ali, ele percorre e chega ao final de sua trajetória.

A parada obrigatória é no Pontal do Peba. Os nativos minimizam a falta de estrutura e montam uma feira de artesanato e venda de bebidas e comidas locais. Nada de grandes iguarias. As barraquinhas são móveis e rústicas e disponibilizam somente bebidas, doces e, por ventura, algum salgadinho, tipo pastel, mas vale à pena apreciar as cocadas e doces típicos.

Nas barraquinhas de artesanato móvel do Pontal do Peba, a estátua de São Francisco moldada no barro é o presente mais levada pelos turistas. Segundo os comerciantes, o visitante deve banhá-la no rio para “benzer e batizar” e fazer três pedidos. O santo agradece realizando todos eles.

Depois de comprar e pedir a benção do São Francisco, o banho de rio está garantido. É hora de apreciar ainda mais o que a natureza pode presentear. A embarcação deixa a terra firme e chega ao município de Piaçabuçu depois de subir a correnteza. A duração do trecho é mais demorada e chega até uma hora de percurso. Ao chegar, o visitante é recebido com um cardápio especial em restaurantes que servem desde comidas mais simples até as mais elaboradas. Mesmo assim é melhor fazer reserva com antecedência, caso não vá por uma agência especializada.

Do lado sergipano também há bares e restaurantes com boa estrutura e cardápio especial. Em alguns deles o sistema de alimentação combina com hospedagem. É só escolher um bate e volta ou dormir e apreciar também o pôr do sol? A opção é sua. A natureza garante o espetáculo.

Dicas de viagem

Há agências de viagem que fazem passeios de um dia para a localidade, os denominados “bate e volta”. É uma boa sugestão para quem não gosta de se preocupar em dirigir e procurar pontos de apoio. O preço custa em média R$ 100, incluído almoço e viagem.

Restaurantes e grandes embarcações ficam, em sua maioria, no lado alagoano. É bom contratar uma agência de viagem para fazer a reserva com antecedência e até mesmo verificar os restaurantes locais. Caso não contrate os serviços de uma agência, procure sempre embarcações com o visto da Capitania dos Portos. Segurança é essencial.

Para chegar a Foz do São Francisco partindo de Aracaju segue-se pela BR 101 até o posto da Polícia Rodoviária Federal. A pista passa por reformas, mas há um trecho que está completamente duplicado facilitando o trajeto. No trevo da PRF vira-se à direita pela SE 304, no sentido Neópolis. Continua percorrendo a estrada, passa por Japoatã e a estrada fica um pouco esburacada, mas logo vira à direita e segue a SE 202, sentido Pacatuba-Brejo Grande.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/silviooliveira

Fotos: Georioemar/Sílvio Oliveira.

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