J. Inácio.
Por Mário Britto
José Inácio Alves de Oliveira nasceu no dia 11 de junho de
1911, no povoado Bolandeira, em Arauá/SE; e, faleceu no dia 1º de agosto de
2007, em Aracaju/SE. Pintor e caricaturista iniciou sua trajetória nas artes
aos dezoito anos de idade, ao interpretar Judas em um auto encenado na Semana
Santa, na Colina do Santo Antônio. Um ano depois, começou a sua carreira como
pintor, tendo como seu primeiro mestre o pintor e matemático Quintino Marques.
Trabalhou para jornais e revistas e, ainda, vendeu poemas nas ruas com o
pseudônimo de Inácio Ventura.
Recebeu do Governo Augusto Maynard uma bolsa para estudar na
tradicional Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro, ficando lá, apenas, pouco
mais de um ano. Sua formação artística foi no laboratório da vida, na
experiência vivida, nas dificuldades do dia a dia. Fez grande amizade com o
mestre Jordão de Oliveira, seu professor em sua rápida passagem pela Escola de
Belas Artes e grande incentivador. Dele, J.Inácio recebia ensinamentos, conselhos,
material para pintura e guarida em sua casa, na Ilha do Governador.
Sua primeira exposição data de 1931, na antiga Biblioteca
Pública de Aracaju. Em 1940, no Rio de Janeiro, realizou uma exposição
individual no Liceu de Belas Artes. Ainda no Rio, no Salão de Artes Plásticas
do Rio de Janeiro, logrou prêmios como a medalha de bronze, em 1943 e Menção
Honrosa, em 1944.
J. Inácio é um dos mais queridos e populares artistas
sergipanos, recebeu muitas homenagens em vida e continua a recebê-las após a sua
morte. Em 1981, emprestou o seu nome para a Galeria de Arte da Biblioteca
Pública Epifânio Dórea. Em 2004, em comemoração aos seus 93 anos, a Sociedade
Semear realizou a mostra “Visitando J. Inácio”, com a participação de 21
artistas sergipanos, convidados pelo próprio J. Inácio, para elaboram uma
releitura de sua rica obra.
Em 2010, J. Inácio foi festejado como patrono do 19º Salão
dos Novos, promovido pela Galeria de Artes Álvaro Santos, com curadoria de Luiz
Adelmo. Em 2011, em comemoração alusiva aos 100 anos de nascimento do pintor, o
Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, realizou uma exposição em sua
homenagem, no Espaço Cultural Ministro Carlos Ayres Britto. Na ocasião foi
relançado o livro “Vida e Obra de J. Inácio”, de autoria de Wagner Ribeiro. Em
2012, participou, – in memoriam – , da coletiva “Coleção Mário Britto",
edição especial Mostra Aracaju.
A pintura de J. Inácio passa por uma subliminar linguagem
expressionista. A irreverência do artista, aliada à sua inquietude, fê-lo um
artista singular, livre de conceitos, de estilos, de temas e de escolas. Suas
obras, realizadas com pinceladas firmes, rápidas e certeiras têm um colorido
muito exclusivo, são cores vibrantes e luminosas, com predominância dos verdes
e amarelos.
Entre as suas maiores fontes de inspiração estavam as
garças, as jaqueiras, as casas de farinha, os pântanos, as paisagens urbanas e
rurais de diversos municípios sergipanos, retratos de amigos e personalidades.
Suas bananeiras, objeto de desejo de todos os colecionadores, são o símbolo
maior de sua iconografia.
A simpatia pessoal de J. Inácio, a sua forma simples e
particular de ter vivido e os muitos galanteios que fazia às moças o tornaram
uma figura icônica e amada em Sergipe. Com uma vida totalmente dedicada à arte,
J. Inácio, o irmão mais novo do legendário Padre Pedro, encantou a todos com as
suas pinturas, não sem razão, afirmou o jornalista e historiador Luiz Antônio
Barreto, em seu rol das efemérides de 2011, “aplaudido pela crítica e pelo
público, J. Inácio colocou as cores locais nas suas telas, estabelecendo uma
identidade que marca a sua contribuição às artes em Sergipe”.
Texto reproduzidos do blog: galeriazededome.com.br
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