João Nepomuceno Borges, conhecido como João Bebe-Água,
nasceu em São Cristóvão, em 1823, sendo seu pai o capitão Francisco Borges da
Cruz. Alguns afirmam que João Nepomuceno Borges nasceu em Itaporanga d´Ajuda. É
fato inconteste que ele provem de uma família pequena e que tinha, apenas um
irmão chamado Silvério de Costa Borges.
Não sabemos onde e com quem estudou mas é sobejamente
conhecido que ele sabiaer e escrever, e erceu cargos de representatividade em
São Cristóvão, Laranjeiras e Santo Amaro das Brotas. Foi indicado para o cargo
de Escrivão da Alfândega e Mesa de Rendas de Santo Amaro, em março de 1936, ano
da Revolta que eclodiu naquela cidade. Com a Revolta, foi transferido para
Laranjeiras, em janeiro de 1837, com o cargo de amanuense interino, sendo
demito no mesmo ano. Segundo o historiador Sebrão Sobrinho, depois de ser
demitido, João Nepomuceno recebeu um convite para ser Patrão-mor da Mesa de
Rendas da Barra dos Coqueiros. Neste período residia em São Cristóvão, na rua
que atualmente leva o seu nome. Segundo a mesma fonte, em meados de 1847, “ele
já estava envolvido com a política local, tinha idéias conservadoras e uma vida
ativa na sociedade de São Cristóvão”. Tinha em sua própria casa uma bodega onde
comerciava gêneros alimentícios e bebidas, trata-se, portanto, de uma pessoa
razoavelmente inteligente e capaz de exercer os cargos para os quais foi
indicado.
Diz a lenda que ele arregimentou 400 homens em protesto
contra a transferência da Capital para o povoado de Santo Antônio de Aracaju.
Conta-se que publicou trabalhos no “Pasquim”, sob pseudônimo de “Nunes Machado”
(líder da Revolução Praieira, ícone do partido liberal, assassinado à frente
dos revoltosos do Recife, em 11 de dezembro de 1848).
Logo depois da transferência da capital, ele se rebelou,
declarando bem alto e em bom som que jamais pisaria em Aracaju. Por isso
guardou atrás da porta de sua casa os foguetes que soltaria quando São
Cristóvão voltasse a ser Capital.
João Bebe-Água era membro da Irmandade de Amparo dos Homens
Pardos, cumpria todas as obrigações religiosas e freqüentava a igreja com
regularidade. Ocupou todas as funções da Irmandade, foi sineiro, zelador,
sacristão, tesoureiro, avalista, procurador e presidente da confraria.
Dizem os cronistas que ele era de cor parda, baixa estatura,
gordinho, cabelos “amealhados”. Seu traje era uma jaqueta, usava um lenço de
rapé e uma catarina onde guardava fumo torrado. O fumo e o aguardente eram seus
companheiros inseparáveis. A mudança da capital o desgostou a tal ponto que ele
se entregou ao álcool.
Não sabemos exatamente como morreu João Bebe-Água. Afirma
João Pires Wynne que faleceu em 1896. Para Pedro Machado, Bebe-Água morreu em
data incerta, em sua casa, na ladeira de São Francisco, próxima ao Convento do
mesmo nome.
Todos concordam que ele nunca botou os pés em Aracaju e
morreu pobre e desacreditado, agarrado ao sonho de São Cristóvão voltar a ser
Capital.
Manoel dos Passos de Oliveira Teles, autor da primeira
biografia desta figura lendária, afirmou: “Cuspiu todos os seus desprezos sobre
a cidade nova, protestou que seus pés não pisariam nunca as suas areias e de
fato morreu sem ver Aracaju. João Bebe Água soube ser patriota de coração. Não
foi um louco, não foi um mendigo, foi um resignado. Daí a minha admiração...”
Texto e imagem reproduzidos do blog:
bainosilustres.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário